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       "Educar é crescer. E crescer é viver. Educação é, assim, vida no sentido mais autêntico da palavra. " (Anísio Teixeira) 
      ISSN 1678-0701 · Volume IX, Número 34 · Dezembro/2010-Fevereiro/2011 
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 Alice Gehlen Adams Jornalista Responsável pela Revista Mtb: 12.690 
 Projeto que inspiram Projeto Curupira mostra às crianças a importância de se conectar desde cedo com questões ambientais Pelo Brasil afora são diversos os projetos que se destacam pela preocupação com a preservação do ambiente. Estas iniciativas geralmente resultam em belas histórias de vida e marcam as pessoas para sempre. No Rio Grande do Sul um belo exemplo é o projeto Curupira, de Novo Hamburgo, coordenado pela pedagoga Cristiane Hermann. Histórias para contar nestes 10 anos de experiências são muitas, mas uma, em especial, emociona a educadora. O pequeno João Felipe foi uma criança que teve muitas dificuldades de adaptação na escola e foi a horta desenvolvida dentro do projeto que fez com que ele se integrasse à rotina da instituição. “O João se identificou com a horta porque o avô dele tem horta em um sítio então aquele se tornou o porto seguro dele e a adaptação finalmente aconteceu”. 
 Todas as crianças adoram a horta. Não é difícil ver os pequenos andando entre os legumes e arrancando um pedacinho para provar. 
 Eles participam das atividades propostas com muito entusiasmo e o melhor é que elas acabam tendo forte integração das famílias. Sobre isso, Cris lembra de outro fato curioso, de quando estavam para cortar uma árvore do pátio da escola: a árvore de Uva do Japão. “Tratava-se de uma árvore bem exótica e uma avó que é bióloga fez uma pesquisa e divulgou o histórico da espécie. Acabou criando-se uma rede de proteção pela árvore que até hoje enfeita o pátio”, conta. O projeto de Educação Ambiental vai além de atividades de sensibilização pois ajuda na formação do caráter das crianças que acabam cobrando a participação dos pais nas atividades. “É lindo ver como todos se mobilizam. Os pais trazem materiais reaproveitáveis para a gente, colaboram com mudinhas para nossos canteiros”. Cris salienta que nestas atividades as crianças aprendem a ouvir o outro e já começam a colocar a sua opinião sobre os temas. 
 Uma das atividades que as crianças adoraram foi a de jogar sementinhas de girassol no pátio da escola. “Elas colocaram as sementes e depois tiveram que esperar e ver onde elas nasceriam. Temos lindas flores espalhadas pelo pátio da escola e eles lembram qual foi a sua”, conta Cris. 
 Datas e temáticas Apesar de desenvolverem o trabalho durante o ano todo, as datas comemorativas são sempre uma oportunidade de movimentar ainda mais as atividades. O Curupira tem como parceiros muito especiais nesta empreitada os garis. Sempre no dia dos garis as crianças levam vassouras e é preparado um almoço, café, ou apresentação comemorando a data com eles. “Neste ano lembramos da importância do protetor solar para eles que estão sempre expostos ao sol”, exemplifica. Os dinossauros e animais marinhos são temas que despertam a curiosidade das crianças. Lembrando disso, as professoras trabalharam os assuntos com eles e desenvolveram trabalhos artísticos com sucata. O resultado foi mostrado em exposição. 
 
 O projeto O projeto Curupira é desenvolvido na Escola Gente Moleque que atende desde bebês até crianças de 6 anos. Atualmente a única ligação da Cris com a escola está na coordenação do projeto Curupira, pois está atuando como assessora de gestão ambiental na secretaria de Meio Ambiente do município de Campo Bom/RS. Cris comenta que a Educação Ambiental na escola Gente Moleque foi sendo implantada aos poucos e é um processo que nunca acaba, pois o grupo muda, e as vivências são muito diferentes. “É preciso respeitar as pessoas e suas verdades. Com bom senso as questões planetárias vão sendo discutidas com tranqüilidade e vamos aprimorando ainda mais o trabalho”. 
 A importância da Educação Ambiental Cristiane acredita que os pequenos já estão naturalmente despertos para as questões ambientais por sua curiosidade e engajamento. “Eles são livres de paradigmas e de “velhas manias”. Não existem verdades absolutas e culturas enraizadas. É nesta fase da vida que a maioria dos valores são construídos e passam a fazer parte da vida”. A educadora salienta ainda que para que a Educação Ambiental ocorra efetivamente é preciso que, em sala de aula, esteja um professor atento, que escute e promove vivências significativas. “O professor deve ser capaz de deixar de lado a atividade que programou em função de uma borboleta que invadiu a sala ou de uma formiga que sobe na mesa, por exemplo”. Para ela, a palavra chave em questão é: sensibilidade. “O professor precisa ser um parceiro dos pequenos, um curioso como eles. Precisa ser um provocador”, indica. Perfil Cristiane Hermann é formada em Pedagogia com ênfase em Educação Infantil. É assessora de gestão Ambiental e coordenadora do projeto Curupira. Seu interesse por questões ambientais começou ainda na infância. Neta de agricultores, foi com o avô Alfredo, a avó Elma e a avó Isabela que começou a caminhada verde. “Minhas memórias mais saudosas da infância são em meio à natureza. Com eles aprendi o sabor de comer bergamota no sol e sopa no fogão à lenha”, conta. Ela ainda complementa. “Meu pai tinha como brinquedo da infância uma “funda” para caçar passarinhos e hoje, marceneiro aposentado, faz comedores para pássaros, que enchem o pátio com cantos e alegrias”. E-mail: crishcampobom@bol.com.br Recado: “Não há receita pronta para fazer EA. E é este paradigma que tem que ser quebrado. Um mesmo tema desenvolvido em duas turmas diferentes pode tomar caminhos completamente diversos porque o foco do estudo pode ser outro.” 
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