Não podemos pensar em desenvolvimento econômico, reduzir as desigualdades sociais e em qualidade de vida sem discutirmos meio ambiente. - Carlos Moraes Queiros
ISSN 1678-0701 · Volume XXII, Número 88 · Setembro-Novembro/2024
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Contribuições de Convidados/as
SATO, Michèle.
Apaixonadamente pesquisadora em educação ambiental. In: Educação Teoria e
Prática, Rio Claro, v. 9, n. 16/17, p. 24-35, 2001. (bibliografia revista
em fevereiro/2003).
APAIXONADAMENTE PESQUISADORA EM EDUCAÇÃO AMBIENTALMICHÈLE
SATO
RESUMO Uma pesquisa
difere de uma intervenção. A grande diferença entre elas está na qualidade da
reflexão na ação. Na pesquisa, os métodos são mais elaborados e a ousadia da
(re)construção ou da validação de um conhecimento deve estar em forma de registro,
para que os resultados não sejam engavetados em uma escrivaninha, entre papéis
amarelados e poeira exposta ao vento. A divulgação, a visibilidade, ou a publicação
não devem obedecer à fogueira de vaidades, nem à lógica perversa do “publish
or perish”. É, sobretudo, cumprir um papel social para enriquecer os caminhos
da Educação Ambiental. O dano ambiental, seja de cunho social ou biológico,
continua existindo e é preciso ousar novas maneiras de ultrapassagem. A pesquisa
pode ser um dos grandes caminhos. Não há receitas a serem seguidas, cada sujeito
é um universo livre de criatividade e criticidade. Consideramos, neste texto,
uma pesquisa dentro da abordagem biorregional mato-grossense e tentamos
discutir que mais do que a racionalidade externa, é preciso investir na ética
dos sujeitos, permitindo que a paixão acompanhe a trajetória. Mirar para frente
e estabelecer os horizontes e, essencialmente, ser capaz de avaliar a trajetória,
confrontando erros, dificuldades e ilusões. Ser capaz de aguardar pelo imprevisível
e abandonar o conformismo, não tendo medo de situar-se no pessimismo, sem nunca
perder o brilho da esperança. PALAVRAS CHAVES:
pesquisa / biorregionalismo / pantanal mato-grossense
O
que nos mantém prisioneiros que não conseguimos frear os dilemas ambientais?
Onde conseguir as luzes para “inovar nossas próprias estruturas?”
Quais são os melhores caminhos a serem trilhados numa pesquisa em Educação
Ambiental? Estas e diversas outras indagações nos colocam frente ao mundo e a
este século, mas as respostas custam a ser obtidas. Longe de querer resgatar o
histórico repetitivo e acrítico das grandes conferências, gostaríamos de
lembrar que, pela primeira vez na história da Educação Ambiental (EA)
brasileira, somos testemunhas de um encontro sobre a pesquisa, aqui em Rio
Claro. Parabenizando a organização e a inovação do evento, poderíamos dizer
que a estrela já foi lançada, “e para quem souber enxergar, poderá viver
abraçado nela”[1]. Acreditamos
que o tempo de debater tais questões vem ao encontro de algumas inquietações
de Di Castri (op. cit.). Diversas experiências, projetos, dissertações
e teses têm sido realizadas, espalhadas nas diversas áreas do conhecimento.
Assistimos a disputa político epistemológica da EA em diversos campos -
pedagogia, sociologia, biologia, geografia, engenharias, ora acentuando a EA na
área educacional, ora nos campos ambientais. E nesta disputa ideológica, fomos
incapazes de criar um periódico nacional específico na EA, obrigando @s[2]
pesquisador@s a buscarem a literatura em diversas revistas especializadas,
acirrando os discursos dos territórios da EA. Neste questionamento, uma inevitável
constatação se impõe: precisamos definir a identidade d@ educador@ ambiental.
Não aquela identidade simbólica de expressar o estado da alma, que tem a
indecisão flutuante dos sonhos, mas uma identidade política que se consolide
nas ações quotidianas, que se enraíze em pensamentos constantes e que,
efetivamente, seja capaz de ousar a
transformação necessária para o caminho adiante. Não
temos dúvidas de que a EA exige um debate sobre suas bases de sustentação,
com aberturas epistemológicas que confiram seu alto poder de diversidade e
interfaces que a sua própria natureza requer. Pensando isso, acreditamos que
alguns países já conseguiram lançar a idéia e ter seus próprios periódicos
neste campo. Consideramos que esta foi uma das mais importantes trilhas, que
conduziram ao atual pensamento internacional da EA, em constante movimento dinâmico.
