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ISSN 1678-0701 · Volume XXII, Número 87 · Junho-Agosto/2024
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30/05/2024 (Nº 87) PERCEPÇÃO AMBIENTAL DOS FREQUENTADORES DA PRAÇA DE SÃO FRANCISCO – ÓBIDOS – PARÁ.
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PERCEPÇÃO AMBIENTAL DOS FREQUENTADORES DA PRAÇA DE SÃO FRANCISCO – ÓBIDOS – PARÁ.



ASNAH VITÓRIA DE SOUSA VIANA¹; KETHELEN VITÓRIA CAMPOS GOMES²; BRUNA NAYARA ROCHA GARCIA³; RAIMUNDO ALVES DOS REIS NETO4; LUIZ FERNANDO REINOSO5.

1 Discente. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará – IFPA

2 Discente. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará – IFPA

3 Mestre. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará – IFPA- bruna.garcia@ifpa.edu.br.

4 Mestre. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará – IFPA- raimundo.reis@ifpa.edu.br.

5 Mestre. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo – IFES- luis.reinoso@ifes.edu.br.



RESUMO

O presente trabalho analisou a percepção de frequentadores sobre o espaço da praça de São Francisco, na cidade de Óbidos – Pará, localizada, na mesorregião do Baixo Amazonas. Foram realizadas entrevistas exploratórias com aplicação de questionário com 10 perguntas para 50 pessoas, com o intuito de detectar a opinião dos moradores e sua percepção ambiental a partir da compreensão das inter-relações entre o meio ambiente e os atores sociais, ou seja, como a sociedade percebe o seu meio e demonstra suas opiniões. Os resultados indicam que praças com áreas verdes aumentam o conforto térmico considerado muito importante pelos frequentadores, que não há um planejamento adequado das estruturas, equipamentos e na arborização urbana, que o espaço público está vinculado ao acesso de todos os indivíduos, moradores ou visitantes capazes de interagir, por meio do lazer, da atividade física ou da conversa, livremente na mesma base, independentemente de sua condição social. Dentre as características com efeitos positivos para o ambiente urbano destes espaços, estão o embelezamento, a quebra da monotonia da paisagem, a valorização visual e para a população, como a melhoria da qualidade de vida, lugar para o exercício da cidadania e a interação social.

Palavras-chaves: Percepção ambiental; Áreas verdes urbanas; Planejamento.



ABSTRACT

The present work analyzed the perception of visitors about the space of the São Francisco square, in the city of Óbidos – Pará, located in the Lower Amazonas mesoregion. Exploratory interviews were carried out with the application of a questionnaire with 10 questions to 50 people, with the aim of detecting the opinion of residents and their environmental perception based on the understanding of the interrelationships between the environment and social actors, that is, how the Society perceives its environment and demonstrates its opinions. The results indicate that squares with green areas increase thermal comfort considered very important by visitors, that there is no adequate planning of structures, equipment and urban afforestation, that public space is linked to access for all individuals, residents or visitors capable of to interact, through leisure, physical activity or conversation, freely on the same basis, regardless of their social status. Among the characteristics with positive effects on the urban environment of these spaces are beautification, breaking the monotony of the landscape, visual enhancement and for the population, such as improving quality of life, a place for exercising citizenship and social interaction .

Keywords: Environmental perception; Urban green areas; Planning.



INTRODUÇÃO

O ser humano altera de maneira significativa os espaços naturais, esse fato é observado claramente nas cidades que são espaços modificados para atender suas necessidades, nesse processo ocorrem distúrbios, muitas vezes prejudiciais a natureza e a população. Procurando amenizar efeitos como falta de espaços destinados ao uso comum e áreas com vegetação são criadas praças, espaços públicos que tem múltiplas funções.

Os espaços públicos destinados ao uso comum e à interação entre os indivíduos e entre eles e o meio, são de grande relevância para a construção de sociabilidades sadias e plenas entre os atores que dela participam. As praças são parte importante para a qualidade de vida nas cidades, uma vez que, além do espaço para a interação e o lazer, são espaços propícios à arborização e paisagismo.

Para Barros; Virgilio, (2003),no Brasil, as praças são espaços públicos encontrados na maioria dos municípios, desempenhando papel na melhoria da qualidade de vida ambiental e social. Nucci (1996), enumera que as praças realizam entre outras, as seguintes funções: diminuem a quantidade de dióxido de carbono, (CO2; aumentam a umidade relativa do ar; propiciam uma interação entre o homem e a natureza; quebram a monotonia das atividades huma­nas, influenciam na melhoria das relações sociais.

