Educação Ambiental em Ação 25
Lixo: o que mais cresce no mundo
Solange Maria de Castro Lima Cordeiro
O lixo e o meio ambiente
Você já se perguntou como a nossa sociedade se formou e porque ela funciona
dessa forma? Por que as pessoas trabalham o dia inteiro e tem horário para
tudo? Por que tanta pressa?
Vivemos bombardeados por novidades tecnológicas: sistemas de comunicação cada
vez mais rápidos, computadores velocíssimos, eletrodomésticos inteligentes,
descoberta da cura para muitas doenças, entre outras. A ciência nos surpreende
com inventos e descobertas quase diariamente.
No entanto, o avanço tecnológico e a riqueza representam apenas um lado do
mundo moderno. Sabemos que a miséria é muito grande, que os recursos naturais,
como a água potável, podem se esgotar, que várias espécies de animais estão
ameaçadas de extinção pela ação predatória do ser humano, que as
mercadorias estão cada vez mais descartáveis (ARARIBÁ, 2007).
Na tentativa de amenizar os impactos ambientais causados pela ação antrópica
na natureza, cientistas e ambientalistas vêm propondo o chamado desenvolvimento
sustentável, ou seja, uma ação mais consciente e responsável do ser humano
no planeta.
Com esse objetivo, é que governos e sociedades de todo o mundo devem esforçar-se
para obter os recursos naturais da terra sem desgastá-la ou poluí-la demais,
combatendo o desperdício, a reciclagem de materiais aproveitáveis e o uso de
fontes alternativas de energia, garantindo que as gerações futuras também
possam desfrutar de seus benefícios.
Cada pessoa gera, durante toda a vida, uma montanha de lixo... “Apesar de
produzir essa quantidade de resíduos, a maioria das pessoas acha que basta
colocar o lixo na porta de casa e os problemas estão resolvidos. Grande engano,
os problemas estão só começando” (ABREU, 2001). Para todo lixo produzido na
cidade faz-se necessário uma disposição final adequada.
Dados do IBGE de 2000 mostram que cerca de 59% das quase 150.000 toneladas de
lixo coletado no Brasil todos os dias são depositados em lixões a céu aberto.
Nesses locais, o líquido gerado na decomposição do lixo – chorume –
penetra no solo, contaminando as águas subterrâneas e os rios; os gases
produzidos com o tempo provocam explosões e fogo, e em alguns casos vítimas
fatais. O mau cheiro é sentido de longe e os restos de alimentos no lixo atraem
ratos, moscas, baratas e gente... gente pobre, que não encontrou outra forma
para sobreviver. Essas pessoas - adultos, jovens e crianças – catam materiais
para vender e se alimentam ali mesmo de restos de comida estragada, lidam com
cacos de vidro, ferros retorcidos, resíduos, resíduos químicos tóxicos, e
estão expostas a acidentes e doenças (ABREU, p.11, 2001).
O lixo e o desperdício
Do ponto da degradação do meio ambiente, a quantidade de lixo gerado
representa mais do que poluição. Segundo Abreu (2001) lixo significa também
muito desperdício de recursos naturais e energéticos para produzir “bens”
de consumo. Somos invadidos a todo o momento pelo o desejo de consumir mais e
mais supérfluos que foram transformados em necessidades pela mídia, e que,
rapidamente viram lixo. As embalagens, inicialmente destinadas à proteção dos
produtos, adquiriram um novo papel ao estimularem o consumo ( a embalagem
“valoriza” o produto), e os descartáveis ocupam o lugar dos bens duráveis
e retornáveis. O resultado é um planeta com menos recursos naturais e com mais
lixo, que além da quantidade, aumenta em variedade, contendo materiais cada vez
mais estranhos ao ambiente natural. Depositados nas calçadas das cidades
brasileiras ou nos lixões, esses materiais são coletados e comercializados
diariamente pelos catadores – homens, mulheres e crianças – que, assim,
contribuem para amenizar os efeitos negativos do nosso desperdício, diminuindo
o consumo de recursos naturais e reduzindo os impactos da poluição ambiental
que o lixo provoca.
Nos últimos anos, porém, com o uso crescente de embalagens descartáveis, uma
série diversificada de produtos encontrados no lixo, tais como objetos de plástico
e latas de alumínio, passou a ser aproveitada comercialmente, com a implantação
de programas de reciclagem (RODRIGUES, 2003).
No Brasil essa é uma atividade recente, e somente agora as pessoas estão se
conscientizando dos seus benefícios.
A reciclagem dos resíduos sólidos assume, pois um papel fundamental na
preservação ambiental. Além de reduzir a extração de recursos naturais, ela
devolve para a terra uma parte de seus produtos e reduz o acúmulo de resíduos
nas áreas urbanas. Esse processo traz benefícios para a sociedade, para a
economia do país e para a natureza.
Apesar do importante papel que a reciclagem assume nos dias atuais, é
fundamental que haja uma preocupação por parte da população em gerar menor
quantidade de lixo. Para tanto, é necessário evitar desperdício no dia-a-dia
e reutilizar ao máximo, objetos e embalagens descartáveis.
Todos nós podemos contribuir, e muito, para minimizar o problema do lixo. Quer
saber como? Aqui vão algumas sugestões:
• Só jogue fora o que realmente não puder ser usado por ninguém.
• Faça circular materiais que possam servir para outras pessoas (roupas, móveis,
aparelhos domésticos, livros, brinquedos, etc.)
• Reutilize embalagens para outras funções, como potes para condimentos,
porta trecos, e tudo que a criatividade sugerir.
• Apóie as atividades de recuperação e conservação dos objetos.
• Utilize papel dos dois lados.
• Prefira as embalagens reutilizáveis e/ou recicláveis.
• Compre produtos reciclados, pois eles ajudam a reduzir o lixo.
• Nunca jogue lixo nas ruas e em locais públicos; lugar de lixo é na
lixeira.
Atos simples, pequenos ajustes no cotidiano, que, multiplicados, fazem toda a
diferença.
Conclusão
No mundo moderno, a produção de lixo aumentou numa escala considerável,
causando graves problemas ao ambiente e á saúde pública. Todas as etapas
desse processo, que engloba desde a formação do lixo até sua destinação
final, exigem soluções conjuntas entre os governos e a sociedade.
Resíduos Sólidos: um desafio para a humanidade hoje e sempre!
Referências:
ABREU, Maria de Fátima. Do lixo à cidadania: estratégias para a ação. Brasília:
Caixa, 2001.
ANDRADE, Tânia; JERÔNIMO Valdith. Meio ambiente: lixo e Educação ambiental.
João Pessoa: Editora Grafset, 2004.
ARARIBÁ, Projeto. História – ensino fundamental. 2 ed. São Paulo: Moderna,
2007.
MACHADO, Nilson José; CASADEI, Silmara Rascalha. Seis razões para diminuir o
lixo no mundo. São Paulo: Escrituras Editora, 2007.
MATTOS, Neide Simões de; GRANATO, Suzana Facchini. Lixo: problema nosso de cada
dia: cidadania, reciclagem e uso sustentável. São Paulo: Saraiva, 2004.
RODRIGUES, Francisco Luiz; CAVINATTO, Vilma Maria. Lixo - De onde vem? Para onde
vai? 2 ed. São Paulo: Moderna, 2003.
TRIGUEIRO, André. Mundo sustentável. Editora Globo.