Não podemos pensar em desenvolvimento econômico, reduzir as desigualdades sociais e em qualidade de vida sem discutirmos meio ambiente. - Carlos Moraes Queiros
ISSN 1678-0701 · Volume XXII, Número 88 · Setembro-Novembro/2024
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LUDICIDADE:
APRENDENDO A CONSERVAR O PARQUE AMBIENTAL DE BELÉM PARA NÃO ACABAR Este
artigo relata ações lúdicas de Educação Ambiental que visam sensibilizar
alunos do ensino fundamental de escolas públicas do entorno do Parque Ambiental
de Belém para a sua importância como Unidade de Conservação. Allan Keller Rawietsch Luiza Nakayama 1. INTRODUÇÃO A partir do século XVIII, o acelerado
desenvolvimento industrial em todos os setores da sociedade acarretou grandes
transformações, contribuindo significativamente para o acirramento da crise
ambiental que perdura até hoje. Um dos instrumentos utilizados para minimizar
essa realidade é a Educação Ambiental (EA), que de acordo com Medina (2002): [...] é um instrumento
imprescindível para a consolidação dos novos modelos de desenvolvimento
sustentável, com justiça social, visando à melhoria da qualidade de vida das
populações envolvidas, em seus aspectos formais e não-formais, como processo
participativo através do qual o indivíduo e a comunidade constroem novos
valores sociais e éticos, adquirem conhecimentos, atitudes, competências e
habilidades voltadas para o cumprimento do direito a um ambiente ecologicamente
equilibrado em prol do bem comum das gerações presentes e futuras. (MEDINA,
2002, p. 52). Lynch
et al. (2005), a partir da análise de
entrevistas realizadas com moradores do entorno do Parque Ambiental de Belém
(PAB), e da observação direta, consideraram que o maior fator impactante na área
é a ação antrópica, a qual vem causando males progressivos e irreparáveis,
capazes de comprometer o fornecimento de água potável para toda a área
metropolitana de Belém – Pará. Carvalho
et al. (2008) realizaram também atividades lúdicas no PAB, tendo como
instrumentos os peixes ornamentais encontrados no local. Concluíram que a
programação das atividades em campo foi importante, pois: 1) facilitou
descobertas pessoais; 2) favoreceu a compreensão direta, empírica e intuitiva
de problemas observados no PAB; 3) oportunizou o conhecimento de aspectos ecológicos
dos peixes coletados e dos transtornos causados por ações antrópicas e 4)
desenvolveu o comprometimento pessoal com os ideais ecológicos. Assim,
cabe aqui uma reflexão: Como podemos enfrentar ou superar os desafios
ambientais e como praticar a EA? Que outras formas lúdicas poderiam ser
utilizadas para, se não acabar, pelo menos diminuir a ação antrópica no PAB?
Como criar uma relação de convivência harmônica entre os moradores do
entorno/usuários e os ecossistemas do PAB? Em seu livro
“Alfabetização Ecológica”, Duailibi. (2006, p. 19) afirma que: [...]
é preciso promover uma reforma sistêmica nas escolas e que essa reforma passa
prioritariamente pela compreensão de que o currículo deve ser construído com
base no próprio lugar onde a aprendizagem se dá, ou seja, é o ambiente em que
a escola está inserida – a sua geografia, a sua história, a cultura das
comunidades do entorno – que deve determinar os conteúdos a serem
apreendidos. O
teólogo Leonardo Boff (1999) destaca o fato de que o Programa das Nações
Unidas para o Meio Ambiente (PNUD-MA), o Fundo Mundial para a Natureza (WWF) e a
União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) elaboraram uma
estratégia minuciosa para o futuro da vida na Terra, na qual são estabelecidos
nove princípios de sustentabilidade, fundamentados no cuidado: dentre eles
destacamos: “Permitir que as comunidades cuidem de seu próprio
meio-ambiente.” Por outro lado, de
acordo com Berna (2004): Também não podemos
cometer o erro de subordinar a luta em defesa da natureza às mudanças nas
estruturas injustas de nossa sociedade, pois devem ser lutas interligadas e
simultâneas, já que de nada adianta alcançarmos toda a riqueza do mundo, ou
toda a justiça social que sonhamos, se o planeta tornar-se incapaz de sustentar
a vida humana com qualidade. Em vista de este trabalho abordar EA para crianças
e jovens utilizando atividades lúdicas, salientamos alguns autores que tratam
desse tema. Oliveira
(1993) constatou que: A
promoção de atividades que favoreça o envolvimento da criança em
brincadeiras, principalmente aquelas que promovam a criação de situações
imaginárias, tem nítida função pedagógica. A escola e, particularmente, a
pré-escola poderiam se utilizar deliberadamente desse tipo de situações para
atuar no processo de desenvolvimento das crianças (OLIVEIRA, 1993, p. 67). Neste
sentido pretendemos descrever neste artigo como o uso do lúdico pode ser
utilizado como metodologia alternativa no processo de ensino-aprendizagem em EA,
para alunos de três escolas públicas de ensino fundamental, situadas no
entorno do PAB. 2.
