Não podemos pensar em desenvolvimento econômico, reduzir as desigualdades sociais e em qualidade de vida sem discutirmos meio ambiente. - Carlos Moraes Queiros
ISSN 1678-0701 · Volume XXII, Número 88 · Setembro-Novembro/2024
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Sugestões bibliográficas
LOVELOCK, James. A Vingança de Gaia. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2006. 159p. – tradução de Ivo Korytowski. ISBN 85-98078-16-6 O livro “A Vingança de Gaia” de James Lovelock faz uma dura crítica ao modelo de desenvolvimento adotado pela nossa sociedade e ao mesmo tempo a sua alternativa: o desenvolvimento sustentável. Na visão do autor tanto a política do laissez-faire como a do desenvolvimento sustentável levam o planeta a uma probabilidade de mudança desastrosa. Até certo ponto e de maneira pessimista, é defendida no livro a idéia de que já ultrapassamos o limite do qual seria possível retroceder e impedir as catástrofes provocadas pelo aquecimento global. Mesmo medidas ambientalistas como a busca por fontes de energias renováveis são inócuas, quando não agravam ainda mais o processo de aquecimento global. De maneira polêmica, Lovelock defende a fissão nuclear como uma forma segura de gerar energia até que se consiga tecnologia viável para a produção de energia através da fusão nuclear e outras tecnologias limpas. O livro trata o planeta Terra como um ente provido de vida: a teoria Gaia. Essa teoria, muito criticada pelo meio científico, vê a Terra como um sistema completo entre suas partes animadas e inanimadas. A definição de Gaia nas palavras do autor seria: um
invólucro esférico fino de matéria que cerca o interior incandescente. Começa
onde as rochas crustais encontram o magma do interior quente da Terra, uns 160
quilômetros abaixo da superfície, e avança outros 160 quilômetros para fora
através do oceano e ar até a ainda mais quente termosfera, na fronteira com o
espaço. Inclui a biosfera e é um sistema fisiológico dinâmico que vem
mantendo nosso planeta apto para a vida há mais de 3 bilhões de anos. Chamo
Gaia de um sistema fisiológico porque parece dotada do objetivo inconsciente de
regular o clima e a química em um estado confortável para a vida”
(LOVELOCK, 2006, p. 27 – grifo nosso). Através dessa definição, o autor vê Gaia (o planeta Terra) não como um ente vivo e consciente em si, mas sim como um sistema dinâmico e equilibrado capaz de se modificar para manter a vida estável sobre a Terra. A metáfora do planeta vivo, apresentado por Lovelock, é importante para visualizarmos Gaia como algo frágil e que tem sofrido profundas agressões do ser humano, o qual quebrou o equilíbrio do planeta. O título “A Vingança de Gaia” é bastante elucidativo sobre a tese defendida no livro: como todo organismo vivo agredido Gaia dará uma resposta ao seu agressor, podendo colocar a civilização humana em risco. O aquecimento global e todas as implicações advindas dessa provável nova configuração climática do planeta é o ponto central do livro, o qual faz críticas e traz pontos polêmicos sobre a geração de energia e certas “bandeiras” levantadas por ambientalistas. Sem
a utilização de termos técnicos específicos, o livro é uma leitura fácil
voltada para estudantes e profissionais de várias áreas do conhecimento. Em
termos gerais, essa leitura é importante tanto para entender sobre a própria
teoria Gaia como para uma análise crítica sobre as transformações provocadas
pelo homem na natureza e também sobre os ideais de um desenvolvimento sustentável. Colaboração: Rafael Alves Orsi – doutorando em Geografia, Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista – IGCE/UNESP, campus de Rio Claro. Recebido: 23/Fev/2007 |