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Educação Ambiental no sul catarinense: avaliação do projeto preservar é possivel rOSIMERI mIZEESKI Acadêmica de Jornalismo da Faculdade Satc Rossy.m@hotmail.com
resumo: O presente artigo procura mostrar como está sendo trabalhada a questão da educação ambiental no sul de Santa Catarina, através da avaliação qualitativa e quantitativa do Projeto Preservar é Possível, criado pelo Sindicato das Indústrias de Extração de Carvão do Estado de Santa Catarina – SIECESC e desenvolvido pela Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina – SATC.
palavras-chave: Educação Ambiental; Preservar é Possível; meio ambiente. 1 introduçãoO sul catarinense tem como histórico a extração do carvão, foi através desse minério que se construiu e desenvolveu as principais cidades da região, porém a mineração desordenada e sem fiscalização também foi responsável por poluir terras e rios regionais. Diante desse cenário faz-se necessário que as futuras gerações conheçam essa historia e o que está sendo feito para reverter essa situação. Com esse objetivo foi criado o Projeto Preservar é Possível. O projeto é desenvolvido nas escolas da Associação dos Municípios da Região Carbonífera – AMREC e da Associação dos Municípios do Extremo Sul Catarinense – AMESC. E nesse contexto pretende-se verificar de que forma é vista a cartilha trabalhada no projeto pelos educadores e educandos dessas regiões. Para isso, será avaliada a opinião dos participantes, através de uma pesquisa de campo. Perceber como está sendo visto a questão ambiental e o Projeto Preservar é Possível pelos educadores e educandos é importante para que se possa fazer um trabalho mais dinâmico, com mais atrativos e conteúdos que realmente mostrem a realidade dessas regiões. Uma das hipóteses para essa pesquisa é que a cartilha está sendo bem aceita tanto pelos educandos quanto pelos educadores.
2 um breve resumo sobre educação ambientalA questão ambiental vai além de tratar apenas da poluição, do desmatamento, do cuidado com a natureza e da destruição provocada pelo ser humano, mas, sim tudo o que envolve a natureza e o que está ligada a ela, inclusive o homem. É importante conscientizarmos as futuras gerações para a questão ambiental e, de como a sociedade se relaciona ou deve se relacionar com a natureza. A educação ambiental é um processo de educação política que possibilita a aquisição de conhecimento e habilidades, bem como a formação de atitudes que se transformam necessariamente em práticas de cidadania que garantem uma sociedade sustentável. (CASTRO & CONHEDO JUNIOR, 2005, p.405) A EA não pode ser vista como uma modalidade educacional. O que ocorre hoje em muitas instituições é mais um adestramento ambiental, do que propriamente uma aprendizagem. Isso se dá pelo fato de muitos educadores verem a educação ambiental como uma forma qualificada para a extração dos recursos humanos, e não como uma educação voltada para uma visão do mundo de forma geral. Porém, alarmados observamos que muitos programas de educação ambiental limitam suas preocupações à conservação da natureza, sem prestar a mínima atenção à vida humana; muitas organizações ambientalistas militam em defesa do meio ambiente, mas não pelo direito de todos os cidadãos viverem com dignidade. (LUZZI, 2005 p.382) O documento final da Conferência de Tbilisi sobre educação ambiental de 1987 trata a educação ambiental como um todo no currículo escolar, uma contribuição em varias disciplinas e na sociedade: Não pode ser uma disciplina; há de ser uma contribuição de diversas disciplinas e experimentos educativos ao conhecimento e a compreensão do meio ambiente, assim com à resolução de seus problemas e à sua gestão; sem o enfoque interdisciplinar não será possível estudar as inter-relações, nem abrir o mundo da educação à comunidade, incitando seus membros à ação. (MAGOSO, 2005, p.424) A sociedade industrial abriu as portas para o individualismo, não permitindo que as pessoas sejam outras formas de avaliar o meio ambiente ao seu redor. Hoje a sociedade como um todo, apenas sabe defender o que é de interesse próprio. Para o meio ambiente a educação implica em uma avaliação critica desse individualismo, numa visão ampla de vida em sociedade. Nesse contexto é que defende-se que a Educação Ambiental não pode ser reduzida a uma simples visão ecologista, naturalista ou conservadora sem perder legitimidade social, por uma simples