É dentro do coração do homem que o espetáculo da natureza existe; para vê-lo, é preciso senti-lo. Jean-Jacques Rousseau
ISSN 1678-0701 · Volume XXII, Número 89 · Dezembro-Fevereiro 2024/2025
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Práticas de Educação Ambiental
04/09/2012 (Nº 41) Teias ecológicas, consumo de carne e de calorias
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Teias ecológicas, consumo de carne e de calorias

Valdir Lamim-Guedes1,2

¹Biólogo, Mestre em Ecologia pela Universidade Federal de Ouro Preto. Professor Substituto na Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, campus de Rio Claro, São Paulo - Brasil.

²E-mail: dirguedes@yahoo.com.br

Resumo: Neste texto, são apresentadas informações sobre teias alimentares e fluxo de energia relacionados ao consumo de carne. A ideia é justificar porque o consumo de carne, sobretudo carne bovina, deve ser reduzido. Além disto, é apresentado que o consumo exagerado de calorias pode ser encarado como um desperdício de energia e prejudicial à saúde. Ao fim do texto, são propostas formas de trabalhar as informações apresentadas em sala de aula.

Palavras-chaves: impacto ambiental, pecuária, educação ambiental, educação alimentar, comportamento.

Teias Alimentares

Uma comunidade biológica tem uma organização definida por níveis tróficos; nela, as plantas verdes são produtores autotróficos (auto = o próprio e trophos = alimento) - seres vivos capazes de produzir o seu próprio alimento, ou seja, matéria orgânica através do processo de fotossíntese - e os animais consumidores ou heterotróficos (hetero = outros e trophos = alimento) - consumem matéria orgânica para obter energia. Os consumidores podem ser classificados em consumidores de primeira ordem (herbívoros, fitófagos), de segunda ordem (carnívoros que comem herbívoros), de terceira ordem (carnívoros que comem carnívoros), etc. (figura 1). Formam-se assim cadeias tróficas, organismos heterotróficos fazendo com que estas cadeias se fechem em círculos. Bactérias e fungos decompõem e finalmente remineralizam a matéria orgânica dos cadáveres e excrementos em matérias solúveis susceptíveis de alimentar de novo os produtores (parte de alguns ciclos biogeoquímicos). Pode-se então falar em metabolismo da comunidade (DUVIGNEAUD, 1996).

Teia alimentar.jpg

Figura 1: Exemplo hipotético de uma teia alimentar. As linhas representam interações tróficas.

Este tipo de compreensão de alguns dos processos que ocorrem em uma comunidade biológica é chamado teias ou cadeias alimentares, ou seja, uma representação de várias vias de fluxo de energia, interconectadas através das populações na comunidade, levando-se em consideração o fato de que cada população compartilha recursos e consumidores com outras populações (RICKLEFS, 2010). Em uma teia alimentar, a transferência de energia, desde a fonte nas plantas, ocorre através de uma série de organismos com a repetição dos fenômenos de comer e ser comido. A cada transferência, uma larga proporção - de 80 a 90 por cento - da energia é perdida na forma de calor. Portanto, o número de passos ou elos numa sequência é limitado a quatro ou cinco, usualmente. Quanto mais curta for a teia (ou quanto mais perto o organismo estiver do seu início), maior será a energia disponível (ODUM, 2001).

Figura 2: Pirâmide energética. Neste tipo de representação, é resaltada a perda de energia ao longo da teia alimentar.

Portanto, nas teias alimentares, há perda de energia quando a matéria passa de um nível trófico para outro (quando um organismo é consumido por outro), pois somente parte da energia é transformada em biomassa, o restante sendo gasto com a produção de energia (respiração). Assim, os vegetais, produtores primários que realizam a fotossíntese, transformam energia solar em energia química contida no corpo da planta (biomassa) sem perda considerável de energia. Agora, pensando no nosso consumo, assim como de qualquer herbívoro, quando comemos estes vegetais, estamos absorvendo uma maior parte da energia absorvida do sol do que quando comemos carne, isto é, o desperdiço de energia é menor, quando pensamos no ecossistema (observe a figura 2).

