Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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08/06/2020 (Nº 71) DIÁLOGO REFLEXIVO E UM PONTO DE VISTA CRITÍCO SOBRE ECOPEDAGOGIA E O MEIO AMBIENTE
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DIÁLOGO REFLEXIVO E UM PONTO DE VISTA CRÍTICO SOBRE ECOPEDAGOGIA E O MEIO AMBIENTE



1Luiz Eduardo Paulino da Silva, 2Fernanda da Silva Carvalho Rei



1Doutorando em Educação, Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ, Programa de Pós-Graduação em Educação/ ProPEd, e-mail: lepscat@gmail.com

2Graduada em Ciências Biológicas: Microbiologia e Imunologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, e-mail: fecarvalhorei@gmail.com



Resumo:

A Ecopedagogia nos leva a pensarmos em uma mudança radical da mentalidade dos sujeitos no que se referem a alguns conceitos, como: qualidade de vida, diversidade, meio ambiente e outros, sendo que estes aspectos nos proporcionam uma visão de mundo com o próximo e com a natureza. A Ecopedagogia vem tomando espaço e andando paralelamente a questões relacionadas ao meio ambiente, uma vez que questões ambientais são ignoradas por parte de muitos indivíduos. Nesse sentido, este trabalho tem por objetivo, discutir reflexivamente sobre a Ecopedagogia e o Meio Ambiente, instigando ao ledor, uma nova mentalidade de pensamentos a partir das referências teóricas. A partir de uma intervenção pedagógica que permita uma sensibilização e diálogo participativo



Palavras-Chave: Ecopedagogia, Sensibilização, meio ambiente, diálogo reflexivo.



Abstract:

The ecopedagogy leads us to think about a radical change in the mentality of subjects make reference to some concepts, as: quality of life, diversity, environment and others, these aspects providing us with a view of the world with others people and the nature . Ecopedagogy has been taking up space and walking in parallel to issues related to the environment, since environmental issues are ignored by many individuals. In this sense, this work has an objective, it discusses reflexively about Ecopedagogy and the Environment, instigates to the reader, a new mentality of thinking from the theoretical references. Based on a pedagogical intervention that allows for awareness and participatory dialogue.



Keywords: Ecopedagogy, awareness, environment, reflective dialogue.

1. Ponto de Partida



[...] sonhamos com uma sociedade mundializada, na grande casa comum, a Terra, onde os valores estruturantes se construirão ao redor do cuidado com as pessoas, sobretudo com os diferentes culturalmente, com os penalizados pela natureza ou pela história, cuidado com os espoliados e excluídos, as crianças os velhos e os moribundos, cuidado com as plantas, os animais, as paisagens queridas e especialmente o cuidado com a nossa grande e generosa Mãe, a Terra. [...] (Leonardo Boff)



O século XXI surge com uma visibilidade tecnológica globalizada, fazendo com que os seres humanos, se deparem com diversos meios de comunicação. Entre eles a internet um dos principais meios de comunicação e ferramenta tecnológica fazendo com que o sujeito se conecte com centenas de pessoas sem precisar estabelecer contato físico, fazer uma compra ao mercado, sem ir ao estabelecimento, pagar uma conta de luz, assistir a um filme, fazer uma viagem, conhecendo outras culturas sem falar com ninguém. Tudo isso é possível via online.

Nessa dimensão percebe-se que os indivíduos estão prescindindo da vivência coletiva, isto é, sociedade do afeto, do diálogo, do cuidado, do respeito com outro. Como diz BOFF (2011) às relações com a realidade concreta, com seus cheiros, cores, frios, calores, é tudo mediada por imagens virtuais, o pé não sente mais o macio da grama, a mão não pega mais um punhado de terra escura. Os seres humanos estão se afastando do encontro pessoal, e na sociedade contemporânea qualquer que seja o gesto de afeto, pode ser considerado um mero pejorativo numa sociedade cética de harmonia.

Nesta linha de pensamento é necessário que a escola trate das relações interpessoais com os educadores/as e educandos/as, fazendo refletir sobre o ser natural que cada um de nós traz intrinsicamente, e que afastado dessa naturalidade pode ocorrer o descaso de vivermos com sequelas como: angústias, estresses, tristezas, desmotivação e outros sentimentos negativos.

Percebe-se que estamos passando por uma crise global que corrompe o planeta, tanto no que se refere ao aquecimento do planeta, quanto aos descuidos e maus tratos por parte da sociedade que não tem uma visão crítica sobre a “TERRA”.

Neste sentido a Ecopedagogia poderá contribuir para que os sujeitos comecem a pensar criticamente sobre o processo do cuidado com o ambiente e com o outro. No dizer de Gadotti (2009) A Ecopedagogia ou a pedagogia da Terra surge como uma luz capaz de reacender num futuro possível a esperança de uma vida digna para todos.

