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       "Educar é crescer. E crescer é viver. Educação é, assim, vida no sentido mais autêntico da palavra. " (Anísio Teixeira) 
      ISSN 1678-0701 · Volume IX, Número 34 · Dezembro/2010-Fevereiro/2011 
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 Teatro de Fantoches
e Educação Ambiental: A importância
pedagógica dessa relação       Nelma Baldin[1]; Simony Aline Dalri[2] ; Julia Fernanda Hoffmann²; Daiane Aparecida
Ciotta Desordi²;  Fabiano Pontes Mendonça²;  Mariana Mannes[3]   RESUMO:  Uma das atividades dos
Projetos EduCA-Univille[4]
é atuar  por meio da aplicação de pesquisas junto às escolas públicas do
Município de Joinville (SC).  Assim, o estudo de que trata este artigo foi
aplicado em uma escola pública estadual situada no Bairro Floresta, e tratou de
questões ambientais e culturais. Para tanto, elaborou-se um estudo com a
montagem de uma peça teatral (teatro de fantoches)  tendo como foco a
história ambiental do bairro. A pesquisa teve como objetivo estimular
a percepção e a conscientização das crianças quanto à “lição” proposta pelo
tema da peça teatral (e a sua respectiva apresentação - “teatro de
fantoches”)  e que trata do desmatamento como um ato legal, contanto que
seja realizado de acordo com as leis ambientais e  que esteja conforme a
ética de  preservação ambiental, numa perspectiva de desenvolvimento
sustentável. A peça teatral foi escrita com base em dados resultantes de pesquisa
sobre a fauna e flora da região, sobre a  história do bairro e do
diagnóstico ambiental da área.  Estudando-se a história do bairro Floresta
percebeu-se que ao longo do tempo  houve um significativo desmatamento, na
área, e esse motivo impulsionou-nos a tratar da temática por meio da peça
teatral apresentada em forma de teatro de fantoches.   Os
pesquisadores  apresentaram o teatro para as crianças dos 3ªs; 4ªs e 5ªs
anos do ensino fundamental e o resultado foi satisfatório, visto que as
crianças envolveram-se, participaram  e interagiram com entusiasmo.
Pensa-se que uma forma efetiva de educação ambiental é o teatro (em particular
o teatro de fantoches)  onde as crianças aprendem, de forma lúdica,
 a importância do meio ambiente e histórico cultural.    Palavras-chave: Desmatamento;
Educação Ambiental; Teatro de fantoches.           1. INTRODUÇÃO 
  Nos últimos anos os principais
estudos sobre as questões ambientais têm enfatizado a formação de cidadãos
conscientes, utilizando,  para tanto,  a pedagogia da educação
ambiental. Segundo Guimarães (2003), a educação ambiental tem o importante papel
de introduzir a percepção ambiental para o ser humano e sua integração com o
meio ambiente.  Neste sentido, o caminho que se vislumbra, conforme 
 assevera    Grippi (2001),  é   o
  incentivo  às  formas de sensibilização das  crianças e de socialização das informações de maneira
que essas ações venham a contribuir para a  formação de cidadãos atentos às questões ambientais e
conhecedores dos fatores causais dos problemas ambientais. Assim, estar-se-á
estimulando ações cotidianas  que possibilitarão enfrentá-los, resolvê-los
e também eliminá-los. Como expressam
Guerra et al (2004), o “teatro de fantoches” ou “teatro de bonecos”
 originou-se na remota antigüidade. Teve início, naqueles tempos, um
intensa atividade de modelagem de  bonecos no barro, sem movimentos. Pouco
a pouco, esses bonecos foram sendo aprimorados até receberem, mais tarde, a
articulação da cabeça e dos membros sendo   possível,
 a    partir   daí, executar
  representações  teatrais   com  os mesmos.
 Nas Antigas China e Índia,  assim  como  na Ilha de Java,
 o teatro de bonecos era bastante  conhecido. Na Grécia antiga, os
bonecos não só tinham uma importância cultural, como também religiosa.  A
cultura grega do teatro de bonecos foi assimilada pelo Império Romano e se espalhou
por toda a Europa.  Na Idade Média, os
bonecos já eram  populares e utilizados em feiras semanais e nas doutrinas
religiosas. O mesmo ocorria nos primórdios da  América, para onde  os
fantoches foram trazidos pelos colonizadores, embora que as populações nativas
já fizessem uso de bonecos articulados que imitavam os movimentos dos homens e
dos animais.  No Brasil, as
primeiras representações com bonecos datam do século XVI.  No entanto, foi
somente em meados do século XX que o teatro de bonecos se consolidou no país.