Pensando na produção de alimentos, isto determina que as áreas destinadas à produção de vegetais são bem menores do que para a criação de animais, reduzindo os impactos ambientais. Por exemplo, se formos comer soja, uma dada área terá que ser plantada para a produção dos grãos, mas se formos comer carne de gado criado com ração (à base de soja), uma área bem maior de soja terá que ser plantada para nos alimentar com a mesma quantidade de calorias.

Consumo de carne

Trataremos agora de alguns aspectos relacionados à produção de carne: desmatamento para a formação de pastos e plantio de soja (para exportação, usada na Europa para fazer ração animal); perda de serviços ambientais (produção de água, purificação do ar, controle do clima) e o gás metano produzido pelo gado bovino (flatulências e arrotos), que contribui muito para o agravamento do aquecimento global. Além destes problemas, ainda existe a perda de biodiversidade por causa da destruição de habitats.

A produção de carne, sobretudo a bovina, gera forte impacto ambiental. O desmatamento da Amazônia deve-se, essencialmente, à ampliação de áreas para pastagens e plantio de soja. No caso do cerrado brasileiro, ainda em relação à soja, a pressão é muito maior por ser uma frente de expansão agrícola mais antiga. Desta forma, dentre os vários aspectos negativos no que toca ao consumo de carne, podemos destacar o desmatamento e suas diversas consequências, entre elas, a perda de biodiversidade e de serviços ambientais. Em julho de 2012, foram registrados 213,6 Km² desmatados na Amazônia (AC, AM, MA, MT, PA, RO e TO) (INPE, 2012), sendo a maior parte nas áreas de ampliação de áreas destinadas a agropecuária.

O gado bovino, principal rebanho do país com cerca de 209,5 milhões de cabeças em 2010 (IBGE, 2011), produz diversos Gases Causadores de Efeito Estufa (GEE): dióxido de carbono (CO2), produzido pela decomposição das fezes e pela respiração; óxido nitroso (N2O), produzido pela decomposição da urina, e gás metano (CH4) decorrente da decomposição das fezes e da fermentação de matéria orgânica no estômago do animal. As emissões brasileiras de GEE podem ser divididas em: advindas do desmatamento (56%), queima de combustíveis fósseis (13,6%), arrotos dos bovinos (11,3%), a partir do solo de áreas de agricultura (8,4%) e outras fontes menores (10.4%) (figura 3) (CERRI et al., 2009).

Figura 3: Emissões brasileiras. Dados Cerri et al, (2009).

Como podemos perceber, a maior parte da emissão de GEE vem da criação de gado, porque esta atividade está ligada ao desmatamento (sobretudo na Amazônia) e à liberação de metano e óxido nitroso (CERRI et al., 2009). Como as atividades agropecuárias têm se intensificado nos últimos anos, assim como um aumento no uso de combustíveis fósseis, as emissões de GEE brasileiras tem aumentado (observe a figura abaixo).

Pegada de carbono.jpg

Figura 4: Pegada de carbono. Observe que as emissões brasileiras aumentaram consideravelmente. Dados: Programa de Desenvolvimento da ONU.

Na figura acima, em tons de marrom estão os países que, de 1990 a 2004, tiveram um aumento de emissões de CO2  per capita. Isto ocorre quando os esforços em frear o CO2 não são suficientes para compensar a expansão econômica. Em verde, estão os países em que houve suficiente redução das emissões em relação ao crescimento do PIB. O cálculo foi realizado da seguinte forma: para medir a pegada de carbono no crescimento do país, calculou-se quantas mil toneladas de CO2 são produzidas para gerar 1 milhão de dólares do PIB. A emissão de carbono per capita é o resultado do total de CO2 emitido dividido pela população, em toneladas por habitante.

Além das emissões e desmatamento relacionados à criação de gado, sobretudo no Brasil, outro problema relacionado ao consumo é a maior utilização de terras para este fim do que para a produção de alimentos de origem vegetal. Isto pode ser melhor entendido quando se compreende alguns aspectos energéticos das teias alimentares. Na figura 5, está registrado o número de pés de alfafa necessários para alimentar um bezerro. Isto demonstra que um grande volume de biomassa vegetal é necessário para alimentar apenas poucas cabeças de gado, que irá alimentar uma criança. Se uma pessoa, ao se alimentar de vegetais, ocuparia o lugar os bezerros no gráfico, ao invés de alimentar uma criança, a mesma área poderia alimentar várias crianças (ou adultos também).