Gutierrez (2008) compreende que os conteúdos curriculares têm que ser significativos para os/as educandos/as, e só terão relevância para eles/as, se esses conteúdos forem relevantes também para a saúde do planeta, para um contexto mais amplo. Só encontraremos sentido em caminhar vivenciando o contexto e o processo de desbravar novos caminhos; não apenas observando-o, por isso a educação sustentável é uma pedagogia democrática e solidária.

A Ecopedagogia é um conceito em permanente construção. Ela surge como um novo olhar a partir das práticas pedagógicas formais, fundamentalmente antropocêntricas, apontando a biodiversidade e a dinâmica dos ecossistemas como elementos a serem incorporados no processo educativo. Sua proposta caminha ao encontro da necessidade de que a Educação Ambiental aconteça na prática, de que seu campo de reflexão e ação seja ampliado, envolvendo o maior número possível de atores sociais no processo de revisão de valores e elaboração de intervenções voltadas à construção da cultura da sustentabilidade conforme defende (GADOTTI, 2009).

Para bebermos teoricamente, tomamos como referência os estudos de autores que estão na vanguarda desta discussão, como: Gadotti (2009); Freire (2005); Morin (2011); Gutierréz e Prado (2008); Brandão (2005); Boff (1996); Guerra (2011) e outros.

Organizamos os capítulos deste trabalho do seguinte feitio: Na primeira parte, faremos uma breve introdução da temática, onde apresentamos conhecimento da abordagem, no segundo momento, partiremos dos fundamentos teóricos da Ecopedagogia, identificando os principais autores e conceitos-chave desta teoria fazendo uma exposição das correntes que influenciaram a sua origem. A revisão de literatura elencada em momentos: como: Para iniciar a conversa: o que é Ecopedagogia? As contribuições da Ecopedagogia, O cuidado com a natureza: entre práticas e reflexões, A Ecopedagogia e a crise ambiental planetária e por fim as considerações finais, em seguida a Bibliografia. Este trabalho é de cunho bibliográfico, que “constitui o procedimento básico para os estudos acadêmicos, pelo qual buscamos fontes teóricas para nos embasar o trabalho, deste contorno nosso objetivo é Discutir reflexivamente sobre a Ecopedagogia e o Meio Ambiente, instigando ao ledor, uma nova mentalidade de pensamentos a partir das referências teóricas.



2. Para início de conversa: O que é Ecopedagogia



A Ecopedagogia ainda é um tema bastante recente que vem sendo discutido por alguns estudiosos como Gutiérrez (2008), Brandão (1994), Boff (1994), Gadotti (1995), Freire (1997), entre outros, que se propõe a lançar um novo olhar nas diversas áreas deste campo de estudo.

Se refere à Ecopedagogia como uma Teoria da Educação que traz em si novas categorias interpretativas relacionadas à subjetividade, a cotidianidade, ao mundo vivido, à visão holística, considerando à utopia e o imaginário, valorizando a paixão, o sentimento, as emoções, o desejo, o olhar, a escuta, onde haja crítica ao modelo da racionalidade instrumental, sendo apresentados princípios pedagógicos para uma sociedade sustentável. (ARAÚJO; LIMA apud GADOTTI, 2000).

Não podemos afirmar ser a Ecopedagogia um novo conceito de pedagogia, um modelo de educação ambiental e nem tão pouco uma área assistida da ecologia, mesmo sendo oriunda do movimento ecológico. Como diz Gadotti (2009, p. 90): “Como a Ecologia a Ecopedagogia também pode ser entendida como um movimento social e político. Como todo movimento novo, em processo, em evolução, ela é complexa e pode tomar diferentes direções, até contraditória”. Portanto a Ecopedagogia gera discussões dentro da academia, uma vez que é um movimento novo, abrangente, e vem se proliferando timidamente nos cursos de graduação e pós-graduação de instituições públicas e privadas do Brasil.

Os primeiros estudos sobre a ecopedagogia no Brasil se deram no Instituto Paulo Freire (IPF)1, localizado na Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, na cidade de Recife – PE. O contexto que envolve a Ecopedagogia nasceu no Fórum Global em 92, evento que aconteceu juntamente com a Conferência das Nações Unidas, sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento.

Por ser uma área em evolução, a Ecopedagogia vem tomando espaço e andando paralelamente a questões relacionadas ao meio ambiente, uma vez que questões ambientais são ignoradas por parte de muitos indivíduos. “A população conhece o que é lixo, asfalto, barata, queimadas, poluição, no entanto, não compreende a questão ambiental na sua significação mais abrangente. Daí a necessidade de uma Ecopedagogia, uma pedagogia para o desenvolvimento sustentável” (Gadotti, 2009, p.90).

