O conhecimento liberta, a ciência ilumina, informação salva vidas! – André Trigueiro
ISSN 1678-0701 · Volume XXII, Número 87 · Junho-Agosto/2024
Início Cadastre-se! Procurar Área de autores Contato Apresentação(4) Normas de Publicação(1) Artigos(4) Dicas e Curiosidades(5) Reflexão(13) Para Sensibilizar(1) Dinâmicas e Recursos Pedagógicos(7) Dúvidas(2) Entrevistas(1) Culinária(1) Arte e Ambiente(1) Divulgação de Eventos(7) O que fazer para melhorar o meio ambiente(4) Sugestões bibliográficas(1) Educação(1) Você sabia que...(1) Educação e temas emergentes(7) Ações e projetos inspiradores(27) Cidadania Ambiental(1) O Eco das Vozes(1) Do Linear ao Complexo(1) A Natureza Inspira(1) Relatos de Experiências(5) Notícias(24)   |  Números  
Dinâmicas e Recursos Pedagógicos
30/05/2024 (Nº 87) APLICAÇÕES DA FOTOGRAFIA DE VIDA SELVAGEM – EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Link permanente: http://revistaea.org/artigo.php?idartigo=4815 
  

APLICAÇÕES DA FOTOGRAFIA DE VIDA SELVAGEM – EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Imagens de animais estão entre as principais ferramentas que auxiliam na conservação das espécies e na proteção dos biomas.

Fábio Fernandes Teixeira

Bem-vinda(o) de volta à nossa série sobre as aplicações da fotografia de vida selvagem! Hoje, no segundo capítulo, vamos discutir sobre as utilidades dessa atividade para a educação ambiental.

Resumindo a definição criada durante Conferência Internacional de Tbilisi (1977), educação ou conscientização ambiental é basicamente o ato de ensinar qualquer pessoa sobre a importância das relações entre humanos e seus hábitos culturais, animais e o meio ambiente, geralmente destacando como essas interações podem se manifestar no nosso dia a dia. Essa missão pode ser realizada através de diversas maneiras, seja em salas de aula, campanhas de publicidade, atividades práticas, mídias ou, no caso do tema de hoje, fotografias.

Na minha opinião, a fotografia de animais é umas das principais ferramentas que auxiliam na conservação das espécies e na proteção dos biomas. Isso porque as imagens têm o poder de aproximar as pessoas de uma parte da fauna silvestre que elas quase não têm contato (normalmente a ameaçada), muitas vezes nem sabendo da existência da espécie em questão e dos problemas que ela está sofrendo.

Apoie o jornalismo em defesa
dos animais silvestres

SAIBA COMO

Assim como foi discutido no primeiro artigo desta série (sobre a aplicação na Ciência), o avanço da tecnologia dos equipamentos foi tão importante para a educação ambiental quanto para a Ciência. Além da maior facilidade na obtenção dos registros e da melhoria nas qualidades técnicas das imagens, o desenvolvimento de plataformas como redes sociais, sites e portfólios on-line foi fundamental para explodir o alcance de divulgação das fotos. Hoje em dia, moradores de grandes centros urbanos podem abrir o Instagram a qualquer momento para ter contato (mesmo que virtual) com o que acontece na natureza.

Mas então, o que uma foto precisa para ter valor e utilidade dentro da educação ambiental?

Se você pensou que a mensagem contida na foto (explícita ou implícita) é o ingrediente principal, você está certa(o). Mas vamos destrinchar um pouco mais sobre as formas que essa mensagem pode ser transmitida nas imagens:

Empatia

Você já deve ter ouvido falar no termo “fofofauna”, que apesar de ser usado de maneira exagerada em certas situações, tem a sua influência dentro da fotografia. Animais “fofinhos”, bonitos, coloridos ou com expressões faciais e personalidades fortes tendem a gerar laços carinhosos e duradouros com o público.

Além disso, cenas que mostram a emoção entre indivíduos também costumam causar o mesmo efeito (por exemplo, uma foto de uma mãe alimentando seus filhotes). Gerar empatia é o primeiro passo para fazer com que as pessoas se importem com um ser vivo e, consequentemente, com o hábitat em que ele vive. Basta aliar este “apelo” com espécies que necessitam de visibilidade para serem protegidas e voilá, é possível chamar a atenção de um grande público que poderá se organizar para auxiliar nesse objetivo.