 Mais recentemente,  o teatro de bonecos  vem sendo utilizado
não apenas como espetáculo de lazer e entretenimento,  mas como estratégia
educacional lúdica (GUERRA ET AL,  2004).  Em várias de suas obras  Piaget
(1997) menciona o uso de práticas lúdicas com crianças enfatizando  que
esse processo é válido quando bem aplicado,  pois além do lazer o lúdico é
um método de desenvolvimento intelectual. No entanto, na prática pedagógica
cotidiana  pouco se utiliza desse recurso.  Apesar da ênfase que a
LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e os PCNs – Parâmetros
Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998)  realçam  quanto à 
utilização de novas  e estimuladoras metodologias educacionais,  a
forma de ensinar vigente no cenário educacional brasileiro ainda pouco
incentiva a prática do teatro como recurso pedagógico. As  crianças ainda
não contam com essa atividade no cotidiano escolar.  O teatro, por sua forma de
"fazer coletivo" possibilita o desenvolvimento pessoal não apenas no
campo da educação não-formal, mas permite ampliar, entre outras coisas, o senso
crítico e o exercício da cidadania (MONTENEGRO, 2005). Em relação a este
entendimento, Souza (2004 apud FICHER, 2007) atenta, ainda,  para o
fato de que o teatro dialoga com as outras artes
aprimorando-se de suas diferentes linguagens para se fazer mais atuante no
âmbito específico da educação infantil.  Dessa forma, possibilita à
criança  entrar  em contato com a sua cultura, aprender por meio do
“jogo” e do “drama”  e, ainda,   a lidar com a alteridade e com
as diferenças. Nesse sentido, estará construindo a si própria  um
referencial cultural. È nesse contexto do “jogo” ou do
“teatro” que se insere a educação ambiental. Considerando que a educação
ambiental  deve ser um recurso  de sensibilização e capacitação do
ser humano, entende-se, como expressam  Guerra et al (2004),
 que o uso do lúdico por meio de diversas atividades auxilia no
desenvolvimento de atitudes ambientalmente responsáveis desde a mais tenra
idade. No caso, salienta-se, aqui, a idade dos seis aos dez anos,  idade
que comporta o período de formação de uma consciência ambiental crítica que
possa  levar à  mudanças de comportamentos e  de atitudes.  Conforme escrevem
Amaral (1978), Courtney (1980) e Reverbel (1988), o teatro de bonecos na escola
pode proporcionar ao aluno uma rica e significativa experiência, podendo abrir
caminhos para as descobertas e a exploração do mundo que o rodeia. O teatro de
fantoches é o que mais alegra e sensibiliza a criançada por transmitir, de uma
forma simples e direta, a mensagem quanto ao cuidado com o nosso ambiente como
um todo  e com o nosso Planeta. De acordo com Galvão (1996, p 18), “As
crianças parecem receber bem melhor e armazenar com mais facilidade as imagens
quando são apresentadas através de algo que as encante emocionalmente como é o
caso do Teatro de Bonecos”. Segundo estimativas do governo
federal, 24 mil alunos foram beneficiados com aprendizado por meio de teatro de
fantoches nos últimos dois anos,  situações em que se enfatizava a
temática ambiental e, em especial, o desmatamento[5]. Neste sentido, entende-se que a questão
do desmatamento é um importante assunto a ser abordado com as crianças, pois é
uma realidade do nosso   país.  Nesse   encaminhamento,
a   peça  de   teatro  de   
 fantoches  “Pedrinho e amigos em... A campanha contra o
desmatamento ilegal”[6]
escrita  pelo grupo de pesquisa dos Projetos EduCA – Univille (e sua
respectiva montagem pelo mesmo grupo de pesquisa) teve como objetivo
 maior a interação das crianças sobre as formas de considerar a ciência, a
relação homem e natureza e o meio ambiente, a racionalidade ambiental e o progresso.
