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Temos de fazer o melhor que podemos. Esta é a nossa sagrada responsabilidade humana. Albert Einstein
ISSN 1678-0701 · Volume XX, Número 82 · Março-Maio/2023
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EDUCAÇÃO AMBIENTAL E PRÁTICAS EDUCATIVAS NA PERCEPÇÃO DE PROFESSORES DO ENSINO MÉDIO Francisca Aline Brito de Sousa1, Oswaldo Palma Lopes Sobrinho2, Rebeca Reis Carvalho3, Mayara Oliveira Sousa Rodrigues3, Brenda Abigail Freire de Jesus Coelho4, Roselina Aguiar2
oswaldo-palma@hotmail.com 1Instituto Federal do Maranhão – São Raimundo das Mangabeiras (IFMA). 2Instituto Federal Goiano – Campus Rio Verde (IF Goiano). 3Instituto Federal do Maranhão – Campus Codó (IFMA). 4Universidade Federal do Maranhão – Campus Codó (UFMA).
Resumo: Sustentabilidade, preservação, conservação e qualidade de vida, dentre outras temáticas tornaram-se conceitos essenciais no processo educativo da Educação Ambiental (EA) no Ensino Médio, por serem abordagens que despertam nos alunos a preocupação e o cuidado com as práticas de atividades que possam causar menos impactos ambientais. Diante disso, o objetivo deste estudo foi investigar como a Educação Ambiental vem sendo trabalhada em sala de aula e as estratégias didático-pedagógicas sob a ótica de professores. A pesquisa foi desenvolvida em instituições do Ensino Médio, que corresponde às escolas de ensino médio do município de Pastos Bons, Maranhão, Brasil, no mês de dezembro de 2020. Foi realizada uma pesquisa descritiva de natureza quantitativa e qualitativa e o instrumento de coleta de dados foram questionários com perguntas abertas e fechadas via Google forms a 16 professores. Identificou-se que, a EA se desenvolveu a partir de uma prática pedagógica que vincula o aluno à comunidade, valores e atitudes sustentáveis, que promovem um comportamento dirigido à transformação da realidade em seus aspectos naturais e sociais. Ressalta-se ainda que, apesar dos dados revelarem que os professores tiveram conhecimento empírico de algumas práticas, é importante compreender que sempre será necessário um aprimoramento em relação à utilização de métodos nas práticas pedagógicas de desenvolvimento sobre o tema buscando contribuir para o processo de ensino-aprendizagem. Palavras-chave: Atitudes sustentáveis. Estratégias didático-pedagógicas. Processo educativo. Abstract: Sustainability, preservation, conservation and quality of life, among other themes, have become essential concepts in the educational process of Environmental Education (EA) in High School, as they are approaches that arouse in students the concern and care with the practices of activities that can cause less environmental impacts. Therefore, the objective of this study was to investigate how Environmental Education has been worked in the classroom and the didactic-pedagogical strategies from the perspective of teachers. The research was developed in high school institutions, which corresponds to high schools in the municipality of Pastos Bons, Maranhão, Brazil, in December 2020. A quantitative and qualitative descriptive research was carried out and the data collection instrument was questionnaires with open and closed questions via Google forms to 16 teachers. It was identified that the AE developed from a pedagogical practice that links the student to the community, sustainable values and attitudes, which promote behavior aimed at transforming reality in its natural and social aspects. It is also noteworthy that, although the data reveal that the teachers had empirical knowledge of some practices, it is important to understand that there will always be a need for improvement in relation to the use of methods in the pedagogical practices of development on the subject seeking to contribute to the teaching process-learning. Keywords: Sustainable attitudes. Didactic-pedagogical strategies. Educational process. Introdução Falar sobre a EA em salas de aulas do Ensino Médio é acrescentar um novo olhar para o mundo, que se abrange numa dimensão ambiental contextualizada e adaptada a realidade interdisciplinar submetida aos temas ambientais e globais dada como um processo de educação responsável, por informar aos alunos sobre os problemas ambientais e estimulá-los a tentar buscar soluções para a