Tais fatores modificam de forma enriquecedora o ambiente frequentado pelos sujeitos, proporcionando o equilíbrio entre o meio natural e o meio urbano, a harmonia entre os elementos e, consequentemente, possibilitando melhorias na qualidade de vida dos habitantes, visto que levam a um processo que colabora para a construção de ambientes adequados ao lazer e a algum conforto térmico, o que torna a experiência de vida não somente mais saudável, mas, ainda, mais agradável.

A consulta a população proporciona uma percepção sobre este ambiente e mais especificamente sobre as áreas verdes podendo ser, dessa maneira uma ferramenta indispensável para a melhoria da qualidade do ambiente urbano. Pode-se verificar através das consultas os sentimentos que a população tem em relação ao ambiente, destacar o valor atribuído a esses espaços pela população, como a população utiliza e percebe as condições ambientais dos espaços por elas utilizados (COSTA; COLESANTI, 2011).



METODOLOGIA

Área de estudo

O estudo foi realizado na praça São Francisco, localizada na Travessa Frei Daniel, esquina com a Rua Belém, no município de Óbidos - PA, que se encontra localizado na mesorregião do Baixo Amazonas (Figura 1). De acordo com o censo de 2022 o município de Óbidos possui 52.229 habitantes, unidade territorial de 28.011,041 km², arborização de vias públicas 37 %, ficando na 63ª posição se comparado com os outros municípios do estado do Pará e área urbanizada 12,42 km²,. (IBGE, 2022).

Figura 1: Localização do Município de Óbidos- Pará.

Fonte:IBGE, 2022

Coleta de dados

O estudo foi dividido em três etapas: A primeira etapa consistiu na elaboração de um formulário composto por dez questões, sendo nove objetivas e uma subjetiva, o formulário é um instrumento de suma importância para a investigação social, pois permitiu obter informações diretamente do entrevistado. A técnica de coleta de dados consistiu em entrevista semi estruturada, combinando perguntas abertas e fechadas, que de acordo Boni e Quaresma (2005), o entrevistador executa uma conversa informal e o informante tem a possibilidade de discorrer sobre o assunto proposto.

A segunda etapa baseou-se na pesquisa de campo que é aquela utilizada com o objetivo de adquirir informações e/ou conhecimentos acerca de um problema, para o qual se procura uma resposta, ou de uma hipótese, que se queira comprovar, ou, ainda, descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles. (...) Consiste na observação de fatos e fenômenos tal como ocorrem espontaneamente, na coleta de dados a eles referentes e no registro de variáveis que se presume relevantes, para analisá-los. (LAKATOS, 2003, p. 186). Diante disso, após a aplicação do Termo de Consentimento, realizou-se a aplicação do formulário aos moradores que frequentam a praça de São Francisco, com a finalidade de conhecer as suas percepções acerca da arborização urbana, assim como promover uma reflexão local sobre sua importância.

Na terceira etapa realizou-se a tabulação dos dados, onde as informações obtidas foram analisadas estatisticamente, permitindo a descrição e avaliação dos elementos adquiridos que são necessários na formação das etapas posteriores e produção de gráficos.



REFERENCIAL TEÓRICO

As primeiras iniciativas de hortos botânicos com caráter científico datam do século XVIII, dada a necessidade de buscar conhecimentos a respeito da flora nativa ainda pouco conhecida. Ao mesmo tempo, estes hortos botânicos possuíam uma finalidade econômica ao buscar plantas úteis ao comércio de especiarias na Europa e ampliar o conhecimento sobre novas variedades nativas que pudessem competir com as culturas tradicionais cultivadas no Oriente. (REIS FILHO, 1968).

A mais antiga manifestação em termos de paisagismo no Brasil ocorreu na primeira metade do século XVII em Pernambuco, por obra do Príncipe Maurício de Nassau, durante a invasão holandesa. (LOBODA, 2003).

Os jardins urbanos, até o século XIX, assumiram funções meramente estéticas, embelezadoras da paisagem, sendo considerados uma expressão artística. Entretanto, neste período os jardins urbanos passam a assumir uma função utilitária, sobretudo nas zonas urbanas densamente povoadas, sendo- lhes atribuídos fins higiênico-sanitários, de incremento da qualidade ambiental, funcionalidades ecológicas e aspectos psicossociais (ANGELIS et al., 2005).

