O conhecimento liberta, a ciência ilumina, informação salva vidas! – André Trigueiro
ISSN 1678-0701 · Volume XXII, Número 87 · Junho-Agosto/2024
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30/05/2024 (Nº 87) DESAFIOS E PERSPECTIVAS DO NOVO ENSINO MÉDIO: CONTRIBUIÇÕES E VIVÊNCIAS DAS CIÊNCIAS DA NATUREZA
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DESAFIOS E PERSPECTIVAS DO NOVO ENSINO MÉDIO: CONTRIBUIÇÕES E VIVÊNCIAS DAS CIÊNCIAS DA NATUREZA

Kamila Weber Blasius¹, Talita Laura Góes²

¹ Mestre em Educação - UNISUL: kamila4b4@gmail.com

² Dra em Geografia - Universidade Federal de Santa Catarina: talitalaura.goes@gmail.com

RESUMO

Esta pesquisa é um relato de experiência de estudantes e professora, a partir da vivência no componente curricular eletivo da área de Ciências da Natureza, “Experimentação e outras práticas investigativas”, no Novo Ensino Médio (NEM). Este estudo analisou o impacto do Novo Ensino Médio, explorando os diferentes aspectos, desafios e contribuições da disciplina eletiva, na vida dos/as estudantes. Portanto, buscou-se compreender como foi vivenciado, quais os desafios e perspectivas que os estudantes identificaram e expressaram até o momento, no contexto dessa reformulação educacional. A palavra educação precisa ser colocada no palco, no centro das atenções de toda a sociedade educadora. Este relato de experiência ecopedagógico se caracteriza como uma pesquisa qualitativa, de natureza exploratória e descritiva, que utiliza o método dialético de análise da realidade, compreendida pelo materialismo histórico dialético. Os resultados indicam que a abordagem ecopedagógica e a ênfase em práticas investigativas têm impactado positivamente a compreensão dos estudantes sobre a interdependência entre seres humanos e natureza. No entanto, a avaliação do Novo Ensino Médio também aponta para desafios a serem superados, como a carga horária, já sendo revisada, e o acompanhamento dos conteúdos. Esses resultados oferecem insights valiosos para o aprimoramento contínuo do currículo e da metodologia educacional, buscando proporcionar aos estudantes uma experiência mais enriquecedora e satisfatória às suas necessidades e aspirações.

Palavras-chave: Novo Ensino Médio. Ciências da Natureza. Relato de experiência. Educação ecopedagógica e emancipatória.



ABSTRACT

This research is a report on the experience of students and teachers, based on their experience in the elective curricular component of the Natural Sciences area, “Experimentation and other investigative practices”, in the New High School (NEM). This study analyzed the impact of the New High School, exploring the different aspects, challenges and contributions of the elective subject on the lives of students. Therefore, we sought to understand how it was experienced, what challenges and perspectives the students have identified and expressed so far, in the context of this educational reformulation. The word education needs to be placed on the stage, at the center of attention of the entire educational society. This eco-pedagogical experience report is characterized as qualitative research, of an exploratory and descriptive nature, which uses the dialectical method of analyzing reality, understood by dialectical historical materialism. The results indicate that the ecopedagogical approach and the emphasis on investigative practices have positively impacted students' understanding of the interdependence between human beings and nature. However, the evaluation of the New Secondary Education also points to challenges to be overcome, such as the workload, which is already being revised, and the monitoring of content. These results offer valuable insights for the continuous improvement of the curriculum and educational methodology, seeking to provide students with a more enriching and satisfying experience for their needs and aspirations.

Keywords: New High School. Natural Sciences. Experience report. Ecopedagogical and emancipatory education.



Introdução: Brotamentos da vida-professora

As reflexões aqui apresentadas se originam a partir dos resultados de um estudo desenvolvido em uma universidade privada do Sul do Brasil, no contexto de uma formação de pós-graduação, o qual fez parte do trabalho de conclusão do curso como requisito para a obtenção do grau de Especialista em Educação Ambiental.

Esta pesquisa surge ao identificar no cotidiano escolar, críticas e sugestões de estudantes, professores/as, gestores/as acerca da estrutura do Novo Ensino Médio (NEM) e da vontade de compreender melhor, quais problemas existem e quais melhorias podem ser realizadas no contexto de uma escola pública estadual. Além disso, enquanto docente, descreve-se inquietações e experiências quanto à vivência em uma disciplina eletiva da nova grade curricular. E por observar a necessidade de refletir acerca da relação atual entre ‘ser humano e natureza’, tratada geralmente como dicotomia, dualidade que embora contrastante na visão dos seres humanos modernos, estão interligadas, pois na essência o ser humano é classificado como animal, se distanciando apenas pela sua capacidade de dominação perante os outros seres dessa natureza. Tornando-se predador topo de cadeia e atualmente, predador em todos os sentidos da palavra. Ainda, acreditando em processos educativos diferenciados, esta pesquisa traz uma proposta ecopedagógica, que busca resgatar na Educação, o pensamento sobre a formação de pessoas/cidadãos conscientes do seu papel “no e com o mundo”, enquanto “sujeitos transformadores dele” e da realidade, de suas responsabilidades pelas marcas que deixam e os imensos impactos socioambientais, que vem destruindo o planeta Terra, casa em comum, que vivemos. (FREIRE, 2017, p.83)

A contemporaneidade e suas constantes transformações, traz consigo mudanças no cenário educacional, culminando por exemplo, na reformulação do Ensino Médio no Brasil. O que não poderia ser diferente, considerando que a escola é formada por pessoas, e pessoas estão em constante transformação, portanto, acredito que todo o processo educativo tenha que ser revisitado de tempos em tempos, para que haja harmonia e coerência nas ações de toda a comunidade escolar. Com isso pode-se iniciar com uma questão que contempla um folhear de inquietações, será que esta nova formulação do Ensino Médio está realmente contemplando as diferentes realidades e está preparando estudantes para lidar com os desafios da vida? que cada vez mais se mostra estruturada em frente aos nossos olhos?

Na busca por adequar-se às demandas de uma sociedade em evolução e às necessidades dos estudantes do século XXI, o Novo Ensino Médio foi implementado como uma tentativa de redefinir as abordagens pedagógicas e oferecer uma experiência de aprendizado mais dinâmica e conectada com as aspirações dos jovens (BRASIL, 2017). Com tudo, é interessante relembrar uma provocação feita pelo professor José Pacheco (OLIVEIRA, 2017) em uma entrevista que reflete sobre, seguirmos “num modelo educacional no qual alunos do século XXI são "ensinados" por professores do século XX, que recorrem a práticas oriundas do século XIX”, e que utiliza também um modelo de sala de aula do século XIX.

Portanto, para que a aprendizagem de determinados assuntos faça sentido para a vida dos estudantes, em seus mais variados contextos e realidades, é importante que a linguagem utilizada seja sintonizada com a situação, contexto e realidade dos/as estudantes, pois “é na realidade mediatizadora [...] que iremos buscar o conteúdo programático da educação”, fazendo sentido para a vida e superando o mero repasse de conteúdos (FREIRE, 2017, p.121).

Com o intuito de compreender as aplicações e os resultados desse novo paradigma educacional no Novo Ensino Médio, a presente pesquisa teve como objetivo geral, investigar a contribuição da disciplina eletiva ‘Experimentação e outras Práticas Investigativas’ do novo ensino médio, a partir da perspectiva e vivência dos/as estudantes e professora. Como objetivos específicos: - Compreender os problemas no currículo do NEM e como podem ser melhorados a partir dos relatos; - Descrever inquietações e experiências na vivência enquanto docente da disciplina eletiva; - Propor através da perspectiva ecopedagógica o resgate da essência da natureza no humano e as suas relações, enquanto sujeitos transformadores; - Contribuir no processo de reavaliação, reflexão crítica e reformulação da BNCC (2017) e do Currículo do Território Catarinense (2019) na implementação do Novo Ensino Médio (NEM).

Buscando refletir sobre a redução do consumo desnecessário, esta pesquisa se desenvolve a partir da visão de mundo, das perspectivas e vivência de uma professora de Ciências da Natureza, mais especificamente a vivência em uma disciplina eletiva da grade curricular do Novo Ensino Médio (NEM), no sul do estado de Santa Catarina, intitulada: Experimentação e outras práticas investigativas. Ainda, é proposto, abordagens das temáticas que envolvem as questões socioambientais e uma descrição de temáticas proposta por uma abordagem ecopedagógica, produzida e aplicada pela docente. Este estudo se propõe a analisar o impacto do Novo Ensino Médio na perspectiva dos estudantes do 2º ano, de uma escola pública estadual, explorando os diferentes aspectos, desafios e contribuições da disciplina eletiva em suas vidas. Através de uma abordagem qualitativa, busca-se compreender como foi vivenciado, quais os desafios e perspectivas que os estudantes identificam até o momento, no contexto dessa reformulação educacional. A palavra “educação precisa ser colocada no palco, no centro das atenções de toda a sociedade educadora” (WALTHER, 2023).