conservação, preservação e sustentabilidade dos recursos naturais. Com isso, a percepção ambiental abrange a compreensão das inter-relações entre o meio ambiente e os indivíduos, ou seja, como o ser humano percebe o seu meio circundante, expressando suas opiniões, expectativas e propondo linhas de condutas (AMANTE, 2001). Portanto, a grande importância e objetivo de se trabalhar com a EA nos parâmetros educacionais residem na atuação consciente dos cidadãos, na inter-relação entre o ser humano e o meio ambiente e nas ações sustentáveis voltadas para a conservação e comprometidas com o futuro do planeta. A EA tem sido um tema amplamente utilizado, divulgado e discutido, porém, suas abordagens em diferentes espaços, principalmente nas escolas, não se apresentam de maneira muito clara e específica em alguns momentos, como indicam as políticas de ensino e aprendizagem (FRAGOSO; NASCIMENTO, 2018). Logo, sabemos que é no ambiente escolar que a EA possui grande importância visto que desde cedo as crianças aprendem a lidar com o desenvolvimento sustentável. Diante desse cenário, a abordagem sobre EA é importante e os professores devem estar engajados e almejando mudanças em atitudes socioambientais e nas práticas educacionais para que desenvolvam uma concepção ambiental mediada por atitudes sensíveis e responsáveis quanto a vida, natureza e âmbito escolar possibilitando a realização de um trabalho de intervenção sistemático, planejado e controlado (PELICIONI, 2002). Aliado a isso, trabalhar essa temática no Ensino Médio promove mudança de comportamentos tidos como prejudiciais ao meio ambiente e, consequentemente, a sociedade. Diversas atividades extracurriculares podem ser desenvolvidas com temas relacionados à EA como: consumo, recursos naturais, crise ambiental, efeito estufa, tipos de lixos, coleta seletiva, reciclagem, dentre outros. Todos esses podem ser trabalhados com os alunos do Ensino Médio para que se familiarizem com as práticas sustentáveis, como por exemplo: fazer mutirões para colher lixos e resíduos em ambientes que sofrem com essa problemática, atividade essa que pode ser uma boa alternativa de despertar nos alunos o problema da poluição. As visitas a espaços naturais como hortas, podem ajudar os alunos a refletirem sobre a importância dos bens naturais e ainda construir diversas ideias viáveis para solucionar os problemas relacionados com a degradação do meio ambiente do seu próprio município. Além disso, o desenvolvimento de projetos de pesquisa sobre as relações do ser humano com o meio ambiente necessita incluir estudos de percepção ambiental como parte integrante da abordagem interdisciplinar (FIORI, 2002). O objetivo geral deste estudo foi investigar como a Educação Ambiental (EA) vem sendo trabalhada em sala de aula do Ensino Médio e as estratégias didático-pedagógicas sob a ótica dos professores. Como específicos: avaliar a importância de trabalhar a EA no processo de ensino-aprendizagem e demonstrar algumas práticas educacionais que auxiliam nas aulas para debates e atividades voltadas a EA. Metodologia A pesquisa foi desenvolvida em instituições do Ensino Médio, nas escolas Centro Educacional Dr. José Neiva e Centro Educacional Professor Ribamar Torres, localizadas no município de Pastos Bons, interior do Estado do Maranhão, Brasil, no mês de dezembro de 2020. A Escola Centro Educacional “A” dispõe de espaço físico que é composto por: uma portaria, uma cantina, um ginásio, um pátio, cinco salas de aula, uma sala para professores, uma sala para direção, uma sala supervisão e secretaria, uma sala de audiovisual com adaptações para deficientes e, dois banheiros, sendo um feminino e um masculino. Em relação à organização das turmas, a escola atende no período matutino das 07h10min às 11h20min, e no período vespertino das 13h10min às 18h00min (1º, 2º e 3º ano), divididos em 05 horários de aula, possuindo uma média de 110 alunos no turno matutino e 162 no turno vespertino, totalizando 272 alunos e 08 professores. Já a Escola “B” dispõe de espaço que é composto: uma portaria, uma biblioteca, uma cantina, um ginásio, um laboratório, um pátio, seis salas de aula, uma sala para professores, uma sala para direção, uma sala de audiovisual com adaptações para deficientes e, dois banheiros, sendo um feminino e um masculino. A