Não podemos pensar em desenvolvimento econômico, reduzir as desigualdades sociais e em qualidade de vida sem discutirmos meio ambiente. - Carlos Moraes Queiros
ISSN 1678-0701 · Volume XXII, Número 88 · Setembro-Novembro/2024
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Serra do
Lenheiro nas escolas públicas de São João del-Rei: educação
ambiental a partir da utilização de imagens 1Doutor
em Educação. Professor do Departamento de Ciências Naturais (DCNAT) da UFSJ. Membro do
Núcleo de Apoio a Educação Básica, NAEB, e do Programa de Mestrado em Educação. Resumo: A fim de
verificar o conhecimento de crianças e adolescentes sobre seu entorno, bem como
a percepção sobre problemas ambientais, foi desenvolvido um projeto de extensão
onde foram apresentados slides com imagens da Serra do Lenheiro – importante
região histórica e natural da cidade de São João del-Rei – a alunos do Ensino
Fundamental de escolas públicas da cidade. Este trabalho concentra-se nas
noções de educação ambiental presentes nos trabalhos produzidos por eles –
redações e desenhos – nos quais foram retratados temas relevantes, como a
biopirataria, a partir de conceitos prévios e elaborações durante as
apresentações. Unitermos: educação
ambiental, percepção dos alunos, Serra do Lenheiro. O lugar da educação ambiental
no Brasil contemporâneo O maior espaço
destinado à educação ambiental (EA) nas escolas nos últimos anos deve-se, entre
outras coisas, à grande importância que tem sido atribuÃda ao tema na mÃdia. Há
um grande número de instituições, governamentais ou não, que se inscrevem e se
identificam por uma atuação especÃfica em relação ao meio ambiente. Empresas,
editoras, organizações não governamentais (ONGs), universidades etc., ou seja,
lugares os mais diversos da sociedade, manifestam-se, de um modo ou de outro,
acerca do tema meio ambiente (SILVA, 2009). Tal fato tem possibilitado o
aumento da visibilidade das questões ambientais bem como a troca de informações
e a divulgação de acontecimentos relacionados à expansão da crise ambiental
(ROCHA, 2008). Esta crise decorre, em grande parte, dos novos valores
adquiridos com o modo de vida capitalista, o qual foi impulsionado por avanços
tecnológicos que alteraram o ambiente natural principalmente por volta dos anos
50 e 60 (DIAS, 1992). O modo de vida, caracterizado por superprodução e consumo
pela sociedade (GUIMARÃES E ROCHA, 2005) gerou efeitos negativos que afetaram a
qualidade de vida num todo (DIAS, 1992). Este fato, de interferência direta na
vida humana, favoreceu o surgimento do debate, da vigilância e do controle
social daquilo que diz respeito ao meio ambiente (ROCHA, 2008). De acordo com
Marquez (2008), este debate permitiu a desconstrução da noção de cultura e
sociedade versus natureza, estabelecendo, enfim, um espaço onde o homem
se insere nesse meio ambiente como parte integrante dele, passando a se
inquietar com suas ações que por vezes podem afetar esse meio. Segundo
Loureiro (1997), a especificidade da EA é trazer para a Educação o respeito Ã
vida como seu eixo central, promovendo o fim da dicotomia homem-natureza. A escola que
responde pela Educação Básica (Ensino Fundamental e Médio) figura como
instrumento destacado na construção e propagação da cidadania. A questão
ambiental diz respeito ao exercÃcio da cidadania (TREIN, 2005). Tal exercÃcio
se encontra entrelaçado à democratização do saber, com a transformação do
discurso competente num discurso acessÃvel à maioria da população brasileira
(ALBERGUINI, 2009). De acordo com Viezzer e Ovalles, educadores
ambientais têm esse papel: “transformar a linguagem técnico-cientÃfica numa
linguagem acessÃvel de tal forma que a população possa acompanhar os processos
de gestão do ambiente†(1995: p. 73). Além da escola, os
meios de comunicação de massa, incluindo televisão, rádio, jornais impressos,
revistas semanais e internet, exercem com eficácia a construção e propagação de
saberes e concepções para setores amplos da população do PaÃs (SILVA, 2007). A Lei No 9.795, de 27
de abril de 1999 (BRASIL, 1999), que “Dispõe sobre a educação
ambiental, institui a PolÃtica Nacional de Educação Ambiental e dá outras
providênciasâ€, assim
define a Educação Ambiental: Art. 1º - Entende-se por educação ambiental os processos por meio dos
quais o indivÃduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos,
habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio
ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua
sustentabilidade. Art. 2º - A educação ambiental é um componente
essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma
articulada, em todos os nÃveis e modalidades do processo educativo, em caráter
formal e não-formal. A Serra do Lenheiro vai Ã
Escola A cidade de São
João del-Rei, em Minas Gerais, é marcada por belezas naturais e históricas.