Ainda,  buscou-se medidas para se  efetivar ações que motivem as
crianças a terem pensamento  crítico  e  a buscarem de
estratégias para uma melhor qualidade de vida. É,  pois, uma contribuição
para a formação de cidadãos conscientes.  Assim, os estudantes dos  3ªs,
4ªs e  5ªs anos de uma escola pública do Bairro Floresta  em
Joinville (SC), num total de 88 estudantes, participaram  de uma
experiência  do gênero teatral e de educação ambiental nunca antes
vivenciada por eles. Foi uma sessão de teatro de fantoches que teve como foco
motivador a história do bairro onde residem[7] e que possibilitou, a essas crianças, a experiência
da relação do lúdico com o conhecimento, com a ciência. Nesse sentido, a peça
teatral foi escrita com base em dados coletados na localidade, resultantes,
esses dados, da  pesquisa aplicada  e que se centrou na fauna e na
flora da região,  na história do bairro e em um preliminar diagnóstico
ambiental da área. O principal objetivo do estudo foi
estimular a percepção e a conscientização das crianças quanto à “lição”
proposta pela peça teatral (e a sua respectiva apresentação com “teatro de
fantoches”)  a qual trata do desmatamento como um ato legal, contanto que
seja realizado de acordo com as leis ambientais e  que esteja conforme a
ética de  preservação ambiental.     2. METODOLOGIA
   O
estudo orientou-se  com um caráter exploratório
mas, ao longo de sua aplicação,  descortinou-se de forma descritiva
caracterizando-se, assim,  como uma pesquisa
qualitativa. Conforme Minayo (2000, p.10), “pesquisa qualitativa é entendida
como aquela capaz de incorporar a questão do significado e da intencionalidade
como inerentes aos atos, às relações, e às estruturas sociais, sendo essas
últimas tomadas tanto no seu advento quanto na sua transformação como
construções humanas significativas”.  Nesta pesquisa, qualitativa, portanto, buscou-se traduzir e refletir sobre o sentido e as percepções que as crianças têm do mundo social e atual: as questões da história de seu bairro; dos marcos históricos e patrimoniais ali existentes; dos eventos sócio culturais locais e, principalmente, das questões ambientais. Para um melhor entendimento da construção metodológica dos procedimentos adotados na execução do estudo, descreve-se, a seguir, o desenvolvimento de cada uma das etapa do processo. Em um primeiro momento, antes da apresentação da peça de teatro às crianças, foram executadas, com essas mesmas crianças, ações de pesquisa interativa e atividades outras: revisão bibliográfica realizando leituras de materiais que tratavam sobre a situação da comunidade em questão;  levantamento bibliográfico e estudos sobre a história do
bairro, da escola e das suas relações com as questões ambientais, enfatizando a
pedagogia ambiental, a educação ambiental e as noções de desenvolvimento
sustentável; execução  de trabalhos de campo dentro da escola tais como
dias de ações pedagógicas ambientais que incentivavam a participação das
crianças e dos adolescentes a fim de firmar a importância do meio ambiente na
vida dos seres vivos; aplicação de roteiros de questões,  palestras e
dinâmicas variadas.   A partir da realização dessas atividades
todas,  escreveu-se  a peça teatral  ilustrando a história do bairro
e o evidente desmatamento ocorrido ao longo dos anos de sua história.  A
peça foi elaborada visando sensibilizar as crianças sobre  as
conseqüências do desmatamento ilegal. A partir da montagem da peça teatral na
escola (o “teatro de fantoches”) e da receptividade  que a mesma recebeu
de parte das crianças, partiu-se para a elaboração do livro ambiental
infantil.   Buscando uma melhor visualização da
história apresentada no teatro às crianças, além dos fantoches utilizou-se,
ainda, de  cenários  que envolviam o contexto da história apresentada
e  recursos audio-visuais. Após a apresentação da peça de teatro, fez-se
um debate coletivo para discussão do conteúdo da peça, quando então  um
roteiro de questões foi aplicado  às  crianças a fim de obter-se, para
posterior estudo,  as percepções infantis a cerca da  mensagem
 que a peça transmitiu por meio do teatro de fantoches.            3. RESULTADOS E DISCUSSÕES   A peça de teatro intitulada ‘’Pedrinho
e amigos em...  A campanha contra o
desmatamento ilegal’’  (Figura 1) conta a “estória”  de um
menino  de aproximadamente 12 anos (Pedrinho), estudante do 5ª ano do
ensino fundamental. Muito estudioso,  Pedrinho depara-se, certa
manhã,  no caminho para a escola, com uma situação nova quando percebe que
está ocorrendo um desmatamento e justamente próximo à sua escola e sua casa.
