Não podemos pensar em desenvolvimento econômico, reduzir as desigualdades sociais e em qualidade de vida sem discutirmos meio ambiente. - Carlos Moraes Queiros
ISSN 1678-0701 · Volume XXII, Número 88 · Setembro-Novembro/2024
Início
Cadastre-se!
Procurar
Área de autores
Contato
Apresentação(4)
Normas de Publicação(1)
Podcast(1)
Dicas e Curiosidades(5)
Reflexão(6)
Para Sensibilizar(1)
Dinâmicas e Recursos Pedagógicos(11)
Dúvidas(1)
Entrevistas(2)
Divulgação de Eventos(1)
Sugestões bibliográficas(3)
Educação(1)
Você sabia que...(2)
Reportagem(2)
Soluções e Inovações(3)
Educação e temas emergentes(6)
Ações e projetos inspiradores(24)
Cidadania Ambiental(1)
O Eco das Vozes(1)
Do Linear ao Complexo(1)
Notícias(26)
| Números
|
Dinâmicas e Recursos Pedagógicos
EDUCAÇÃO AMBIENTAL: POESIA E MÚSICA SOBRE NATUREZA PARA INSPIRAR Poesias e músicas que falem sobre a natureza podem ser ótimas aliadas na educação ambiental. 04 DE ABRIL DE 2024 A leitura de poesias e atividades com músicas oferecem boas oportunidades para o desenvolvimento de atividades de educação ambiental Precisamos lançar mão de tudo o que pode sensibilizar a humanidade para o valor do planeta Terra. Uma das formas de tocar o coração das pessoas é por meio da arte. Poesia e música são formas de expressão artística com potencial de despertar a sensibilidade das pessoas e, assim, tocá-las profundamente. Não estamos acostumados a lidar com nosso lado sensível tanto quanto com o racional. O mais lógico normalmente é valorizado por trazer resultados tangíveis e concretos em curto prazo. Nem sempre duram, pois o que é internalizado com base em valores é o que perdura ao longo do tempo. Por isso, uma estratégia que vale a pena ser utilizada é apresentar poesias e músicas cujas letras podem nos inspirar. Não precisamos ser poetas ou músicos, mas temos como aproveitar quem tem o dom da escrita para trazer questões ligadas à natureza, refletir sobre elas e apontar seu valor por si só, sem razões lógicas ou concretas. Essa foi a lógica com que escolhi algumas poesias e músicas que mencionam a natureza em geral ou alguns animais em particular. Em um programa de educação ambiental pode-se utilizar qualquer uma dessas aqui apresentadas e muitas outras, preferencialmente escolhidas de acordo com a idade do grupo com que se está trabalhando. As poesias apresentadas a seguir não foram separadas por faixa etária, nem apenas pela beleza que expressam, mas para exemplificar como linguagens sensíveis e poéticas tocam o leitor. Canção do Exílio em Primeiros Cantos (Gonçalves Dias, 1846) Minha
terra tem palmeiras, Nosso
céu tem mais estrelas, Em
cismar, sozinho, à noite, Minha
terra tem primores, Não
permita Deus que eu morra,
Como utilizar essa poesia na educação ambiental Mostre fotos de sabiás, onde ocorrem e o que precisam para viver. Coloque o som do canto e apresente ao seu grupo. Peça que escrevam sobre quais sentimentos emergiram ao lerem essa poesia e ouvirem o som desses pássaros melodiosos. Depois, incentive àqueles que quiserem ler alto o que escreveram para que todos possam apreciar e refletir sobre o valor dessas aves. Luar do Sertão (Luiz Gonzaga) Não
há, ó gente, ó não Oh
que saudade do luar da minha terra Não
há, ó gente, ó não Se
a lua nasce por detrás da verde mata Não
há, ó gente, ó não Coisa
mais bela nesse mundo não existe Não
há, ó gente, ó não Ai
quem me dera se eu morresse lá na serra Não
há, ó gente, ó não Como utilizar essa poesia/música na educação ambiental Ouça a música com seu público. Peça que prestem atenção à letra para comentarem suas impressões. Quais as imagens que vieram? A partir daí, peça que escrevam, desenhem ou mesmo cantem junto com a gravação. Incentive que compartilhem o que sentiram e as imagens que lhes vieram. De Passarinhos (Manoel de Barros) Para
compor um tratado de passarinhos Como utilizar essa poesia na educação ambiental Vale a pena visitar outras poesias de Manoel de Barros que expressam sua paixão pela natureza. A proposta de um “tratado de passarinhos” é uma imagem poética digna de ser realçada. O grupo pode ler e interpretar as palavras do poeta ao som da Fuga de Bach. Peça que tentem escrever uma poesia utilizando imagens da natureza. Chico Buarque dá um show de criatividade e destreza vernacular quando brinca com os nomes de pássaros brasileiros em sua música Passaredo. Passaredo (Chico Buarque) Ei,
pintassilgo Ei,