Figura 5: pirâmide numérica

Segundo Rajendra Pachauri, Presidente do IPCC (sigla em inglês para Painel Internacional sobre Mudanças Climáticas, órgão vinculado a ONU), “um granjeiro pode alimentar 30 pessoas durante um ano com um hectare de terra se produzir vegetais, frutas e cereais. Se a mesma área for utilizada para produzir ovos, leite ou carne, o número cai para entre cinco e 10 pessoas” (IHU-UNISINOS, 2009).

Além do desperdício de energia, o consumo de água para produzir um quilograma de carne bovina gira em torno de 13.000 a 15.000 litros. O gasto ambiental (água, desmatamento, perda de solo e biodiversidade, por exemplo) não é somado ao preço do produto, fazendo com que a carne brasileira possa ser vendida a preços competitivos nos mercados internos e externos. No entanto, isto acarreta impactos ambientais, sendo estes prejuízos divididos por todos nós, enquanto o lucro fica concentrado, basicamente, na cadeia produtiva da carne. Outros custos ambientais, como a perda de biodiversidade e comprometimento de serviços ambientais, também não são somados ao custo final destas commodities.

Segundo José Graziano, brasileiro que é o atual Diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), "as práticas e os padrões de consumo são insustentáveis. Hoje, usamos 15 mil litros de água para produzir um quilo de carne" e que "Bill Gates disse que todo o sistema de governança da agricultura e da alimentação global é obsoleto e ineficiente. A afirmação é radical, mas concordo com ele" (COSTA, 2012).

Compreender o consumo de carne a partir desta ótica é importante para se ter uma ideia dos impactos ambientais advindos deste comportamento. A questão central não é parar de consumir carne, mas consumir de forma a atender as necessidades nutricionais de cada indivíduo, sobretudo no caso de populações pobres que podem ter dificuldades em substituir a carne por fontes alternativas de proteína.

Apesar do exposto acima, para reduzir o impacto da nossa alimentação sobre o meio ambiente não basta apenas reduzir o consumo de carne e, por exemplo, viver apenas de batata-frita. Outro aspecto a ser considerado é que o excesso no consumo de calorias é prejudicial ao meio ambiente e à saúde das pessoas.

Consumo de calorias e carne e a saúde humana

Continuando o raciocínio do desperdiço, se consumimos mais calorias do que o necessário (neste caso, de qualquer fonte alimentar, não apenas carne), além de prejudicial à saúde (obesidade, diabetes tipo 2, problemas cardíacos, entre outros), é também prejudicial ao meio ambiente, pois este excesso de energia consumida é também uma forma de desperdício.

Fazendo uma analogia, se você toma um banho longo, isto é, por um período maior do que o necessário, você está desperdiçando energia, quanto a isto não há duvidas, correto? O mesmo raciocínio é aplicável ao desperdiço de calorias, pois, ao consumir um excesso de calorias (mais comida do que o necessário), estamos desperdiçando energia e aumentando os impactos sobre o meio ambiente.

Um maior consumo de carne está diretamente relacionado à produção em larga escala e a mudanças do comportamento alimentar das pessoas nos últimos anos, com o aumento do consumo de produtos prontos (fast food), aumento da quantidade de calorias consumidas – por exemplo, o consumo de carne gordurosa e carboidratos, como batata-frita - e redução de alimentos ricos em fibras e outros, considerados mais saudáveis, como verduras e frutas. O resultado desta combinação é o surgimento de doenças, essencialmente causadas pelos hábitos das pessoas, isto é, má alimentação e falta de atividade física, tendo uma variável influência genética. Um exemplo da combinação deste vários comportamentos é o surgimento da Síndrome Metabólica que pode ser definida, segundo Penalva (2008), como um grupo de fatores de risco inter-relacionados, de origem metabólica, que diretamente contribuem para o desenvolvimento de doença cardiovascular e diabetes do tipo 2.