Sem saber o que fazer, ele procura ajuda junto a seus familiares, sua
professora e seus amigos, a fim de alertar a população sobre o grande problema
ambiental que está ocorrendo, já que há a suspeita, de parte da professora, de
que o desmatamento seja ilegal.  A estória conta com vocábulos
compatíveis com os dias atuais e, por isso, de fácil entendimento pelas
crianças, uma vez que elas acabam por se identificar com os personagens do enredo.                                        
 
 Figura 1 – Ilustração da capa do livro ambiental infantil “Pedrinho e amigos em... A campanha contra o desmatamento ilegal” – elaborado a partir da apresentação da peça de teatro de fantoches inicialmente escrita e com o mesmo título. 
 
  A Figura 2 ilustra uma das
imagens iniciais do livro ambiental infantil,  e que foi elaborado a
partir da apresentação da  peça de teatro de fantoches.  
 Figura 2 – Ilustração do livro ambiental infantil “Pedrinho e amigos em... A campanha contra o desmatamento ilegal” – elaborado a partir da apresentação da peça de teatro de fantoches inicialmente escrita e com o mesmo título. 
 
 A peça de teatro de fantoches 
foi apresentada às crianças  que vibravam intensamente com as aventuras
dos personagens da “estória”.  A peça teatral foi apresentada  em
três sessões diferentes (nos períodos matutino e vespertino)  com 
uma duração média de 30 minutos cada sessão. A  Figura 3 mostra uma dessas
sessões de apresentação da “estória” -  teatro de fantoches.  Durante as apresentações, as crianças
demonstraram total interesse pelo  assunto tratado, o que pode ser
confirmado com base no comportamento das mesmas  no que se refere ao
silêncio, risadas coletivas, participação e interação com os personagens
durante a peça  (faziam torcida, avisavam que o “vilão” da estória estava
pronto a derrubar uma árvore, etc, etc) e, ainda,  participaram de
discussão coletiva respondendo aos questionamentos apresentados  de forma
oral ao final de cada sessão. Concordando com o que define Galvão (1996), 
durante  as discussões que  aconteceram posteriormente às apresentações os alunos
ficaram livres para colocarem  seus comentários  e observações sobre
o conteúdo da peça. O alto índice de participação dessas crianças nessas
discussões coletivas possibilitou-nos perceber a demonstração de 
interesse pelo assunto.           
 Quando questionamentos  sobre o tema da peça eram  dirigidos às
crianças, várias  delas levantavam a mão  simultaneamente e ficavam
atentas esperando a vez para expressarem as suas opiniões  sobre a
temática e sobre a estória da peça. Ainda, ao final de cada sessão, foram entregues às crianças presentes ao evento um roteiro de questões que visaram compreender o grau de interesse das mesmas em relação ao tema apresentado, suas percepções sobre a peça assistida e, ainda, se as mesmas entenderam o objetivo principal do teatro apresentado, ou seja, que o desmatamento pode ser realizado, contanto que seja 
 
 
 Figura 3 – Fotografia de uma das sessões de apresentação do Teatro de
Fantoches. Fonte:
arquivos dos Projetos EduCa – Univille.   
     de maneira legal, dentro das conformidades exigidas
pela legislação ambiental. As respostas das crianças à questão “Você gostou do
teatro apresentado”, foram altamente positivas,  pois a grande maioria
(98%) das crianças presentes às sessões respondeu “sim”,  considerando-se
que apenas 2% das crianças presentes responderam não.   Quanto às questões
descritivas as crianças puderam transcrever livremente suas opiniões e críticas
sobre a peça teatral apresentada.  As transcrições  expressas abaixo
 são literais e  especialmente para este artigo foram sorteadas,
 aleatoriamente,  cinco respostas de cada participante, de cada
sessão, em relação a pergunta formulada: “Do que você mais gostou no teatro
apresentado”? “Do Pedrinho e do resto dos bonecos e dos atores’’ (3ª
série);  ‘’ Eu gostei mais foi da colaboração com o meio-ambiente do
Pedrinho’’ (3ª série);  ‘’Da parte que o Pedrinho trocou idéias com
sua avó sobre o meio-ambiente’’ (3ª série); ‘’Da parte que o Pedrinho
conta prá turma sobre as árvores cortadas e do final. Foi dessas partes que eu
mais gostei’’ (3ª série); Eu gostei quando a polícia chegou’’ (3ª
