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O ensino de Gestão Ambiental
na visão de discentes do curso de Administração Jeanne Christine M. TEIXEIRA¹; Alinne
Pompeu Cunha de QUEIROS²; Cinthya Muyrielle da Silva NOGUEIRA³; Max Leandro de
Araújo BRITO4;
Erick Ramon Moraes LIMA5;
Angela Maria Alves da SILVA6. 1 - Mestre em Administração,
Professora do Departamento de Administração da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte (UFRN), jeanneteixeira@yahoo.com.br;
2 - Administradora, mestranda em Administração pela Universidade Federal do Rio
Grande do Norte (UFRN), alinnepcq@yahoo.com.br;
3- Administradora, mestranda em Administração pela Universidade Federal do Rio
Grande do Norte (UFRN), cinthya_muyrielle@hotmail.com;
4 - Administrador, mestrando em Administração pela Universidade Federal do Rio
Grande do Norte (UFRN), maxlabrito@yahoo.com.br;
5 - Administrador, Pós-graduando MBA Gestão de Pessoas, erickrml@yahoo.com.br; 6 -
Administradora, Sócio-Gerente de Empresa no segmento de Comércio Varejista na
cidade de Natal-RN, angelamas31@yahoo.com.br.
UFRN –
Centro de Ciências Sociais Aplicadas - CCSA – Prédio Goiabão - Programa de
Pós-Graduação em Administração - Caixa Postal 1620 - Campus Universitário -
Lagoa Nova, CEP: 59.072-970 – Natal/RN, Tel.(84) 3215-3536/ (84) 3215-3500. RESUMO O objetivo deste artigo constitui em
analisar a percepção de discentes do curso de Administração da UFRN sobre o
ensino da disciplina Gestão Ambiental. A pesquisa é caracterizada por ter uma
abordagem quantitativa, do tipo exploratório-descritiva, bem como, apresentar
para complementação das informações a realização de pesquisa bibliográfica. A
realização desta pesquisa se justifica a partir da necessidade de verificar o
impacto da disciplina em seus discentes, pela facilidade de acesso ao público
pesquisado, e por ser um meio de obter informações, através dos discentes da
disciplina Gestão Ambiental, sobre como estes percebem o papel do ensino da
Gestão Ambiental em Administração. Como resultados revelam que 55% dos alunos
consideraram a disciplina com um nível alto de importância para o curso de
Administração e 32% atribuíram nível médio de importância; evidencia também
que, apesar da quase inexistente interdisciplinaridade do tema junto às demais
disciplinas, existe uma significativa parcela dos discentes já atuando de forma
pró-ambiental fora do ambiente acadêmico. A pesquisa conclui que o ensino da
disciplina Gestão Ambiental no curso de Administração tem obtido resultados
satisfatórios junto a seus discentes proporcionando a formação de conhecimento
ambiental. Palavras-chave:
Gestão Ambiental. Ensino de Administração. Discentes 1 Introdução O atual
contexto ambiental no qual está inserida a sociedade nos leva a diversos
questionamentos em busca de sentido e explicação para a ocorrência de tamanha
degradação e descaso em relação ao meio ambiente. Dentre as diversas propostas
de solução para os problemas ambientais, tais como programas de Educação
Ambiental, certificações ambientais, legislação ambiental mais abrangente entre
outras, surge um ponto que está sempre presente, quer seja de forma explícita
ou implícita, dentre esses elementos anteriormente citados: a necessidade de desenvolvimento
de uma consciência ambiental pelos indivíduos. Estabelecer
nos indivíduos um processo de tomada de consciência passa pela necessidade de
elaborar um saber ambiental, que articule de forma eficiente a relação
interdisciplinar existente entre os setores sociais e a natureza, de forma a
tornar o indivíduo mais receptivo e proativo em relação às questões ambientais.