Etimologicamente, “eco2 é uma palavra que deriva do grego, isto é, “oikos”, que significa casa” (CASTRO, 2014, p.2). “Pedagogia é uma palavra Grega e significa: pais, paidos = criança; agein = conduzir; logos = tratado, ciência,” (FILHO, 2001, p.40), foi na Grécia que surgiram os primeiros conceitos acerca da ação pedagógica, nesse ensejo influenciando muitos anos a educação e cultura ocidentais, associando a imagem da pedagogia à formação de crianças.

Na atualidade, pedagogia é um ramo mais abrangente, não se direciona apenas à criança, mas tornou-se a ciência que trata do processo ensino-aprendizagem pelo ato educativo. Ela tem o intuito de formar cidadãos. Podemos então dizer que “eco” é casa, “pedagogia” é o ato de educar ou processos de formação. Cabe salientar que Ecopedagogia é um conceito abrangente, isto é, estamos em uma casa que precisa ser cuidada, todos os cidadãos que nela residem, devem ter formação, consciência, educação para o cuidado deste lar, que na Ecopedagogia iremos chamar de Mãe-Terra e nós seremos os cidadãos que precisam cuidar desse habitat.

Percebe-se que a Ecopedagogia não é uma pedagogia e nem tão pouco voltada para projetos como: ecologia natural, ecologia social, mas, sim, voltada para um novo paradigma de civilização sustentável do ponto de vista ecológico, isto é, ecologia integral aquela que abrange mudanças nas relações humanas, sociais e ambientais de nossa atualidade.

Gadotti (2009) aborda que a Ecopedagogia está voltada para uma ecoeducação, que se preocupa com o ser por completo: habitat, saúde, ambiente, diálogo, cuidado etc. o autor, ainda discute conceitos como: consciência planetária, cidadania planetária, defende a revolução pedagógica focando o sujeito como cidadão do mundo no contexto de pertencermos não uma nação, um grupo étnico, uma cultura regional, mas à humanidade como todo.

Precisamos refletir sobre o “ser cidadão”, cidadão do mundo, cidadão que não deve ter medo de enfrentar as fronteiras. Que nenhuma diferença – seja ela: cultural, geográfica, racial ou outra de qualquer natureza, possa enfraquecer o cidadão do seu papel pertencente à “humanidade”.

A Ecopedagogia traz ao campo educacional contribuições significativas, uma vez que é um movimento abrangente e pode ser facilmente incluída no currículo da escola como prática socioeducativa.

Portanto a ecopedagogia deve ultrapassar as barreiras da escola, sendo necessário que os/as educadores/as estejam conscientes de um novo paradigma emergente na cidadania planetária.

A ecopedagogia traz como proposta a conscientização ambiental de modo que ultrapasse o âmbito escolar e atinja diretamente a sociedade para que esta adquira valores ecologicamente corretos. Ela objetiva refletir sobre as atitudes do cotidiano, das atividades em sala de aula, para formação de uma cidadania planetária, pois apesar de sermos um povo heterogêneo, formamos uma comunidade global, com interesses comuns (SOUZA, 2011, p. 43 apud RAMOS; CORRÊA, 2003).

Nas considerações dos autores, percebe-se a importância de um olhar mais atencioso quanto à Ecopedagogia, já que esta deve ultrapassar o convívio escolar, por isso, a escola deve conhecer este processo e fazer com que os educandos sejam multiplicadores de uma cidadania planetária enraizada de valores éticos e reflexivos que nos sensibilizem a economizarmos e utilizamos de maneira correta a água, reciclarmos subprodutos e resíduos e reutilizarmos produtos descartáveis, etc. Portanto, se faz necessário a análise de um contexto global e de uma cidadania consciente, que ultrapassa os muros das escolas, que vai ao encontro de relações socioeconômicas e culturais.



2.1 As contribuições da Ecopedagogia



A Ecopedagogia nos propõe uma reflexão numa nova perspectiva de ecoeducação. É preciso que as práticas sejam realizadas e que se tenha um olhar mais aguçado para o movimento Ecopedagogia em torno da Carta da Terra na perspectiva da educação.

O Instituto Paulo Freire, com apoio da UNESCO e do Conselho da Terra, organizou o movimento Carta da Terra, que aconteceu na semana de 23 a 26 de agosto de 1999. O IPF realizou o I encontro Internacional da Carta da Terra, onde estavam presentes 17 países e 13 estados brasileiros representados por pesquisadores, especialistas, educadores, profissionais e estudantes das diversas áreas de conhecimento. O encontro ofereceu reflexões e trocas de experiências sobre os temas: ética, cultura, sustentabilidade e prática da não violência. Nesse encontro foi criado o Movimento pela ecopedagogia e o IPF ficou responsável pelo encaminhamento das atividades relacionadas aos temas que abordassem a cidadania planetária.