Dentre essas belezas, situa-se a Serra do Lenheiro, associada a atividades de
ecoturismo, bem como a atividades mais intimamente ligadas à cultura local,
tais como as procissões que acontecem durante a Semana Santa e o montanhismo
praticado pela unidade do Exército da cidade (Figura 1). Foto de
Paulo César dos Santos. Figura 1: vista parcial da
Serra do Lenheiro, a partir de um ponto turÃstico no centro histórico de São
João del-Rei.
Em se tratando de uma cidade histórica, além da perspectiva da educação
ambiental, ainda podem-se associar à Serra do Lenheiro aspectos pertinentes Ã
educação patrimonial. A Lei Municipal Nº 3.826, de 03 de março de 2004, que
dispõe sobre a criação do “Programa Educação Patrimonial†em escolas municipais
de São João del-Rei, afirma: Art.
1º - Fica criado nas Escolas do MunicÃpio de São João del-Rei, o Programa
“Educação Patrimonial†que visa facilitar o aprofundamento do conhecimento
sobre Patrimônio Cultural e Natural de São João del-Rei. Art.
2º - Caberá aos professores de educação infantil e do ensino fundamental
incluir o conteúdo “Educação Patrimonial†em suas aulas com o objetivo de
desenvolver o espÃrito crÃtico e proporcionar uma nova interpretação de
patrimônio (SÃO JOÃO DEL-REI, 2004). Dessa forma, o patrimônio
adquire novos significados dentro da educação formal, atribuindo a este, além
do valor histórico, também valor natural e cultural. De acordo com Padilha,
citando Horta, “a Educação Patrimonial é um instrumento de ‘alfabetização
cultural’ que possibilita ao indivÃduo fazer a leitura do mundo que o rodeia,
levando-o à compreensão do universo sociocultural e da trajetória
histórico-temporal em que está inserido†(2009: p.3). A autora ainda ressalta
que este processo leva a valorização da cultura brasileira aos indivÃduos e
comunidades. Partindo desse
ponto de vista, evidencia-se a importância do desenvolvimento desses temas –
meio ambiente e patrimônios – em todas as esferas sociais e, principalmente, no
espaço formal da educação. Assim, a educação ambiental e a patrimonial surgem
como processos educativos que possibilitam formação e transformação dos
indivÃduos. Faz-se necessário discutir esses temas glocalmente* (REIGOTA,
2002), de modo a examinar as principais questões ambientais, do ponto de vista
local, regional, nacional e internacional, levando-se em consideração ainda
aspectos históricos que provocaram ou colaboraram com a construção dos cenários
atuais (DIAS, 1992). Esse trabalho é
fruto de um projeto de extensão desenvolvido pela Universidade Federal de São
João del-Rei e tem como objetivo principal verificar o conhecimento de
estudantes do Ensino Fundamental sobre seu entorno, em particular a Serra do
Lenheiro, bem como suas perspectivas e sentimentos em relação ao meio ambiente,
tomado aqui em sua totalidade enquanto espaço natural e patrimônio cultural. Imagens da Serra do Lenheiro:
kit paradidático de educação ambiental para crianças sanjoanenses O tÃtulo desta
seção reproduz o nome dado à coleção de slides produzida pelo NPC (Núcleo de
Professores de Ciências e Matemática da Região das Vertentes) em meados dos
anos 90, com o intuito de apresentar a Serra, em sua riqueza de significados,
para crianças e adolescentes nas escolas do MunicÃpio. Conforme atestam Martins
et al., (2005), as imagens são auxiliares importantes no desenvolvimento