E por isso mesmo, reconhecemos os avanços e os recuos deste movimento, ora em círculo
fechado, ora aberto, possibilitando enveredar por caminhos desconhecidos,
descobrindo, assim, novas formas do pensar e do agir, inseridos em contextos
plurais, onde a diversidade possibilite e garanta a riqueza da reinvenção da
EA. Assim,
acreditamos que a disputa político conceitual da EA necessita revelar a
subjetividade dos sujeitos através da mediação pedagógica. A dimensão
ambiental pode ser transversalizada nas diversas áreas do conhecimento,
respeitando as organizações, os objetos e as necessidades das múltiplas relações.
A produção do conhecimento que se constrói deve ser validada e apropriada
pelos grupos sociais (Sato, 2001). Mas vale ressaltar que transversalidade e
interdisciplinaridade são paradigmas situados nas esteiras de uma lógica
interna, de construção democrática e muitas vezes, de morosidade complexa.
Estão além de decretos governamentais, de legalismos ineficientes ou modismos
de uma era. São necessidades que se estabelecem na ruptura do individualismo,
inserindo-se em dimensões coletivas, muitas vezes difíceis de serem
estabelecidas. Historicamente,
as primeiras atribuições das bolsas a instituições com programas de caráter
educacional iniciaram em 1954 (Bogdan & Biklen, 1994), e teve seu salto no
desenvolvimento da antropologia interpretativa, bem como seu conceito de
cultura. Entretanto, o reconhecimento das pesquisas qualitativas ainda enfrenta
um forte aparato positivista das instituições financiadoras e das tradições
das ciências naturais. No cenário brasileiro, o Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), por exemplo, não tem uma área
própria para a EA, incluindo-a na área de “Tópicos Especiais em Educação”,
ou na “Ecologia Aplicada”. No cenário educacional, a Associação Nacional
de Pós-Graduação em Educação (ANPED) lança a formação de um grupo de
estudos em EA somente este ano, e há um espaço tímido à EA em outras áreas
do conhecimento. Não existe, assim, nenhum periódico especializado que garanta
o fortalecimento das pesquisas em EA. No contexto mundial, o periódico mais lido no campo
da EA é de origem americana (Journal of Environmental Education), e
sofreu duras críticas pelos chamados educador@s ambientais construtivistas,
porque suas publicações ancoravam-se em métodos e técnicas de origem
positivista. Marcinkowski (1996) analisa de que 85%
dos trabalhos publicados nesta revista traziam uma forte conotação
cartesiana, com dados empíricos e mostras controladas. Em 1990, como marco
inicial do debate sobre as pesquisas na EA, a “North American Association for Environmental Education”
promoveu um encontro internacional com @s especialistas para discutir os
paradigmas alternativos em EA no estado do Texas (Mrazek, 1996). Neste encontro,
surgiram algumas perguntas que tentaram responder às validações da pesquisa
em EA, com debate sobre os paradigmas de investigação, a historicidade desta
tradição, aos enfoques metodológicos, os processos de validação, rigor e
confiabilidade, bem como a função de um periódico especializado que poderia
ser convertido em um fórum permanente de discussões dos caminhos da pesquisa
em EA. Na tentativa de buscar as
respostas, o periódico “Environmental Education Research” apareceu
na Inglaterra, enfocando as estratégias e os métodos na pesquisa em EA, além
de um livro intitulado “Alternative Paradigms in Environmental Education
Research”, publicado em 1992, com artigos de especialistas mundiais, que
buscavam responder tais questionamentos. Em consonância com tais publicações,
a Austrália também trouxe a sua importante contribuição lançando o livro
“Research in Environmental Education” (Robottom & Hart, 1993),
trazendo novos enfoques e debates necessários para o caminho adiante. Após
estes acontecimentos no cenário da pesquisa em EA, testemunhamos o nascimento