Gadotti (2009, p. 184) considera que o Movimento Ecopedagogia cria uma carta em defesa de uma Pedagogia da Terra, norteada por 10 princípios, a saber:

1 – Nossa Mãe-Terra é um organismo vivo e em evolução. O que for feito a ela repercutirá em todos os seus filhos. Ela requer de nós uma consciência e uma cidadania planetárias, isto é, reconhecimento de que somos parte da Terra e de que podemos perecer com a sua destruição ou podemos viver com ela em harmonia, participando do seu devir;

2 – A mudança do paradigma economicista é condição necessária para estabelecer um desenvolvimento com justiça e equidade. Para ser sustentável, o desenvolvimento precisa ser economicamente factível, ecologicamente apropriado, socialmente justo, includente, culturalmente, equitativo, respeitoso, e sem discriminação. O bem-estar não pode ser só social, devem ser também sociocósmico;

3 – A sustentabilidade econômica e a preservação do meio ambiente dependem também de uma consciência ecológica e esta, da educação. A sustentabilidade deve ser um princípio interdisciplinar reorientador da educação, do planejamento escolar, dos sistemas de ensino e dos projetos político-pedagógicos da escola. Os objetivos e conteúdos curriculares devem ser significativos para o (a) educando (a) e também para a saúde do planeta;

4 – A ecopedagogia, fundada na consciência de que pertencemos a uma única comunidade da vida, desenvolve a solidariedade e a cidadania planetárias. A cidadania planetária supõe o reconhecimento e a prática da planetaridade, isto é, tratar o planeta como um ser vivo e inteligente. A planetaridade deve levar-nos a sentir e viver nossa cotidianidade em conexão com o universo e em relação harmônica consigo e com os outros seres do planeta e com a natureza, considerando seus elementos e dinâmica. Trata-se de uma opção de vida por uma relação saudável e equilibrada com o contexto, consigo mesmo, com os outros, com o ambiente mais próximo e com os demais ambientes;

5 – A partir da problemática ambiental vivida cotidianamente pelas pessoas nos grupos e espaços de convivência e na busca humana da felicidade, processa-se a consciência ecológica e opera-se a mudança de mentalidade. A vida cotidiana é o lugar do sentido da pedagogia, pois a condição humana passa inexoravelmente por ela. A ecopedagogia implica uma mudança radical de mentalidade em relação à qualidade de vida e ao meio ambiente, que está diretamente ligada ao tipo de convivência que mantemos com nós mesmos, com os outros e com a natureza.

Os cinco primeiros princípios da Carta de Ecopedagogia nos fazem refletir alguns aspectos importantes, uma vez que nos dizem que a Terra deve ser considerada como um organismo vivo, que devemos cuidar para que, em breve, não sejamos punidos por nossas más ações. É necessário haver uma mudança de paradigmas, onde nós, seres racionais, possamos viver em uma sociedade ecológica, social, includente, cultural, respeitosa e sem nenhum tipo de preconceito.

É preciso entender que para a Ecopedagogia a escola tem um papel fundamental, uma vez que a instituição pode inserir no seio da comunidade escolar a consciência ecológica, traçando metas e inovando seu Projeto Politico Pedagógico nas questões urgentes que são destinadas à cidadania, à ética, aos cuidados com a vida, à saúde do planeta, entre outros pontos que devem ser selecionados pela escola para serem trabalhados durante o ano letivo.

É notório que a Ecopedagogia considera a Terra como um organismo vivo, chamando-a de Mãe-Terra, como uma única comunidade da vida, isto é, trazendo ao cidadão o desenvolvimento solidário e a cidadania planetária. Esta cidadania planetária abrangente na Carta da Ecopedagogia refere-se ao planeta como um ser vivo, levando em consideração as relações de harmonia consigo e com os outros seres do planeta e com a natureza.

Ainda assim, a Ecopedagogia nos leva a pensarmos em uma mudança radical da mentalidade dos sujeitos no que se referem a alguns critérios, tais como: qualidade de vida e o meio ambiente, sendo que estes aspectos nos proporcionam uma visão de mundo tanto com o próximo quanto com o meio ambiente. Prossigamos com os demais princípios da Carta da Ecopedagogia:

6 – A Ecopedagogia não se dirige apenas aos educadores, mas a todos os cidadãos do planeta. Ela está ligada ao projeto utópico de mudanças nas relações humanas, sociais e ambientais, promovendo a educação sustentável (ecoeducação) e ambiental com base no pensamento crítico e inovador, em seu modo formal, não formal e informal, tendo como propósito a formação de cidadãos com consciência local e planetária que valorizem a autodeterminação dos povos e soberania das nações.

7 – As exigências da sociedade planetária devem ser trabalhadas pedagogicamente a partir da vida cotidiana, da subjetividade, isto é, a partir das necessidades e interesses das pessoas. Educar para a cidadania planetária supõe o desenvolvimento de novas capacidades, tais como sentir, intuir, vibrar emocionalmente; imaginar, inventar, criar e recriar; relacionar e interconectar-se, auto-organizar-se; informar-se, comunicar-se, expressar-se; localizar, processar e utilizar a imensa informação da aldeia global; buscar causas e prever consequências; criticar, avaliar, sistematizar e tomar decisões, essas capacidades devem levar as pessoas a pensar e agir processualmente, em totalidade e transdisciplinarmente.