De acordo com Terra et al, (2004), a disciplina urbanística e o salubrismo determinaram a necessidade de criar “pulmões” para as cidades, com a implantação de praças, jardins e parques no meio urbano, a cultura salubrista foi a responsável pela manutenção de grandes áreas livres no coração das cidades num momento em que a expansão urbana demandava e valorizava as terras nas regiões centrais dos núcleos urbanos.

A partir da segunda metade do século XIX, começa a popularizar-se o entendimento de que a existência de arborização de ruas nas cidades é de vital importância na qualidade ambiental nos espaços urbanos. Já ao longo do século XX tem-se a implantação de diversos parques urbanos com a fundamental contribuição de Roberto Burle Marx para o paisagismo no Brasil (TERRA et al., 2004).

A partir da segunda metade do século XX, foi introduzida no Brasil a cultura da arborização urbana, consequência do aumento da população nessa época, o que concebeu a necessidade de criação de áreas verdes que propiciassem lazer e bem-estar psicológico à população. Tendo em vista que a arborização urbana é uma prática relativamente nova no Brasil (tendo-se as primeiras iniciativas há pouco mais de 120 anos), cabe ressaltar que, neste período a arborização foi historicamente praticada de forma empírica e, raras às vezes, dentro de um contexto técnico-científico (SILVA, 2013).

As praças podem ser definidas como espaços livres e públicos, com forte função social, inseridas na malha urbana como elementos organizadores da circulação e de amenização pública, geralmente contendo expressiva cobertura vegetal, mobiliário lúdico, canteiros e bancos (MENDONÇA, 2007).

Diante disso, observa-se o quão importante é a arborização urbana de praças, uma vez que se desenvolve estratégias e promove a característica ampla e integradora para os frequentadores, criando iniciativas para reverter processos de degradação física de um espaço, proporcionando desta forma, a melhoria nestes tais espaços que são importantes para o cotidiano da população nas cidades (MOURA, 2006; TOLEDO, 2012).

Diante do todo até aqui exposto e reafirmando que é reconhecido a importância das praças, da arborização e do paisagismo para a qualidade de vida nos centros urbanos.



RESULTADOS E DISCUSSÃO.

Foram entrevistados 50 pessoas, contemplando homens, mulheres, crianças e adultos. Silva et al. (2015) realizaram uma pesquisa dessa natureza, aplicada em pessoas com diferentes faixas etárias, comprovando que é possível observar as percepções ambientais nas diferentes gerações.

Quando instigados sobre a presença da praça de acordo com a pesquisa realizada, no gráfico 1 observa-se que 96% dos entrevistados confirmaram que frequentam a praça, enquanto apenas 4% relataram não frequentar a praça.

Gráfico 1: Quantidade de pessoas entrevistadas que frequentam a praça São Francisco, Óbidos–PA.

Fonte: Autores, 2022.

Estas informações são ferramentas úteis para auxiliar em ações considerarando a percepção da população que frequenta a praça se torna relevante no planejamento e compreensão deste ambiente urbano. As pessoas que realizam o uso cotidiano desta praça são as mais impactadas no que se refere a utilização de equipamentos e serviços, sendo, portanto, relevante seu ponto de vista.

A partir da análise dos dados coletados, verificou-se que, quando perguntado aos moradores sobre "você acha que arborização urbana e paisagismo são importantes?”, 96% dos entrevistados responderam que sim, como apresenta- se no gráfico 2 demonstrando possuírem informações sobre o assunto, enquanto apenas 4% responderam que não.

Gráfico 2: Percepção dos entrevistados sobre a importância da arborização urbana e paisagismo na praça São Franciso, Óbidos-PA

Fonte: Autores, 2022

É possível observar que a população tem conhecimento sobre a importância da arborização nas praças da cidade e o quanto elas contribuem para o bem-estar local, e isso é refletido na quantidade de respostas positivas dos moradores.

Com relação ao conhecimento dos respondentes sobre a arborização urbana e paisagismo no que diz respeito a estética, a resposta foi unânime, ou seja, 100% dos entrevistados concordam que a arborização urbana e o paisagismo tornam o local mais bonito.