da revista latino americana em EA, “Tópicos en Educación Ambiental”,
bem como duas revistas oriundas do Canadá, a “Canadian Journal of
Environmental Education” pela parte anglo-saxônica e a “Éducation
Relative à L´Environnement” pelos países francofônicos, liderados pelo
Quebec. Embora o início da formação
de uma rede lusófona em EA tenha sido lançada, ainda esbarramos na ausência
de financiamento para que o caminho se concretize. A rede lusófona é uma
proposta de Portugal, que junto com o Ministério do Meio Ambiente (MMA) do
Brasil e outros cinco países falantes da língua portuguesa, acreditam que a EA
nasce da necessidade de conjugar a diversidade natural e cultural, tomando o
idioma como maior destaque da expressão cultural. Uma de suas propostas
ancora-se na possibilidade de uma revista especializada que possa fortalecer a
pesquisa na EA. Tentando caracterizar e validar
uma pesquisa em EA, Sauvé (1998-1999: 18), aponta alguns critérios que se estabelecem
em: ·
a) se a finalidade é a produção de um novo conhecimento - ou sua
consolidação; b) se é conduzida com rigor e perspectiva crítica,
preferencialmente através de uma confrontação de diversos olhares em EA; ·
Uma pesquisa deve supor que os atores e as atrizes justificam seus marcos
teóricos e metodológicos, independente se tais marcos são construídos antes
ou durante a investigação; ·
Para qualquer metodologia adotada, @s
pesquisador@s
devem dar provas de transparências, revelando ensaios, erros,
incertezas, dúvidas e possíveis desvios. Existe, assim, uma responsabilidade
de rigor, e não de auto-satisfação; ·
Quando uma pesquisa está associada à
intervenção, ela deve se caracterizar por uma reflexão na busca de
elementos teóricos transferíveis para outras situações, respeitando,
todavia, a idiossincrasia e a singularidade das situações; ·
Uma pesquisa deve supor um processo de validação teórica e metodológica;
e ·
Os resultados da pesquisa devem situar-se numa corrente histórica, ou em
um patrimônio de investigação dentro do mosaico global das pesquisas
realizadas no campo de atuação. Alguns paradigmas da pesquisa foram esclarecidos em
diversas publicações, com análise da EA positivista, construtivista e sócio-construtivista[3].
Em termos gerais, são orientações ancoradas na taxonomia educativa que ainda
determinam os caminhos da EA. Sauvé et al. (2000),
acreditam, entretanto, que é necessário conhecer as representações que cada
indivíduo ou grupo aceitam como “ambiente”. Sato (2000) também acredita
que estas representações construídas determinarão as práticas pedagógicas
e os caminhos da pesquisa. Iniciando na identidade individual (ser humano), é
necessário buscar uma área de aprendizagem da alteridade (sociedade) e deste
coletivo, construir as relações com a natureza (mundo). Para tal, Sauvé (op.
cit.) classifica as representações ambientais em sete categorias: como
natureza, como recurso, como problema, como sistema, como meio de vida, como
biosfera e como projeto de vida. A pequena síntese de cada percepção (tabela
1), livra-se da posição cartesiana de agrupar as representações sociais em
pacotes fechados e sem diálogo entre si, e não tem a intenção de trazer uma
classificação matemática da literatura, apenas oferece uma síntese crítica,
que possa contribuir com o debate sobre as representações sobre o ambiente.
“É um estoque de pensamentos e conhecimentos para facilitar a comunicação
e a cooperação entre os indivíduos” (Moscovici, apud Storey,
1998-a: 63), e é, sobremaneira, uma tentativa de lançar idéias para
transformar atos possíveis (Todorov, 1993).
Permitindo que novas abordagens sejam discutidas, este
texto apresentará, rapidamente, algumas linhas de pesquisas apresentadas por
alguns/algumas autor@s em EA, para dar seqüência às pesquisas realizadas em
Mato Grosso, sob o projeto Mimoso, ora em desenvolvimento, com enfoque no
ecossistema pantaneiro. 1. METODOLOGIA DE PESQUISA EM EA
1.1.