8 – A Ecopedagogia tem por finalidade reeducar o olhar das pessoas, isso é, desenvolver a atitude de observar e evitar presença de agressões ao meio ambiente e aos viventes e o desperdício, a poluição sonora, visual, a poluição da água e do ar etc. para intervir no mundo no sentido de reeducar o habitante do planeta e reverter à cultura do descartável.

9 – Uma educação para a cidadania planetária tem por finalidade a construção de uma cultura da sustentabilidade, isto é, uma biocultura, uma cultura da vida, da convivência harmônica entre os seres humanos e entre estes e a natureza. A cultura da sustentabilidade deve nos levar, a saber, selecionar o que é realmente sustentável em nossas vidas, em contato com a vida dos outros. Só assim seremos cúmplices nos processos de promoção da vida e caminharemos com sentido. Caminhar com sentido significa dar sentido ao que fazemos, compartilhar sentidos, impregnar de sentido as práticas da vida cotidiana e compreender o sem-sentido de muitas outras práticas que aberta ou solapadamente tratam de impor-se e sobrepor-se as nossas vidas cotidianamente.

10 – A Ecopedagogia propõe uma nova forma de governabilidade diante da ingovernabilidade do gigantismo dos sistemas de ensino, propondo a descentralização e uma racionalidade baseadas na ação comunicativa, na gestão democrática, na autonomia, na participação, na ética e na diversidade cultural. Entendida dessa forma, a ecopedagogia se apresenta como uma nova pedagogia dos direitos, que associa direitos humanos – econômicos, culturais, políticos e ambientais – e direitos planetários, impulsionando o resgate da cultura e da sabedoria popular. Ela desenvolve a capacidade de deslumbramento e de reverência diante da complexidade do mundo e a vinculação amorosa com a Terra (GADOTTI, 2009, p. 185).

A Ecopedagogia não foca apenas a educação e nem tão pouco é destinada apenas aos educadores ou educandos. Suas proposições são recomendadas a todos os cidadãos do planeta, promovendo uma educação sustentável (ecoeducação), buscando inovações do pensamento crítico, tendo como iniciativa a formação de cidadãos, tanto na esfera local quanto na esfera global. Este movimento instiga no sujeito a ser autodeterminado para com os povos e nações, isto no que se refere às questões como: ética, respeito, cuidado, harmonia, atitude, sensibilidade, entre outros.

A Ecopedagogia propõe uma reflexão para a sociedade planetária, a saber: que seja uma sociedade capaz de instigar, criticar, valorizar, buscar, conhecer, tomar decisões, envolvida em um projeto transdisciplinar. A Carta da Ecopedagogia tem o objetivo de nos mostrar que precisamos nos reeducar, da forma como olhamos os sujeitos, não permitindo agressões ao meio ambiente e nem aceitando o desrespeito à vida, seja de que espécie for.

É preciso que cuidemos da natureza, não devemos conceber a mesma apenas em uma relação de uso – apenas usar e jogar fora, ou seja, descartável. Se continuarmos com essas práticas, poderemos abreviar uma catástrofe, é dizer, a morte planetária. Não podemos, de forma alguma, matar a Mãe-Terra. O nosso cuidado deve ser aprimorado numa perspectiva ecopedagógica e daí fazermos jus a um pensamento crítico e de um senso racional sobre as questões globais.

Emerge de forma imperativa, uma cultura de sustentabilidade, onde os povos vivam em harmonia, em que haja interação entre sujeitos e natureza, abraçando a um novo projeto de uma gestão democrática, participativa, politizada, que vivencia conceitos de valores, natureza e cidadania planetária.



2.2 O cuidado com a natureza: entre práticas e reflexões

Bebemos de fontes para compreender o que seria a palavra “Natureza”. A palavra é proveniente do latim “nascor”, e quer dizer “ser nascido”. Tal palavra mantém a derivação de “natura”, derivada do verbo “nasci”, que também remete à ideia de nascer. Muitas são as definições dadas ao termo pelos dicionários. Entre outras, podemos citar a que oferecida pelo Aurélio (2002, p. 481), que assim conceitua natureza: “Todos os seres que constituem o universo. Força ativa que estabeleceu à conversa a ordem natural de tudo quanto existe. Temperamento do indivíduo. Espécie, qualidade”.

A Wikipédia (2014, p.1) refere-se à palavra natureza em seu sentido mais amplo: é equivalente ao “mundo natural” ou “universo físico”. O termo natureza faz referência aos fenômenos do mundo físico e à vida em geral. Geralmente não inclui os objetos construídos pelo homem.