escola atende no período matutino das 07h10min às 11h20min, no período vespertino das 13h10min às 18h00min, e no período noturno das 18h20min às 22h00min (1º, 2º e 3º ano), divididos em 05 horários de aula, com uma média de 140 alunos no turno matutino, 90 no turno vespertino e 115 no turno noturno, totalizando 345 alunos e 08 professores. Foi realizada a pesquisa descritiva de natureza quantitativa e qualitativa (SAMPIERI, 2013) e o instrumento de coleta de dados foram questionários com perguntas abertas e fechadas via Google forms a 16 professores das escolas mencionadas com faixas etárias entre 25 a 47 anos. Visando manter o sigilo e não revelar a identidade dos professores criaram-se códigos representados da seguinte forma: os professores da Escola “A” e os professores da Escola “B”. As questões abordaram temas relacionados aos conceitos de EA e a sua importância envolvendo os professores, alunos; escolas e o próprio meio ambiente, bem como a definição da Educação Ambiental; as principais dificuldades encontradas na abordagem da EA no Ensino Médio; como implantar a EA nas escolas e como a mesma vem sendo trabalhada; quais assuntos são abordados pelos professores sobre a EA e a forma como os professores abordam o tema; qual o interesse dos alunos de acordo com os professores sobre a temática e como é avaliado o conhecimento? Qual a importância de se trabalhar a EA na visão dos professores e a capacitação dos mesmos sobre a EA? Essas questões norteadoras oportunizaram a compreensão e a análise da percepção dos professores sobre a forma como a EA vem sendo trabalhada nas escolas. Os professores assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido, que autorizou a divulgação das informações pelo pesquisador. Porém, explicou-se que a qualquer momento, o entrevistado poderia abdicar de participar e retirar seu consentimento. A sua recusa, desistência ou retirada significa dizer que não haveria prejuízo aos professores entrevistados. Por conseguinte, os dados levantados e obtidos foram confidenciais visando assegurar o sigilo da participação do entrevistado e, consequentemente, realizou-se a tabulação de dados e a construção dos gráficos, por meio do programa Microsoft Excel 2010® utilizando a estatística descritiva. Resultados Nos dados adquiridos sobre o perfil dos professores entrevistados mediante suas declarações em relação à idade, observou-se que 12% dos professores da escola (A) e 13% da escola (B) tem uma variação entre 25 a 30 anos, 31% da escola (A) e 25% da escola (B) tem entre 31 e 40 anos e os 6% da escola (A) e 13% da escola (B) apresenta-se entre 41 e 47 anos (Figura 1). Figura 1 -- Faixa etária dos professores das escolas.
Fonte: Elaborada pela autora (2021).
Na Figura 2 contém o tipo de gênero dos entrevistados, onde 25% dos professores da escola (A) e 31% da escola (B) são do sexo feminino e os 25% dos professores da escola (A) e 19% da escola (B) são do sexo masculino. Figura 2 -- Relação de gênero dos professores das escolas.
Fonte: Elaborada pela autora (2021).
Com relação à formação acadêmica dos professores, revelou-se que 38% dos professores da escola (A) e 31% da escola (B) possuem graduação e os 12% dos professores da escola (A) e os 19% da escola (B) mestrado (Figura 3). Figura 3 -- Formação acadêmica dos professores.
Fonte: Elaborada pela autora (2021). Quando questionados sobre a definição da EA em suas percepções, todos os professores (100%) das escolas (A) e (B) definem a EA como uma área do ensino voltada para a sensibilização dos indivíduos sobre os problemas ambientais e de como auxiliar a combatê-los conservando as reservas naturais e não poluindo o meio ambiente. Quando questionados sobre as principais dificuldades encontradas na abordagem da EA no Ensino Médio, notou-se que 12% dos professores da escola (A) e 13% da escola (B) descrevem que a EA perpassa por alguns desafios e um deles é a desvalorização de sua abordagem. Os 37% dos professores da escola (A) e 38% da escola (B) apontam que a dificuldade se dá pelas disposições previstas em Lei nº 6.938/81 pela Política Nacional de Meio Ambiente para sua implantação na educação nacional que não ocorre na prática como deveria (Figura 4). Figura 4 -- Principais dificuldades encontradas na abordagem da Educação Ambiental no Ensino Médio.
