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        "Para que repetir os erros antigos quando há tantos erros novos a cometer?" (Bertrand Russel). 
      ISSN 1678-0701 · Volume X, Número 36 · Junho-Agosto/2011 
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 Primeira escola verde do 
Brasil já “dá frutos” no Rio Beneficiados pela iniciativa, 
alunos da rede pública afirmam que estão "num padrão acima" das escolas 
particulares Flávia Salme, iG Rio de 
Janeiro | 30/05/2011 07:57 É na zona oeste da cidade do 
Rio que foi instalada a primeira escola verde do país. Resultado de uma parceria 
público-privada, está localizada no bairro de Santa Cruz, que possui um dos IDHs 
mais baixo da capital: 0,742. Quanto mais perto de 1, mais desenvolvida é a 
região - na Gávea, bairro nobre da zona sul carioca, o índice é 0,970. Novidade que chama a atenção 
dos moradores, o Colégio Estadual Erich Walter Heine conta com painéis solares, 
reaproveitamento da água da chuva, iluminação natural e, claro, área para 
reciclagem.  Embora aberta há apenas três meses, a escola já dá frutos: tem 
gente levando para casa o que aprendeu na sala de aula. “Meu pai montou um 
sistema de captação da água da chuva lá em casa”, conta o estudante Hebert Elias 
Sanches, de 17 anos. “Usamos para lavar a roupa, limpar o quintal e sanitários. 
A conta d’água está mais barata”, afirma. Na escola, além de lições de 
sustentabilidade, o ensino é profissionalizante. Alunos de 14 a 17 anos recebem 
aulas técnicas de administração. Em meio a ensinamentos de logística e afins, 
também chama atenção dos estudantes o “telhado verde”, que pode ser visitado 
pela comunidade escolar. E, no futuro, também por moradores, já que a direção 
faz planos de abrir as portas do colégio nos finais de semana. Funciona assim: 
plantas espalhadas pela cobertura ajudam a reter a água da chuva, reduzir o 
calor e, de quebra, neutralizar as emissões de carbono. Painéis solares aquecem a 
água do vestiário, mas a economia de energia também é garantida por lâmpadas LED 
e sensores de presença que desligam automaticamente luzes e aparelhos de 
ar-condicionado na ausência de pessoas no local. O gerente de projetos da 
Secretaria Estadual de Educação, Sérgio Menezes, afirma que existem apenas 120 
escolas como essa no mundo, sendo 118 delas nos Estados Unidos. Na escola carioca, a água da 
chuva é captada e armazenada para depois ser usada nos sanitários, jardins e na 
lavagem dos pisos. “A redução de água potável 
chega a 50%”, diz William Nogueira, gerente de relações institucionais da 
siderúrgica ThyssenKrupp CSA, que patrocinou a iniciativa, com R$ 11 milhões. 
“Todas as madeiras utilizadas na construção são certificadas. Além disso, os 
vidros das janelas filtram os raios solares, o que proporciona conforto térmico 
e economia de energia. É preciso ressaltar que o conceito da acessibilidade está 
por toda a escola, para facilitar a rotina dos portadores de necessidades 
especiais”, destaca Nogueira. Por e-mail, a arquiteta 
responsável pelo projeto, Maria José Gerolimich, da Arktos Arquitetura 
Sustentável, explica que a escola foi construída em forma de catavento, de 
maneira que o ar circule por todo o espaço. O teto, que favorece a 
iluminação natural, conta com áreas abertas que fazem com que o ar quente suba e 
se dissipe como em uma chaminé. “Muitos desses conceitos eu 
conhecia apenas na teoria. Agora, virou prática mesmo. E estou adorando, porque 
dá para ver os resultados”, comemora a estudante Natália Duarte da Silva Serra, 
de 14 anos. Projeto pedagógico    Os 200 alunos matriculados no 
Colégio Estadual Erich Walter estudam em horário integral: das 7h às 17h dividem 
as aulas convencionais de Matemática, Ciências e Português com o curso técnico. Para tornar a rotina dos 
alunos mais interessante, as disciplinas foram integradas umas às outras. “Por 
exemplo, as aulas de matemática conversam com outras disciplinas, como 
estatística, por exemplo. Esses professores interagem e podem até aplicar provas 
em conjunto”, diz Sérgio Menezes, gerente de projetos da Secretaria de Educação. 
“Os alunos também cultivam uma horta orgânica na escola, e o que for colhido irá 
direto para a cantina onde eles almoçam. Enquanto o professor de biologia 
explica as características de alguns alimentos, o de química fala sobre o solo. 
É tudo integrado”, acrescenta. Entrar para o Erich Heine não 
foi fácil. De acordo com a secretaria de Educação 1.837 alunos disputaram as 200 
vagas disponíveis. Professores passaram por um rigoroso processo de seleção: 
foram 741 inscritos para 21 vagas. A direção também foi selecionada por 
concurso. Além disso, os docentes foram 
submetidos a um treinamento, já que ThyssenKrupp CSA, co-gestora do projeto, 
contratou uma consultoria pedagógica para desenvolver conteúdo próprio para a 
escola. Como trabalham em regime de 
dedicação exclusiva, os professores da escola ganham um pouco mais que os demais 
que integram a rede estadual. “Eles contam com um acréscimo de cerca de R$ 800, 
por meio de gratificação garantida pela ThyssenKrupp CSA", esclarece Menezes. O gerente de projetos da 
Secretaria de Educação do Rio diz que a siderúrgica, cuja sede fica no bairro de 
Santa Cruz, atendeu a sugestão do Estado de construir a escola porque há na 
região carência da mão de obra qualificada. “Não temos dúvidas de que os alunos 
da escola sairão todos empregados ou em estágios. A demanda é grande”, assegura 
Nogueira. Nas aulas de administração, 
os alunos recebem noções de logística, marketing, aprendem a redigir um contrato 
social e recebem aulas de informática. “Todos vão ganhar, em breve, notebooks 
que serão doados pela empresa”, diz Nogueira. "Acima das particulares" Pelos corredores, a 
empolgação é grande. “Tenho certeza de que estou em um nível bem acima que o de 
muitos alunos matriculados em boas escolas particulares”, diz o aluno Hebert 
Elias. “A proposta é muito legal, nem vejo o dia passar. E olha que fico aqui o 
dia inteiro”, reforça a estudante Raysa dos Santos, de 16 anos. O Colégio Estadual Erich 
Walter Heine é terceira escola técnica conceitual inaugurada pelo governo do 
Rio. A primeira foi a Nave (Núcleo Avançado em Educação), em parceria com o 
instituto Oi Futuro, voltada para o ensino tecnológico. A segunda foi a Nata 
(Núcleo Avançado em Tecnologia de Alimentos), em ação conjunta com a Secretaria 
Estadual de Agricultura e o grupo Pão de Açúcar. O governo do Estado estabeleceu 
a meta de construir 11 escolas técnicas e conceituais até 2014. De acordo com o gerente de 
projetos da Secretaria de Educação, o governo do Estado acaba de autorizar a 
implantação de uma nova escola técnica em Paraíba do Sul, no Centro Fluminense, 
em parceria com o grupo Lemgruber. "Será mais um centro do Ensino Médio 
Integrado de Parceria Público-Privada (EMIPP), voltado para formação de mão de 
obra técnica em Química, já que é grande a carência desse profisisonal na 
região", antecipa Sérgio Menezes.  |