Estudos realizados em protozoários, insetos, roedores e primatas não-humanos indicam que a restrição do consumo calórico diminui a incidência de doenças e aumenta o tempo de sobrevivência controlando, desta forma, o processo de envelhecimento. Segundo Tappy (2004), em alguns estudos, a restrição de energia diminui a taxa de consumo de oxigênio por quilograma de peso corporal magro, indicando uma redução do metabolismo tecidual. Em relação a essa diminuição da taxa metabólica tecidual, a restrição de energia diminui a síntese de espécies reativas de oxigênio e, consequentemente, o estresse oxidativo imposto ao organismo. As espécies reativas de oxigênio geradas durante o estresse oxidativo causam desativação enzimática, induzem mutações do DNA ou alteram as membranas celulares.

A restrição de energia também pode reduzir as concentrações plasmáticas de glicose e de insulina e melhorar a sensibilidade à insulina (fatores que reduzem o risco de diabetes Tipo 2). Foi também constatado que a restrição de energia está associada à indução do sistema de reparo do DNA, reduzindo lesões celulares e mutações.

Enquanto o consumo diário médio de calorias no mundo desenvolvido é de 3.315 calorias por habitante, no restante do globo ele cai para 2.180 calorias diárias por habitante. Metade dos habitantes da Terra ingere uma quantidade de alimentos inferior às suas necessidades básicas. Cerca de um terço da população do mundo ingere 65% dos alimentos produzidos.

Para gasta a quantidade energética de uma dieta com 3.315 calorias diárias, o indivíduo tem que ser um atleta. Como a maioria da população mundial é sedentária, surgem os problemas de saúde. Nos países europeus e EUA, a epidemia de obesidade e doenças correlacionadas, diabetes tipo 2 e doenças cardíacas, por exemplo, já é uma realidade há algumas décadas, e nos últimos anos passou a ocorrer em outros países, como o Brasil. Isto significa que tem muita gente perdendo qualidade de vida e morrendo porque come muito!!!

Esta epidemia de obesidade é só mais um resultado do modo de vida excludente que vivemos. Os meios de comunicação exercem uma pressão tão grande sobre as pessoas, induzindo o consumo de mercadorias em geral, que o consumo de alimentos extremamente calóricos, doces e produtos gordurosos são uma via de escape. Que ironia, enquanto quase 1/7 da população mundial quer comer para poder depois resolver seus problemas, outra parte significativa come para esquecer os problemas!

 “Se temos 1 bilhão de pessoas que passam fome por não ter dinheiro para comprar comida e outro bilhão de clinicamente obesos, alguma coisa está obviamente errada”, alerta Janice Jiggings, do Instituto Internacional para Meio Ambiente e Desenvolvimento em Londres. “O sistema agrário saiu do controle e, no futuro, não estaremos mais em condições de nos alimentar de forma pacífica e civilizada. Precisamos mudar todo o sistema. O consumidor já nota isso e, aos poucos, os políticos também.” (JEPPESEN, ZAWADZKY e ABDELMALACK, 2009).

 

Soluções

Avanços tecnológicos são apontados como a saída para a redução dos impactos ambientais advindos da pecuária. Estes avanços referem-se ao aumento da produtividade, diminuindo a pressão por novas áreas de pastagens e, ainda assim, atendendo ao crescimento da demanda por proteína bovina nos mercados interno e externo. Argumentos desse gênero deixam de lado um aspecto essencial: boa parte das emissões de GEE decorrentes das criações de bois advêm do próprio animal (decomposição de fezes e urina e fermentação entérica). Desta forma, o aumento da produtividade por área levará à redução de emissões por causa de desmatamento, mas acarretará a seu aumento por causa do maior número de bois, podendo superar as emissões evitadas.

Este tipo de abordagem também desconsidera a importância de uma mudança do comportamento por parte dos consumidores que, diminuindo o consumo de carne, estarão reduzindo também sua pegada ecológica. Este aspecto é muitas vezes ridicularizado por aqueles que veem nos avanços tecnológicos o caminho para as soluções dos problemas ambientais. Porém, esta visão ignora a raiz do problema, que é a cultura do consumismo, base do modo civilizatório contemporâneo, principalmente quando se foca nas camadas das pessoas mais ricas, que poluem muito. Se a pegada ecológica desta camada fosse estendida a todas as outras pessoas, iríamos precisar de vários planetas para atender às nossas necessidades (LAMIM-GUEDES, 2011).