Tanto o Aurélio quanto a Wikipédia referem-se à “natureza” como os seres que fazem parte do universo como também a vida de modo geral. Percebe-se que a natureza é algo abrangente, é bem mais do que ser chamado de fauna e flora, seria a natureza todos os fatores vivos e não vivos do ambiente e que estão em uma relação de teia alimentar, onde cada um dos componentes desta teia é importante e não deve ser desligado do seu ambiente.

Nesta dimensão, o conceito de natureza está interligado a um todo, ou seja, universo físico que provém desde o indivíduo como todo o conjunto de população. Cai por terra aquele conceito de que a natureza é apenas as belas paisagens tais como rios, lagos, pássaros voando, entre outros significados. O conceito vai sendo enriquecido de acordo com as leituras de alguns estudiosos.

O homem é um ser nato, congênito, natural. Traz consigo comportamentos, desejos, vivências e relações com os que o cercam. Na idade primitiva, o homem vivia em harmonia com seu habitat natural: vivia da caça, da pesca, em paz com o ambiente e preservando o chão que lhe retribuía todo seu cuidado, no entanto, em nossos dias, provocamos um imenso desequilíbrio nunca conhecido. O que se percebe é uma sociedade contemporânea desequilibrada em relação à natureza, é um descaso com tudo que a Mãe-Terra nos oferece.

Entretanto, “quando o ser humano se alia à natureza e busca comunicar-se com ela de modo a interagir com o mundo em que vive sem o desejo de apropriar-se, de dominar ou de destruir, ele cria as condições de uma relação harmoniosa entre a sociedade e a natureza, entre a cultura e o ambiente” (BRANDÃO, 2005, p. 34).

Há, portanto, um elo forte entre o homem e a natureza, quando o primeiro se encontra em comunhão com todos os outros seres que existem. O próprio Cristianismo acredita nesta ligação entre homem e natureza, baseado no livro de Gênesis (capítulo 9, versículos 16-17), que diz: “Quando o arco-íris estiver nas nuvens, eu olharei como recordação da aliança eterna entre Deus e todos os seres vivos, com todas as criaturas que existem sobre a Terra (...) já não haverá mais dilúvio para devastar a Terra”.

Boff (1996, p. 3) afirma que: “O planeta é a minha casa e a Terra, o meu endereço, como posso viver bem numa casa mal arrumada, mal cheirosa, poluída e doente”. Como podemos viver em um ambiente de descaso e um ambiente de descuido, sempre culpando outros e nunca nos colocando neste processo de transformação e mudança para com nossa Mãe-Terra?

Neste sentido, poderá acontecer o descaso, o que fará com que façamos parte de uma sociedade alienada, segundo Paulo Freire (1981), uma vez que, se não cuidamos do que é nosso, iremos acreditar que apenas outras civilizações são melhores, que outras culturas são mais importantes, que outros continentes são mais cultos, e que a nossa pátria é algo distante do que queremos. É preciso compreender que mesmo sendo seres humanos “inacabados”, podemos e devemos fazer muito por nosso habitat, acreditando que cada ser é importante no seu território.

Para Brandão (2005, p. 142): “Somos os únicos seres vivos na Terra que podem reverdecer a Terra, se quisermos, ou que podem destruir toda vida na Terra, se quisermos”. Ainda segundo Brandão (idem, p. 142), podemos “fazer nossa parte” a partir dos nossos lugares de vida e de trabalho. Nada de esperar que as grandes medidas surjam de instituições internacionais ou do “nosso governo”. Ao contrário, somos nós e é a partir de nós mesmos que tudo começa.

É a partir de cada indivíduo que podemos dar o nosso pontapé inicial sobre nossa esfera e cuidar mais daquilo em que estamos inseridos, vivenciar, amar, respeitar, dialogar e, por que não, estar em comunhão com nosso ecossistema vivo que pede socorro e que grita por carinho e afeto.



2.3 A Ecopedagogia e a crise ambiental planetária

A relação que o homem tinha com a natureza era extremamente de submissão: aquele dependia do que esta poderia lhe oferecer. O homem estava em seu habitat sem noção alguma de que a natureza poderia ajudar-lhes e que ele poderia preservar sua imensidão. O homem era totalmente submisso aos fenômenos naturais – ele temia os raios, os trovões, as chuvas e o fogo – não tinha nenhum controle sobre eles, vivendo como se estivéssemos apreciando uma grande obra de arte (GUERRA, 2011).

Se fizermos uma comparação histórica da sociedade primitiva com a sociedade atual, veremos um grande desequilíbrio ecológico que vem cada vez mais se alastrando por parte da sociedade em relação à natureza e todos os fatores que estão inseridos nela.

Nessa perspectiva, Guerra (2011, p. 5) ressalta que “ao longo dessa trajetória, nós, humanos, passamos a nos sentires “deuses” de todas as coisas e, ao fazê-lo, perdemos a capacidade de sonhar, de sentir e observar”. O que o autor nos leva a refletir é se realmente nós não estamos nos tornando pessoas insensíveis, carentes, destruidores, sem flexibilidade alguma para as questões relacionadas à mãe-Terra.