A educação da Idade Contemporânea não pode mais ser dissociada das relações entre a natureza, o ser humano e as tecnologias, uma vez que o avanço científico e tecnológico influencia diretamente a maneira como compreendemos e interagimos com o mundo à nossa volta, especificamente o natural. Quanto mais avançamos na área tecnológica, mais nos distanciamos da essência de ser natureza, portanto há a necessidade de reaproximação com nossas raízes ancestrais, vivenciando, observando e honrando o presente, o que está posto e o que ainda podemos conservar. Krenak descreve que “os rios, esses seres que sempre habitaram os mundos em diferentes formas, são quem me sugerem que, se há futuro a ser cogitado, esse futuro é ancestral, porque já estava aqui” (KRENAK, 2022, p. 11). Além disso, estamos passando por uma crise climática, que está colocando frente à nossa face, as consequências de determinadas ações do todo, realizadas pela sua exagerada necessidade de “acumulação material” (ACOSTA, 2016) e posterior descarte, o conhecido “jogar fora”, o qual não existe, pois a maior parte dos resíduos que geramos, não sai desse planeta. Sob esse prisma, disciplinas de Ciências da Natureza e suas tecnologias assumem um papel de destaque, permitindo aos estudantes explorar e compreender melhor essas inter-relações.

Com a implementação do Novo Ensino Médio, surgem desafios e oportunidades para repensar abordagens pedagógicas, conteúdos curriculares e métodos de ensino. Nesse contexto, torna-se fundamental investigar como essas mudanças têm repercutido na percepção, experiência, vivência e aprendizado dos/as estudantes, bem como no processo de elaboração e desenvolvimento das temáticas propostas pelos/as docentes. Um dos fatos que a vivência escolar apresenta é uma certa resistência de docentes às mudanças, e não refere-se somente à mudança curricular do ensino médio, mas sim, a qualquer mudança ou transformação quando está relacionado a processos educacionais. Observação essa percebida no meio escolar em que a autora está inserida.

Nesta pesquisa, utiliza-se como base as contribuições de Paulo Freire relacionadas aos problemas socioambientais, à formação da consciência ambiental e a eco-formação. A abordagem educacional de Paulo Freire e os princípios da Ecopedagogia se entrelaçam de maneira profunda e reflexiva, trazendo à tona uma visão emancipatória da educação que vai além do mero repasse de conhecimentos. Essas perspectivas buscam desenvolver seres humanos mais pensantes, críticos, criativos e engajados, capazes de compreender não apenas seu papel na sociedade, mas também sua interconexão com o ambiente natural que os cerca, suas responsabilidades e alternativas para um bem viver coletivo. Em um mundo contemporâneo, marcado por desafios ambientais e sociais urgentes, as ideias de Viviane Mosé e Ailton Krenak conversam, ao analisarem o contemporâneo e ressaltarem a necessidade de uma visão holística da vida, para que possamos agir nos percebendo intrínsecos à Natureza, e se responsabilizando pelo bem viver no planeta.

O Bem Viver, conceito de origem ancestral, de acordo com Acosta,

pode servir de plataforma para discutir, consensualizar e aplicar respostas aos devastadores efeitos das mudanças climáticas e às crescentes marginalizações e violências sociais. Pode, inclusive, contribuir com uma mudança de paradigmas em meio à crise que golpeia os países [...]. Nesse sentido, a construção do Bem Viver, como parte de processos profundamente democráticos, pode ser útil para encontrar saídas aos impasses da Humanidade (ACOSTA, 2016, p. 33).

Compreendendo que há a necessidade de relacionar diversos elementos de ensino e aprendizagem para compor uma didática que vise a construção de conhecimentos e saberes à formação de um ser-cidadão, utilizo este espaço para refletir, repensar e compartilhar essa vivência/experiência. Desta forma, aprimorar os processos educacionais e refletir sobre eles é uma busca/ação constante na vida-professora.

Entre as principais questões-problema elencadas para a elaboração desta pesquisa, destaco: Qual a contribuição, desafios e perspectivas de uma disciplina eletiva de Ciências da Natureza na formação de estudantes do novo ensino médio? As práticas implementadas para promover a sensibilização dos estudantes sobre a importância da conservação ambiental e os impactos socioambientais, foram efetivas? Como foi percebida pelos estudantes as aulas práticas, considerando o impacto dessas atividades no aprendizado e na motivação dos estudantes? Estes são alguns dos questionamentos que direcionaram esta pesquisa e o questionário elaborado para os estudantes.



Metodologia: Caminhar e experienciar

Este relato de experiência ecopedagógico se caracteriza como uma pesquisa qualitativa, de natureza exploratória e descritiva, que utiliza o método dialético de análise da realidade, compreendida pelo materialismo histórico dialético. Acreditando que os seres humanos são capazes de refletir sobre a realidade em que estão inseridos, entende-se portanto que o mundo é possível de ser conhecido (cognoscível) (TRIVIÑOS, 2012). Para tanto, nos é importante apoiar-se “nas conclusões da ciência para explicar o mundo”, compreender as relações humanas com a vida, considerando que as concepções de mundo, “mudam de acordo com a evolução do pensamento científico” (TRIVIÑOS, 2012, p. 21).

O conceito de emancipação surge em meus estudos (BLASIUS, 2019a; BLASIUS, 2019b) nas interpretações feitas a partir das obras de Paulo Freire e nos estudos pautados na Educação Sexual Emancipatória, atualmente também, na problematização de assuntos socioambientais, que sustentam uma “leitura de mundo” focada em destrinchar essas problemáticas, visando a superação das contradições e transformação individual e social para o bem viver. Desta forma busco em Nunes (1996) a compreensão dialética para análise de mundo. Esta não se trata apenas de uma metodologia científica que venha dar conta da realidade do mundo de maneira fria e supostamente neutra ou imparcial, pois não se busca a ciência como uma descoberta de coisas ou de verdades absolutas. O pensamento dialético exige uma visão de globalidade, uma árdua investigação de todos os processos e dimensões envolvidas na realidade e uma relevância de comprometimento do papel político do próprio pesquisador/pensador. Na caminhada de todo ser humano, este faz a sua história junto com outros sujeitos, em uma relação profunda com a natureza, para a construção do seu modo de vida.

Para autores como Decker (2010) e Adorno (2006) o conceito de emancipação necessita ser mais analisado e investigado, pois precisa de “construções teóricas mais específicas” (Decher, 2010, p. 29). E precisa ser “inserida” no pensamento e também na prática educacional e ainda, de certo, modo a “emancipação significa o mesmo que conscientização e racionalidade” (ADORNO, 2006, p. 143).

As aulas foram realizadas no primeiro semestre de 2023, entre os meses de fevereiro e julho. A população desta pesquisa é definida pelos estudantes de duas turmas do 2º ano do Novo Ensino Médio (NEM) de uma escola pública estadual do sul de Santa Catarina, totalizando 24 respostas ao questionário online, produzido e aplicado utilizando a ferramenta do “google forms”. Foi disponibilizado na última aula do componente curricular ‘Experimentação e outras Práticas Investigativas’, um tempo para que os/as estudantes (que estavam presentes no dia) pudessem responder. No corpo do formulário, possui uma opção para concordar ou não em fornecer suas respostas para esta pesquisa e todos/as os/as estudantes que responderam, concordaram com a utilização de suas informações.

As respostas fornecidas pelos estudantes, ofereceram insights valiosos sobre como o novo modelo de ensino tem sido observado e vivenciado por aqueles que estão diretamente envolvidos/as no processo educacional. As opiniões serviram como base para compreender se as propostas curriculares estão cumprindo os objetivos de proporcionar uma educação mais relevante, engajadora e atendida às demandas da sociedade contemporânea, diminuindo a defasagem do ensino e a desigualdade social. A análise dos dados coletados permitiu uma avaliação abrangente dos efeitos dessa disciplina, fornecendo subsídios para o aprimoramento do ensino dos problemas socioambientais no contexto educacional.

A estrutura desta pesquisa inicia com uma descrição e introdução às temáticas, objetivos geral e específicos, a metodologia e posteriormente é apresentado informações sobre a disciplina em estudo, o relato de experiência docente e as temáticas da proposta ecopedagógica, as descrições resultantes do questionário realizado com os/as estudantes e as considerações finais.

Categorias do método: contradição, totalidade, mediação, movimento, transformação, superação.