Um aspecto que fortalece essa visão “tecnologista” é o grande investimento financeiro feito nessas alternativas, configurando um mercado promissor, o que se converte num ponto de grande interesse das grandes corporações, mantendo o aumento de suas divisas e áreas de atuação. Isto fica claro quando se observa o volume de investimentos em educação - uma ínfima parte do total gasto em investimentos em novas tecnologias –, apesar da relevância das iniciativas educacionais.

Atividades sugeridas

Atividade 1: Consumo de Carne: entendendo cadeias alimentares.

Objetivo: discutir como o consumo de carne pode ser visto como uma grande perda de energia, a partir do entendimento de diferentes cadeias alimentares.

Tempo (em minutos): 50 minutos

Quantidade de pessoas: 30

Material necessário:

  • Cartolina
  • Cola
  • Lápis de cor
  • Revistas e Jornais (para serem recortados)

Descrição da prática:

Esta prática consiste na montagem de um cartaz com duas cadeias alimentares: homem como herbívoro (consumidor de 1ª. ordem); e, homem como carnívoro (consumidor de 2ª. ordem). Exponha que, nos ecossistemas, a quantidade de energia disponível diminui na medida em que vai sendo transferida de um nível trófico para outro, porque parte da energia nos organismos é perdida por respiração, excreção e renovação do corpo (perda de folhas em plantas, por exemplo). Com isto, cada elo da cadeia absorve aproximadamente 10% da energia disponível no elo anterior.

Seguindo este raciocínio, argumente que o homem absorve 10% da energia solar utilizada pelas plantas quando é um herbívoro, e absorve apenas 1% desta energia quando carnívoro, representando um grande desperdício de energia. Este desperdício traduz-se numa maior destinação de terras para a produção de alimentos (aumento da pegada ecológica), agravando a degradação dos ambientes naturais, como ocorre na região amazônica, com o desmatamento para a formação de pastagens. Comente que o ideal é reduzir a quantidade de carne consumida, restringindo às necessidades nutricionais diárias, que são bem menores do que o consumo atual de carne.

Atividade 2: Consumo de carne: impactos ambientais

Objetivo: discutir o consumo de carne e os impactos na saúde e no ambiente.

Tempo (em minutos): 20 minutos

Quantidade de pessoas: 30

Material necessário:

  • Cartolina
  • Cola
  • Lápis de cor
  • Quadro-negro
  • Revistas e jornais (para serem recortados)

Descrição da prática:

Monte um cartaz sobre o consumo de carne feito com recortes de revista colados sobre cartolina. Auxilie os alunos na escolha das informações e dos recortes que irão compor o cartaz. Selecione informações a favor e contra o consumo de carne. Por exemplo, a carne é fonte de aminoácidos e de ferro, muito importantes para a nutrição dos alunos; por outro lado, seu consumo exagerado pode levar a problemas cardíacos (por causa do colesterol, por exemplo).

Comente com os alunos que o consumo de vegetais é responsável por uma menor pegada ecológica, visto que uma área muito menor tem que ser destinada à produção de alimentos de origem vegetal. Uma estatística que pode ser apresentada é a seguinte: uma área de 24 mil m2 pode alimentar 24 pessoas, se estas se alimentarem de vegetais, e alimentar apenas uma, se esta consumir carne, leite e outros derivados de origem animal.

Por fim, apresente os problemas ambientais causados pela produção de carne, por exemplo, eliminação de gases causadores de efeito estufa e desmatamento, sobretudo na região amazônica. O objetivo desta prática não é condenar o consumo de carne: é importante afirmar que o consumo de carne é necessário, mas com limites.

Atividade 3

Uma iniciativa interessante é divulgar campanhas que tratem do que foi tratado neste texto. Uma campanha que pode ser divulgada é a “segunda-feira sem carne”. Esta campanha se propõe a conscientizar as pessoas sobre os impactos que o uso de carne para alimentação tem sobre o meio ambiente, a saúde humana e os animais, convidando-as a tirar a carne do prato pelo menos uma vez por semana e a descobrir novos sabores (SEGUNDA SEM CARNE, 2011).