DESENVOLVIMENTO 2.1.
Metodologia A
ONG Novo Encanto executou, em parceria com a Secretaria Estadual do Meio
Ambiente (SEMA-PA), uma ação educativa no PAB, envolvendo várias escolas públicas
de ensino fundamental do entorno, por ocasião dos festejos do Dia Mundial da Água,
no dia 20 de março de 2008. Nesse
dia, as crianças, auxiliadas pelos monitores, realizaram as seguintes
atividades: 1) pintaram desenhos ecológicos; 2) construíram um painel
utilizando gotas de água de papel, no qual escreveram o que poderiam fazer para
preservar a água; 3) assistiram a uma peça de teatro de fantoches apresentada
pela Companhia de Saneamento do Pará (COSANPA); 4) deram um abraço simbólico
nos lagos Bolonha e Água Preta, os mananciais que abastecem Belém. Em outro momento, enviamos
ofício à direção das escolas de Ensino
Fundamental João XXIII, Escola Cristo Rei e Escola Municipal Terezinha Souza,
solicitando autorização para realizar ações, as quais seriam
operacionalizadas no ambiente escolar, durante as aulas. Efetivamos diagnose nesse primeiro contato, identificando aspectos como infra-estrutura, atuação pedagógica e os problemas ambientais vivenciados. A partir dessas informações, planejamos ações para alunos da 1ª à 3ª séries. Dando continuidade ao trabalho, elaboramos
o planejamento das atividades: agendamento de datas, a forma de realização do
trabalho, aspectos infra-estruturais e materiais (de consumo e permanente)
necessários. Nesse artigo, por
questões didáticas, dividiremos as atividades desenvolvidas nas três escolas
em momentos, embora algumas tenham sido efetivadas simultaneamente. Salientamos
também que a Roda de Conversa[i]
foi realizada, após cada atividade, pois foi o momento de avaliação e reflexão
do conteúdo ministrado. Ressaltamos que cada
momento de ação foi descrito considerando-se: a apresentação, a interação,
a participação, a reação, enfim, tudo que aconteceu durante o processo. Foi
construído um roteiro de observação para servir de guia. Para coletar informações
e impressões dos alunos fizemos perguntas para a turma ao término de cada
atividade. Solicitamos também que realizassem desenhos focalizados no tema
abordado. Os professores participaram ativamente das atividades, esclarecendo dúvidas
dos seus alunos. Realizamos também
pesquisas in loco, conversas informais
com professores, alunos, funcionários, membros da direção e coordenação da
escola. Todos esses dados foram registrados em um “diário de bordo” e em
fotografias. Para preservar a
identidade dos alunos e professores que participaram deste estudo, todos os
nomes de pessoas citadas são fictícios, mas os nomes das escolas são reais. A metodologia
utilizada na investigação foi à pesquisa qualitativa do tipo pesquisa ação
participativa, analisada de acordo com Brandão (2006), porque esta prevê o
envolvimento efetivo dos sujeitos, participantes na dinâmica da pesquisa. 2.2.
Atividades nas escolas As
atividades pedagógicas utilizadas, com a participação dos membros da ONG Novo
Encanto e professores das turmas envolvidos, para abordar o tema da preservação
do PAB, estão sumarizados na Tabela 1. Tabela 1. Atividades de EA desenvolvidas
nas escolas do município de Ananindeua – Pará, no ano de 2008.
N= número de participantes; CH= Carga Horária;
EI= Educação Infantil. 2.2.1.