questão ética, e sem perder sua coerência, por que a resolução dos problemas socioambientais [...] se localiza no campo político e social, na superação da pobreza, na desaparição do analfabetismo, na geração de oportunidades, na participação ativa dos cidadãos. (LUZZI, 2005, p.398) Tentando observar todos os pontos citados acima sobre educação ambiental, o Sindicato da Indústria de Extração de Carvão do Estado de Santa Catarina – SIECESC criou o Projeto Preservar é Possível desenvolvido pela Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina - SATC, que tem como carro chefe a cartilha “O meio ambiente está em nossas mãos” e “O CARVÃO MINERAL Progresso, Conhecimento e Preservação”, trabalhada com alunos do 2° ao 5° ano (1ª a 4ª série) do ensino fundamental. 2.1 preservar é possivelPara uma melhor compreensão da natureza e do meio ambiente e a necessidade de utilizar os recursos naturais sem que isso afete a sobrevivência das próximas gerações, foi criado o Projeto Preservar é Possível, com o objetivo de promover a Educação Ambiental na região. O Projeto é desenvolvido nas regiões da AMREC e AMESC, totalizando 26 municípios do Sul de Santa Catarina, com 290 escolas participantes, 33 mil educandos e 2100 educadores. O projeto propõe trabalhar educação ambiental dentro dos parâmetros descritos pelas bibliografias pesquisadas para o presente trabalho. Integrando a educação ambiental em todas as disciplinas escolares. Segundo a cartilha, “o trabalho pedagógico com a questão ambiental centra-se no desenvolvimento de atitudes, valores, posturas éticas e também no domínio de procedimentos, mais do que na aprendizagem escrita de conceitos.” Pág.10. O material trabalhado pelo programa é montado de forma a chamar a atenção e despertando a curiosidade dos alunos. Para isso dois personagens ilustram as cartilhas, o Mineirinho e o Indiozinho, representando a realidade da região.
3 metodologia e avaliaçãoNo inicio foi realizado um trabalho com pesquisas bibliográficas sobre educação ambiental e sobre o Projeto Preservar é Possível. Para tal esclarecimento também foi buscado informações em relatórios e conversas com os coordenadores e responsáveis do projeto. Além de saídas de campo para conhecer as atividades desenvolvidas por eles. Após toda essa pesquisa, e já conhecendo o que seria analisado, iniciou-se a elaboração dos questionários, material utilizado para a avaliação. Os questionários foram aplicados com 1.199 alunos e 356 professores de escolas na AMREC e AMESC entre outubro e dezembro de 2009, da seguinte forma: a) Escolas Municipais: os questionários foram entregues nas Secretarias de Educação de cada município, que se encarregou de distribuir e recolher até o prazo estipulado; b) Escolas Estaduais: na Gerencia Regional de Educação – GERED - correspondente a cada região participante do projeto, que da mesma forma se encarregou de distribuir e recolher os questionários até o prazo estipulado; c) Escolas Particulares: essas foram visitadas uma por uma, e entregue as coordenadoras pedagógicas. Após a entrega, foi estipulado um prazo de cerca de 20 dias com as instituições para retornar a pegar os questionários já preenchidos. Após o recolhimento do material, inicio-se a analise, a tabulação e criação do banco de dados. Os municípios da AMESC e AMREC que participaram da pesquisa estão descritos nas tabelas 1 e 2. Tabela 1 – Municípios da AMESC que participaram da pesquisa:
Tabela 2 – Municípios da AMREC que participaram da pesquisa:
3.1 avaliação dos alunosO resultado apresentado pela pesquisa com os alunos apontou que os participantes do projeto, em maioria do sexo feminino e com 10 anos, obtêm informações sobre meio ambiente através da escola (26%). Portanto, podemos perceber a importância de trabalhar a questão ambiental nas salas de aula. Além dos educandos gostarem de estudar a cartilha (94%), também praticam os conteúdos estudados com sua família (56%). De um modo geral as escolas não apenas trabalham com a cartilha, elas também promovem atividades sobre a questão ambiental. Entre os conteúdos estudados os que mais despertaram o gosto dos alunos foram o carvão (32%), o meio ambiente (10%) e a poluição de um modo geral (10%). E ao indagar se havia algum conteúdo que gostariam de estudar e não encontraram nas cartilhas, a maioria respondeu que não há (34%).Com base nessas informações podemos observar que o Projeto Preservar é Possível, está sendo bem aceito pelos educandos.