Fundamentação Teórica

Contextualizando a realidade: Eletiva de Ciências da Natureza

A reformulação do novo ensino médio surgiu em 2017 a partir de uma medida provisória do governo Temer e começou a ser implantada nos 1º anos do ensino médio, no estado de Santa Catarina, nos anos de 2021/2022. Para melhor compreender o contexto do Novo Ensino Médio sugiro a leitura dos documentos oficiais da Educação: A Base Nacional Comum Curricular (Brasil, 2017) e o Currículo Base do Território Catarinense (Santa Catarina, 2019). Nestes documentos também se encontram as características e especificidades da disciplina eletiva em estudo e dos demais componentes curriculares. Esta pesquisa se caracteriza como um relato de experiência de caráter descritivo e analítico, acerca das vivências da docente e estudantes de duas turmas do 2º ano do Novo Ensino Médio, em uma escola pública estadual do estado de Santa Catarina. Experiência ocorrida no período de fevereiro a julho de 2023, com carga horária total de 40 horas semestral, sendo duas aulas por semana, totalizando 38 encontros em cada turma. A disciplina Eletiva “Experimentação e outras Práticas Investigativas” compõe os itinerários formativos no formato do Novo Ensino Médio. Esta disciplina faz parte da área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias. De acordo com o descrito no Currículo do Território Catarinense, as competências e habilidades deste componente eletivo estão,

intimamente ligadas às competências e habilidades desenvolvidas na área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias. Dessa forma, o percurso formativo escolar do(a) estudante que opta por este Componente Eletivo tomará um significado pautado no processo investigativo e valorizará o letramento científico, como orienta a BNCC (Santa Catarina, 2019).

No ano de 2017 foi aprovado e publicado a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), com etapas da Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio. Este, se caracteriza como um “documento de caráter normativo que define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais” que todos os/as estudantes “devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica” (BRASIL, 2017, p. 7). E conceitua o Letramento Científico ao estabelecer que,

[...] ao longo do Ensino Fundamental, a área de Ciências da Natureza tem um compromisso com o desenvolvimento do letramento científico, que envolve a capacidade de compreender e interpretar o mundo (natural, social e tecnológico), mas também de transformá-lo com base nos aportes teóricos e processuais da ciência. Em outras palavras, apreender ciência não é a finalidade última do letramento, mas, sim, o desenvolvimento da capacidade de atuação no e sobre o mundo, importante ao exercício pleno da cidadania (BRASIL, 2017, p. 273)

O letramento científico consiste em um conjunto de recomendações sobre competências – conhecimentos, habilidades, atitudes e valores – essenciais a todo e qualquer cidadão em suas vivências num mundo que é impactado e influenciado pela ciência, tecnologia e sociedade (VIEIRA; TENREIRO-VIEIRA; MARTINS, 2011). Desta forma, espera-se que desenvolvam a capacidade de ler e compreender artigos, textos sobre ciência, dialogar com o coletivo para compartilhar experiências e visões de mundo, se expressar e se posicionar sobre questões diversas da vida, sendo capaz de avaliar informações e confirmar sua credibilidade, argumentar e concluir com base no conhecimento (VIEIRA; TENREIRO-VIEIRA; MARTINS, 2011).

Este formato do ensino médio está sendo implementado desde 2017, em cada estado do Brasil. Portanto, o documento oficial utilizado como base para o desenvolvimento das aulas nesta disciplina é proposto e construído pelo governo do estado de Santa Catarina, direcionado para o novo ensino médio e é intitulado: “Componentes Curriculares Eletivos: Construindo e Ampliando Saberes” - Portfólio do(as) Educadores (2020). Nesta documentação, descreve-se uma apresentação do documento, introdução, contextualização e orientações e sugestões dos componentes eletivos divididos por área e dentro das áreas, divididos pelas disciplinas eletivas. Em cada seção (descrição das disciplinas eletivas) apresenta-se um resumo, objetivos de aprendizagem, justificativa, o que almeja-se sobre os/as estudantes, o compromisso dos/as docentes, as competências gerais da educação básica, como: Conhecimento; Pensamento Científico, Crítico e Criativo; Argumentação e Responsabilidade e Cidadania. Descreve também as competências e habilidades das áreas de conhecimento e as habilidades específicas dos itinerários formativos associados aos eixos estruturantes, como: Investigação Científica; Processos Criativos; Mediação e Intervenção Sociocultural e Empreendedorismo. Após orientar quanto a esse percurso formativo, expõem os “objetos de conhecimento”, que seriam basicamente os “conteúdos” e estão divididos por percursos. Na disciplina em estudo, os objetos de conhecimento, são: “Experimentação e Práticas Investigativas com Ênfase em Alimentos - alimentos e a ciência por trás da fermentação”; “Experimentação e Práticas Investigativas com Ênfase em Meio Ambiente - Educação Ambiental, Ciência da Natureza e suas Tecnologias; Experimentação e Práticas Investigativas com Ênfase em Saúde - florescendo saúde; e Experimentação e Práticas Investigativas com Ênfase em Tecnologias e Alternativas de Laboratório.

É importante destacar que em sua descrição também orienta sobre a disciplina ser de 40 horas e portanto não é possível trabalhar todos os eixos propostos,

é preciso fazer escolhas. Nesse sentido, o(a) professor(a) deve alinhar com os(as) alunos(as) a melhor abordagem de acordo com as adaptações na realidade local. Para isso, deve utilizar os percursos como “sugestões”, que darão suporte ao planejamento (SANTA CATARINA, 2020, p.154).

Após fazer uma descrição de cada percurso sugere adaptações a contextos locais, sugestões de estratégias metodológicas e possíveis recursos e materiais didáticos. Ao final, resume o processo de avaliação, onde almeja ser

processual, formativa, contínua e qualitativa, realizada ao longo do semestre, permitindo identificar aspectos da aprendizagem dos(as) estudantes como ampliação de conhecimentos, clareza de ideias, senso crítico, participação, protagonismo, cooperação entre pares, interesse, iniciativa, organização, entre outros como aqueles diretamente ligados às competências do fazer e pensar em Ciências. Contribuem para isso a adoção de instrumentos e estratégias, como pesquisa, apresentação, relatórios experimentais, avaliação escrita, participação em estudo de caso, autoavaliação, seminários, rodas de conversa, metodologias ativas com recuperação paralela (avaliação descritiva). Esses procedimentos de avaliação pedagógica permitem verificar o grau de desenvolvimento da aprendizagem do(a) estudante, do trabalho docente e da escola (SANTA CATARINA, 2020, p.157).

Ressalto que as avaliações realizadas foram desenvolvidas a partir dos instrumentos e estratégias sugeridas. Para finalizar, o documento possui ainda, algumas sugestões de fontes de informação e pesquisa e por fim uma sugestão se sequência de um dos percursos formativos elencados acima.



Por uma educação Ecopedagógica e Emancipatória

A ecopedagogia busca desenvolver uma sensibilidade e posterior consciência ecológica e natural, nos indivíduos, promovendo a compreensão da interdependência dos seres humanos e o meio em que vivem. No entanto, as definições de sustentabilidade, como descreve Capra (20111), “não nos dizem nada a respeito de como construir, na prática, uma sociedade sustentável”. Portanto, o que precisamos é,

de uma definição operacional de sustentabilidade ecológica. A chave para chegar a esta definição operacional está em reconhecer que não precisamos inventar as comunidades humanas sustentáveis a partir do zero, mas podemos moldá-las de acordo com os ecossistemas naturais, que são comunidades sustentáveis de plantas, animais e microrganismos. Como a principal característica da biosfera é sua capacidade intrínseca de manter a vida, uma comunidade humana sustentável deve ser planejada de modo que os estilos de vida, negócios, atividades econômicas, estruturas físicas e tecnologias não interfiram nessa capacidade da natureza de manter a vida (CAPRA, 2011).

Ao mesmo tempo que utilizo as terminologias “sustentabilidade” e “sustentável”, principalmente por serem os termos utilizados pela maior parte da sociedade para se tratar das temáticas que envolvem responsabilidade ambiental e social, vou ao encontro do entendimento de Ailton Krenak (2020), quando este descreve que ser sustentável em um mundo movido por mercadoria e consumo se torna um mito, uma ilusão, tratando-se de uma provocação sobre o egoísmo humano.

A própria ideia da certificação, dos testes que são feitos com os materiais que consumimos, desde a embalagem até o conteúdo, deveria ser posta em questão antes de a gente abrir a boca para dizer que existe qualquer coisa de sustentável neste mundo de mercadoria e consumo [...] Enquanto as bases materiais da nossa vida cotidiana estão funcionando, operantes, a gente não se pergunta de onde vem o que consumimos. Na maioria do tempo, as pessoas mal respiram ou têm consciência do que põem na boca para comer. Apenas quando há um desastre, os indivíduos, desplugados das fontes de suprimentos, começam a sofrer e a se questionar (KRENAK, 2020, p. 48).

Além de fornecer informações sobre questões ambientais, em uma abordagem ecopedagógica, enfatiza-se a necessidade de uma transformação profunda nas relações sociais e no modo como nos sentimos Natureza, uma maneira diferente de compreensão, considerando que geralmente o ser humano tem a tendência se se direcionar à Natureza como algo externo e/ou exposto, ou seja, como se nós estivéssemos nos relacionando com a natureza, lá, do lado de fora, quando na verdade essa conexão vem do lado de dentro, a nossa essência vem da natureza. Essa abordagem educacional busca incentivar uma atitude responsável e ética em relação ao meio em que vivemos, visando à construção de uma sociedade mais próxima de sustentável, ecologicamente falando, mais justa e harmônica e menos causadora de impactos socioambientais negativos.

