Não podemos pensar em desenvolvimento econômico, reduzir as desigualdades sociais e em qualidade de vida sem discutirmos meio ambiente. - Carlos Moraes Queiros
ISSN 1678-0701 · Volume XXII, Número 88 · Setembro-Novembro/2024
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Entrevistas
Entrevista com Margi e Gérard Moss, idealizadores do
Projeto Brasil das Águas Por Berenice Gehlen Adams Margi e Gérard Moss desenvolvem um importante projeto que
busca, entre outros objetivos, a conscientização da população em relação
ao uso consciente da água. Os pesquisadores desenvolvem projetos voltados para
a análise da qualidade da água dos rios, lagos e reservatórios hídricos
brasileiros. A principal ferramenta dos pesquisadores é um avião anfíbio,
equipado com um laboratório. Este tipo de avião possibilita a coleta de
amostras em locais de difícil acesso, (que permite recolher amostras das águas).
Cabe destacar que se trata de uma pesquisa inédita e inovadora, com a utilização
de tecnologia 100% brasileira. Vamos conhecer um pouco mais sobre esta experiência: - Margi e Gérard, como surgiu a idéia de criar o
Projeto Brasil das Águas? Há 15 anos voamos pelo
mundo em aeronaves leves, em geral a baixa altitude. Já estivemos em mais de
100 países, e no decorrer desses anos, fomos percebendo a deterioração do
meio ambiente, seja pelas queimadas, pela erosão ou pela poluição das águas.
Já no final de 2001, depois de completar a volta ao mundo de
motoplanador, Gérard teve a idéia de usar um anfíbio para coletar amostras de
água, porque somente usando um avião seria impossível fazer o levantamento de
todas as bacias hidrográficas de um país de tamanho continental como o nosso. - Desde a sua criação, quais foram as principais
realizações do Projeto Brasil das Águas, que vocês poderiam destacar? Acho que os números falam por si.
Conseguimos coletar em 1163 pontos de amostragem
(163 a mais que originalmente previsto), de norte a sul, de leste a oeste
do país – o quê rendeu umas 5.000 amostras. Voamos 120.000 kms,
isso quer dizer bem mais do que a distância equivalente a duas voltas ao mundo!
Foram 760 horas de vôo, em 14 meses de operações em campo, e os
pesquisadores estão trabalhando nas análises. - Com quem vocês contam para o desenvolvimento do
projeto, em termos de parceria? Depois de desenvolver a parte técnica e ter certeza de que iria
funcionar, começou a fase de captação de recursos financeiros para viabilizar
o projeto. A idéia teve excelente repercussão com as empresas procuradas por nós.Acabamos
fechando com a Petrobras como patrocinador-master e a Embratel como
co-patrocinador (ambos antigos parceiros nossos em outros projetos). Além
disso, a Companhia Vale do Rio Doce, a Agência Nacional de Águas e a Chubb
Seguros entraram como parceiros, e várias outras empresas deram seu apoio
institucional (Unesco e WWF) ou em equipamentos (como Wollner, Garmin - GPS -
Goodyear por exemplo). - Vocês contam com um mascote, o Ursinho Monte. Qual a
importância desse mascote para a educação ambiental? O Monte já deu duas voltas ao mundo – acho que deve ser o urso
mais viajado da Terra! Ele, como nós, é testemunha da devastação dos
recursos naturais em todo o planeta. Espero que ele escreva a história dele um
dia desses, especialmente para explicar para
as crianças a importância da preservação para o futuro de todos os seres. - Não poderia deixar de trazer essa última questão: quais são
as maiores dificuldades enfrentadas no desenvolvimento desse fabuloso projeto? Esse projeto foi altamente técnico, desde a parte
da aviação, até a engenharia (criação e implementação do sistema
de coleta de água), passando pelo manuseio cuidadoso das amostras
(congelamento, preservação com lugol etc) ,além do simples controle dos
locais de coleta de amostragem). Todo o planejamento foi extremamente detalhado
(escolha dos pontos onde as coletas seriam feitas) e tudo isso antes dos
procedimentos próprios do simples dia-a-dia de vôo (cuidados com o avião),
que exige disciplina, habilidade, cuidado com o motor, abastecimento,
burocracia, planos de vôo etc. Sei que muitas pessoas pensam “Que maravilha sair voando por aí
pelos rios e lagos!”, mas por detrás desta imagem colorida, há horas e horas
de vôo, mau tempo, turbulência, não tem banheiro nem comissária a bordo,
além do risco sempre
inerente à aviação. - Para concluir, peço que deixem um recado para os
leitores da nossa revista Educação Ambiental em Ação: Primeiro, quero parabenizar os leitores porque, se são leitores, é
porque se interessam no assunto educação ambiental. E AÇÃO”, é
o quê precisamos. Sei que a tendência é sempre
a de concentrarmos nossos esforços na educação dos jovens, ou daqueles
menos privilegiados, ou ainda dos excluídos, mas que tal tentarmos estabelecer
uma rigorosa educação ambiental aos POLITICOS??!! A
equipe da revista virtual Educação Ambiental em Ação agradece a vocês,
Margi e Gérard, pela valiosa contribuição de dividir um pouco dessa experiência fascinante
com os leitores e com as leitoras desta revista. É possível conhecer o projeto detalhadamente através do
link http://www.brasildasaguas.com.br/ .
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