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Figura 6: cartaz que faz parte do material de divulgação da campanha “Segunda sem Carne”. Fonte Segunda Sem Carne (2011).

Existente em vários outros países, como nos Estados Unidos e no Reino Unido (onde é encabeçada pelo ex-Beatle Paul McCartney) e apoiada por inúmeros líderes internacionais, a campanha foi lançada em São Paulo em outubro de 2009 numa parceria da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) com a Secretaria do Verde e Meio Ambiente (SVMA) da prefeitura da São Paulo, posteriormente estendendo-se a várias outras cidades brasileiras.

Os inúmeros líderes internacionais apresentam suas opiniões sobre o consumo de carne nesta campanha, destacamos duas a seguir: Segundo Paul McCartney: “parar de comer carne pelo menos um dia por semana é uma mudança significativa que todos podem adotar” e segundo Rajendra Pachauri, presidente do IPCC, "há uma grande emissão de gases do efeito estufa no processo para se comer um bife".

Além de campanhas organizadas, existem diversas manifestações sobre a redução do consumo de carne e/ou calorias, por exemplo, grafites que podem ser observados em várias cidades brasileiras, como em São Paulo.

Figura 7: Grafite sobre a redução do consumo de carne, São Paulo, janeiro 2010. Foto: V. Lamim-Guedes.

Atividade 4

O consumo de carne e de calorias faz parte da pegada ecológica da pessoa, desta forma, é muito didático utilizar o conceito de pegada ecológica em atividades com os alunos para debater os impactos antrópicos. Este assunto já foi tratado em outra prática publicada na Revista Educação Ambiental em Ação (ver Lamim-Guedes, 2011). 

 

Bibliografia

CERRI, C. C.; MAIA, S. M. F.; GALODS, M. V.; CERRI, C. E. P.; FEIGIL, B. J.; BERNOUX, M. Brazilian greenhouse gas emissions: the importance of agriculture and livestock. Sci. Agric. (Piracicaba, Brazil), 66(6), 2009. 831-843.

COSTA, R. José Graziano: "Hoje não existe escassez de alimentos". Isto É Independente, 2012. Disponivel em: . Acesso em: agosto 2012.

DUVIGNEAUD, P. A Síntese Ecológica. 2. ed. Lisboa: Instituto Piaget, 1996. 786 p.

IBGE (INSTITUTTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA). PPM 2010: Rebanho bovino nacional cresce 2,1% e chega a 209,5 milhões de cabeças, 2011. Disponível em: . Acesso em: agosto 2012.

IHU-UNISINOS (INSTITUTO HUMANITAS UNISINOS). Ecologia e pecuária. Tendência mundial de consumo crescente de carne é insustentável, 2009. Disponível em: . Acesso em: agosto 2012.

INPE (INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS). http://www.obt.inpe.br/deter/. Coordenação-geral de observação da Terra - OBT (relatórios mensais de desmatamento na Amazônia), 2012. Disponível em: . Acesso em: agosto 2012.

JEPPESEN, H.; ZAWADZKY, K.; ABDELMALACK, R. Fome é causada pela má distribuição e não pela falta de alimentos. Agência Deutsche Welle, 2009. Disponível em: . Acesso em: Agosto 2012.

LAMIM-GUEDES, V. Uso da pegada ecológica em atividades educativas. Educação Ambiental em Ação, 38, 2011.

ODUM, E. P. Fundamentos de ecologia. 6. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2001.

PENALVA, D. Q. F. Síndrome metabólica: diagnóstico e tratamento. Rev Med (São Paulo), 87(4), 2008. 245-250.

RICKLEFS, R. E. A Economia da Natureza. 6. ed. EGK, 2010.

SEGUNDA SEM CARNE. O que é a campanha?, 2011. Disponível em: . Acesso em: agosto 2012.

TAPPY, L. Metabolic consequences of overfeeding in humans. Current Opinion in Clinical Nutrition & Metabolic, 7(6), 2004. 623-628.

Ilustrações: Silvana Santos