Isernhagen (2009), explica que o objetivo do paisagismo é demonstrar a importância de ter o verde no centro urbano, pois, ultimamente a degradação ambiental vem crescendo aceleradamente e promovendo um desequilíbrio ao meio ambiente, quando não há uma contribuição em adotar medidas para preservação do ambiente à população sofre com as alterações climáticas, desta forma é imprescindível ter a presença do paisagismo no ambiente urbano, capaz dentre outras coisas de promover uma conscientização das pessoas quanto a importância de conservação dos recursos naturais.

Foi possível perceber que todos os entrevistados têm consciência da importância do paisagismo, bem como a sua influência na beleza de um ambiente, pois além de desempenhar múltiplas funções que podem contribuir de maneira efetiva na promoção de melhoria na qualidade ambiental das cidades, a arborização urbana também desempenha um papel importante no que se refere à composição estética urbana, é interessante ressaltar a relevância deste fato, uma vez que que os moradores reconhecendo a importância contribuem para o planejamento da área de maneira adequada.

Contudo, muito além de desempenhar apenas um papel estético na composição urbana, as árvores atuam na melhoria da qualidade do ar, nas questões de melhoramento climático reduzindo o calor.

Esta vantagem se justifica pela ocorrência de altas temperaturas durante o período com menor quantidade de chuvas na região, as quais impulsiona a população a buscar diferentes meios que lhe proporcionem maior conforto térmico.

Segundo Santos; Teixeira (2001), embora a vegetação, não possa controlar totalmente as condições de desconforto, ela pode, eficientemente, abrandar a sua intensidade, “percebido” por todos os entrevistados onde 100% dos moradores entrevistados concordaram que a arborização deixa o clima mais agradável. Vale salientar o fato de que o conforto térmico se torna ainda mais relevante quando a cidade apresenta clima quente, como é o caso da cidade de Óbidos-Pará. Desse modo, vê-se ainda mais importante uma arborização adequada.

Quando questionados sobre acharem que a arborização da praça São Francisco é adequada, 54% dos entrevistados responderam que não, enquanto 46% dos entrevistados responderam que sim. (gráfico 3).

Gráfico 3: Percepção dos moradores a respeito da arborização da praça São Francisco, Obidos-PA

Fonte: Autores, 2022

Entretanto, quando indagados sobre as árvores presentes no local serem adequadas, no que diz respeito a espécie de árvores, levando em consideração critérios como: porte, fitossanidade, dispersão de folhas e frutos, 38% dos moradores responderam que não sabem, 36% acham que não e 26% acham que sim conforme o gráfico 4.

Desta forma, percebe-se uma grande divergência entre os moradores sobre o entendimento nesse aspecto. Roppa et al, (2007) justifica dizendo que este tipo de avaliação tende a ser muito subjetiva, dependendo em grande parte da maior ou menor vivência do morador no local, vale ressaltar que nem todos os entrevistados têm conhecimento dos critérios técnicos que são utilizados na escolha da espécie que será usada na arborização, desta forma, dificultando assim uma resposta mais objetiva.

Gráfico 4: Percepção dos moradores com relação a características das árvores presentes na praça São Francisco, Óbidos-PA.

Fonte: Autores, 2022.



No entanto, durante a avaliação da arborização da praça, percebeu-se que havia espécies no local que não são recomendadas pois apresentam limitações para o plantio em áreas urbanas, sendo de grande porte, não apresentando ramos persistentes e nem florescimento.

Quando perguntados sobre perceberem se alguma das árvores presentes representava perigo na praça, 55, 1% dos entrevistados afirmam que sim, enquanto 44,9% consolidam-se que não percebem no gráfico 5, o que pode demonstrar um bom nível de conscientização ou então que estas pessoas não se deparam com os problemas de arborização ou os negligenciam.

Não obstante, durante o estudo, também notou-se que uma das irregularidades encontradas na área estudada consistia na presença de espécies que representavam perigo para os transeuntes por possuírem espinhos e galhos muito grandes podendo causar acidentes.

Gráfico 5: Resposta dos moradores referente a árvores que representam perigo na praça São Franciso, Óbidos-PA.

Fonte: Autores, 2022



Souza (2009) em uma pesquisa desta natureza afirma que a falta de informação e falta de conhecimento técnico quanto à espécies adequadas a serem implantadas na arborização de praças, influenciam nestas respostas, visto que, em muitos casos, espécies inadequadas presentes na arborização urbana foram introduzidas pelos próprios moradores.