Fonte: Elaborada pela autora (2021). Notou-se diante das respostas dos professores, a falta de estrutura para tratar desta temática, sendo que o desenvolvimento da EA como um método de ensino tem a capacidade de promover e facilitar a construção de conhecimentos que vão de encontro com a necessidade de ambas as instituições do Ensino Médio modificando essas dificuldades encontradas. Quanto à implementação da EA nas escolas do Ensino Médio observou-se pela Figura 5 que 19% dos professores da escola (A) e 12% da escola (B) apontam que pode acontecer por meio de conteúdos trabalhados em sala de aula e 31% dos professores da escola (A) e 38% da escola (B) alegam que a melhor implementação vem por meio de atividades específicas como a reciclagem, a coleta seletiva e as atividades de sustentabilidade, preservação e conservação. Logo, sabe-se que no momento atual os alunos se interessam por algo mais visível que vai além de um conteúdo teórico e, consequentemente, o método das atividades específicas é o mais eficaz, não necessariamente deixando de aplicar os conteúdos teóricos, mas assimilando esses conteúdos com a prática.
Figura 5 -- Como implantar a Educação Ambiental nas escolas do Ensino Médio.
Fonte: Elaborada pela autora (2021). Ao indagar os professores sobre a forma como é trabalhada a EA nas escolas do ensino médio, 38% dos professores da escola (A) e 44% da escola (B) relatam que a atividade mais desenvolvida é a prática de feiras de ciência, porém afirmam que só ocorre uma vez por ano. Destaca-se ainda que dentre os 16 professores, apenas 12% da escola (A) e 6% da escola (B) indicaram que fazem a abordagem da EA por meio de visitas a espaços naturais que possam auxiliar os alunos a refletirem sobre a importância dos bens naturais e sua conservação (Figura 6). Figura 6 -- Forma como a Educação Ambiental é trabalhada nas escolas do Ensino Médio.
Fonte: Elaborada pela autora (2021). Quando indagados sobre quais assuntos são abordados relacionados à EA em sala de aula, notou-se que 44% dos professores da escola (A) e 38% da escola (B) relatam que o tema mais discutido é a questão da poluição com ênfase no lixo, coleta seletiva e crise ambiental de forma resumida. Daí surge a pergunta: por que é trabalhada dessa forma? Os professores afirmam que é por ser feita de maneira interdisciplinar, multidisciplinar e transdisciplinar em projetos extracurriculares específicos, desenvolvidos no decorrer de suas aulas e ainda quando algum conteúdo ou texto traz o tema abordado. Os 6% dos professores da escola (A) e os 12% da escola (B) mencionaram que sustentabilidade é o tema mais expressivo em suas aulas (Figura 7). Figura 7 -- Assuntos abordados pelos professores em sala de aula sobre a Educação Ambiental.
Fonte: Elaborada pela autora (2021). Com relação ao método de ensino utilizado para abordar temas relacionados à EA em sala de aula observou-se a diversidade no uso de métodos. A opção de trabalhos/pesquisas e brincadeiras apresentou um percentual de 12% dos professores da escola (A) e 6% da escola (B). Passagens de conteúdos foram relatadas por 38% dos professores da escola (A) e 44% da escola (B) (Figura 8). Portanto, as diferentes práticas para abordar o tema EA sejam em qual área de ensino, deve ter o poder de despertar o interesse e tornar a temática mais significativa e atrativa aos alunos. Figura 8 -- Forma como os professores abordam o tema Educação Ambiental em sala de aula.
Fonte: Elaborada pela autora (2021). Segundo os 31% dos professores da escola (A) e 44% da escola (B) responderam de forma positiva a questão do interesse dos alunos sobre a temática EA ressaltando que esse interesse só surge quando é aplicada uma metodologia mais dinâmica. Já 19% da escola (A) e 6% da escola (B) informaram que demonstram interesse mesmo que a didática com que tais assuntos sobre a EA trabalhados em sala de aula seja por meio de uma passagem de conteúdo (Figura 9). Figura 9 -- Interesses dos alunos de acordo com os professores no tema Educação Ambiental.
Fonte: Elaborada pela autora (2021). No que se refere aos professores que avaliam o conhecimento dos alunos sobre a EA percebeu-se que 38% da escola (A) e 44% da escola (B) utilizam a tradicional metodologia das provas e atividades de pesquisas escritas. Já 12% dos professores da escola (A) e 6% da escola (B) avaliam por meio de atividades e projetos extracurriculares, sendo uma das atividades a de propor aos alunos o uso de materiais descartados pela sociedade para construção de outros objetos no processo de reciclagem a serem apresentados em sala de aula, onde o aluno expõe todo o conhecimento obtido durante o desenvolvimento de seu trabalho descrevendo a importância da reciclagem e de ser um exemplo de cidadão ambiental que cuida e preserva fazendo sua parte para termos um planeta mais sustentável (Figura 10). Figura 10 -- Como os professores avaliam o conhecimento dos alunos sobre Educação Ambiental.