de conceitos e aperfeiçoamento dos mesmos, influenciando de forma positiva na
apreensão e compreensão dos alunos, remetendo-os a situações cotidianas e/ou a
conjuntos integrados de elementos. O trabalho de divulgação da Serra do
Lenheiro e a problematização de temas ambientais aqui abordados se deram em
quatro escolas públicas. O material utilizado nas visitações é composto de
slides que representam aspectos variados da Serra do Lenheiro. Esses slides
foram anteriormente classificados em algumas categorias principais: meio
ambiente, história e mineração na Serra, aspectos importantes da ocupação
humana, inscrições rupestres e botânica. A coleção de
slides conta com 200 imagens. Devido à limitação de tempo nas apresentações,
foram escolhidos 40 slides representativos de todas as categorias citadas
acima. A apresentação foi feita por alunos da Universidade Federal de São João
del-Rei que participavam desse projeto de extensão. Cada slide apresentado era
seguido de um comentário sobre os elementos da imagem. Os alunos visitados
tinham idades entre 7 e 14 anos. Ao fim de cada apresentação, que durava cerca
de 40 minutos, era proposto que os alunos preparassem uma redação (alunos do
7º, 8º e 9º ano) ou um desenho (alunos das séries anteriores) que demonstrasse
o que haviam visto de mais interessante, o que tinha de fato lhes chamado mais
atenção. Esses trabalhos eram recolhidos posteriormente pelos professores
dos alunos e repassados e analisados pelo grupo de graduandos de Ciências
Biológicas, participantes do Projeto. Dessas análises, surgem os resultados e
discussões apresentados aqui. A identificação de alunos na próxima seção é
feita por meio de pseudônimos. Percepções dos alunos sobre a
Serra do Lenheiro 296 trabalhos,
entre desenhos e redações, foram produzidos pelos alunos das escolas visitadas.
Estes desenhos e redações, que compõem os resultados desse projeto, ilustram a
percepção, a construção, o reconhecimento e a descoberta de elementos naturais
e históricos da Serra. Os desenhos foram produzidos pelos alunos com idade
entre 7 e 9 anos enquanto as redações foram escritas pelos alunos com idade
entre 10 e 14 anos. Dentre os aspectos naturais apresentados, destacam-se
animais, plantas, montanhas, ribeirões e cachoeiras, conforme ilustrado na
Figura 2.
Figura 2: Flores, insetos e
cachoeiras são alguns dos elementos naturais destacados nos desenhos dos
estudantes. Note na extremidade direita, a representação de inscrições
rupestres encontradas na Serra do Lenheiro. Nas redações,
observa-se a descoberta de novas formas na natureza – os liquens:
“Na Serra do Lenheiro, as
rochas tem umas manchas espalhadas que significam que há ar puro ou um ar
fresco.†(Edilaine) “Lá também tem umas manchas
em uma rocha. É o liquen, um ser vivo que só aparece quando o ar está puroâ€.
(Flávia) Nota-se ainda o
reconhecimento de várias espécies de plantas e animais pelos alunos, inclusive
espécies comuns ao seu dia-a-dia (orquÃdeas e plantas medicinais), bem como a
preocupação com sua preservação. Alguns trechos das produções textuais dos
adolescentes, transcritos a seguir, refletem suas concepções e preocupações: “Lá na Serra do Lenheiro
existem muitas espécies de árvores... e muitas orquÃdeas, mas sabemos que não
podemos tirá-las para poder preservar a natureza.†(Giovani) “Um dos bens patrimoniais (a
Serra) de São João del-Rei mais destruÃdo e poluÃdo pelo povo sãojoanense.(...)