Pesquisa Bibliográfica Toda
pesquisa, seja lá de que representação ou cunho for, necessita da revisão de
literatura, validada pela pesquisa bibliográfica. Alguns/algumas pesquisador@s,
entretanto, utilizam-se somente desta estratégia para consolidar os
conhecimentos, através da bibliografia já publicada de pensamentos ou
personalidades, bem como documentos que contenham fatos históricos para serem
investigados. Segundo (Creswell, 1997), a pesquisa bibliográfica é um estudo
baseado nas referências literárias, nos documentos ou nas narrativas orais que
possibilitam diversas leituras dos fatos, fenômenos, pensamentos ou de autor@s
estudad@s. Tais investigações podem trazer uma nova interpretação em
determinadas situações, pessoas, temas ou sociedades. Ela pode ser dividida em
três linhas básicas: a revisão literária, a autobiografia e a narrativa
oral.
1.2.
Pesquisa Fenomenológica De acordo com Passos (1998) e Merleau-Ponty (1971),
este enfoque descreve significados das experiências de vida sobre uma
determinada concepção ou fenômeno, explorando a estrutura da consciência
humana. @s pesquisador@s buscam a estrutura invariável (ou essência), com
elementos externos e internos baseados na memória, imagens, significações e
vivências (subjetividade). Há uma ruptura da dicotomia “sujeito-objeto” e
dos modelos exageradamente “cientificistas”.
1.3.
Pesquisa Etnográfica Creswell
(1997) analisa que é a descrição e interpretação de uma cultura, de um
grupo social ou de um sistema. Caracterizada por ser uma pesquisa tradicional da
Antropologia Clássica, requer cuidadosa observação ou imersão no cotidiano
da população considerada. Entretanto, a Antropologia Interpretativa (Sato
& Passos, 2001) trouxe modificações no funcionalismo estrutural, com
destaque ao interacionismo simbólico, cultural ou cognitivo (cultura,
comportamento, linguagem e artefatos), com respeito à diversidade e contra a
generalização simbólica estabelecida pela Antropologia Clássica.
1.4.
Estudo de Caso Segundo
Creswell (1997), esta estratégia não é aceita como metodologia por
alguns/algumas pesquisador@s, dada à especificidade de uma determinada
realidade. Ancora-se na descrição de um objeto/fato/fenômeno específico, que
dificilmente apresenta o potencial de replicabilidade. A coleta de dados,
detalhada e rica, de um determinado contexto, exige estratégias de observação,
entrevistas, documentos, audiovisuais ou outros materiais.
1.5.
Pesquisa Diagnóstica-avaliativa Muit@s
pesquisador@s têm um certo receio de aventurar nesta área, pois a avaliação
ainda é um marco conceitual pouco esclarecido, temido nas bases educacionais e
profissionais, mal compreendido e utilizado equivocadamente. A avaliação,
neste contexto, não é somente a tradicional metodologia de apontar “culpados
ou inocentes”, mas fundamentalmente, é uma verificação dos processos
desenvolvidos com seus resultados, na qual permite novas orientações das ações
para superação dos limites visando a manutenção das potencialidades (Sato;
Tamaio & Medeiros, 2002; Liarakou & Flogaitis, 2000).
1.6.
Pesquisa-Ação De
acordo com Sauvé, 1997; Sato, 1997; Hart, 1996;
Thiollent, 1994; Zakrzeviski, 2002, a pesquisa-ação é uma tarefa
conjunta de compreensão e decisões democráticas baseada na práxis
comprometida com a espiral auto-reflexiva. Implica em desenvolvimento
profissional, assumindo transformações educativas dependentes do compromisso
dos sujeitos envolvidos. Implica ampla autonomia e interação dos sujeitos e não
se limita à ação pontual. Visa a (re)construção do conhecimento na ação.
1.7.
Biorregionalismo O biorregionalismo é uma tentativa de resgatar uma
conexão intrínseca entre comunidades humanas e a comunidade biótica de uma
dada realidade geográfica. O critério para definir as fronteiras de tais regiões
pode incluir similaridades do tipo de terra, flora, fauna ou bacias hidrográficas.
A recuperação histórica, simbólica e cultural apregoa valores de cooperação,
solidariedade e participação, permitindo desenvolvimento entre a comunidade e
o meio biofísico (Orr, 1992 & 1994; Grün, 2002; Sato & Passos, 2002).