Fonte: Elaborada pela autora (2021). Ao serem perguntados sobre a importância de se trabalhar a EA na visão dos professores todos os entrevistados (100%) de ambas as escolas (A) e (B), alegam que é proporcionar aos alunos um tipo de educação que visa um processo empregado na preservação de patrimônios ambientais da cidade e cria métodos de desenvolvimento com soluções limpas e sustentáveis. Indagou-se sobre a capacitação em EA e constatou-se que 19% dos professores da escola (A) e 12% da escola (B), sendo ainda uma porcentagem muito baixa e isso ocorre devido à falta de implementação e discussões sobre a importância de se trabalhar e debater assuntos relacionados a EA em todas as instituições e níveis de ensino de forma a valorizar sua abordagem. Os 31% dos professores da escola (A) e os 38% da escola (B) responderam que não possuem nenhum tipo de capacitação realizada sobre a temática (Figura 11). Consequentemente, esses professores relatam que a questão da falta de tempo e da cobrança para que sigam o planejamento escolar apresentado nos parâmetros curriculares, no prazo do calendário da escola, acaba impedindo de se aprimorarem e trazerem novas práticas e métodos de ensino para a sala de aula. Figura 11 -- Como os professores avaliam o conhecimento dos alunos sobre Educação Ambiental.
Fonte: Elaborada pela autora (2021). Percebe-se que os professores do Ensino Médio do município de Pastos Bons, MA nem sempre seguem as recomendações das Diretrizes Curriculares em ministrar aulas mais dinâmicas visando propiciar a aprendizagem dos conteúdos sobre a EA. Ainda é possível ver professores com uso somente do livro didático, ou seja, como único recurso metodológico e de fonte de pesquisa, apresentando um conteúdo muito simplificado e, consequentemente, nota-se a grande necessidade de uma transformação da qualidade de ensino procurando promover por meio de projetos educacionais mudanças quantitativas e qualitativas, decorrentes do processo de formação de alunos conscientes, críticos e preparados para conhecer temas relacionados à área ambiental com o intuito de tornar-se um cidadão consciente de suas práticas e atitudes sustentáveis. Discussão Visões semelhantes sobre a percepção dos professores foram relatadas por alguns autores como Tavares (2010); Freitas e Marin (2015) onde descrevem que ao longo dos últimos 50 anos, dentre várias definições a EA passou a ser definida como um processo que busca o desenvolvimento de uma sensibilidade crítica das pessoas e que pode ser fundamental no enfrentamento das questões ambientais e sociais. Notou-se diante das respostas a falta de estrutura para tratar desta temática, sendo que o desenvolvimento da EA como um método de ensino tem a capacidade de promover e facilitar a construção de conhecimentos que vão de encontro com a necessidade de ambas as instituições do Ensino Médio modificando essas dificuldades encontradas. Nesse contexto, discussões e ações sobre a abordagem da EA devem ser cada vez mais difundidas (BOSA; TESSER, 2014). Entretanto, a sensibilidade e a mudança de hábitos acontecem por meio de informações e com atitudes pequenas e diárias. É por isso, que a EA talvez seja um dos fatores mais importantes a ser estudado nas escolas, por ter relação com o futuro da humanidade e com a existência do planeta (MEDEIROS et al., 2011). A escola juntamente com o professor tem o papel de sensibilizar o aluno, estimulando-o a buscar valores que o conduzam a convivência harmoniosa com a natureza, além de auxiliá-lo a analisar criticamente os princípios que levaram a destruição inconsciente dos recursos naturais fazendo-o ter a sensibilidade de que as reservas da natureza devem ser utilizadas de forma racional (EFFETING, 2007). É indubitável que quando se trata de assuntos sobre a EA em disciplinas específicas se torna mais difícil ainda de ser abordada. Dessa forma, mesmo com os professores afirmando abordar em alguns momentos de suas aulas temas referentes à EA, ainda tem muito a concretizar-se para fornecer informações aos alunos sobre os diversos temas que englobam a temática discutida. E entre esses temas que podem ser atribuídos a EA, Meira (2010) afirma que, o tema “meio ambiente” tem a finalidade de promover uma visão ampla que envolva não só os elementos naturais do meio ambiente, mas também os elementos construídos e todos os aspectos sociais envolvidos