Vamos lutar para que não poluam e nem destruam as pedras com desenhos, contando
a vida de seres vivos que habitaram nossas terras há muito tempo atrás.†(João
Pedro) A partir de idéias
expostas nos textos dos alunos, por vezes dramáticas, observa-se uma
preocupação com a preservação do meio ambiente e elementos históricos como pode
ser notado no trecho acima, onde João Pedro faz menção às pinturas rupestres. A
preocupação atual está ligada certamente ao conhecimento prévio dos alunos,
advindo principalmente de notÃcias diárias na mÃdia em geral, que tem retratado
problemas ambientais decorrentes da ação humana que comete, entre várias
práticas, a biopirataria por exemplo. De acordo com a organização não governamental
Amazonlink, “a biopirataria não é apenas o contrabando de diversas formas de
vida da flora e fauna, mas principalmente, a apropriação e monopolização dos
conhecimentos das populações tradicionais no que se refere ao uso dos recursos
naturais.†A partir dessa
consideração e aplicada a um contexto regional/local, a retirada de orquÃdeas
da Serra pode ser considerada biopirataria. Embora os fins para essa prática
sejam diferentes daqueles pretendidos por grandes empresas que extraem
indevidamente recursos vivos da natureza - tráfico de animais e vegetais - ela
também consiste na retirada de um ser vivo do seu local de origem sem prévia
autorização. Essa atividade, ainda que pouco impactante atualmente, não deixa
de afetar e colocar em risco a biodiversidade da Serra que apresenta
componentes endêmicos. O conceito desenvolvido pelos alunos a respeito dessa
prática é exposto de forma simples, baseado em elementos práticos, que
demonstra seu entendimento sobre assuntos de importância relevante no contexto
atual: “A Serra do Lenheiro tem
muitas orquÃdeas, mas é claro que sempre tem alguém que quer pegá-las. Tem
pessoas que pegam para vender barato, ou até mesmo nem vendem, pois elas morrem
antes.†(Flávia) Na Serra do Lenheiro, a
remoção de orquÃdeas é realizada por moradores da cidade que coletam e
comercializam essas plantas de forma indevida, sem se preocuparem com sua
reposição e vendendo-as por um preço irrisório. Alguns desenhos e
redações destacam a ocupação da Serra na periferia da cidade, bem como
atividades turÃsticas que acontecem lá: “(A Serra do Lenheiro) recebe
diariamente várias pessoas que desfrutam das suas cachoeiras encontradas no
bairro Tejuco, Estrada Real e outros.†(Jonas) “A Serra é uma antiguidade de São João del-Rei e é também um dos pontos turÃsticos mais visitados e bonitos.†(Felipe)
Figura 3: Os desenhos dos
alunos retratam alguns elementos da ocupação humana na Serra do Lenheiro:
habitação, pecuária e garimpo. Alguns alunos
foram capazes de perceber também o impacto negativo do ecoturismo: “Lá na Serra do Lenheiro tem
muita coisa bonita: tem cachoeira, estrada, mas algumas pessoas passam fazendo
trilhas, sendo que já tem. Elas vão passando e estragando o meio ambienteâ€.
(LuÃza) De fato, a criação de novas
trilhas sem estudos prévios ou autorização da entidade governamental
responsável pelo local tende a causar danos. A Serra do
Lenheiro é visitada frequentemente por turistas; já a população sanjoanense, em
geral, não conhece esse espaço. Assim disseram alguns estudantes: “Existem também nascentes de
água (...) é muito bom aprender sobre pontos turÃsticos da nossa cidade, e que
nós não tivemos ainda oportunidade de conhecê-los.†(MarÃlia) “Eu não sabia nada sobre a
Serra do Lenheiro e passei a saber várias coisas sobre a Serra.†(Janine) “O que eu sabia sobre a Serra
do Lenheiro, era só sobre a grande quantidade e extração de ouro na Serra, até
segunda-feira, dia 22/10/2006 na escola, quando dois alunos da UFSJ nos
ensinaram um pouco mais sobre a Serra do Lenheiro, patrimônio ecológico de
nossa cidade.†(Gabriel) “Agora eu sei um pouco mais
sobre a Serra do Lenheiro... há algumas borboletas tÃpicas dessa serra.†(Gustavo) Esse desconhecimento se
aplica também aos adultos. Essa nossa percepção constituiu-se pelos vários anos
de convÃvio social na cidade, quanto também a partir de contato estabelecido
com quase uma centena de jovens em um curso técnico do Serviço Nacional do
Comércio (SENAC), onde esse projeto também foi apresentado. A partir de
observações como a de Gustavo, foi possÃvel tratar de conceitos mais
elaborados, como o de endemismo. Nas turmas das últimas séries do Ensino
Fundamental, a idéia de existência
de espécies
caracterÃsticas de determinada área geográfica pode ser debatida
com os estudantes. Na fala de Gabriel, a noção do espaço-serra como patrimônio
ecológico componente da cidade colabora para que os alunos se enxerguem como
parte do meio ambiente formado pela Serra em conjunto com o espaço urbano. Uma percepção