Vídeos O vídeo, como
ferramenta no processo de ensino e aprendizagem vem sendo muito utilizado. Parra
e Parra (1985, p. 38) acreditam que: “se bem produzidos e utilizados, os
auxiliares audiovisuais podem criar uma atmosfera que envolve emocionalmente o
aluno, quase um pré-requisito para conseguir levá-lo a um trabalho ativo e
auto-iniciado”. Vale ressaltar a
importância dos sentidos na comunicação para o processo de ensino e
aprendizagem. Neste contexto, Parra e Parra (1985, p. 42) comentam que “a audição
e a visão são responsáveis por 70% da nossa comunicação diária e nesse
sentido poderia ser usado o vídeo ou filme educativo, de modo que favoreça uma
contribuição efetiva à aula.”. Utilizamos este
recurso audiovisual com as turmas de 1ª a 3ª séries, como elemento introdutório
em sala de aula, para transmitir a mensagem da conservação do PAB e dos
mananciais, funcionando como um instrumento de apoio em todas as atividades. As luzes apagadas e o
clima de cinema dentro da sala de aula colaboraram para gerar uma grande
expectativa nas turmas. Além disso, os atrativos das imagens e do som da
natureza do PAB, sem dúvida, fascinaram os alunos que, com o olhar atento,
assistiram à exibição do vídeo. Percebemos que os alunos receberam bem a
transmissão da mensagem. 2.2.2.
Mímica ou linguagem gestual A mímica ou linguagem
gestual foi também um dos recursos que utilizamos com os alunos de 1ª a 3ª séries,
visando chamar atenção para a importância da água nas atividades de EA.
Prado (2009, p. 2) em seu artigo: “A utilização da mímica
como recurso psicopedagógico” relata que: “a linguagem gestual
nasceu com o homem primitivo e renasce todos os dias como parte da necessidade
do mesmo se expressar, comunicar e ajudar no desenvolvimento geral da
comunidade.” Para esta atividade
quatro alunos se prontificaram espontaneamente a dramatizar as seguintes frases
para turma adivinhar: “Água mole em pedra
dura, tanto bate até que fura.” “Águas passadas não
movem moinho.” “Uma mão lava a
outra e as duas lavam a cara.” “Quem vai pra chuva
é pra se molhar”. Inicialmente os alunos
estavam um pouco tímidos, mas, gradativamente, entraram em um clima de
entusiasmo expressando-se por meio dos gestos e estabelecendo, dessa forma, um
canal de comunicação entre os colegas da turma, construindo um ambiente de
amizade e alegria. Neste sentido, Prado (2009, p. 3) corrobora afirmando que:
“O gesto aliado ao que se quer dizer é o meio pelo qual se propaga à
afetividade e em si abre canais de comunicação entre o ambiente e o sujeito
que uma vez ‘entusiasmado’ torna-se mais receptivo às novas informações
ou ao confrontamento de opiniões.”. Os alunos acertaram a
maior parte das mímicas e comentaram uns com os outros sobre os cuidados para
evitar o desperdício no uso da água. 2.2.3.
Gincana Felicio et
al. (2008), em seu artigo “Gincana
lúdica ambiental interdisciplinar: analisando interações e movimentos”, se
reportam à gincana afirmando que ela pode ser considerada uma atividade
lúdica com características intrínsecas ao jogo. No mesmo trabalho, os autores
mencionam que “a gincana [...] é uma atividade livre, conscientemente tomada ‘não
séria’ e exterior à vista habitual, mas ao mesmo tempo capaz de absorver o
jogador de maneira intensa e total.”. Escolhemos
esta modalidade de brincadeira, a qual consistia em responder adivinhações
sobre a água, com premiação de brindes, para os acertos. Para esta
brincadeira dividimos a turma de 3ª série, aleatoriamente em dois grupos. Os
alunos participaram da gincana de modo intenso e com entusiasmo se esforçando
para acertar as perguntas: todos queriam falar ao mesmo tempo, ansiosos para
ganhar os brindes. Na Tabela 2 estão
listadas as perguntas que nortearam a gincana. Tabela
2. Conteúdo da brincadeira da gincana desenvolvida em escolas públicas de
Ananindeua – PA, em 2008.
Entre as perguntas feitas a que houve maior número de acertos foi:
Fale três dicas preciosas para economizar água. Entre as diferentes respostas,
os participantes citaram: fechar as torneiras enquanto escovam os dentes, tomar
banhos rápidos, fechar o chuveiro quando enquanto está se ensaboando, cuidar
dos vazamentos. Ao
procurar falar dos problemas ambientais, alguns alunos apontaram aspectos clássicos
da poluição em geral, principalmente os relacionados ao ambiente no qual
vivem, como tratamento inadequado do lixo e da água. 2.2.4.