Diante desse contexto, trazer ao conhecimento dos futuros administradores
noções sobre as questões ambientais é de fundamental importância considerando
as transformações e adaptações que as organizações estão executando tanto em
sua cultura quanto em sua estrutura. Como a
variável ambiental tem se tornado um elemento frequente, nas organizações, como
um fator positivo e fundamental nos processos de atuação de responsabilidade
socioambiental empresarial, é importante que a disciplina gestão ambiental
esteja presente no currículo do Curso de Administração, visto que tal tema deve
ser posto em discussão no meio acadêmico. Assim, considerando o contexto em
torno do tema se provoca a seguinte questão: como os discentes da disciplina
Gestão Ambiental percebem o seu ensino no curso de administração da UFRN? O objetivo
dessa pesquisa é analisar a percepção de discentes do curso de Administração da
UFRN sobre o ensino da disciplina Gestão Ambiental. A opção por investigar este
tema se deu por diversos motivos. O principal, é que por meio da pesquisa foi
possível verificar o impacto da disciplina em seus discentes, e como motivos
secundários têm-se a facilidade de acesso ao público pesquisado, bem como a
obtenção de informações através dos discentes, da Disciplina Gestão Ambiental,
de forma a melhor adequar os conteúdos aplicados à realização da disciplina. A pesquisa
caracteriza-se por utilizar uma abordagem quantitativa do tipo
descritivo-exploratória, bem como, fez uso de pesquisa bibliográfica como
elemento complementar. A
abordagem quantitativa é mais utilizada quando se pretende apurar opiniões e
atitudes explícitas e conscientes dos entrevistados, já que utiliza
instrumentos estruturados. Deve ser representativa de um determinado universo de modo
que seus dados possam ser generalizados e projetados para aquele universo (Roesch, 2008). Por
sua fez, a pesquisa bibliográfica se dá a partir de
consulta a documentos impressos como livros, teses, artigos entre outros.
Utiliza-se de dados ou de categorias teóricas já trabalhadas por outros
pesquisadores e devidamente registrados. O pesquisador trabalha a partir das
contribuições dos autores dos estudos analíticos constantes do texto (Severino,
2007). A pesquisa
exploratória busca apenas levantar informações sobre um determinado objeto,
delimitando assim um campo de trabalho, mapeando as condições de manifestação
desse objeto (Severino, 2007). Por outro lado, utiliza-se um estudo de caráter
descritivo quando se tem como propósito obter informações sobre determinada
população. A Disciplina
Gestão Ambiental foi escolhida de forma intencional para constituir o universo
da pesquisa totalizando um quantitativo de 75 alunos, referentes às turmas dos
turnos matutino e noturno do Curso de Graduação em Ciências Administrativas da
UFRN. No entanto, a partir desse universo verificou-se uma amostra de 47 alunos
perfazendo um percentual de 63% (sessenta e três por cento) de discentes
entrevistados. A aplicação
dos questionários se deu no período entre 06 e 13 de Junho de 2011. Os dados
foram coletados através da utilização de um questionário composto de questões
abertas e fechadas, e foram analisados por meio do Statistical package for
the Social Science (SPSS). O artigo
apresenta inicialmente promove uma revisão da literatura sobre aspectos
teórico-conceituais da Gestão Ambiental, ensino e meio ambiente, o indivíduo e
a percepção do meio ambiente; em seguida apresenta os resultados da pesquisa e
a conclusão; por fim são mostradas as referências utilizadas. 2 Aspectos teórico-conceituais da Gestão Ambiental A crise
ambiental significa a quebra de uma concepção de mundo. O que na consciência
coletiva era evidente, que tudo deve girar em torno da ideia de progresso, de
um crescimento constante, agora é posto em discussão. Na concepção de um
crescimento constante acredita-se que o progresso se move entre dois extremos:
um extremo que considera os recursos da terra infinitos e na outra extremidade
a infinidade do futuro. Essa era uma concepção de mundo indiscutível.