Uma das principais referências da Ecopedagogia é o educador e pedagogo brasileiro Paulo Freire. Embora ele não tenha usado o termo "ecopedagogia" especificamente, seus princípios pedagógicos, como diálogo, conscientização e transformação social, são frequentemente associados à abordagem ecopedagógica. Paulo Freire (2017) defende a educação como um processo libertador, capaz de promover a consciência crítica e a transformação social. Em suas obras, ele destaca a importância de uma educação contextualizada, que leva em consideração as realidades sociais, culturais e ambientais dos estudantes. Através de uma educação crítica e participativa, esta vertente busca engajar os estudantes na busca por soluções ​​para os desafios socioambientais que enfrentamos cotidianamente, além de buscar por tornarem-se mais críticos e participativos nos processos e decisões sociais e individuais, desenvolvendo a capacidade de tomadas de decisão e ação (MAGALHÃES; TENREIRO-VIEIRA, 2006; TENREIRO-VIEIRA, 2000).

Paulo Freire destacou a importância da educação contextualizada com a realidade em várias de suas obras, mas uma das mais relevantes nesse sentido é a Pedagogia do Oprimido (2017). Nesse livro, Freire aborda a importância de uma educação libertadora, na qual os estudantes se tornem e se sintam sujeitos ativos e críticos de seu processo educativo. Enfatiza a necessidade de uma educação que leve em consideração as realidades sociais, culturais e ambientais dos estudantes, a fim de promover a conscientização e a transformação social e reconhecendo suas experiências de vida e valorizando seus conhecimentos prévios (FREIRE, 2017). Dentro dessa perspectiva, destaca-se a importância do diálogo entre educadores e educandos, buscando uma construção conjunta do conhecimento. Acreditando que a educação deve ser um processo de libertação, no qual os estudantes se tornem críticos e capazes de identificar e transformar as condições opressivas em que vivem.

Em sua pedagogia libertadora, Paulo Freire (2017) enfatiza a importância da consciência crítica e da prática dialógica no processo educativo. O autor propõe uma educação que transcenda a mera transferência de conhecimentos, que busque a formação de indivíduos críticos e conscientes de sua realidade. Freire sustenta o diálogo como meio de construção do conhecimento, em que tanto o educador quanto o educando são ativos na troca de saberes, ou seja, “ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo” os seres humanos “se educam entre si, mediatizados pelo mundo” (FREIRE, 2017, p. 69). No contexto da educação ambiental, possibilita a compreensão das relações entre a sociedade e pertencimento intrínseco à natureza, permitindo que os sujeitos desenvolvam um senso crítico e sejam incentivados a questionar e buscar soluções para os impactos socioambientais. Impactos esses, que demonstram a necessidade de buscar a conexão ‘ser-humano natureza’, pois como descreve Mosé, “torna-se urgente retomarmos a difícil complexidade que é viver, pensar, criar, conhecer. Todas as coisas se relacionam, não há nada realmente isolado, cada gesto produz desdobramentos incalculáveis” (MOSÉ, 2019, p. 156).

Através de práticas com a perspectiva ecopedagógica é possível convidar os estudantes a reconectarem-se com a nossa essência natural, entendendo que essa relação é vital para a própria existência. Essa visão holística se alinha com a proposta de Ailton Krenak, um líder indígena e pensador contemporâneo, que intercede pela necessidade de reconhecermos nossa interdependência com a Terra (KRENAK, 2020). O autor ressalta a importância de se reconectar com nossa essência como seres naturais, percebendo-nos como parte da teia da vida, e não o topo dela. Viviane Mosé, filósofa e psicóloga contemporânea, amplia esse entendimento ao abordar a complexidade das relações humanas e a importância da sensibilidade para compreender as interconexões entre os seres vivos e o ambiente. Através de suas ideias, é possível perceber que o desenvolvimento de uma educação emancipatória e holística exige não apenas o conhecimento intelectual, mas também a capacidade de sentir, perceber e agir de maneira consciente (MOSÉ, 2019). Principalmente devido ao modo exploratório que lidamos com a natureza e o desequilíbrio e instabilidade que com isso são gerados, desde os impactos ambientais até os pessoais, como menciona a autora, esse “modo exploratório invasivo com que lidamos com a natureza levou ao desequilíbrio ambiental, à instabilidade climática, à exaustão de determinados recursos naturais; mas também levou a insustentabilidade social, a desigualdade econômica, ao descaso com relação à vida” (MOSÉ, 2018, p.30). E ainda evidencia, refletindo sobre as questões socioemocionais que envolvem toda essa complexa relação, instigando a pensar que “quando a grande parte dos adultos está deprimida e medicada e quando a segunda maior causa de morte de jovens em todo o mundo é o suicídio, alguma coisa muito errada se deu no processo civilizatório”. (MOSÉ, 2018, p.31)

Freire (2017) defende uma educação emancipatória e crítica que transcende a simples transferência de conhecimento e vai além das salas de aula. Em sua visão, a educação deve estimular a participação ativa dos estudantes no processo de aprendizagem. O diálogo como ferramenta fundamental para a construção do conhecimento, com a prática educativa como ato político de libertação e conscientização. Mosé (2019) destaca a importância de formar pessoas para a vida, para que sejam capazes de lidar com a mistura, a ambiguidade e a diversidade do mundo contemporâneo, enfatizando a responsabilidade de compreender e lidar também com a responsabilidade ambiental. A abordagem ecopedagógica encontra sinergia com as reflexões contemporâneas que ressaltam a importância de uma educação que desenvolve a criticidade e o protagonismo dos/as estudantes. Nesse contexto, uma educação emancipatória, aliada à Ecopedagogia, proporciona uma base sólida para a formação de indivíduos comprometidos com a redução dos impactos e o bem viver. A partir desta perspectiva podemos abraçar a visão da vida, promovendo a compreensão de que somos seres sociais interconectados com a natureza, e que nossa participação ativa e responsável é fundamental para a construção de um presente/futuro mais harmonioso e consciente.

Krenak (2020), também destaca a importância de compensar o modelo de desenvolvimento que tem levado à degradação do meio ambiente e à perda de valores essenciais, convidando os seres humanos a repensar a forma como nos colocamos no mundo, promovendo uma redefinição da nossa relação com nós mesmos, com o coletivo e com a natureza.

Na compreensão da emancipação humana, Da Silva (2013, p. 03) descreve como a “capacidade do homem desvelar e exercer a expressividade, perceber as contradições dialéticas do contexto social, interagir criativamente nas contingências e se restituir como sujeito a todo o momento, mediante o exercício de pensar sua condição humana”. E pensar a educação voltada à emancipação significa estarmos em processo de emancipação, “pois a entendemos como exercício de conceber explicações para resolver problemas do nosso tempo”. A partir desta visão, a emancipação tem como tarefa, “fomentar valores estéticos para a existência humana e refletir acerca das incertezas da contemporaneidade” (DA SILVA, 2013, p.03). Podendo os seres humanos, desvelar e

[...] exercer a expressividade, perceber as contradições dialéticas do contexto social, interagir criativamente nas contingências e se restituir como sujeito a todo o momento, mediante o exercício de pensar sua condição humana. Desta forma, este homem tem o desafio de desenvolver um olhar interpretativo, apropriar-se da diversidade de olhares e variedade de perspectivas da realidade social, cultural e política. (DA SILVA, 2013, p. 03).

O que pode possibilitar, desta forma, a abertura de novos caminhos, a emergência de novas possibilidades para questionar nossas vivências, em nosso tempo. Sendo a história um devir “que depende de ações humanas para se constituir e ganhar sentido e significado” (DA SILVA, 2013, p.04).



Resultados e Discussões:

Relato de experiência e o percurso formativo

Relato aqui uma síntese dos temas estudados e realizados na disciplina eletiva Experimentação e outras Práticas Investigativas, considerando-a uma proposta pedagógica, sua realização se deu a partir de sequências didáticas separadas por temas, trilhadas a partir da perspectiva da ecopedagogia e de uma educação emancipatória.

A princípio, destaco que ao longo dessas 40 horas divididas em um semestre, resultou em 10 sequências didáticas, muitos materiais elaborados e uma experiência enriquecedora. Ao longo do semestre foram desenvolvidos estudos de temáticas que se encaixam nos quatro objetos de conhecimento propostos pelo documento oficial do estado de SC, relatados na descrição da disciplina eletiva, considerando os dois principais: Experimentação e Práticas Investigativas com Ênfase em Meio Ambiente - Educação Ambiental, Ciência da Natureza e suas Tecnologias; e Experimentação e Práticas Investigativas com Ênfase em Tecnologias e Alternativas de Laboratório.