quero-quero Como utilizar essa poesia/música na educação ambiental Quem estiver guiando essa atividade pode conseguir ilustrações ou fotos na internet de muitos dos pássaros que Chico Buarque menciona de forma tão poética. Rimar nomes de pássaros brasileiros tão incomuns mostra ser possível criar apesar dos desafios. Essa música pode servir para ilustrar a biodiversidade encontrada no Brasil e outros locais da América Latina, uma vez que fauna não conhece fronteiras impostos pela sociedade e, por isso muitas, vezes ocorre em vários países. Peça que cada um escolha um pássaro e tente desenhá-lo ou que escreva algo sobre suas cores, bicos, patas ou o que mais lhes chama a atenção. Depois peça que discutam sobre a atividade. Tempo de ipê (Carlos Drummond de Andrade) … Estou
florescendo em todos os ipês. Como utilizar essa e outras poesias na educação ambiental Compartilhe com o grupo que a flor do ipê-amarelo é símbolo do Brasil, a partir de um decreto do presidente Jânio Quadros, de 27 de junho de 1961. A escolha levou em conta o fato de a espécie estar presente em todas as regiões do território nacional. Compartilhe também conhecimentos sobre como florescem no final do inverno, quando tudo está seco e árido. Assim, a explosão de beleza durante a floração chama ainda mais atenção e ocorre nesse período por ser o melhor para a disseminação das sementes. Junte o grupo com o qual está trabalhando e peça que algum voluntário leia alto esse fragmento de poesia de Drummond. Sugira que quem estiver ouvindo fique de olhos fechados. Quando acabar, peça que abram os olhos e relatem o que sentiram e o que viram em suas mentes. Dê um papel a cada um e peça que escrevam algo sobre os ipês ou que os desenhe como puderem. Incentive que compartilhem suas impressões sobre essa atividade com todos. Por último, compartilho a poesia de uma jovem que encontrei recentemente em uma reunião de conservacionistas, ex-alunos (alumni) do Education for Nature – WWF, realizado em Antigua, Guatemala. Bárbara I. Escobar Anleu declamou sua poesia em um “show de talentos” improvisado, sensibilizando profundamente a todos os presentes. Aliás, foi um presente às nossas almas! Como si fuera selva/el ritual del permiso (Como se fosse uma selva/o ritual da permissão) Pido
permiso al entrar a la montaña, | Peço permissão
ao entrar na montanha, Pido
perdón | Peço perdão Me
detengo para que las aves | Eu paro para que os
pássaros Si
con ese cuidado, respeto y ternura | Sim, com esse cuidado,
respeito e ternura Como utilizar essa poesia na educação ambiental Sugira que alguém leia a poesia em voz alta e peça aos demais que fechem os olhos. Incentive que descrevam o que sentiram e como imaginam que devem entrar em alguma mata daí em diante. Pergunte quais os aspectos dos cuidados relatados mais chamaram a atenção. Distribua uma folha de papel e peça que escrevam suas próprias poesias ou que desenhem o que sentiram durante a leitura. Quando pronto, sugira que compartilhem o que fizeram com o grupo e que reflitam sobre a atividade e sobre os sentimentos que emergiram. São inúmeras as músicas e poesias que poderiam ter sido trazidas nesse texto. A ideia é despertar a riqueza que temos no Brasil e no mundo, não só na natureza de nossos biomas, mas nas culturas em geral. O universo disponível é imenso para ser utilizado em programas educacionais. As ideias aqui expostas visam despertar a curiosidade, a magia da criação e a reflexão do que podemos fazer para melhorar nosso planeta. Temos que lutar contra as marés da destruição. Como bem disse Albert Schweitzer: “O mundo tornou-se perigoso, porque os homens aprenderam a dominar a natureza antes de se dominarem a si mesmos”. Esse pode ser um papel da educação ambiental: o de trazer ferramentas que ajudem a estancar o lado destruidor do ser humano, despertando seu senso de maravilhamento pela vida. Observação:
as opiniões, informações e dados divulgados Sobre o autor / Suzana Padua Doutora em desenvolvimento sustentável pela Universidade de Brasília e mestra em educação ambiental pela Universidade da Flórida (EUA). Atua em educação ambiental desde 1988, quando criou um programa no Pontal do Paranapanema (SP) ligado a áreas naturais, espécies ameaçadas e envolvimento das comunidades locais. Realiza pesquisas em educação ambiental e publicou inúmeros trabalhos no Brasil […] Fonte: https://faunanews.com.br/educacao-ambiental-poesia-e-musica-sobre-natureza-para-inspirar/
|