3.2 avaliação dos educadoresOs educadores participantes da pesquisa, em sua maioria, afirmam encontrar informações sobre meio ambiente na televisão (20%), além de livros e revistas (20%), nos jornais (19%), pela internet (18%) e em palestras (18%). Dos educadores pesquisados, 84% possuem pós-graduação completa e uma pequena minoria não possui graduação completa (3%). Ainda de acordo com a pesquisa, os professores vêem o trabalho de educação ambiental como importante para os alunos e o meio ambiente (40%), além de conscientizar os educandos (30%). Quando questionados se a cartilha do projeto está dentro do conceito de educação ambiental, 29% dos educadores afirmaram que sim, e outros 19% também afirmam que complementam que a cartilha aborda um tema importante, que é o meio ambiente. Segundos os professores, 88% dos alunos mostram interesse em todos os temas abordados nas cartilhas, e 92% responderam que a escola apóia o projeto com trabalhos extra-classe. 48% dos entrevistados julgam a coordenação do projeto como boa, e 74% afirmam receber as informações necessárias para trabalhar com o projeto. Dos 12% que dizem não receber orientações 82% atribui isso a falta de material. A pesquisa aponta também que 73% dos entrevistados não encontram dificuldades em trabalhar o material e 70% afirmam que a cartilha está dentro da realidade dos educandos. De acordo com 31% dos educadores os pontos positivos do projeto é a qualidade do material, as palestras, as instruções recebidas, oficinas, gincanas, material individual, adequado à idade dos alunos, e 31% declaram não encontrar pontos negativos. As sugestões deixadas por 33% dos participantes da pesquisa são mais palestras, oficinas e atividades com os alunos. Com base nos dados apresentados acima observamos a satisfação dos educadores com relação ao Projeto Preservar é Possível.
4 cONSIDERAÇÕES FINAISAo realizar essa pesquisa, a maior dificuldade encontrada foi à falta de participação das escolas em relação ao preenchimento dos questionários. Muitos educadores não tinham interesse em parar o seu conteúdo, já pré-estabelecido, para realizar essa etapa da pesquisa. Outro problema foi à falta de colaboração das GEREDS, que quase não repassaram o material as instituições de ensino estaduais. No entanto, ainda que com tantos contratempos, a pesquisa realizada apresenta números significativos com relação ao Projeto Preservar é Possível. Tanto o projeto, quanto a própria coordenação tiveram uma boa avaliação dos educadores. Além de elogios a essa iniciativa, muitos professores salientaram querer trabalhar novamente o projeto em sala de aula. Quanto aos alunos, foram poucos os que declararam não gostar de estudar a cartilha. A maioria dos educandos deram boas sugestões de conteúdos ainda não abordados pelo projeto. A pesquisa também revelou que as crianças gostam muito das atividades realizadas extra-classe, e dos personagens Mineirinho e Indiozinho. Outro ponto importante foi à solicitação de expansão do projeto, sugerida por muitos educadores. Além de trabalhar apenas do 2° a 5° ano, foi proposto estender os trabalhos do 1° a 9° ano do ensino fundamental. Em 2010 outra região trabalhará o Projeto Preservar é Possível. Além da AMREC e AMESC, será incluído no cronograma um município da AMUREL. Possibilitando maior abrangência do programa. A avaliação do projeto, portanto, foi boa tanto qualitativa quanto quantitativamente. Tem grande aceitação na comunidade escolar da AMREC e AMESC.
REFERÊNCIAS BRÜGGER, Paula. Educação ou Adestramento Ambiental? Chapecó: Argos; Florianópolis: Letras Contemporâneas, 2004.
CARVALHO,
Isabel Cristina de Moura. Qual Educação ambiental? Elementos para um
Debate sobre Educação Ambiental Extensão Rural. Disponível em: CASTRO, Mary Lobos & CONHEDO JUNIOR, Sidnei Garcia. Educação Ambiental como Instrumento de Participação. In: PELICIONI, Maria Cecília Focesi & PHILIPPI JUNIO, Arlindo (org). Educação Ambiental e Sustentabilidade. Barueri: Manoli, 2005. LUZZI, Daniel. Educação Ambiental: Pedagogia, Política e Sociedade. In: PELICIONI, Maria Cecília Focesi & PHILIPPI JUNIO, Arlindo (org). Educação Ambiental e Sustentabilidade. Barueri: Manoli, 2005. MAGOZO, Helena Maria Campos. Subjetividade no Processo Educativo: Contribuições da Psicologia à Educação Ambiental. In: PELICIONI, Maria Cecília Focesi & PHILIPPI JUNIO, Arlindo (org). Educação Ambiental e Sustentabilidade. Barueri: Manoli, 2005.
SAUVÉ, Lucie.
Educação Ambiental: Possibilidades e Limitações. Disponível em:
Cartilhas do Projeto Preservar é Possível. 2009.
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