Contação de histórias Para algumas atividades
foram realizadas pequenas modificações de acordo com o público-alvo, por
exemplo: na Escola João XXIII, para atender a turma de crianças especiais, foi
utilizado a contação de história da Gotinha Plim-plim, de autoria de Gerusa
Rodrigues Pinto (2004). A
contação de história estimula a imaginação e desperta o interesse para a
leitura, segundo Nakayama et al. (2007, p. 5): “ao contar histórias estamos estimulando a
criança à leitura como algo indispensável e natural em sua vida.” Ao nosso
redor, percebemos que os alunos permaneceram em silêncio, ouvindo o desenrolar
da história e prestando atenção às figuras do livro. Ao final da história,
os alunos se emocionaram com a gotinha e declaravam, “ah, eu gosto tanto da
gotinha Plim-plim, ela é importante para mim.” Perguntamos
quem tinha dúvidas sobre o que ouviu e avisamos que seria melhor que se
manifestassem um de cada vez, mas, ansiosos, falavam todos ao mesmo tempo. As
perguntas formuladas pelos alunos eram do tipo: Por que a gotinha Plim-plim
desceu da nuvem? A gotinha Plim-plim é a água que bebemos? Neste
aspecto, Nakayama et al. (2007) acreditam que a história infantil alimenta a imaginação,
aprimora o pensamento e amplia na criança sua compreensão de mundo, uma vez
que incorpora o texto literário na sua própria realidade. 2.2.5.
Jogo do passa a bola Em
vista de Kishimoto (2002) afirmar que: “A utilização do jogo potencializa a
exploração e a construção do conhecimento, por contar com a motivação
interna, típica do lúdico” (2002, p. 37), escolhemos o “Jogo do passa
bola” com as turmas de alunos de Educação Infantil. Nesse
jogo, a bola era passada de mão em mão ao som da música. Quando esta era
repentinamente interrompida, a criança que estivesse com a bola na mão, teria
que “pagar a prenda”, respondendo uma pergunta sobre a preservação do PAB
e seus mananciais, conforme roteiro a seguir: 1.
Quais os lagos que abastecem a cidade de Belém? 2.
Como podemos preservar a água? 3.
Como devemos economizar água? 4.
Por que os lagos Bolonha e Água Preta são importantes para a nossa
vida? No
início dessa atividade, as crianças se mostraram tímidas, mas após alguns
momentos tiveram boa interação e passaram a bola com pressa para não “pagar
a prenda” de responder as perguntas. O
clima era de gargalhadas, quando a bola caía ou alguém recebia castigo. Ouvíamos
com frequência a expressão: “passa a bola, passa a bola!” ou “ah! Agora
vai ter que responder a pergunta.”. Verificamos que as atividades
desenvolvidas foram bem aceitas para as crianças da faixa etária de 08 a 12
anos, entretanto, as crianças com idade inferior a 07 anos tiveram dificuldades
de compreender o conteúdo, pois na hora de responder às perguntas da
brincadeira do passa bola, relativas à mensagem exibida no vídeo, poucos
acertaram. A
partir desta constatação as instituições responsáveis pela ação decidiram
utilizar uma abordagem por meio da arte lúdica teatral. 2.2.6. O Teatro de Fantoches O primeiro passo foi à elaboração do conteúdo do
texto da peça intitulada: “Naturinha, Quika e João Divino fazem um passeio
no Parque Ambiental de Belém”, assim como o estabelecimento da forma como o
tema seria trabalhado em sala de aula. Apresentamos o Teatro de Fantoches em duas ocasiões,
em cinco sessões para crianças de primeira a terceira séries totalizando
oitenta e oito alunos. Em todas as apresentações, a participação das
crianças foi muito animada e espontânea, como já haviam relatado Ladeira e
Caldas (1989, p. 16): Através do boneco,
elas expressam as suas próprias emoções, aliviam suas tensões, agem
espontaneamente, pondo à mostra sua verdadeira personalidade ao fazer o boneco
falar, cantar ou brincar. Além disso, os alunos interagiram com os bonecos,
influenciando no desenvolvimento do enredo da peça em uma linguagem simples e
humorística. Neste aspecto, citamos as contribuições de Guerra et
al. (2007, p. 7): Apesar de haver um
roteiro básico como guia a ser seguido, as falas e o comportamento de cada
personagem podiam ser diferentes de acordo com a reação dos espectadores. Ao final das apresentações, coletamos alguns depoimentos de alunos, os quais
expressaram bem o entendimento da mensagem: “Eu gostei muito do teatro. Aprendi que a gente não
pode comprar muitas coisas, só o necessário, porque causa muito prejuízo no
meio ambiente e também muito lixo.” (Marina, 09 anos 2ª série). “Aprendi que no Parque a gente pode passear e que não pode jogar lixo na