Pensava-se que a terra é inesgotável em seus recursos e que se podia ter um
crescimento constante indefinidamente na direção do futuro. Porém, ambos infinitos
são ilusórios (Boff, 2004). Diante
desse contexto alguns fatores são apontados como principais causadores da crise
ambiental. São eles: a tecnologia, o modelo de desenvolvimento e a sociedade. A
tecnologia causa o desequilíbrio do sistema terra através da aplicação de
técnicas agressivas e poluidoras utilizadas na exploração do solo, do
lançamento de resíduos na atmosfera, na química dos alimentos, na fabricação de
produtos não degradáveis entre outros. No entanto, a tecnologia não existe por
si mesma, ela é sempre apropriada a um modelo de desenvolvimento econômico
(Boff, 2004). Quanto ao
modelo de desenvolvimento econômico pode-se observar que a sociedade mundial
vive em busca do progresso e do crescimento ilimitado. São definidos critérios
para medição da produção de bens e serviços (Produto Interno Bruto – PIB),
para, a partir daí, estabelecer se um país é desenvolvido, em desenvolvimento
ou simplesmente pobre. Esse modelo de desenvolvimento segue a lógica do máximo
benefício a um custo e tempos mínimos. Em 1988 com a elaboração do
Relatório Nosso Futuro Comum pelos EUA projetou-se o ideal do Desenvolvimento
Sustentável (CMMAD/ONU, 1988). O relatório parte do pressuposto de que a
pobreza e a degradação do meio ambiente se condicionam e se produzem
mutuamente. O atual
modelo econômico fundamenta-se no acúmulo de riqueza material, de bens e
serviços (Schroeder & Schroeder, 2004). Para realizar este propósito nos
ajuda a ciência, que conhece os mecanismos da terra, e a técnica, que faz
intervenções nela para o benefício humano. E isso se faz com a máxima
velocidade possível. Portanto, procura-se o máximo de benefícios com o mínimo
de investimentos e no mais curto prazo de tempo possível. O ser humano, nesta
prática cultural, se entende como um ser sobre as coisas, dispondo delas o seu
bel-prazer, jamais como alguém que está junto com as coisas, como membro de uma
comunidade maior. E o efeito final desse tipo de cultura somente agora está
visível de forma inegável. Figura 1 – A evolução da
preocupação ambiental Fonte: Dias
(2007, p. 12 apud Peattie & Charter, 2005, p. 519). O
ambientalismo (Hays,1987), somente depois da Segunda Guerra Mundial, ganhou
apoio popular suficiente para tornar-se o nascente movimento social que
atualmente manifesta-se como uma preocupação social predominante. Entretanto,
conforme pode ser observado na Figura 1 se identificam diferenças de postura no
ambientalismo entre as décadas de 70 e 90. No entanto, é visível a percepção
dos reflexos dessa última no movimento ambientalista atual. Os problemas
ambientais possuem uma estrutura complexa (Porto et. al., 2004) e, na
maioria das vezes, exigem para sua solução atitudes que envolvem diferentes
áreas de conhecimento. Essa faceta que abrange as questões ambientais mostra ao
homem a emergência da necessidade de se modificar a atual estrutura do sistema
educacional. Sob esse aspecto a gestão ambiental surge como uma abordagem
multidisciplinar, bem como, interdisciplinar atuando como um elemento para a
construção de novos valores e novos paradigmas. Portanto,
cabe ao homem, através das instituições de ensino, quer seja fundamental, médio
ou superior, fazer uso da gestão ambiental criando condições para que ocorram
mudanças de atitudes individuais e coletivas. Porém, é importante ressaltar que
o processo de aprendizagem depende da participação voluntária do indivíduo, de
como ele absorve os conhecimentos e não somente de quem ensina. 3 Ensino e meio ambiente Nos últimos
anos a questão ambiental tem sido o foco das atenções nas mais diversas áreas
de conhecimento. A necessidade de se estabelecer uma consciência ambiental tem
influenciado os mais diferentes setores da sociedade, e a educação como
