Não podemos pensar em desenvolvimento econômico, reduzir as desigualdades sociais e em qualidade de vida sem discutirmos meio ambiente. - Carlos Moraes Queiros
ISSN 1678-0701 · Volume XXII, Número 88 · Setembro-Novembro/2024
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Plantas medicinais
Revisão Bibliográfica do Gengibre (Zingiber officinale Roscoe)
José Martins Fernandes Licenciado em Ciências Biológicas – Universidade do Estado de Mato Grosso, UNEMAT; Especialista em Plantas Medicinais – Universidade Federal de Lavras, MG; Mestrando em Botânica – Universidade Federal de Viçosa, MG; e-mail: fernanbio@bol.com.br Resumo: Este trabalho apresenta informações sobre o gengibre (Zingiber officinale Roscoe), espécie popularmente conhecida e utilizada no Brasil. Consta de terminologias e caracterizações botânicas para a espécie, origem e histórico, principais utilizações e formas de preparos, formas de plantio, cultivo, colheita, secagem e armazenamento, bem como, formas de utilização da espécie em atividades escolares. Palavras-chave: Plantas medicinais, Gengibre, Educação Ambiental Revisão Bibliográfica Nome popular: Gengibre, Mangarataia, Mangaratiá Nome científico: Zingiber officinale Roscoe Família: Zingiberaceae Origem: Asiática (China, Índia e Malásia) Caracterização botânica Planta herbácea de 0,30 a 1,20m de altura, rizomatosa, aromática. As folhas são lineares a lanceoladas, tamanho médio de 28cm de comprimento e 3cm de largura, alternas, dísticas, glabras na face adaxial e ásperas na face abaxial. Inflorescência cimosa, pedúnculo de 15 a 20cm de comprimento, brácteas florais obovadas, flores vistosas, numerosas, bissexuadas, verde-amareladas. O fruto é uma cápsula de semente azulada. OBS: Para visualizar esta planta, procure em algum buscador de imagens da Internet utilizando a seguinte palavra: Gengibre (Zingiber officinale Roscoe). Histórico O gengibre tem sido utilizado no oriente há mais de 2.000 anos, havendo referências de que nos séculos XII a XIV era tão popular na Europa quanto a pimenta-do-reino. Antes do descobrimento da América já era largamente utilizado pelos árabes, como expectorante e afrodisíaco, sendo difundido por toda a Ásia tropical, da China à Índia. Foi introduzido na América logo após o descobrimento, sendo que os primeiros relatos comentam que inicialmente foi cultivado no México, sendo em seguida levado às Antilhas, principalmente à Jamaica, a qual em 1.547, chegou a exportar cerca de 1.100 toneladas para a Europa (Lissa, 1996 apud Negrelle et al., 2005). No Brasil, acredita-se que a introdução do gengibre tenha ocorrido durante a invasão holandesa, em função da permuta de plantas econômicas existentes entre os dois países naquela época (Corrêa, 1984). Utilização medicinal e formas de preparo Segundo Panizza (1998), o gengibre é utilizado no tratamento de asma, bronquite, amigdalite, rouquidão e tosse. O chá é preparado com uma colher (sopa) de rizoma fatiado e colocado em uma xícara com água fervente, deixando-se aí durante 10 minutos. Após essa infusão, coar e misturar em 2 xícaras (café) de açúcar mascavo juntamente com o suco de um limão. Adultos podem tomar uma colher (sopa) três vezes ao dia, para criança uma colher de (sobremesa), três vezes ao dia. O gengibre desidratado pode ser utilizado para o tratamento do mau hálito, utilizando-se pequenos pedaços do rizoma para mastigar (Fernandes, 2002). Relatam Martins et al. (1998), que é empregado no tratamento de reumatismo e traumatismo da coluna vertebral e das articulações, usando-se o rizoma em forma de cataplasma, sendo moído ou ralado, amassado num pano e deixado no local do tratamento. De acordo com Serigatto & Campos (1997), esta planta tem propriedades excitantes, corminativas e descongestionantes, sendo utilizada no tratamento de inapetência, dispepsias, cólicas intestinais e flatulência, em forma de chá. Segundo Júnior et al. (2005), esta planta pode causar riscos para mulheres grávidas, por