notadamente antropocêntrica é evidenciada em algumas redações, conforme
exemplificado no seguinte fragmento: “Ele (o rio da Serra) drena a
nossa cidade... As serras são importantes porque podem nos fornecer peixes pra
nos alimentamos, água para nós usarmos, pode nos fornecer vitaminas e sais
minerais. (...) As pessoas estão jogando lixo e poluindo a Serra. Nós devemos
limpar, não poluir se não ficaremos sem: peixes, água e sem vitaminas e sais
minerais.†(Juliana) Segundo Barcelos (1996), a
questão ambiental está impregnada de vÃcios e preconceitos da sociedade contemporânea,
na qual o homem é visto como proprietário e dominador de tudo que existe no
planeta. Juliana apresenta uma visão utilitária da natureza, reduzida a
provedora de elementos fundamentais ao nosso bem estar e sobrevivência. A
preocupação em não poluir a Serra, por exemplo, liga-se ao risco de
comprometimento no abastecimento de água. O espaço não é visto como ambiente
rico em biodiversidade e outros aspectos naturais e culturais relevantes. Abaixo, segue a
transcrição completa de duas redações, onde aparecem alguns aspectos ainda não
tratados. Além disso, elas exemplificam as produções escritas dos alunos a
partir da apresentação da coleção de imagens nas escolas: Ir à Serra do Lenheiro pode
ser um dos passeios mais bonitos que São João del-Rei pode oferecer. Só que
para ser um passeio proveitoso, deve ser acompanhado por um guia turÃstico,
pois se não for assim este passeio pode se tornar perigoso. A Serra oferece
belas paisagens, plantas tÃpicas e belos rios encantadores, muros construÃdos
pelos escravos, também trilhas que por eles eram usadas. Ainda hoje pode ser
encontrado ouro pela Serra, também há desenhos encantadores encontrados nos
paredões da Serra, que nos fazem viajar no tempo. (Clara) No dia 23/10/2006 dois
universitários compareceram à minha escola. Eles deram uma palestra sobre a
Serra do Lenheiro. Mostraram muito da fauna e flora do lugar. Vimos também
lugares lindos, quedas d’água, rios e flores. Só que vimos um lugar sem mata
ciliar, com pedras, e um rio morto. Lá era um lugar rico em ouro, existem
pessoas que vivem disso até hoje. Eu adorei e aprendi a cuidar muito mais do
meu patrimônio. Cuide e ame a natureza como eu. (Vitor) Algumas considerações finais
– antes de uma nova viagem Pode-se inferir
que a maioria dos alunos visitados pelo Projeto desconhecia a Serra do
Lenheiro. Por outro lado, no que se refere à temática ambiental e conceitos
associados, bem como preocupações com o meio ambiente, obteve-se resultados
satisfatórios. Grande parte dos alunos foi capaz de se perceber como parte do
meio ambiente e, mais do que isso, como agente de mudanças necessárias para sua
preservação. Assim sendo, acredita-se que um procedimento educacional pautado
em um panorama próximo dos alunos faz-se ideal para realização de ações de
sensibilização (como a proposta neste trabalho) e posterior conscientização da
mudança, quando necessária. Paulo Freire diz a respeito da consciência: “é
preciso que (o sujeito) seja capaz de, estando no mundo, saber-se nele. Saber
que, se a forma pela qual está no mundo condiciona a sua consciência deste
estar, é capaz, sem dúvida, de ter consciência desta consciência condicionadaâ€
(1983: p.7). Essa consciência tende a produzir uma reflexão do próprio ser
sobre suas ações no mundo, se está ou não fazendo algo, como transcrevemos do
aluno João Carlos: “Mas quem liga pra tudo isso?
(para a devastação do meio ambiente). Eu ligo porque é um bem que nós temos na
nossa cidade e no nosso coração. Vamos lutar para que não poluam e nem destruam
as pedras com desenhos, contando a vida de seres vivos que habitaram nessas
terras há muito tempo atrás. Vamos preservar os nossos bens. Assim vamos ter
uma cidade mais linda e mais visitada. Preserve a Serra do Lenheiro e todos os
bens e patrimônios de São João del-Reiâ€. São João del-Rei e
a região Campos das Vertentes – em termos turÃsticos, também conhecida como
“Trilha dos Inconfidentes†– são ricas em elementos histórico-culturais e
ambientais. Antigas estradas de ferro, serras e cachoeiras, resquÃcios da vida
colonial e do ciclo do ouro, são algumas das diversas atrações. Assim como
fizemos com a Serra do Lenheiro, vários outros elementos poderão ser objeto de
abordagem escolar, valorizando temáticas próprias do municÃpio e região. Essa
confluência de educação ambiental e educação patrimonial certamente são
promissoras para toda e qualquer micro ou meso-região do PaÃs. * Criado por
Ardjun Appadurai, o termo “glocal†refere-se à articulação dos conceitos global
(glo) e local (cal) (REIGOTA, 2002). Referencias Bibliográficas: ALBERGUINI, A. C. MÃdia e
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