elemento principal, não poderia ficar de fora. As
instituições de ensino superior têm um papel importante no desenvolvimento
sustentável. Como instituições de ensino e pesquisa, ultrapassam o limite de
preocupação em ensinar e formar alunos, e sim ocupam o papel social de
capacitar pessoas conscientes da necessidade de garantir a sustentabilidade às
gerações futuras (Tauchen, 2007). A Política
Nacional de Educação Ambiental institui que a educação ambiental deve ser
aplicada de forma permanente em todos os níveis do processo educativo. Segundo
Pelicioni (1992 apud Philippi Júnior et. al. 2004), a Política
Nacional de Educação Ambiental Brasileira – Lei nº 9.795/99 -Anexo B (MMA,
2011) – em seu art. 4º define como princípios básicos: I – o
enfoque humanista, holístico, democrático e participativo; II – a
concepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando a interdependência
entre o meio natural, o socioeconômico e o cultural, sob o enfoque da
sustentabilidade; III – o
pluralismo de ideias e concepções pedagógicas, na perspectiva da inter, multi e
transdisciplinaridade; IV – a
vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais; V – a
garantia de continuidade e permanência do processo educativo; VI – a
permanente avaliação crítica do processo educativo; VII – a
abordagem articulada das questões ambientais, locais, regionais, nacionais e
globais; VIII – o
reconhecimento e o respeito à pluralidade e à diversidade individual e
cultural. Portanto, ao
desenvolver atividades orientadas para a prática sustentável é fundamental que
se tenha o compromisso e a participação de todos os envolvidos. No entanto,
essa participação pode ser facilitada através das ações de um programa de
Educação Ambiental que atue de forma contínua, de maneira a apoiar a execução das
atividades envolvidas no processo de gestão ambiental, bem como, despertar a
participação consciente dos sujeitos envolvidos no processo. 4 O indivíduo e a percepção do meio
ambiente A postura
antropocêntrica do homem em relação à natureza tem demonstrado, ao passar dos
anos, que precisa ser repensada. É fundamental que o homem perceba e avalie a
relação de causa e efeito que decorrem de suas ações. Os desejos e escolhas do
ser humano surgem como resultado do entrelaçar de fatores biológicos e culturais
que acabam por determinar nossas percepções e ações. O mundo é aquilo que nós
percebemos. [...] o mundo não é aquilo que eu penso, mas aquilo que eu vivo; eu
estou aberto ao mundo, comunico-me indubitavelmente com ele, mas não o possuo,
ele é inesgotável (Merleau-Ponty, 2006). Segundo
Maturana (2004): a cultura ocidental caracteriza-se pela separação dos seus
elementos em suas partes. Como consequência vive-se uma constante
desvalorização de seus elementos dado a incapacidade de vê-los como um corpo
inteiro constituído de uma intrincada teia de relações. Essa negação é
acompanhada por um contínuo impulso para a separação e a oposição entre
observador e observado, de ser humano e natureza e, consequentemente, essa
percepção de separação entre os elementos leva o indivíduo ao desejo de
controlar, de submeter os elementos externos a ele, dentre eles a natureza. Essa visão
da cultura ocidental gera um modo de viver voltado continuamente para o alcance
de resultados implicando em uma limitação ao presente no qual elas acontecem,
pois, sempre o ser humano está ou voltado para as ações passadas ou voltado
para o alcance das ações futuras. Em nossa cultura ocidental, em geral
exigimos um propósito para a maioria de nossas interações e relações, seja com
nós mesmos, com outros seres humanos ou com qualquer coisa que concebamos como
parte do mundo que nos rodeia. [...] Em geral não vivemos a vida no presente e
sim no futuro, em relação ao que queremos, ou no passado, em relação ao que
perdemos (Maturana, 2004). O ser humano
na sociedade atual se coloca como o centro de tudo. Tudo está a seu serviço.