escola, no parque e nos lagos” (Maria Eduarda, 08 anos 2ª série). Neste aspecto, Ladeira e Caldas (1989, p. 16) afirmam
que o teatro de bonecos na escola pode
proporcionar ao aluno uma rica e significativa experiência, podendo abrir
caminhos para as descobertas e a exploração do mundo que o rodeia. Aliado
a esse fato, o teatro de fantoches cria a possibilidade de colocar os alunos, em
um mundo imaginário, mas real conforme nos relatam Guerra et
al. (2007, p. 7): Não era raro
ouvirmos, entre os alunos dessas escolas, frases como “Não jogue esse papel
no chão, você não ouviu o que o Ronaldinho disse?” Solicitamos também que os alunos respondessem, por
meio de um desenho, a pergunta: Qual a mensagem que o Teatro de Fantoches
transmitiu para vocês? Observamos que todas as representações gráficas
continham elementos da natureza e do PAB, com ênfase para os lagos e elementos
do meio ambiente. Alguns desenhos retrataram, além dos elementos naturais, os
elementos construídos pelo homem. Os desenhos também
nos levaram a supor que o Teatro de Fantoches atingiu o seu objetivo, no sentido
de sensibilizar as crianças para a necessidade da convivência em harmonia do
homem com o ambiente e de conservar a natureza e o PAB. Os relatos dos professores, da mesma forma, retratam a
relevância do Teatro de Fantoches como uma metodologia que possibilita a
abordagem ambiental de maneira lúdica em sala de aula, levando o aluno a
relacionar a historinha com os problemas vividos no cotidiano. “Eu acho
muito importante trazer o lúdico para dentro da sala de aula transmitindo o
aprendizado para os alunos, porque é uma forma de penetrar no mundo da
brincadeira e despertar a atenção e o interesse do aluno para a questão do
meio ambiente que está aqui na nossa frente” (Lúcia, professora da 3ª série). “Eu gostei
muito, prendeu o interesse e despertou a atenção. Eles ficaram atentos (as
crianças) e se encaixou bem com o conteúdo de Geografia que estou ministrando
sobre o meio ambiente”. (Socorro,
professora da 2ª série). “Foi
ótima esta atividade! Esse recurso do Teatro de Fantoches é muito bom; a criança
aprende brincando, e qualquer atividade se torna prazerosa” (Rosilete,
orientadora Pedagógica). Portanto,
consideramos essencial que os professores se prepararem desde a graduação para
ministrar atividades lúdicas como instrumento de ensino e aprendizagem. Por
exemplo: Franzoni e Villani (2001), na disciplina Prática de Ensino em
Biologia, para alunos do curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal
de São Carlos, verificaram que inicialmente os licenciandos se mostraram
resistentes e pouco interessados em relação ao estágio que deveria ser
desenvolvido. No entanto, no decorrer da disciplina, os estagiários foram
propondo várias atividades lúdicas para os alunos de uma escola pública
estadual, de tal forma que concluíram o estágio entusiasmados, conforme
expressa este depoimento de uma estagiária (FRANZONI e VILLANI, 2001, p. 16): Conseguimos,
por meio do teatro, sensibilizar os nossos alunos. Dessa vez sim, eles ficaram
extremamente sensibilizados e até estão pensando no que poderá ser possível
fazer para sensibilizar os seus amigos. 3.CONCLUSÃO Partindo
do princípio que a predisposição para brincar é parte essencial da natureza
infantil, concluímos que a abordagem utilizando metodologias lúdicas
possibilita transformar as aulas tradicionais em momentos de alegria e prazer. O
Teatro de Fantoche como instrumento de ensino e aprendizagem em EA foi o mais
eficiente em vista de ter despertado o interesse e a participação de todos,
resultando em um bom nível de compreensão dos alunos de diferentes séries,
portanto, concluímos que essa
ferramenta pode ser introduzida, nas práticas pedagógicas das escolas. Assim,
a ONG Novo Encanto em parceria com a SEMA-PA norteará seus futuros trabalhos lúdicos
de sensibilização sobre a importância do PAB em outras escolas do entorno,
enfatizando o Teatro de Fantoches, possibilitando criar condições para que a
comunidade do entorno compreenda o seu papel como cidadãos e possam colaborar
para o uso racional dessa Unidade de Conservação. Salientamos,
porém, que nas intervenções lúdicas é fundamental o papel do educador que
precisa estar em sintonia com os alunos e disposto não só a ensinar, mas estar
aberto a aprender também. Assim, acreditamos que a formação de professores
deve contemplar desde a sua graduação, atividades de ensino aprendizagem com
conteúdos lúdicos. REFERÊNCIAS BERNA,
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