É dentro do coração do homem que o espetáculo da natureza existe; para vê-lo, é preciso senti-lo. Jean-Jacques Rousseau
ISSN 1678-0701 · Volume XXII, Número 89 · Dezembro-Fevereiro 2024/2025
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IMPORTÂNCIA DO CULTIVO DO INHAME PARA AGRICULTORES FAMILIARES DO MUNICÍPIO DE BONITO-PE Josefh Gustafson Luann Pereira Santos1 Eng. Agrônomo.Dpto. Agronomia, UFRPE, Garanhuns-PE, 55292-270. E-mail: josefh.s@gmail.com
Luan Danilo Ferreira de Andrade Melo2 Eng. Agrônomo. Mestre em Produção Agrícola. Dpto. Agronomia-Tecnologia e Produção de Sementes, UFRPE. E-mail: luan.danilo@yahoo.com.br
João Luciano de Andrade Melo Junior3 Eng. Agrônomo. Mestrando em Produção Agrícola. Dpto. Agronomia-Área Entomologia, UFRPE, Garanhuns-PE, 55292-270. E-mail: luciiano.andrade@yahoo.com.br
Raíssa Cardoso Tenório4 Graduanda em Medicina Veterinária. UFRPE, Garanhuns-PE, 55292-270. E-mail: raissa_t91@hotmail.com
André Luiz de Almeida Gomes 5 Eng. Agrônomo.Dpto. Agronomia, UFRPE, Garanhuns-PE, 55292-270. E-mail: andre_zinho182@hotmail.com
RESUMO: No Brasil, a região nordeste destaca-se na produção do inhame, sendo os estados da Paraíba, Pernambuco e Bahia, os grandes responsáveis por este desempenho. O objetivo geral desse trabalho foi saber a importância da cultura do inhame, bem como divulgar conhecimentos e tecnologias alternativas para produção de sementes de boa qualidade, com isso proporcionar aumento de produção e produtividade, redução de custos de implantação e melhorar a qualidade de vida do pequeno agricultor. Optou-se por uma troca de ideias com os produtores, apresentando as novidades para a cultura do inhame, em seguida foi aplicado um questionário para identificar o perfil dos mesmos. Os resultados permitem esclarecer as dificuldades encontradas pelos agricultores familiares de Bonito-PE em aumentar a produção da cultura do inhame, visto que: produzem como principal fonte de renda, mesmo sabendo que a produção não compensa e o cultivo do inhame é passado de geração para geração.
PALAVRAS-CHAVE: Brasil, Dioscorea cayennensis, Nordeste .
INTRODUÇÃO No Brasil, a região nordeste destaca-se na produção do inhame, sendo os Estados da Paraíba, Pernambuco e Bahia, os grandes responsáveis por este desempenho (GARRIDO et al., 2003). A importância dessa cultura na região é justificada quando analisada sua representatividade na constituição da renda dos produtores. Porém a tecnologia atualmente utilizada constitui-se num dos principais entraves para a ampliação da produção e melhoria da produtividade. Diversos fatores contribuem para depreciação do cultivo tais como: tradicionalismo dos pequenos produtores, uso de tubérculos-semente de qualidade inferior e manejo inadequado (SANTOS et al., 2007). Apesar da importância que a cultura representa para o agronegócio nordestino, a sua produtividade (11.093 Kg/ha) ainda continua baixa, em decorrência das condições inadequadas de manejo da cultura, fertilidade do solo, uso de túberas sementes de qualidade inferior e de problemas fitossanitários (GARRIDO et al., 2003). No município de Bonito – PE pode ser visto essa situação, cuja produção é realizada principalmente por pequenos produtores, que utilizam as mesmas técnicas de seus antepassados, ou seja, tropeçam em condições de cultivo ultrapassadas, as quais não proporcionam bom rendimento da cultura. Assim a preocupação com a qualidade do sistema produtivo é indispensável e a criação de novos rumos tecnológicos para a produção de inhame é de fundamental importância para o aumento da produtividade, redução dos custos e expansão da cultura. Deste modo o estado de Pernambuco demonstra competência e destaque quanto à produção dessa importante cultura, todavia por ser um cultivo cuja exploração é basicamente realizada por pequenos produtores, a aceitação de novas tecnologias esbarra no tradicionalismo. A estratégia de substituição do plantio direto de sementes de inhame por mudas produzidas através de micro-seções das túberas proporciona vantagem da redução drástica da quantidade de sementes necessárias para o plantio, uma vez que ao invés das 180 ou 200 arrobas utilizadas no plantio normal para um hectare, pelo método proposto são necessárias apenas 50 arrobas (SANTOS et al., 2014). Outra vantagem é o uso de espalderamento com arame possibilitando redução do custo de produção em torno de 25% a partir do segundo ano e redução das atividades de agressão ao meio ambiente (COUTINHO et al., 2014). O objetivo geral desse trabalho foi saber a importância da cultura do inhame, bem como divulgar conhecimentos e tecnologias alternativas para produção de sementes de boa qualidade, com isso proporcionar aumento de produção e produtividade, redução de custos de implantação e melhorar a qualidade de vida do pequeno agricultor.