Iniciamos o semestre com uma aula de Brainstorm (tempestade de ideias) para identificar os conhecimentos prévios dos/as estudantes e procurar entender um pouco de suas realidades, a partir de uma dinâmica de construção de um pequeno livrinho intitulado “ciências sobre mim”, onde escreveram informações e posteriormente partilharam algumas, com o intuito de pensarem em si mesmos e onde estão no mundo, quais seus gostos, interesses e perspectivas. Posteriormente, após a apresentação das propostas da disciplina eletiva foi solicitado sugestões aos estudantes de temas que gostariam de estudar ao longo do semestre e que se relaciona com a disciplina, para que desta forma pudessem ter os conteúdos mais próximos de suas vivências fazendo sentido e despertando interesse.

A realização das temáticas está descrita dividindo-se em “reflexão-ação”, dos temas específicos, com suas respectivas atividades e tipo de avaliação ou averiguação do desenvolvimento e compreensão teórica, apresento abaixo uma sucinta descrição de todo o processo temático.

Tabela 1 - Reflexões/ações realizadas no período exercido na disciplina. Produção da autora.

Reflexão/ação 1.

Conhecimento científico e senso comum/Pesquisa científica e método científico.

Avaliação: Desenvolvimento de uma pesquisa científica sobre alguma observação que tenham feito em seu dia-a-dia, utilizando a metodologia científica e posterior socialização com os/as colegas.

Reflexão/ação 2.

Compreensão da Biodiversidade e sua importância.

Atividade: explanação do assunto por textos e diálogo, relatando observações e experiências.

Reflexão/ação 3.

Tipos de poluição: Impactos antrópicos - poluição atmosférica

Realidade problemática: termelétrica na cidade vizinha

Reflexão/ação 4.

Problemática: fontes de energia e seus impactos socioambientais

Avaliação: análise de reportagens a partir da visão de diversos âmbitos, como: empresas, comunidade científica, jornalistas, governo e a população.

Reflexão/ação 5.

Alternativas para a redução dos impactos antrópicos ambientais

Atividade: exposição de ideias, diálogo e exemplos reais e próximos.

Reflexão/ação 6.

Biossegurança

Realidade: Conceito, importância, para as visitas ao laboratório de Ciências

Reflexão/ação 7.

Aula prática: observação de células

Reflexão/ação 8.

Tipos de poluição: terrestre, aquática, atmosférica, sonora e visual/luminosa

Reflexão/ação 9.

Resíduos sólidos - problemática do descarte, produção, reciclagem, 5Rs, etc.

Reflexão/ação 10.

Maneiras para reduzir, alternativas para substituir o uso do plástico

Realidade: “Rochas de plástico”, mar de plástico, terra de plástico.

Reflexão/ação 11.

Indústria da moda e as ilhas de roupa no deserto do Atacama

Reflexão/ação 12.

Conservação da natureza e o papel do ser humano

Atividade: Documentário “Revolixonários”

Avaliação: Análise e produção de texto.

Reflexão/ação 13.

Confecção de papel reciclado

Atividade avaliativa: provas, atividades, papéis que seriam descartados no lixo comum foram utilizados para esta prática.

Reflexão/ação 14.

Problemática das tintas industriais e poluição tóxica

Atividade/Avaliação: Confecção de tintas naturais.

Reflexão/ação 15.

Intervenção artística socioambiental

Produto final: papel reciclado e personalizado com as tintas naturais, onde produziram desenhos e frases impactantes e reflexivas.

Em todas as ações realizadas ao longo desses 6 meses teve-se como objetivo desenvolver e instigar o pensamento crítico, científico, a reflexão crítica e a tomada de decisão frente as diversas exigências da vida. Buscando trabalhar com temáticas atuais e exemplos reais. Com isso, as atividades avaliativas visavam desenvolver a autonomia e a busca ativa nos estudantes.

Busca-se esse ‘olhar do macro para agir no micro’, no lugar de fala em que nos encontramos e onde sentimos ser importante intervir, no que está posto, buscando melhorias. Além disso, partindo do entendimento de que o conhecimento científico parte da vida, compreende-se que este deve voltar para ela num processo democrático de conhecimento, visto que todo conhecimento é, portanto, socialmente construído (SANTOS, 2010). E parece hipocrisia quando este mesmo conhecimento tende a ficar encaixado apenas em um tipo de devolutiva, que não contribua à emancipação dos Seres.

Esta disciplina eletiva tem potencial para fornecer aos estudantes conhecimentos teóricos e práticos sobre os conceitos fundamentais das ciências da natureza, como biologia, química e física, e como esses conhecimentos se aplicam às questões socioambientais contemporâneas. Isso permite que os estudantes compreendam a interconexão entre o meio ambiente e a sociedade, bem como os impactos das atividades humanas no mundo todo. Além disso, a disciplina pode promover e desenvolver uma consciência crítica nos/as estudantes, levando-os/as a refletir sobre os conflitos socioambientais existentes em diferentes contextos. Podem explorar questões como desmatamento, gases de efeito estufa, mudanças climáticas, escassez de recursos naturais, degradação ambiental, descarte de resíduos sólidos, destinação dos mesmos, etc. Ao compreenderem esses conflitos, os estudantes têm a oportunidade de desenvolver habilidades de análise, pensamento crítico e tomada de decisões, que são essenciais para uma participação ativa na sociedade. Além de desenvolver alternativas a esse sistema exploratório, através de ideias inovadoras, incentivando também a criação autônoma (tida como empreendedorismo, no documento oficial).

Conscientização dos problemas socioambientais: A disciplina pode ajudar os estudantes a compreenderem melhor os conflitos que surgem entre as atividades humanas e o meio ambiente. Podem explorar questões como a exploração de recursos naturais, poluição, desmatamento, mudanças climáticas e perda de biodiversidade. Isso permite que os estudantes desenvolvam uma consciência mais profunda sobre os desafios que enfrentamos atualmente. Podendo assim, compreender as causas subjacentes dos conflitos socioambientais, bem como das consequências desses conflitos.

Abaixo, segue pontos importantes identificados:

1. Desenvolvimento de habilidades de análise crítica: Através desta disciplina, estudantes podem adquirir habilidades de análise crítica, avaliação de evidência e argumentação fundamentada. Eles podem examinar diferentes perspectivas sobre os conflitos socioambientais, analisar dados científicos, interpretar informações e formar opiniões embasadas. Essas habilidades são valiosas tanto para a vida pessoal quanto para a participação ativa na sociedade.

2. Promoção da cidadania ambiental: A disciplina pode incentivar os estudantes a se tornarem cidadãos engajados e responsáveis ​​em relação às questões ambientais. Podem explorar estratégias de ‘sustentabilidade’, discutir a importância da participação na busca por resolução de conflitos socioambientais e aprender sobre iniciativas e movimentos sociais relacionados à proteção do meio ambiente. Isso pode estimular o senso de responsabilidade e empoderamento dos/as estudantes para se envolverem em ações concretas.

3. Ampliação da visão de mundo dos/as estudantes: Ao abordar os conflitos socioambientais, a disciplina pode ajudá-los a ampliarem sua compreensão de diferentes realidades sociais e culturais. Podem explorar casos de estudos de diferentes regiões e contextos, analisar como se sentem acomodados entre comunidades locais e o ambiente natural e refletir sobre as desigualdades e injustiças socioambientais. Isso contribui para a formação de uma visão de mundo mais global e para a promoção da busca também pela justiça ambiental.

Com todo o exposto, acredita-se que a disciplina pode desempenhar um papel importante na formação de estudantes do novo ensino médio, preparando-os para enfrentar desafios globais e desenvolver uma consciência ambiental e social. Ao compreenderem os conflitos socioambientais, os estudantes podem adquirir habilidades e conhecimentos que lhes permitem atuar enquanto agentes de mudança em suas comunidades, promovendo práticas mais conscientes visando a conservação dos ambientes e preparando os estudantes para enfrentar os desafios do século XXI.



Percepção e avaliação dos/as estudantes

Como descrito mais acima, os dados coletados foram por meio de um questionário online na ferramenta do google forms. Dos 40 estudantes (20 em cada turma) obteve-se 24 respostas, um detalhe a ser mencionado é o fato de que as duas aulas nestas turmas eram em um único dia, na segunda-feira, dia muito propício para a falta de estudantes, principalmente nas primeiras aulas, além disso, nem todos conseguiram responder na sala, portanto acredita-se que acabaram não o fazendo em casa. O questionário possui 17 questões, entre discursivas, de seleção e múltipla escolha, que questionam aos estudantes quanto a conceitos, validação das experiências, aprendizado, compreensão, descrição identificando contribuições, lacunas, pontos positivos e negativos em relação ao novo ensino médio e a disciplina eletiva em estudo.