Ao relacionar Ecopedagogia e a crise ambiental, a princípio, parece algo paradoxal. Mas, foi proposital, a fim de problematizar: não seria a Ecopedagogia um movimento que poderá descontruir ou minimizar a crise que poderá afetar nosso planeta?

Portanto, é preciso que tenhamos conhecimento das questões que envolvem nosso habitat, conhecer a história da evolução do homem, como dos demais seres vivos; é algo primordial para educandos dos anos iniciais. Do mesmo, torna-se relevante, aos mesmos a apropriação do conhecimento dos elementos da natureza: água, terra, fogo e ar. Segundo Neto (2008, p. 323),

O ser humano é uma pequena partícula orgânica deste universo, dependente essencialmente de água para viver. E 12% da água doce do mundo estão no Brasil, com distribuição mundial e nacional extremamente desigual, quanto à média per capita, disponível ou disponibilizada.

É preciso fazer uma reflexão sobre esses recursos, desde a infância até mesmo à idade adulta. Estudamos nos livros didáticos de nossas escolas sobre conteúdo como água, solo, natureza. Entretanto, não refletimos sobre a dinamicidade desses recursos na perspectiva interdisciplinar, uma vez que se espera apenas que professor mostre tais conteúdos. Diga-se de passagem, apenas aula expositiva e leitura do livro didático, esquecendo que tais contextos devem ser tratados com um olhar reflexivo e não apenas como meras teorias, que nada aproveitarão se não colocarmos em prática.

Segundo Miranda (2007), contextos e valores dos fenômenos ambientais, que devem ser discutidos e abordados numa visão sócio-curricular, compreendendo e interagindo para a formação de uma sociedade participativa, reflexiva e crítica.

Autores como Paulo Freire, e os próprios PCNs, têm nos possibilitado um questionamento sobre a importância do cuidado com o ambiente, levando em consideração questões relevantes que façam o homem refletir, questionar e procurar meios para não viver apenas uma teoria enraizada no discurso, e, sim, algo que propicie conceitos significativos e que haja uma cultura familiarizada a reflexão dos seus recursos.

Estamos em 2020, na segunda década do século XXI, e muitas questões têm vindo à tona, provocando discussões sobre os fatores que vêm agravando a degradação do meio ambiente. Por outro lado, a população mundial está cada vez maior, a população rural está diminuindo e a população urbana aumentando em proporção inversa àquela, os meios de transportes não são mais como antes, a cada dia surgem inúmeros carros, motocicletas, aviões etc. Podemos perceber que as indústrias a cada dia crescendo, as periferias dos grandes centros estão aumentando em progressões aritméticas, aumentando os problemas socioambientais.

Guerra (2011, p. 5) nos leva a questionar: Portanto, se não fizermos nada e nem tomarmos uma atitude agora, quem o fará no futuro? Ou talvez não exista futuro para nos preocuparmos. Percebamos que o autor nos faz a refletir sobre as questões que envolvem a natureza e em nosso entender, a Ecopedagogia poderia ser uma alternativa para fazemos, os seres humanos repensarem suas práticas, numa ótica de sociedade planetária.

A Ecopedagogia poderá ser direcionada ao âmbito formal e não formal, a mesma poderá ser inserida nos diversos campos de estudo desde a educação infantil até mesmo ao pós-doutorado; poderá nortear tanto a educação do campo quanto a educação urbana; poderá ser bandeira dos movimentos, dos sindicatos, dos assentamentos, das ONGs, e, por que não dizer, das comunidades eclesiais. Todavia Gadotti (2009, p. 177) nos adverte que,

Não se pode dizer que a ecopedagogia representa já uma tendência concreta e notável na prática da educação brasileira, se ela já tivesse suas categorias definidas e elaboradas, ela estaria totalmente equivocada, pois uma perspectiva pedagógica, não pode nascer de um discurso elaborado por especialistas. Ao contrário, o discurso pedagógico elaborado é o que nasce de uma prática concreta, testada e comprovada. Assim, o que podemos fazer no momento é apenas apontar algumas pistas, algumas experiências, realizadas ou em andamento, que indicam uma certa direção a seguir.

Percebemos que Gadotti, nos propõe compreender a Ecopedagogia não como uma teoria acabada, pronta em uma tendência concreta, mas uma forma dinâmica de pensar e decidir a vida, em constante processo de construção, podendo estar integrada no âmbito social, cultural e econômico. Nesse sentido de transformação, se percebe que o movimento ecopedagógico poderá ser o caminho para uma visão planetária includente numa perspectiva de buscar o conhecimento intrínseco para se chegar ao extrínseco, sendo que os sujeitos nessa nova compreensão percebam que a Terra é seu habitat e não pode estar separada das coisas que estão inseridas em seu seio. Que esse olhar ecopedagógico seja um olhar determinado a partir das reflexões, discussões e debates que o movimento propõe.