Essa categoria se tornou tão popular que uma competição internacional foi criada para coroar o animal ou a cena mais engraçada de cada ano, a “Comedy Wildlife Photography Awards” (traduzindo livremente para Prêmio de Fotografia de Vida Selvagem de Comédia). Acesse para dar uma olhada nos vencedores e novos candidatos e dar umas boas risadas.

Impacto

Outro tipo de mensagem completamente diferente, porém que gera resultados parecidos, está nas imagens fortes e chocantes, que geram impacto. Às vezes, é necessário mostrar realidades tristes e cruéis para abrir os olhos das pessoas em relação a algum problema recorrente.

Em alguns casos, por incrível que pareça, isso chega a ser necessário para convencer a acreditarem que aquilo realmente está acontecendo. Geralmente os temas mais abordados nessa categoria são caça, tráfico de fauna, maus-tratos, desastres naturais ou frutos da ação humana, perda de hábitat, mudanças climáticas etc. O único problema dessa abordagem é que, dependendo do quão gráfica é a imagem, algumas plataformas e estabelecimentos podem censurar ou impedir a publicação, reduzindo um pouco seu alcance.

Um exemplo relativamente recente da efetividade dessa técnica aconteceu durante as queimadas no Pantanal em 2020, quando fotógrafos como Araquém Alcântara, Lalo de Almeida e Gustavo Basso tiveram suas tristes e chocantes fotografias espalhadas pelo planeta, proporcionando uma atenção mundial para a tragédia que estava acontecendo em um dos nossos principais biomas. Confira algumas imagens de cada um: Gustavo BassoAraquém Alcântara e Lalo de Almeida.

Textos auxiliares

É verdade que uma imagem diz mais do que mil palavras, mas às vezes as mil palavras também podem ter sua vez. O que quero dizer é que, para a educação ambiental, é praticamente fundamental acompanhar as fotos com textos informativos, ainda mais nas plataformas que oferecem esse espaço. Depois de prender a atenção com as imagens, chega a hora de convidar o público a ler um pouco sobre o animal, o papel que ele exerce para o meio ambiente e para nós, os problemas que ele enfrenta e até sobre a história de como a foto foi obtida.

Esse estilo caminha lado a lado com a divulgação científica, que também coloca grande ênfase na informação contida nos textos, porém atentando-se um pouco menos à mensagem que a fotografia carrega em si. Vale lembrar sobre a importância da linguagem utilizada nos textos, quanto mais acessível ao público geral, maior será o entendimento e a fixação do conhecimento que está sendo compartilhado.

Curiosidades e desmistificações

Uma última técnica que também costuma ser bastante atrativa para prender o interesse das pessoas em um animal é a utilização dos “fatos curiosos”, que está bem na moda atualmente. Apesar de normalmente não se aprofundarem em relação à conscientização ambiental, essas curiosidades ainda agregam entendimento sobre um determinado animal. Hoje em dia, as pessoas têm cada vez menos tempo e paciência para focar em textos mais longos, portanto essa é uma alternativa que não precisa ser descartada.

Uma forma inteligente de fazer uso desse modelo é associar os fatos com crenças populares criadas pelo senso comum a fim de desmistificá-las. É o caso de, por exemplo, “Você sabia que as jiboias não possuem veneno?. Na verdade, elas matam suas presas se enrolando nelas e sufocando-as, processo conhecido como constrição”. Isso pode ser muito valioso, tendo em vista que muitos desses animais são temidos, desprezados e até assassinados injustamente por conta da falta de conhecimento.

Que outras formas criativas de incorporar a fotografia de vida selvagem na educação ambiental você conhece ou propõe? Estou curioso para saber! Me envie pelo e-mail contato@faunanews.com.br.

Por hoje é só. Chegamos ao fim do nosso segundo artigo da série e gostaria de agradecer novamente pelo seu tempo aqui comigo! Abaixo, deixei mais fotografias que usam algumas estratégias que discutimos.

Um grande abraço e espero você na semana que vem para o último conteúdo desta trilogia, voltado para a arte!



Sobre o autor / Fábio Fernandes Teixeira

Nascido em São Paulo (SP), formando em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e fotógrafo de vida selvagem desde 2017. Ministrou durante dois anos o curso de Fotografia de Vida Selvagem para Iniciantes através de um projeto de extensão do Ministério da Educação. Tem experiência com pesquisas na área de ornitologia, ecologia e comportamento […]

 

Fonte: https://faunanews.com.br/aplicacoes-da-fotografia-de-vida-selvagem-educacao-ambiental/

Ilustrações: Silvana Santos