O questionário está organizado em 4 categorias, sendo a primeira mais conceitual (2 questões), a segunda, sendo a maior delas, é a avaliação propriamente dita da disciplina eletiva (10 questões), a terceira avalia o formato do novo ensino médio (5 questões) e por último um espaço para recados, alguma colocação que gostariam de fazer ou sugestões em geral.

Na primeira categoria, em que são questionados quanto a compreensão dos conceitos de “ciências da natureza e suas tecnologias” e “educação ambiental” é possível observar que em geral, as respostas indicam que os estudantes veem as Ciências da Natureza e suas tecnologias como uma disciplina que estuda a natureza, a relação com a ciência e a importância da “preservação” ambiental e a conexão entre tecnologia e meio ambiente. As respostas refletem uma compreensão básica dos conceitos relacionados à disciplina. Demonstram um entendimento básico sobre os termos, mas reconhecendo a importância de conservar o ambiente em que vivemos, disseminar conhecimentos e promover a sensibilização e conscientização para garantir um futuro sustentável, pensando no bem viver coletivo. Os estudantes demonstram reconhecer a herança dessa disciplina para ampliar o conhecimento sobre o mundo à sua volta. Alguns comentários de destaque estão citados abaixo

Preservar vidas que vai além, das espécies humanas”

Acho que fala sobre o meio ambiente nos dias de hoje, também sobre problemas ambientais que são muito presentes hj em dia”

Entendo que não é apenas você não fazer o errado mas, passar conhecimento para outras pessoas fazer o certo. É algo que devemos fazer em conjunto”

Entendo por se educar aprendendo como tratar o meio ambiente, visando melhorar a nossa qualidade de vida e a do nosso planeta”

ter consciência sobre o consumo exagerado de plástico”

Educação Ambiental, para mim, é o assunto responsável pela conscientização das pessoas em relação ao meio ambiente. Nesse assunto é mostrado as consequências das ações ruim que tomamos e que afetam a natureza para que, assim, nós aprendermos a cuidar melhor do meio ambiente e de tudo que ele engloba”

Alguns estudantes ainda associaram a Educação Ambiental à prática da reciclagem e ao uso de produtos orgânicos, destacando a importância dessas ações para a conservação ambiental. Este comentário se refere às práticas em laboratório vivenciadas na disciplina, pois foi feito reciclagem de papéis que seriam descartados no lixo comum e produção de tintas naturais. E quando questionados/as se a disciplina contempla a Educação Ambiental, 95,8% selecionou que “sim” e 1 estudante selecionou “talvez”. Demonstrando que, por mais que não saibam conceituar exatamente os termos, conseguem identificar elementos nas práticas pedagógicas utilizadas pela docente. Quando solicitados/as a avaliar a vivência na disciplina eletiva, 7 estudantes selecionaram “ótimo”, 9 “bom”, 6 “regular” e 2 “ruim”.

Na questão em que pedia para relatar uma vivência (boa ou ruim) na disciplina, surgem indicações da satisfação em realizar aulas e atividades práticas, as respostas que mais apareceram além da produção de papel reciclado, foram atividades como a criação de tintas naturais. Isso sugere que a disciplina oferece uma variedade de práticas investigativas, o que pode contribuir para o engajamento dos estudantes. Além disso, destacam a realização da pesquisa científica à qual aplicaram o método científico em uma das avaliações desta disciplina. Em geral, as respostas sugerem uma variedade de experiências positivas, como atividades práticas, experimentação, pesquisa científica e consciência ambiental. Essas vivências parecem ter despertado o interesse dos/as estudantes e proporcionado experiências de aprendizado enriquecedoras. No entanto, algumas respostas são comentários gerais e não informações detalhadas de forma específica sobre a vivência na disciplina. Segue abaixo alguns comentários relevantes,

Boa: Assuntos interessantes, práticas e experiências diferentes do que só ficar na sala. Ruim: Vai acabar.(kk)”

Fiz um experimento sobre ficar sem o celular, e eu achei bem interessante.”

Uma experiência que gostaria de destacar foi a pesquisa científica que gostei muito de fazer, tanto a parte da pesquisa como também a apresentação.”

Entender sobre o mal que causamos no meio ambiente”

Nesta questão surge uma problemática já conhecida no mundo da Educação, especificamente nas vertentes mais tradicionais, em que aulas diferenciadas, que fogem do comum, são destacadas, justamente por estarem envoltos de práticas pedagógicas mais engessadas, onde professores falam e estudantes escutam. Segue o excerto “Conseguimos ir ao laboratório de ciências, coisa que não fomos em nenhuma outra matéria”. Aqui podemos identificar a denúncia em desejar possuir aulas mais dinâmicas e que saia da sala de aula, padrão de ensino, indicando que apreciam a variedade e a aplicação prática dos conteúdos. E isso acaba se conectando com uma outra questão, que solicita sugestões para melhorias das aulas, um estudante descreveu “Gostei que as aulas dessa matéria deixou de lado o modelo de aula padrão (Professor fala e os alunos apenas escutam e escrevem) e optou por uma abordagem mais prática. Acho que uma boa maneira de melhorar é focar em maneiras de criar práticas cada vez mais interessantes”. Este trecho expressa o desejo de ter mais atividades práticas e experimentos durante as aulas. Os/as estudantes acreditam que essa abordagem é interessante e desejam ter mais oportunidades de vivenciar o aprendizado desta forma.

Em geral, as sugestões indicam o desejo por mais práticas, experimentos e atividades envolventes durante as aulas. Valorizam a abordagem prática e desejam um ambiente de aprendizado mais colaborativo e estimulante e com mais aulas ao ar livre. Também há um reconhecimento positivo das aulas atuais, indicando que a disciplina já está no caminho certo, de acordo com a perspectiva dos/as estudantes.

Enfatizaram também a importância da colaboração e do interesse dos/as estudantes para tornar as aulas mais envolventes e proveitosas. Sugerem que os/as colegas estejam mais dispostos a participar e contribuir para criar um ambiente propício para uma boa aula, como descreve este comentário “com mais colaboração e vontades dos alunos em estar na aula e deixar acontecer uma boa aula, a prof sempre veio com aulas diferentes oq deixou as aulas mais leve”. Além disso, sugeriram que as aulas poderiam ser aprimoradas com a realização de visitas a lugares externos, uma visita à campo. Isso indica o desejo de ampliar a experiência de aprendizado além da sala de aula e explorar ambientes diferentes. Essas experiências podem complementar o aprendizado e fornecer um contato mais direto com o objeto de estudo. Essas sugestões podem ajudar a enriquecer ainda mais as experiências de aprendizado nesta disciplina.

Quando questionados/as sobre a relevância que dão a esta disciplina em suas vidas e aprendizagem escolar, 19 selecionaram que é “necessária”, 2 “muito importante”, 2 “desnecessária e 1 “não faz sentido”. Esta análise sugere que nem todos os estudantes ficaram satisfeitos ou conseguiram compreender o sentido dos assuntos estudados na disciplina, mas para a maioria fez algum sentido.

Quando questionados sobre considerar a permanência desta disciplina no currículo do novo ensino médio, 11 concordam, 9 não sabem e 4 estudantes não concordam. Identifica-se aqui e aparecerá novamente no decorrer do texto, a insatisfação dos estudantes quanto a grande quantidade de disciplinas que estão precisando “dar conta”, bem como a extensão dos horários das aulas, considerando que no antigo formato o período de estudos possuía 4 horas e agora há dias em que possuem mais de 5 horas, tornando todo esse processo cansativo e perdendo um pouco o sentido e atrapalhando, para muitos estudantes, seus trabalhos, já que muitos precisam por exemplo, trabalhar para ajudar com a renda familiar.

Quando questionados quanto ao desenvolvimento das aulas pela professora, todos/as os/as estudantes responderam que “sim”, a professora desenvolveu bem as propostas das aulas e relatam que as disciplinas de biologia, química, projeto de vida, trilhas de biologia e trilhas de química são componentes de sua grade curricular que também contemplam a Educação Ambiental.

