CONTINUAR EXISTINDO
(Cláudio Loes)



Quando os céus derramam cântaros de água, a paisagem é inundada de caos. A casa é deslocada para o terreno do vizinho, a ponte desparece na correnteza, as pessoas se agarram a qualquer pedaço de salvação.

Longos rastros de destruição assombram, levando embora as esperanças de vidas inteiras. O dia quase vira noite e a noite é assustadora, porque falta tudo e só os fantasmas ficam perambulando na mente para assustar ainda mais.

O que fazer? Desistir não vale um centavo. Tomemos como exemplo aqueles que antes de nós não desistiram para podermos estar aqui hoje. Assim, como no passado, com tamanha tristeza, vamos chorar e chorar faz muito bem.
Depois de amanhã será outro dia para quem enxugou as lágrimas, ergueu a cabeça e se levantou.

Será preciso mais uma vez reconstruir, sem esquecer mais essa lição. Analisar o passado, levantar dados e informações ajuda no aprendizado para não repetirmos os erros. Não basta devolver tudo ao seu lugar, é preciso ver tudo o que pode ser mudado para diminuir os riscos de uma nova tragédia. De que adianta, por exemplo, reconstruir no mesmo lugar, se é sabido que a cada evento de chuvas intensas tudo fica inundado.

A natureza segue muito bem com ou sem a nossa presença. Por isso, nós é que devemos provar que aprendemos com ela a lição. Aulas e exemplos dos seus milhões de anos de existência não faltam. Nós é que devemos provar que somos ótimos estudantes que colocamos em prática o que aprendemos para continuar existindo.