Outra irregularidade encontrada na praça, foi o conflito entre as árvores com a fiação elétrica e as calçadas, visto que as espécies não seguem a distância mínima necessária para não representar perigo e manter o equilíbrio entre os elementos presentes.

Gonçalves e Paiva (2004) afirmam que essa característica é considerada uma das mais importantes definidores do planejamento da arborização urbana. No entanto, quando questionados sobre o distanciamento das árvores e os outros elementos presentes no meio, 52 % dos entrevistados responderam que sim, 28% não souberam, e apenas 20% afirmam que não (gráfico 6).

Gráfico 6: Percepção dos moradores sobre a distância das árvores com os elementos urbanos.

Fonte: Autores 2022

Segundo Zinkoski e Loboda (2005) este problema está relacionado a constante urbanização, que permite assistir, em grandes centros urbanos, a problema crucial do desenvolvimento nada harmonioso entre a cidade e a natureza o que ocasiona entre a obra do homem e a natureza crises ambientais cujos reflexos negativos contribuem para degeneração do meio ambiente urbano.

Para Santos e Teixeira ( 2001) a árvore como elemento estruturador de espaços, responsável por qualidades estéticos-visuais e de bem estar, passa a constituir um problema urbano, decorrente de planos ineficientes, inexistência de políticas no setor, improvisos e falta de conscientização.

Apesar da promoção de diversos benefícios pela presença de árvores, passa a ser inviabilizada quando não se encontra com harmonia com os demais elementos no espaço que ocupa, exemplo: quando promove a dificuldade da circulação de pessoas, conflitos com a fiação elétrica, quebra de calçadas e entre outros. Vale ressaltar que os atritos mencionados encontram-se presentes na área de estudo.

Todavia, apesar da conhecida importância da arborização das áreas urbanas, é comum o fracasso dos plantios, manutenção e planejamento devido à falta de participação comunitária, fazendo-se necessário, para um eficiente planejamento e manutenção da arborização, considerar a percepção da população (RODRIGUES et al, 2010).

Diante disso, conhecer a percepção da sociedade sobre o ambiente é fundamental para a melhoria da qualidade do ambiente urbano. Sendo assim, quando perguntado aos moradores se achavam necessário a praça passar por um processo de melhorias se explicou que estava sendo realizado uma proposta de melhoria para a praça como finalização do ciclo de estudos do ensino médio, que se pretendia apresentar essa proposta, observou-se que 98% dos entrevistados estão de acordo que a praça necessita passar por melhorias (Gráfico 7).

Gráfico 7: Opinião dos entrevistados a respeito de melhorias para praça

Fonte: Autores, 2022

Para Silva, Cândido e Freire, (2009) a compreensão da percepção ambiental, portanto, é um importante fator para a conservação ou manutenção das áreas verdes, seja para sua melhoria como um todo, seja para sua ampliação, proteção e/ou promoção como forma de garantir às comunidades um espaço agradável de convívio social.

Dessa forma, saber interpretar a percepção ambiental é um aliado para a adequação e melhor funcionalidade dessas áreas, pois as populações que residem próximas a esses espaços possuem conhecimento sobre seus recursos e problemas enfrentados, podendo apontar soluções que possibilitem aliar as práticas de gestão e estratégias de conservação.

CONCLUSÃO:

Diante do exposto, observa-se que a população investigada percebe a importância da arborização no contexto urbano, embora tenham sido verificadas algumas respostas contraditórias, que em sua maioria, podem ser explicadas pela falta de informação e orientação dos indivíduos sobre o tema investigado

Percebe-se que não houve planejamento da arborização por parte dos órgãos competentes e verifica-se também uma ineficiência na manutenção cabendo aos moradores escolheram e manejaram as espécies. Os problemas da arborização urbana encontrados são decorrentes de plantios realizados por eles próprios, não seguindo os padrões técnicos recomendados. Há necessidades de melhoria na arborização da praça cuja tarefa deve ser desempenhada pela administração municipal e que deverão adotar critérios técnicos para seu planejamento e execução.

E preciso salientar a importância de trabalhos sobre a percepção da população que busquem verificar in loco a opinião dos residentes que constituirão dados importantes para a elaboração de um eficiente planejamento e manutenção da arborização urbana.



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Ilustrações: Silvana Santos