A partir da questão sobre o que consideram que aprenderam, compreenderam ou conheceram nesta disciplina que acham importante, as respostas mostram que os/as estudantes despertaram para conhecimentos sobre a importância da conservação ambiental, ações ambientais, problemas e impactos ambientais e práticas conscientes a serem aplicadas na vida. Além disso, suas estimativas pessoais demonstram diferentes níveis de dedicação e comprometimento com a disciplina, o que pode refletir diferentes níveis de engajamento e interesse individual. Alguns mencionaram a importância da reciclagem, reutilização e redução de materiais, como plástico, sacolas e produtos descartáveis. Também foram mencionadas práticas de redução e/ou substituição de materiais, como o uso de produtos biodegradáveis. Ainda, mencionam ter aprendido sobre os problemas ambientais causados pelo ser humano, como a poluição e seus efeitos nos ambientes aquáticos e terrestres e a importância de abordar essas questões para mitigar seus efeitos negativos. Além de compreender a importância de combater a degradação da natureza, o repensar do descarte de resíduos e a consciência ambiental no dia-a-dia. Segue abaixo alguns comentários:

sobre a poluição no mundo e o quanto isso está se tornando um problema”

O meio ambiente é de total importância para nós e se não cuidarmos da forma correta, ele acabará morrendo e nós não teremos um ambiente adequado para viver”

Sobre a importância da reciclagem”

Economizar uso de matéria como plástico sacolas e entre outros, que podem acabar com a vida marinha e etc”

No geral, o que mais gostei de aprender nessa disciplina foram as maneiras diversas de cuidar do meio ambiente, com destaque para as partes que falavam de produtos biodegradáveis”

Ainda na mesma questão, estudantes obtiveram uma autoavaliação sobre sua dedicação, desempenho e comprometimento na disciplina. Alguns se sentiram satisfeitos com seu esforço e participação, enquanto outros reconheceram que poderiam ter se dedicado mais. Segue alguns comentários,

Me dediquei bastante, as vezes cansadas e sem vontade mas tentei fazer as coisas propostas em sala e ter uma responsabilidade de cumprir as atividades e ter um bom desempenho na matéria”

Aprendi bastante coisas mas não me considero uma aluna boa msm fazendo algumas atividades e dando meu melhor em outros acho q teria muita coisa pra melhorar”

A matéria é muito informativa e ensina muitas coisas porém eu acabei não prestando muita atenção mas mesmo assim aprendi várias coisas”

Eu tentei fazer tudo pois gostei bastante da matéria”

Não me dediquei muito mas aprendi muita coisa”

A terceira categoria, que faz uma avaliação sucinta do novo ensino médio a partir das vivências destes estudantes, inicia questionando sobre o que estão achando deste formato. Dos 24 estudantes, 14 consideram o formato do NEM “ruim”, 6 “regular, 1 considera “bom”, 1 “péssimo”, 1 “tanto faz” e 1 estudante respondeu “Uma m*, bem desnecessário, atrapalha a vida de um estudante que trabalha e tem que ajudar a família em casa”. Este último comentário denuncia a dificuldade que muitos estudantes, de baixa renda ou não, enfrentam com o aumento da carga horária que se estende no horário do meio dia, dificultando o tempo e deslocamento dos mesmos até seus empregos. Quando questionados se esse novo formato do NEM aproxima ou afasta os/as estudantes da conquista de uma vaga em universidade, considerando as discussões recentes quanto a relação dos temas/conteúdos a serem trabalhados e os geralmente cobrados nos vestibulares e especificamente no exame nacional do ensino médio (ENEM). Das respostas obtidas, 9 estudantes acreditam que “afasta”, 6 que “aproxima”, 6 não souberam responder e 4 dos estudantes tiveram algumas respostas específicas que dizem achar a mesma coisa do antigo formato, apenas com carga horária maior. Outro comentário relata que está a mesma coisa, “o que importa é o empenho e não o tempo” e por último, um estudante não soube se manifestar pois se sente “neutro” em relação aos conteúdos e aplicação dos vestibulares.

Ao analisar as respostas dos/as estudantes sobre os pontos negativos do Novo Ensino Médio, podemos observar o seguinte:

1. Carga horária excessiva e atividades desnecessárias: alguns estudantes mencionaram que o Novo Ensino Médio possui uma carga horária muito estendida e atividades consideradas desnecessárias, o que pode causar cansaço e sobrecarga, além de atrapalhar quem trabalha.

2. Ausência de conteúdos relevantes para a vida: expressaram que sentem falta de conteúdos que sejam mais diferenciados e diretamente aplicáveis em suas vidas, como economia e relações sociais.

3. Redução do foco em disciplinas essenciais: mencionaram que o Novo Ensino Médio afasta os/as estudantes das matérias essenciais, como português e matemática, devido à aplicação das trilhas e das disciplinas eletivas. Isso foi percebido como um ponto negativo pelos sujeitos.

4. Insatisfação com a estrutura e horários: Alguns estudantes sugeriram melhorar os horários, diminuir o tempo na escola e rever a estrutura do colégio, mencionando a possibilidade de ter intervalos mais longos ou de realizar atividades fora da sala de aula.

Em geral, as respostas indicam que os/as estudantes estão insatisfeitos com a carga horária excessiva, a presença de atividades desnecessárias e a redução do foco em disciplinas essenciais. Eles sugerem uma revisão na estrutura e nos conteúdos do Novo Ensino Médio, buscando tornar as aulas mais relevantes e adaptadas às necessidades dos estudantes. Essas respostas refletem a percepção dos mesmos sobre os pontos negativos do Novo Ensino Médio e suas sugestões para melhorias, indicando a importância de considerar as necessidades e expectativas dos estudantes na implementação do novo modelo educacional. Abaixo seguem alguns comentários:

Horário muito ruim para quem trabalha ou faz algo além dos estudos escolares; Algumas pessoas se sentem agoniadas de ficar muito tempo sentado/parado no mesmo lugar e são poucos os professores que fazem algo diferente além de só passar algo para copiar; Tempo de intervalo/recreio pequeno demais para muito tempo de estudo”

Mais horário de aula e não me prepara para nenhum vestibular e nem para o enem.”

Mais matérias ocupando o lugar de algumas matérias importantes como português”

Matérias desnecessárias e muito tempo de aula”

A grande quantidade de matérias que atualmente não precisamos, e a diminuição de matérias necessárias”

Esta problematização do horário estendido, de fato ocorreu no ano de 2023 e a percepção apresentada pelos/as estudantes estava correta, considerando que para o ano seguinte (2024), já houve alteração/redução dos horários de acordo com o funcionamento de cada escola, a depender de sua região.

Ao analisar as respostas quanto aos pontos positivos do Novo Ensino Médio a partir de suas experiências e visão, podemos identificar o seguinte:

1. Novas formas de aprendizagem: alguns mencionaram que o NEM trouxe novas formas de aprendizagem, indicando uma abordagem diferenciada em relação ao ensino tradicional.

2. Novas matérias e conteúdos interessantes: destacaram a presença de novas matérias curriculares que consideraram interessantes, ressaltando que essas matérias abordam tópicos positivos e importantes.

3. Aulas mais dinâmicas: Alguns estudantes expressaram que algumas aulas do NEM são mais dinâmicas em comparação ao ensino anterior, o que pode sugerir uma maior participação e engajamento dos estudantes nas atividades.

4. Acesso a materiais e aparelhos eletrônicos: Alguns estudantes mencionaram positivamente o acesso a aparelhos eletrônicos, indicando que esses aspectos podem contribuir para sua experiência no Novo Ensino Médio, muitos desses equipamentos fazem parte do “laboratório maker”, projeto implementado nas escolas públicas estaduais que possuem o NEM.

No entanto, também podemos observar que muitas respostas expressaram uma visão negativa ou uma falta de identificação de pontos positivos no Novo Ensino Médio, dos 24 estudantes, 11 disseram não ter nenhum ponto positivo. Alguns estudantes afirmaram não conseguir observar pontos positivos, enquanto outros expressaram que não há nenhum ponto positivo em sua visão. Essas respostas indicam que nem todos os/as estudantes tiveram uma experiência positiva ou identificaram pontos positivos claros no Novo Ensino Médio. É importante considerar essas perspectivas e opiniões para buscar melhorias e ajustes no modelo educacional, a fim de atender às suas necessidades, perspectivas e expectativas. Além disso, houve sugestões para voltar ao formato do ensino médio anterior. Abaixo segue alguns comentários:

Ter novas matérias curriculares boas que nos ensinam coisas positivas e importantes que outras matérias não ensinam”

2 recreio, as aulas são mais dinâmicas e etc”

Não sei dizer, mas se tiver provável os professores legais”

Eu, realmente, não consigo observar pontos positivos”.

Essas opiniões demonstram a importância de considerar as experiências e visões de estudantes ao avaliar e reavaliar os impactos e a eficácia do Novo Ensino Médio em suas vidas. Para finalizar os relatos e respostas dos estudantes quanto ao processo de aprendizagem na disciplina eletiva de ciências da natureza e a vivência e experiências no novo ensino médio, a última categoria do questionário é um espaço para que possam deixar recados ou alguma colocação que considerem importante e que não tenha sido abordada anteriormente. Segue alguns relatos:

Sim, gostei muito de sua matéria, ela é muito importante. Outra coisa é que eu não esperava tudo isso de sua matéria, achei muito legal as experiências. Tchau professora.”

Prof obrigada pelo tempo com a senhora, és especial”

obrigada por tudo,e por ser uma ótima professora”

"Não espere por oportunidades, crie-as"

Tirem as aulas de trilhas, pois elas não tem sentido e confundem os alunos com os conteúdos diferentes e nada haver com o ensino médio”

Foi perceptível a preocupação da professora em desenvolver aulas que fugissem do modelo padrão de aulas. Parabéns”

Ao analisar os recados deixados, podemos observar o seguinte:

1. Agradecimentos e elogios à professora: Alguns estudantes expressaram gratidão e elogiaram a professora pelo tempo dedicado à disciplina, reconhecendo sua importância e agradecendo.