Essa ideia que o homem faz de si mesmo é determinante para a definição de sua
relação com a natureza. Nesse sentido faz-se necessário que o indivíduo esteja
bastante consciente diante dos recursos naturais que pretende movimentar a fim
de que possa perceber claramente os efeitos que giram em torno dos elementos
naturais envolvidos, bem como, o grau do impacto decorrente de suas ações sobre
eles. 5 Análises da percepção do ensino de Gestão Ambiental Os dados
foram analisados a partir da sequência das questões presentes no instrumento de
pesquisa. A primeira parte das questões está voltada para a elaboração de um
perfil dos entrevistados o qual tomou a seguinte forma: os dados revelaram que
63,8% dos entrevistados eram do sexo masculino, uma parte bem significativa
80,8% se encontra na faixa etária entre 19 e 25 anos, e 85% deles ocupavam a
condição civil de solteiros. Tal número de solteiros não é incomum ao se
observar a faixa etária que obteve maior frequência. Quanto à questão referente
a vínculo empregatício 38% se encontravam em fase de realização de estágio; por
outro lado, 31,9% já se encontravam com vínculo fixo no mercado de trabalho. O
surgimento de entrevistados com vínculo fixo no mercado de trabalho se deu
devido o questionário ter sido aplicado, também, a turmas do turno noturno do
curso de Administração em que normalmente se concentra um número maior de
discentes que já trabalham e que por isso optam por fazer o curso à noite. Dando
seguimento, ao questionar os entrevistados sobre a área de interesse no Curso
de Administração identificou-se um predomínio das áreas de Marketing (25,5%),
Finanças (23,4%) e Gestão de Pessoas (23,4%) ficando a Gestão Ambiental com
19,1% das opções, conforme a Figura 2, o que vem demonstrar um baixo interesse
dos discentes por atuar nesta área. Tal fato, talvez se explique pelas poucas
oportunidades de atuação, na área, oferecidas pelo mercado de trabalho.
Figura 2. Área de interesse
dos entrevistados do curso de Administração Fonte: Dados da pesquisa. Ao abordar
os discentes sobre o nível de importância que estes atribuem à disciplina
Gestão Ambiental no Curso de Administração, conforme mostra a Figura 3, 55%
consideraram a disciplina com um nível alto de importância para o curso e 32%
atribuíram nível médio de importância. Apesar de disso, 13% ainda percebem como
de pouca significância a disciplina para o curso, o que faz necessário um olhar
mais dedicado para se verificar as causas desse resultado.
Figura 3. Nível de
Importância da disciplina Gestão Ambiental para o curso de Administração Fonte: Dados da pesquisa. Na questão
sobre a abordagem do tema gestão ambiental em outras disciplinas do curso
observou-se que 53,1% dos discentes afirmaram não haver interdisciplinaridade
do tema em relação a outras disciplinas. Segundo Maturana (2004): a cultura
ocidental caracteriza-se pela separação dos seus elementos em suas partes. Como
consequência vive-se uma constante desvalorização de seus elementos dada à
incapacidade de vê-los como um corpo inteiro constituído de uma intrincada teia
de relações. Talvez, essa falta de interação entre as disciplinas justifique o
resultado encontrado referente a pouca importância dada à disciplina no curso.
Os discentes não conseguem ter uma visualização ampla das relações entre as
disciplinas constantes da grade curricular. Ao
questionar se a disciplina influenciou alguma mudança de comportamento a favor
do meio ambiente 77% dos discentes afirmaram que sim e 21% apontaram que
talvez. Este resultado está apresentado na Figura 4, e mostra de forma
significativa como o discente percebe a disciplina gestão ambiental e se deixa
influenciar por seu conteúdo, bem como, traz consigo certa consciência
ambiental. Segundo Merleau-Ponty (2006) o mundo não é aquilo que eu penso, mas
aquilo que eu vivo. Ou seja, apesar da quase inexistente interdisciplinaridade
do tema junto às demais disciplinas percebeu-se uma significativa parcela dos
discentes já atuando de forma pró-ambiental fora do ambiente acadêmico.
