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       "Educar é crescer. E crescer é viver. Educação é, assim, vida no sentido mais autêntico da palavra. " (Anísio Teixeira) 
      ISSN 1678-0701 · Volume IX, Número 34 · Dezembro/2010-Fevereiro/2011 
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 SER X TER última escolha da humanidade 
  Dib Curi O futuro da nossa sociedade tem ocupado 
as mentes de muitos pensadores na atualidade. O fato é que precisamos de mais 
pesquisas sobre as alternativas econômicas para vivermos em sociedade. As ideias 
atuais estão muito direcionadas e fica parecendo que há apenas um tipo de 
economia possível. Os rumos sociais parecem estar confusos. 
Ao invés de estarmos estudando como gerar pessoas mais inteligentes e criativas, 
estamos muito mais preocupados em melhorar a inteligência artificial e em gerar 
técnicos reprodutores de rotinas. Pensamos muito em repressão e muito pouco em 
aprofundarmos a qualidade e o conceito da educação. Estamos investindo recursos demais em 
máquinas e de menos em gente. A antiga justificativa da Revolução Industrial de 
que as máquinas iriam trabalhar por nós esfarrapou-se. Estamos trabalhando mais 
do que nunca. O trabalho transformou-se em uma espécie de religião. O atual 
sistema econômico está privatizando a Vida com uma velocidade neurótica e um 
consumismo totalmente irresponsável.   Esta cultura do consumismo está fazendo 
desaparecer a profunda diversidade de comportamentos existente entre nós. A 
uniformização da cultura está causando a uniformização dos comportamentos 
também. Todos ficam com desejos e atitudes parecidos. Isto acontece, em parte, porque existe 
um investimento muito forte do mercado para tornar as "Marcas" símbolos de 
status. As "Marcas" estão se tornando os deuses da modernidade e o marketing é o 
seu principal ritual. Os jovens são levados a venerar as "Marcas" e as 
consideram como "Pontos de Mutação" para eles mesmos. Ao invés de jovens 
originais e criativos, estamos construindo mentalidades consumistas, 
individualistas, hedonistas e alienadas.   Estamos estimulando um excesso de 
materialismo nas "consciências" de nossos jovens enquanto deveríamos estar 
estimulando ocupações criativas. O problema é que um redemoinho gigantesco 
parece ter sugado a mente da maioria de nós para os ralos das nossas contas 
bancárias e nos tornamos escravos de preocupações materiais, necessidades e 
desejos sem fim.   Enquanto isto, dois bilhões de pessoas 
ganham menos do mínimo para sobreviverem e vivem em condições miseráveis. Se 
todos nós pudéssemos ser ricos, a Terra morreria em 15 anos, sufocada por uma 
luxúria consumista crescente. Hoje, antevemos um futuro aterrador, onde morremos 
sufocados por calor, gases e lixo, enquanto a Terra é explorada muito além de 
sua capacidade de regeneração. Somos desleixados demais com o planeta. 
Nossa única relação com o meio ambiente é a de explorá-lo sem tréguas. Parecemos 
inconscientes do efeito catastrófico de nossas condutas e somos insensíveis ao 
reconhecimento da harmonia do Cosmos e do direito das espécies. Causamos aos 
animais toda espécie de sofrimentos atrozes, inclusive a extinção de muitos 
deles. Ninguém ignora que nossa sociedade 
precisa passar por reformas radicais e urgentes. Não é mais possível que todos 
os neurônios humanos estejam envolvidos apenas com o desenvolvimento material. O 
ser humano é um ser espiritual. Existe uma sensibilidade a ser manifestada e ela 
está muito mais relacionada ao Amor do que ao dinheiro. Mais ligada a comunhão 
do que ao sucesso individual. Muito mais focada na liberdade e na criatividade 
do que em funções rotineiras. E aponta, principalmente, para a Sabedoria, muito 
antes do conhecimento. Para o grego Píndaro, "a Sabedoria é o conhecimento 
temperado pela Ética." Embora falemos muito de Ética, não temos 
Ética nenhuma. Somos até vulgares em nome da nossa auto-preservação e defesa. A 
competição acirrada e a insegurança esmagaram a possibilidade da fraternidade. A 
única cumplicidade que estimulamos é a sexual. Estamos canalizando a nossa 
energia de afeto e novidade para o sexo. Enquanto ficamos entediados de tanto 
trabalho e preocupações, nossos "dirigentes" continuam perseguindo o 
desenvolvimento com uma voracidade de dinossauros. Dizem que é porque o 
desenvolvimento gera empregos. Mas quem quer empregos quando precisamos mesmo é 
de vocações e talentos? Empregos são ofícios aborrecidos, que não contam, 
necessariamente, com o nosso envolvimento e amor. As vocações e talentos alegram 
as pessoas, trazem reconhecimento social e podem provê-las de recursos 
econômicos também.   Mas para uns poucos a vida é "Business": 
uma oportunidade de negociar com recursos naturais e humanos. Eles estão 
interessados no poder pela multiplicação das coisas e não no progresso das 
pessoas. Esta mentalidade não vai querer reformar o mundo. Ela vai é devorar o 
mundo todo. Somos nós, cidadãos, é que devemos fazer as reformas, se é que temos 
algum compromisso com a harmonia planetária e com a sobrevivência das futuras 
gerações. Muito mais do que trabalhar pela 
sobrevivência física da humanidade, devemos trabalhar pela sobrevivência 
espiritual do ser humano. Temos que parar de gerar pessoas embotadas e 
estúpidas, porque elas ficam muito frágeis aos dinossauros. Precisamos gerar e 
educar pessoas livres e despertas, cidadãos criativos, afetivos e vocacionados 
em seus talentos. O verdadeiro desenvolvimento sustentável é aquele onde o 
progresso espiritual acompanha o progresso material. Parece que nossa sociedade trocou as 
prioridades do viver e preferiu o Ter ao Ser. Continuamos entregando a 
maravilhosa história da humanidade ao canto de sereia do capitalismo selvagem. 
Será mesmo que este belo projeto que é a história humana vai acabar agora com 
estes novos filhotes de dinossauros, ainda mais ávidos por desenvolvimento 
material, consumo desmedido e trabalho alienado? Fonte:
http://www.forumseculo21.com.br Acesso em: 05/12/2010  |