2. Expressão de gostar das aulas e apreciar as experiências: Alguns mencionaram que gostaram das aulas e apreciaram as experiências proporcionadas na disciplina. Isso indica que eles valorizaram as atividades práticas e a abordagem diferenciada da professora.

3. Mensagens de despedida e saudades: expressaram que sentirão falta da professora, indicando que tiveram uma conexão positiva e apreciaram seu trabalho durante o período em que estiveram juntos.

4. Sugestão de mudança nas aulas de trilhas: Uma estudante mencionou que gostaria que as aulas de trilhas fossem removidas do NEM, afirmando que elas não têm sentido e podem confundir os estudantes com conteúdos diferentes e não relacionados ao ensino médio.

5. Mensagens breves e diretas: Dois estudantes deixaram respostas curtas, como "Não" ou "Não kkk", indicando uma falta de comentário adicional ou interesse em deixar um recado específico.

Essas respostas refletem diferentes tipos de feedback e interações dos/as estudantes com a professora. Alguns expressaram gratidão, apreciação e mensagens de despedida, enquanto outros foram mais breves em suas respostas. A sugestão de remover as aulas de trilhas indica uma opinião específica sobre o conteúdo do currículo. É importante ressaltar que nem todas as respostas foram detalhadas ou forneceram um recado significativo, mas as mensagens positivas e de agradecimento demonstram uma conexão emocional. Enquanto docente, agradeço a oportunidade de obter esse feedback dos/as estudantes e destaco que esta vivência foi muito positiva e enriquecedora na vida-professora.



Considerações Finais

Desafios e perspectivas no Novo Ensino Médio: contribuições e vivência na Eletiva "Experimentação e outras Práticas Investigativas”

As respostas revelaram alguns pontos positivos do currículo atual, as motivações dessas disciplinas no desenvolvimento dos estudantes, as contradições, as lacunas e os desafios enfrentados ao longo desse percurso educacional. Com isso, busca-se contribuir para o aprimoramento do Novo Ensino Médio, fornecendo informações relevantes para o planejamento e desenvolvimento de estratégias ecopedagógicas mais adequadas às necessidades e expectativas dos estudantes. Pois como descreve Freire (2017, p 119) “será a partir da situação presente, existencial, concreta” e refletindo o conjunto de aspirações dos estudantes que se pode organizar conteúdos programáticos da educação e da ação, o que temos que fazer é propor, “através de certas contradições básicas, sua situação existencial, concreta, presente, como problema que, por sua vez, o desafia e, assim, lhe exige resposta, não só no nível intelectual, mas no nível da ação” (FREIRE, 2017, p. 120).

A definição operacional de sustentabilidade ecológica, como apresentada por Capra, destaca a importância de moldar as comunidades humanas de acordo com os ecossistemas naturais. As respostas dos estudantes indicam que eles reconhecem a cultura de práticas como a reciclagem, a reutilização e a redução de materiais, bem como o uso de produtos biodegradáveis. Isso mostra que estão incorporando uma ideia de alinhar os estilos de vida e atividades motivadas com a capacidade da natureza de manter a vida. A importância da reconexão com a natureza e a compreensão de que somos parte da teia da vida são aspectos considerados por Krenak, Viviane Mosé e Freire. As respostas ainda indicam que as atividades práticas e investigativas da disciplina os ajudaram a reconectar-se com a natureza e entender a importância de uma relação mais harmoniosa com o ambiente. A ênfase na formação para a vida, a compreensão da complexidade das relações humanas e a conscientização sobre a responsabilidade ambiental são aspectos que refletem nas respostas dos/as estudantes.

No contexto da educação emancipatória, demonstraram que estão sendo estimulados a participar ativamente do processo de aprendizagem e compreendem a importância das interconexões entre os seres vivos e o ambiente. Isso sugere que a abordagem ecopedagógica está promovendo uma educação que desenvolve a criticidade, o protagonismo e a consciência ambiental dos estudantes. Além disso, a ênfase na transformação profunda das relações sociais e na maneira como nos relacionamos com a natureza, conforme apresentado na fundamentação teórica, encontra respaldo nas respostas que mencionam a conscientização sobre os impactos socioambientais, a necessidade de mudanças nos hábitos diários e a compreensão de que a natureza é parte intrínseca de nossa própria essência. Os estudantes demonstraram não apenas conhecimento intelectual, mas também sensibilidade e ação consciente, enfatizando a importância de compreender e lidar com a responsabilidade ambiental de maneira participativa.

No entanto, a avaliação do Novo Ensino Médio revela uma diversidade de opiniões e padrões diferentes. Alguns estudantes expressaram insatisfação com a carga horária excessiva, a presença de atividades desnecessárias e a redução do foco em disciplinas essenciais. Essas opiniões podem ser vistas como um desafio para a implementação eficaz do novo modelo educacional, ressaltando a necessidade de ajustes e melhorias que considerem as necessidades dos mesmos. Ainda assim, alguns pontos positivos também foram mencionados, como o desenvolvimento de novas formas de aprendizagem, a abordagem diferenciada e o acesso a materiais e aparelhos eletrônicos. Esses aspectos ressaltam a importância de adaptar o ensino para melhor atender às necessidades e expectativas dos/as estudantes, buscando promover um ambiente de aprendizagem mais engajador e relevante.

Além disso, os recados e mensagens finais dos estudantes mostram uma sensibilização pelo trabalho da professora, bem como a conexão emocional estabelecida durante o período da disciplina. Estas mensagens refletem a importância do relacionamento entre docentes e estudantes no processo educacional e a influência positiva que uma abordagem ecopedagógica e práticas investigativas podem ter sobre o engajamento dos estudantes.

Em resumo, os resultados indicam que a abordagem ecopedagógica e a ênfase em práticas investigativas têm impactado positivamente a compreensão dos estudantes sobre a interdependência entre seres humanos e natureza. No entanto, a avaliação do Novo Ensino Médio também aponta para desafios a serem superados, como a carga horária e o acompanhamento do conteúdo. Esses resultados oferecem insights valiosos para o aprimoramento contínuo do currículo e da metodologia educacional, buscando proporcionar aos estudantes uma experiência mais enriquecedora e satisfatória às suas necessidades e aspirações.

A importância da educação reflete nos diferentes âmbitos da vida de uma pessoa: em sua capacidade de se relacionar, interpretar informações, lidar com suas próprias emoções, tomar decisões com senso crítico e, até mesmo, obter satisfação pessoal e profissional. Pensar em uma experiência discente e docente focada em identificar e refletir sobre as ações do ser humano no e com o mundo se torna essencial na sociedade em que estamos vivendo. É necessário se sentir natureza, Nóstureza (WALTHER, 2021). Este termo foi conceituado por Fernanda Poletto no livro Nóstureza, publicado em 2020. A terminologia seria a junção ser humano e natureza, em sua busca por falar sobre esta relação, conectada na essência do existir, enquanto uma única coisa, intrínseca. Uma relação que deve ser transformada para o bem viver de todos os seres.

Para finalizar, deixo algumas falas e reflexões feitas por Viviane Mosé (2023) em alguns de seus vídeos (lives não gravadas), como: “a escola não é lugar de profissões” (MOSÉ, 2023). Antigamente se ia para a escola aprender conteúdos técnicos, hoje o índice de suicídios na fase das crianças e adolescentes são altíssimos, a escola não está conseguindo fazer tudo que demanda um currículo treinado para o trabalho, em que o repasse de conhecimento é o único e obrigatório caminho. A escola precisa de alegria, falar da vida, ajudar as crianças, adolescentes e jovens a “lidar com as exigências da vida”, assim também descreve o portfólio dos professores (SANTA CATARINA, 2020). Para muitos estudantes não importa tanto o conteúdo, importa fazer parte do grupo, conviver, participar, incluir todas as diferenças que, enquanto seres humanos, carregamos, desconstruindo modelos e conectando as diferenças. Agir em sociedade para transformar a sociedade. Como diz Paulo Freire, a educação não muda o mundo, a educação muda as pessoas e as pessoas transformam o mundo, pelo caminho do diálogo e do amor (MOSÉ, 2023; FREIRE, 2017).

Por fim, considerando os valiosos insights, esta pesquisa se firma como uma sugestão para o aprimoramento contínuo do currículo e da metodologia educacional, buscando proporcionar aos estudantes e toda a comunidade educadora uma experiência mais enriquecedora e satisfatória às suas necessidades, realidades e aspirações.





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1 Texto de Fritjof Capra. Disponível em: https://pvosasco.org.br/alfabetizacao-ecologica-o-desafio-para-a-educacao-do-seculo-21/

Ilustrações: Silvana Santos