série);  “Foi que o Pedrinho colaborou com o meio ambiente e falou para
os homens colaborarem também’’ (4ª série); ‘’De quando eles conseguiram
prender o dono da fábrica’’(4ª série); ‘’Eu gostei mais do teatro que as
crianças conseguiram deter o desmatamento da floresta’’ (4ª série);  ‘’Eu
gostei quando os bonecos ficaram fazendo careta’’ (4ª série);  ‘’O
que eu mais gostei foi que o Pedrinho se preocupou com o meio ambiente’’(4ª
série);  “Quando ele falou sobre o assunto das árvores sendo destruídas
pelos homens com motosserras’’ (5ª série);  ‘’Dos fantoches’’ (5ª
série);  ‘’Dele ter preservado a natureza’’ (5ª série); ‘’Dos
personagens sobre a campanha contra o desmatamento ilegal’’(5ª série);
 ‘’Eu gostei de tudo’’ (5ª série). Finalizando as apresentações da peça
teatral, os  professores de cada turma presente à sessão também
responderam  a um questionamento:  ‘’Qual o seu parecer em relação às
atividades lúdicas (teatro de fantoches, jogos) como forma de aprendizagem?” As
respostas dos professores foram explícitas:  ‘’Tais atividades só vêm
somar no processo ensino-aprendizagem pois permitem além de uma maior
socialização dos educandos que os mesmos vivenciem aqueles conteúdos que terão
que apropriar-se’’ (Professor da 3ª série);  ‘’Meu parecer é que a
atividade realizada foi de grande valia. Foram convincentes mediante aos fatos
abordados. O meio ambiente existe, a economia existe, o que deve ser feito é
 tudo de forma consciente  em relação ao presente para o futuro,
 para que não venhamos sofrer e fazer outros sofrerem’’ (Professor da
4ª série);  ‘’Essas atividades são importantes para as crianças, pois a
atividade lúdica desperta interesse e motivação. O aprender brincando é algo
ainda novo que deve ser incentivado para o melhor aprendizado dos alunos’’
(Professor da 5ª série).            
Com base nos depoimentos acima e tomando-se por referência  o texto de
Reverbel (1979),  pode-se perceber que de fato o teatro é uma forma
prática de atrair a atenção das crianças em idade escolar para problemas e
situações reais, e particularmente o teatro de fantoches. A mescla
  fantasia e realidade faz  com que a criança aprenda e se
sensibilize de forma espontânea e diversificada. Isto possibilita,  à
 criança, o aprender com prazer e, ainda, que consiga armazenar as
informações por mais tempo. Além,  ainda, de  transmitir essas
informações para outras pessoas.     4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
                           
A partir da apresentação da peça de teatro de fantoches,  de caráter
infantil,  intitulada ‘’Pedrinho e amigos em...  A campanha contra o
desmatamento ilegal’’, foi-nos  possível observar a grande participação
das crianças das 3ªs, 4ªs e 5ªs séries da  escola pública. Essas crianças
participaram de  todas as atividades  aplicadas,  desde os
questionamentos propostos de forma oral ao final das apresentações da peça, até
a aplicação do  Roteiro de Questões  às mesmas, a título de um
retorno avaliativo aos pesquisadores em relação à atividade executada,
observando-se, sempre, as percepções ambientais das crianças.   Em todas as ações  as crianças
demonstraram-se curiosas, interessadas e participativas, efetuando constantes
 perguntas sobre o tema abordado no teatro de fantoches: o
 desmatamento,  expondo, com suas intervenções,  suas opiniões
sobre o assunto. Conforme as  respostas obtidas  com o Roteiro de
Questões aplicado,  percebeu-se que grande parte das crianças gostou
bastante da apresentação da peça e ficou  sensibilizada com a questão
ambiental. Conclui-se que a apresentação do
teatro de fantoches  foi de grande aproveitamento pelas crianças, atingido
o objetivo principal do estudo, que  era de sensibilizar as crianças sobre
os prejuízos causados ao Meio Ambiente pelo desmatamento ilegal de forma que as
mesmas tirassem tal conclusão sozinhas. Isto comprova que o teatro, como
manifesta Ficher (2007),  e em particular o teatro de fantoches, é uma
ação importante nas atividades de aprendizagem das crianças e que associado à
educação ambiental  possibilita  que essas fiquem mais suscetíveis à
assimilação dos assuntos e interesse espontâneo pelos assuntos ambientais.