Figura 4. Percepção dos
entrevistados sobre a influência da disciplina nas mudanças de comportamento a
favor do meio ambiente Fonte: Dados da pesquisa. Procurou-se
saber dos discentes se o conteúdo da disciplina gestão ambiental apresenta
alguma importância para o seu futuro como profissional. Em relação a essa
questão, 83% dos entrevistados afirmaram que sim, conforme mostra a Figura 5. O
que confirma a percepção dos alunos referentes à importância do tema, muito
embora, essa ainda não seja uma opção de área de atuação profissional no
mercado de trabalho.
Figura 5. Importância do
conteúdo da disciplina Gestão Ambiental para o futuro profissional Fonte: Dados da pesquisa. Na questão
sobre se a disciplina Educação Ambiental deveria ser acrescida ao currículo do
curso de Administração observou-se que 70% dos discentes se colocaram de forma
positiva a esse acréscimo, conforme Figura 6. Nos últimos anos, a questão
ambiental tem sido acrescida a diversas áreas de conhecimento e a necessidade
de estabelecer uma consciência ambiental tem influenciado os mais diferentes
setores da sociedade. Segundo PHILIPPI Jr (2004)
A Política Nacional de Educação Ambiental institui que a educação ambiental
deve ser aplicada de forma permanente em todos os níveis do processo educativo.
Nesse sentido, as instituições de ensino superior têm um papel importante no
desenvolvimento do processo de consciência ambiental de seus discentes.
Figura 6. A disciplina
Educação Ambiental deve ou não ser acrescida ao currículo do curso de
Administração Fonte: Dados da pesquisa. 6 Conclusão A atuação
das organizações de forma social e ambientalmente responsável tem se
apresentado como um fator positivo e fundamental no processo de gestão
empresarial. Neste sentido, se faz importante que a disciplina Gestão Ambiental
esteja presente no currículo do Curso de Administração. De acordo
com o objetivo proposto, a pesquisa aponta que os discentes consideram o ensino
da Gestão Ambiental significativo para o curso, bem como, foram favorável à
inclusão da disciplina Educação Ambiental ao currículo mostrando um interesse
em aprofundar conhecimentos em torno das questões ambientais. Assim,
diante dos resultados pode-se inferir que uma maior interação do tema gestão
ambiental pode ser buscada por outras disciplinas de forma a melhor firmar essa
formação de consciência ambiental junto aos discentes. Portanto, a
pesquisa conclui que o ensino da disciplina Gestão Ambiental no curso de
Administração tem obtido resultados satisfatórios junto a seus discentes
proporcionando a formação de conhecimento ambiental. Esse estudo,
por sua vez, não teve o propósito de saturar o tema, tendo em vista, que este
se compõe de um vasto leque de opções permitindo estudos posteriores e mais
aprofundados. Referências Boff, L. (2004). Ecologia:
grito da terra, grito dos pobres. Rio de Janeiro: Sextante. CMMAD/ONU. (1988). Comissão Mundial
de Meio Ambiente e Desenvolvimento da Organização das Nações Unidas. Nosso
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do 2o Encontro da Associação Nacional de Pós-Graduação em Ambiente e Sociedade;
São Paulo: ANPPAS. Roesch, S. M. A. (2008). Projetos
de estágio do curso de administração: guia para pesquisas, projetos,
estágios e trabalhos de conclusão de curso. São Paulo: Atlas. Schroeder, J. T., & Schroeder,
I. (2004). Responsabilidade social corporativa: limites e possibilidades. RAE
electron., São Paulo, 3(1), junho. Severino, A. J. Metodologia
do trabalho científico. 23. ed. São Paulo: Cortez, 2007. Tauchen, J. A. (2007). Um modelo de gestão ambiental para a implantação em instituições de ensino superior. Dissertação (Mestrado em Engenharia). Universidade de Passo Fundo/RS |