Não podemos pensar em desenvolvimento econômico, reduzir as desigualdades sociais e em qualidade de vida sem discutirmos meio ambiente. - Carlos Moraes Queiros
ISSN 1678-0701 · Volume XXII, Número 88 · Setembro-Novembro/2024
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Reflexão
Realização pela simplicidade Berenice Adams* Somos movidos por desejos, por sonhos, por ideais, e pela busca de realização plena, almejando uma felicidade permanente. Pelo menos é assim que fomos e somos educados: para sermos criativos, competitivos, e acima de tudo, produtivos, garantindo assim um espaço privilegiado neste sistema de classes sociais, e na carona alcançamos a felicidade em sua plenitude. Quando o grande filósofo Goethe disse que o homem deseja muitas coisas, e, no entanto precisa de tão pouco, ele já estava nos indicando a força dos desejos sobre a razão. Realmente não necessitamos de tudo o que desejamos, para bem viver, porém, culturalmente, os desejos se transformaram e se multiplicaram na mesma velocidade em que os bens de consumo se expandiram. Assim, chegamos ao estágio que nos encontramos hoje, sem ao menos alcançar a realização desejada, e o que é pior, a busca pela felicidade permanente através da realização dos desejos permanece no topo dos objetivos da humanidade. Os noticiários e importantes documentários que tratam do atual e nebuloso sistema social capitalista deixam claros os reflexos deste viver, onde os mais abastados sofrem de medo, solidão, insegurança, desconfiança. Tudo, para estes, gira em torno de interesses, numa ilusória competição de poder. Por outro lado, os menos favorecidos sofrem de todas as carências materiais imagináveis: fome, frio, sede, falta de saúde pela baixa qualidade de vida, entre outras tantas mazelas. Por isto, o mestre e líder pacifista Gandhi nos deu o seguinte conselho: "Temos que aprender a viver mais simplesmente para que os outros simplesmente possam viver". Conselho este que nos indica o primeiro passo para a saída deste círculo vicioso de desejos: viver com simplicidade. Uma vida com simplicidade é baseada em desejos singelos, sem acúmulos ou exageros, onde a moderação é o norte para todo e qualquer desejo que possamos ter. Desta forma teremos maiores chances de encontrar a tal “felicidade plena”, se é que ela existe. *Pedagoga especialista em Educação Ambiental - bere@apoema.com.br
Fonte: Jornal NH 06/MAR 2013 |