na questão ambiental. Moreira (2006) afirma que, o aprendizado significante consiste no desenvolvimento por meio de novos saberes que contraem significância mediante ao diálogo, práticas e por meio de concepções importantes prévias no sistema intelectual. Segundo Lima (2004) os alunos que não são aproximados do objeto de estudo (no caso sobre a EA) são impossibilitados no engajamento de diversas questões surgidas na vida contemporânea e não terão uma postura crítica de sua realidade. O mesmo ainda ressalta que essa aproximação com o tema despertar o interesse do aluno desenvolvendo um pensamento crítico e criativo. Rezek (2011) afirma que qualquer elemento externo ou interno como fator de intervenção no processo de ensino e aprendizado do aluno, esses são os fatores que irão permanecer para vida toda do aluno. Portanto, não é que o professor esteja errado em avaliar o aluno por meio de provas escritas, mas o mesmo deve propor que o aluno participe de maneira ativa na construção do conhecimento, pois é perceptível a facilidade de aprender e repassar o que se foi aprendido em sala de aula que eles têm e, utilizando uma avaliação mais dinâmica, saindo um pouco do papel e caneta fará com que estes alunos tenham um desenvolvimento educacional e social. O desenvolvimento desta ação pode dar início a partir da necessidade de estimular uma nova compreensão da realidade, articulando elementos que passam entre, além e através das disciplinas, na busca da compreensão do complexo mundo real e utilização de novas práticas de acordo com a realidade educacional (LEFF, 2009). Considerando que a EA tem sido realizada a partir do conhecimento sistemático sobre o ambiente é fundamental saber qual o significado atribuído pelos professores ao termo mediante a sua capacitação mesmo que esse conhecimento ainda esteja em processo de construção (SATO, 1997). Nesse sentido e para que isso se torne efetivo, se faz necessário um professor orientador, mediador do conhecimento, um aprendiz permanente, cooperador, organizador da aprendizagem (GADOTTI, 2000). Considerações finais Percebe-se que, a prática da Educação Ambiental trabalhada nas escolas com ênfase no Ensino Médio faz parte de um pensamento muito complexo, por ser um conceito que se deve pensar em como ser inserido nas ações de ensino, pesquisa e extensão. Porém, um dos lugares para se debater essa temática é nas escolas, pois apresentam um espaço de formalização e de aplicação desses conceitos formadores. No geral, pode-se observar que muitos professores relataram que a Educação Ambiental é importante para ser discutida e trabalhada de maneira inter e transdisciplinar em diversos projetos educacionais no decorrer das aulas. Cabe aos professores compreenderem que a Educação Ambiental deve ter competência para a promoção de valores, não sendo apenas um meio de transmitir conteúdos descontextualizados, pois existem meios de solucionar quaisquer dificuldades encontradas sobre essa temática, e observam-se inúmeras práticas que podem complementar os conteúdos e estimular os indivíduos a aprenderem e a refletirem mudando o seu modo de pensar e agir diante da realidade que os cercam. Para tanto, basta começar a buscar o melhor caminho na construção da Educação Ambiental nas escolas. Por fim, evidencia-se a necessidade de orientação na ação dos professores em busca de novas práticas educativas, diferentes estratégias didático-pedagógicas e recursos didáticos que visam auxiliar a construção do conhecimento e interesse por parte dos alunos em compreender sobre a Educação Ambiental. Referências ALBUQUERQUE, M. J. F. C. Educação ambiental e EJA: percepção dos alunos sobre o ambiente. Educação Ambiental em Ação, v. 42, p. 1, 2013. AMANTE, F. A. Carta de enchente da Praça da Bandeira e Tijuca. 110 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Monografia) - Faculdade de Geografia, Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2001. ANDRADE, D. F. Implementação da Educação Ambiental em Escolas: uma reflexão. Revista Eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental, v. 04, n. 1, p. 1-10, 2000. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENSINO DE BIOLOGIA (SBENBIO). Algumas impressões sobre a base nacional comum e implicações sobre o ensino de ciências e biologia na educação básica. 2015. 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