Sugere-se, nesse caso, que seja incorporado  mais freqüentemente nas
atividades escolares e,  principalmente,  quando se trata de
 temas  associados com a educação ambiental. A Educação Ambiental é, de fato, um
passo essencial para incentivar atividades que visem à defesa, conservação e
proteção do meio ambiente, como ainda nos confirma que a criança é sensível
para desenvolver percepções sobre o assunto meio ambiente.  Nesse sentido, as crianças, boas
receptoras do novo saber, são também boas transmissoras e propagadoras desse
novo conhecimento para as demais pessoas à sua volta, como se lê em Palhano
(2001).  Neste sentido, entende-se que as crianças  possibilitam
conscientização ambiental à população, o que é fundamental para mudanças de
hábitos. Mudanças,  essas,  que poderão levar à amenização dos
problemas ambientais que o mundo vem enfrentando.        REFERÊNCIAS 
 
 AMARAL, A. M. Teatro de formas animadas. São Paulo: Edusp/FAPESP, 1978. 
 BALDIN, Nelma (Org). Pedrinho e amigos em... A campanha contra o
desmatamento ilegal. Projetos EduCA – Univille. Joinville (SC). Pomerode
(SC): Impressora Mayer Ltda, 2009,   BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares
Nacionais. Brasília: MECSEF, 1998.   BRASIL.
Secretaria Nacional Antidrogas. Acessado em 18/02/2009.  Disponível em: :
   COURTNEY, R. Jogo teatro e pensamento - As bases intelectuais na educação. São Paulo: Ectiva, 1980. 
 FICHER, Eunice. A
importância do teatro na formação humana e no desenvolvimento da aprendizagem
da criança. Cuiabá: Faculdade de Costa Rica MS, 2007.   GALVÃO, M. N. C. Possibilidades Educativas do Teatro de Bonecos nas escolas públicas de João Pessoa. Dissertação de Mestrado em Educação. Centro de Educação, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 1996. 
 GRIPPI, Sidney. Lixo, reciclagem e
sua história: guia para as prefeituras brasileiras. Rio de Janeiro:
Interciência, 2001.   GUERRA, Rafael Angel Torquemada; GUSMÃO, Christiane
Rose de Castro e SIBRÃO,  Edgard Ruiz.  Teatro de Fantoches: uma
estratégia em Educação Ambiental. João Pessoa: Universidade
Federal da Paraíba, 2004.   GUIMARÃES, Mauro. A
Dimensão Ambiental na Educação.  São Paulo: Papirus, Ed. 2003.    MINAYO, Maria
Cecília de Souza. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em
saúde. 7ª. ed.,  Rio de Janeiro: Hucitec-Abrasco, 2000.   MONTENEGRO, Betânia. O papel do teatro na divulgação científica: a experiência da seara da ciência. Cienc. Cult. [online]. 2005, v. 57, n. 4, pp. 31-32. ISSN 0009-6725. 
 PALHANO, R. R. Teatro de bonecos: uma alternativa para o ensino fundamental na Amazônia. Fundação Universidade Federal do Amapá, Macapá, 2001. 
 PIAGET, J. Seis estudos de
Psicologia. Rio de Janeiro: Rorense, 1997.   REVERBEL,
O. Teatro na sala de aula. Rio de Janeiro: José Olímpio, 1979.   
 [2]  Acadêmicos do Curso de Engenharia Ambiental
da UNIVILLE. Bolsistas de Iniciação Científica (Programa     
FAP - UNIVILLE).   [3]  Acadêmica do Curso de Psicologia da UNIVILLE.
Bolsista de Iniciação Científica (Programa FAP –     UNIVILLE).   [4]  Projetos EduCA – Univille: Projetos
de EducaçãoAmbiental, História Ambiental e Patrimonial e de Gestão      Ambiental Comunitária. Os
Projetos Educa – Univille, desenvolvem suas pesquisas em Joinville (SC).     [5] Informação  acessada em 18 de fevereiro de
2009 e disponível em:     [6]  Peça de teatro infantil escrita pelos
componentes do Grupo de Pesquisa  dos Projetos EduCA – Univille  e
que originou o livro ambiental com o mesmo título. Para tanto, ver: BALDIN,
Nelma (Org). Pedrinho   e     amigos em ... A
campanha contra o desmatamento ilegal.  Projetos EduCA – Univille.
Joinville (SC). Pomerode (SC), Impressora Mayer  Ltda, 2009.    [7] Há
que se ressaltar que  desde 2003 os Projetos EduCA – Univille
desenvolvem  suas atividades de pesquisa essencialmente  em três
Bairros  da cidade de Joinville (SC) , a saber: o Bairro  
Pirabeiraba; o Bairro Vila Nova e o Bairro Floresta (locus da aplicação
deste estudo).  |