estimular a motilidade uterina e provocar aborto. Panizza (1998) acrescenta que seu uso é contra-indicado para portadores de cálculos biliares. Plantio e Cultivo O plantio é feito utilizando-se pedaços do rizoma, num espaçamento em torno de 25cm entre covas numa de profundidade de 8cm, adubadas com matéria orgânica (palha de café ou arroz, esterco de galinha ou bovino) entre outras. Os locais de plantio para subsistência familiar variam de acordo com o local da moradia. Por exemplo, aquelas famílias que residem em regiões urbanas plantam principalmente em vasilhas (baldes, latas) ou diretamente no quintal, enquanto as que moram na roça, preferem plantar na beira de árvores secas, com muita matéria orgânica, devido às folhas, galhos e raízes decompostas. Colheita, secagem e armazenamento O período da colheita é em torno de 7 meses após o plantio (Panizza, 1998), em condições favoráveis de crescimento. Os rizomas são retirados e lavados para eliminar a terra, cortados em fatias e colocados à sombra para secar. Após a desidratação, devem ser guardados em locais ventilados e sem umidade, como vidros, latas ou pacotes de plásticos. Importância econômica O gengibre brasileiro é geralmente comercializado in natura e se destina essencialmente à exportação (70% a 80%), principalmente para os Estados Unidos, Reino Unido, Holanda e Canadá (Negrelle et al., 2005). O restante é comercializado em feiras livres, supermercados, bem como para o uso familiar. Os meses de junho e julho são a época de maior comercialização dos rizomas no Brasil, devido à chegada das festividades caipiras e/ou religiosas de São João e São Pedro, tradicionalmente inseridas na cultura popular dos brasileiros. Neste período, são preparadas as bebidas típicas, e, entre elas, está o “quentão” feito com pinga (cachaça) ou vinho. O comércio internacional dos rizomas de gengibre é feito sob 3 formas básicas: gengibre in natura, em conserva ou cristalizado e seco. Do rizoma imaturo, tenro e menos pungente, colhido em torno de 6 meses, é preparada a conserva (em salmoura ou xarope de açúcar) ou o gengibre cristalizado. O gengibre seco é preparado a partir do rizoma colhido depois de completado o seu estágio de maturação. Este gengibre seco é comercializado em peças integrais, laminado ou ainda em pó (Negrelle et al., 2005). Contribuições Está espécie pode ser cultivada na horta escolar, pois já é cientificamente estudada e, conhecida pelos pais dos alunos. Pode servir para fazer quentão (sem álcool) para as confraternizações da comunidade escolar, bem como, para fins didáticos, servindo principalmente nas disciplinas de Ciências, Matemática, História e Geografia, de forma isolada ou preferencialmente com projetos pedagógicos interdisciplinares, cumprindo com a grade curricular da escola e chamando a atenção dos alunos para as questões ambientais envolvendo a disponibilidade e qualidade da água, condições do solo, reaproveitamento do lixo orgânico produzido pela escola, entre outras. Referências Bibliográficas CORRÊA, P. Dicionário das plantas úteis do Brasil e das exóticas cultivadas. V.III. Rio de Janeiro: Impressa Nacional, 1984. FERNANDES, J. M. Plantas medicinais de Ata Floresta: com contribuição a etnobotânica. Alta Floresta: Cidade, 2002. 62p. JUNIOR, V. F. V.; PINTO, A. C.; MACIEL, M. A. M. Plantas medicinais: cura segura? Química Nova, São Paulo, v.28, n.3, maio-junho/2005. p.519-528. MARTINS, E. R.; CASTRO, D. M de; CASTELLANI, D. C.; DIAS, J. E. Plantas medicinais. Viçosa, MG: UFV, 1998. 220p. NEGRELLE, R. R. B.; ELPO, E. R. S.; RÜCKER, N. G. A. Análise prospectiva do agronegócio gengibre no estado do Paraná. Horticultura Brasileira, Brasília, n.4, v.23, outubro-dezembro/2005. p.1022-1028. PANIZZA, S. Plantas que curam (cheiro de mato). 15. ed. São Paulo: IBRASA, 1998. 279p. SERIGATTO, E. M.; CAMPOS, R. A. B. Plantas utilizadas na medicina caseira na região de Alta Floresta MT. Alta Floresta: Gráfica Real, 1997. 63p. |