É importante que se tenha uma visão do micro para o macro, fazendo com que o “ser” seja o mais valorizado do que o ter, do que o poder, do que o querer e do que o estar. É preciso um elo entre as noções, entre as culturas, entre os continentes que formam este planeta, sendo este elo a força maior, que abrange o respeito, a dignidade, a humildade, a paciência, a fé e o amor. Que tudo isto prevaleça no interior do cidadão a partir de uma ecopedagogia para uma cidadania sustentável e equilibrada. Não podemos aceitar que os desastres que estão ocorrendo em nossa casa (a Terra) sejam simplesmente aceitos de qualquer forma, sem nenhum questionamento, sem nenhuma reflexão e sem nenhuma espiritualidade do ser humano.

A crise planetária poderá ser revista através de um olhar fixo na Ecopedagogia, buscando o interesse coletivo e não o pessoal, onde cada pessoa faça sua parte, acreditando que está em um local, que precisa ser visto como um único organismo vivo e que abrange bilhões, diversos seres bióticos e abióticos. Assim sendo, Brandão (2005, p. 84) ressalva que,

A expressão: “o meio ambiente começa no meio de mim mesmo”, traduz bem está dimensão ecológica. Daí a relação crescente entre a saúde, o equilíbrio pessoal e a “saudade ambiental”. Em uma dimensão, em boa medida, tudo o que fazemos em favor da natureza envolve a criança de lugares de vida favoráveis a uma vida plena e sã para cada uma e todos nós. Em outra dimensão, como parte do mistério interconectado da vida que somos todos e cada um de nós, o cuidado da casa começa no cuidado do corpo, como a casa mais intima e pessoal que somos e possuímos.

É preciso que nos conscientizemos a partir de formação de valores, que o meio ambiente não seja apenas a “natureza” e sim a começar por cada um, começar por nós, por nossas residências, nossa rua, nosso bairro, nossa cidade, nosso estado, nossa região, nosso país, nosso continente e a biosfera.

Sendo que cada um de nós é sujeito da própria história, sujeitos que indagam, questionam, instruem, lutam, buscam cada vez mais sua identidade em uma casa que está dentro do interior de cada um. Como posso viver bem se não estou olhando para dentro de mim em uma perspectiva de melhora? Quando buscar entender a mim mesmo, olhando a partir de mim, poderei transformar o mundo: do micro para o macro.



3. Considerações finais

A proposta desta pesquisa é contribuir com o leitor, em suas reflexões sobre a Ecopedagogia e o Meio Ambiente no cenário atual. A Ecopedagogia é uma temática abrangente e curiosa, onde até pouco tempo era algo oculto. Porém, podemos atualmente encontrarmos estas discussões em grande quantidade como os conceitos, artigos, monografias, até dissertações e teses sobre a temática em questão.

No percurso deste trabalho, algumas experiências fizeram-nos perceber e compreender melhor as questões atuais no cotidiano, social, político, religioso e escolar. Observamos que, dentre as transformações ocorridas na sociedade é necessário uma ecoformação voltada para o cotidiano das pessoas, de modo específico na formação cidadã, nas escolas, e em outros espaços formais e não formais.

Este diálogo não se esgota aqui, pois existe um campo fértil de pesquisas que precisam ser realizadas para melhor definir a contribuição da Ecopedagogia na formação cidadã. Mesmo se revelando como atual, a ecopedagogia encontra-se em processo de elaboração, por isso as suas bases conceituais estão abertas para novas contribuições.

Com certeza a discussão desse assunto deve ser vista como um fenômeno complexo, uma vez que muitos ainda desconhecem a importância dessa temática, acreditando que a ecopedagogia é apenas um ramo da Biologia, da Pedagogia ou Ecologia, quando que na realidade a Ecopedagogia é mais abrangente.

Espera-se que este estudo contribua como orientação, reflexão e subsídios no que se refere a uma sociedade atuante com pessoas que estimulem as crianças, jovens, idosos a ter um olhar diferente para a biosfera em que vivemos. Nessa dimensão precisam alcançar outros voos, sendo sujeitos mais criticos, atuantes e porque não dizer corretamente ecopedagógicos.



Referências



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1 O Instituto Paulo Freire (IPF), que pode ser acessado pelo endereço eletrônico: http://www.paulofreire.org/, que destaca uma série de conteúdo/informações: resumos, documentários, artigos, entre outros, e um dos precursores dessa temática é o professor titular da Universidade de São Paulo e diretor do IPF, Moacir Gadotti, o qual será mencionado como referência em várias citações nessa revisão de literatura.

2 Retirado o conceito da monografia de SANTOS (2010), Ecologia humana: percepção e saberes ambientais dos quebradores de pedra do rio do sal. Universidade do Estado da Bahia - UNEB.


Ilustrações: Silvana Santos