MATERIAL E MÉTODOS O presente trabalho foi realizado no município de Bonito-PE, onde foram realizadas visitas técnicas em propriedades rurais de pequenos produtores de inhame. Foram divulgadas novas tecnologias de produção, tais como: produção de mudas por micro-túberas sementes e espalderamento com arame galvanizado. Inicialmente optou-se por uma troca de ideias com os produtores, apresentando as novidades, em seguida foi aplicado um questionário para identificar o perfil dos mesmos. As questões foram: 1º) Produz a cultura do inhame ou já produziu? 2º) Cultiva em sua propriedade ou é arrendada? 3°) Há quanto tempo a cultura do inhame é explorada na propriedade? 4º) Qual a produtividade? 5°) O investimento compensa a produção obtida? 6°) O investimento é próprio ou empréstimo? Há custeios de crédito do governo? 7°) Planta outras culturas? Quais? 8°) Quais os principais entraves encontrados? 9º) Como é o cultivo de inhame na propriedade? 10º) O que fez de novidade para mudar? 11º) Conhece alguma novidade para o cultivo, melhora na produção? 12º) Alguma instituição já o visitou?
RESULTADOS E DISCUSSÃO Após a realização do trabalho, com as visitas e trocas de conhecimento, foi possível observar que 100% dos agricultores entrevistados plantam a cultura do inhame (Dioscorea cayennensis), sendo 50% em terras próprias e 50% arrendadas. Quando perguntados sobre quanto tempo à cultura do inhame é explorada nas propriedades, observou-se uma média de 7,8 anos de cultivo do cara-da-costa, porém com uma variação desde 1 a 15 anos (Gráfico 1).
Gráfico 1. Variação de tempo de cultivo do inhame (Dioscorea cayannensis) de 10 agricultores familiares de uma comunidade rural do município de Bonito – PE.
No gráfico 2 é possível analisar que a produtividade na localidade realmente é baixa, com uma média de 1,86 arrobas por sulco (10m) de inhame, com valores desde 1 a 2,5 arrobas por sulco. Para um hectare a produtividade média desses agricultores é de 19.530 kg/ha.
Gráfico 2. Produtividade média de inhame encontrado nas 10 propriedades.
Atrelado a esse dado constatou-se que o investimento, segundo 60% dos entrevistados, não compensa a produção e que para recompensar buscam alternativas com exploração de outras culturas como banana comprida, feijão, milho, repolho e batata doce. Para 20% dos entrevistados a compensação da produção depende ou do custo de produção ou do preço de venda e, para os 20% restante a produção compensa o investimento. Com isso relatou-se que esses 40% (produção compensa + depende) cultivam apenas a cultura do inhame. Ainda neste contexto, as respostas independeram do tipo de investimento, 50% era de investimento próprio e 50% a partir de crédito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF). O principal entrave encontrado atualmente foi à aquisição de insumos tais como as varas, que servem como tutor, e adubo orgânico, os quais eram dificultados pela fiscalização do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) com a utilização de madeiras legalizadas e pelos preços altos do adubo. No entanto, historicamente refletem que a comercialização também é uma limitação do cultivo, sendo obrigados, na maioria dos casos, a venderem sua produção a atravessadores por preços inferiores.
CONCLUSÕES Os resultados permitem esclarecer as dificuldades encontradas pelos agricultores familiares de Bonito-PE em aumentar a produção da cultura do inhame, visto que: produzem como principal fonte de renda, mesmo sabendo que a produção não compensa e o cultivo do inhame é passado de geração para geração.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRITO, Noelma Miranda de. Estudo da fisiologia e variabilidade genética de Curvularia eragrostidis na cultura do inhame. Areia – PB, 2006. Dissertação de Mestrado em Agronomia. COUTINHO, Giseldo Viegas; MELO, Gilson Soares de; TABOSA, José Nildo; MENEZES, Dimas; SIMPLÍCIO, BENTO, Josimar; REIS, Odemar Vicente dos; FILHO, Clodoaldo José da Anunciação; GOMES, Roberto Vicente; OLIVEIRA, José de Paula. Uso do arame no espaldeiramento do inhame (Dioscorea spp.) em Pernambuco – comparativo com o sistema tradicional de cultivo. Disponível em http://www.abhorticultura.com.br/biblioteca/arquivos/ oad/Biblioteca/olfg4006c.pdf acesso em 25 de março de 2014. GARRIDO, Marlon da Silva; SOARES, Ana Cristina Fermino; MENDES, Luciene do Nascimento; PEREZ, Jane Oliveira. O Estudo de novas tecnologias para a produção de inhame no Estado da Bahia. Revista Bahia Agrícola, v.6, n.1, novembro, 2003. SANTOS, Elson Soares dos; CAZÉ FILHO, Jorge; LACERDA, José Teotônio de; CARVALHO, Rêmulo Araújo. Inhame (Dioscorea sp.) Tecnologias de produção e preservação ambiental. Tecnologia & Ciência Agropecuária, João Pessoa, v.1, n.1, p.31-36, setembro, 2007. SILVA, Almir Dias Alves da. Novas Opções Tecnológicas Para o Cultivo do Inhame (Dioscorea sp.) no Nordeste do Brasil. Disponível em www.emepa.org.br/anais/volume1/av105.pdf e acesso em 25 de março de 2014. |