Ainda
que esta síntese esteja incompleta e que o assunto não se esgote em nenhum texto
de algumas páginas, este texto procurou abordar somente alguns exemplos para
que gere uma pesquisa mais elaborada. Isso não implica dizer que um campo
metodológico não se adentre em outros. Em outras palavras, há um entrelaçamento
entre elas, permitindo um tratamento de dados mais flexível. A análise pode
ser quanti ou qualitativa, oferecendo, ainda a possibilidade da triangulação.
A triangulação pode ter duas interpretações (figura 1):
Figura
1: Triangulação
de dados
No
caso específico do projeto Mimoso, o grupo social responsável pela pesquisa
tem diversas representações sobre o ambiente, além de caminhar
metodologicamente em caminhos diferenciados e com interesses distintos. A
possibilidade do diálogo se circunscreve na teoria biorregional, respeitando a
multiplicidade, o olhar individualizado e coletivo que traçam a trajetória da
EA em Mimoso, no município de Santo Antônio de Leverger, em Mato Grosso (MT). 2. O PROJETO MIMOSO[4] O projeto internacional intitulado “Educação
Ambiental como Prática Sustentável da Comunidade Pantaneira” recebe o
codinome de “Projeto Mimoso”, em homenagem ao nosso locus de atuação,
que recebeu este nome em função da vasta vegetação constituída de uma espécie
de capim (Axonopus purpusii). A comunidade foi palco de muitas guerras no
passado e guarda na memória, com bastante honra pel@s morador@s, o nascimento e
a infância do Marechal Cândido Rondon. O centro de Mimoso é a escola Santa
Claudina, que agrega as lideranças comunitárias, jovens e pessoas da
comunidade, além de ser local de festas e ricas tradições culturais, como
toda comunidade rural. É uma comunidade pobre, que sofre a crise do desemprego,
das desigualdades sociais e dos impactos ambientais, causados, principalmente,
por turistas e pescadores predatórios, que visam o lazer sem nenhum cuidado
ecológico ou cultural, contribuindo inclusive
para o trabalho escravo e causando graves danos à rica diversidade,
tanto biológica como social. A paisagem natural mostra-se exuberante e ainda
conserva aspectos belíssimos do ecossistema pantaneiro. É comum testemunharmos
as revoadas de cardeais, as ninhadas de tuiuiús, os passeios da mãe capivara
com os filhotes, as brincadeiras dos jacarés e os reflexos solares que conferem
a beleza às águas. Nosso projeto é financiado pela “Global
Environmental Facility (GEF)”, em parceria com a Organização dos Estados
Americanos (OEA), o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e
a Agência Nacional da Águas (ANA), recentemente criada pelo Ministério do
Meio Ambiente (MMA) brasileiro. O primeiro fundo para a Proteção do Ambiente
Global (GEF) foi criado pela Emenda de Londres ao Protocolo de Montreal para a
proteção da camada de ozônio, em junho de 1990. Em 1991, estabeleceu-se um
acordo entre países ricos doadores com o fim de reunir esforços destinados à
proteção ambiental global nos países receptores de média e baixa renda e
levar adiante projetos nas áreas de mudanças climáticas, biodiversidade e águas
internacionais (Viola, 1997). Os entraves políticos e administrativos do Fundo
fizeram com que houvesse uma mobilização para a conquista de um mecanismo mais
participativo, que legitimasse as transformações obtidas pelos projetos.
Embora excessivamente burocrático, particularmente no que se refere ao setor orçamentário,
o fundo representa uma fonte importante de recursos para se alcançar a pesquisa
na área ambiental, além de representar a possibilidade da formação de grupos
de trabalhos, do diálogo interinstitucional e, principalmente,
das competências individuais e coletivas para o desafio das pesquisas
transacionais. No âmago dessa dinâmica surgida após o período da
guerra fria, nosso subprojeto nasce do Projeto “Bacia do Alto Paraguai” (BAP),
envolvendo os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Entre os diversos
subprojetos aprovados em EA, Mimoso guarda a inovação de não ser mais um
projeto de “treinamentos” com prazos determinados, a partir do momento em
que se baseia na perspectiva da busca da sustentabilidade pelas ações da própria
comunidade autóctone, esperando que a autonomia seja estabelecida para os
cuidados do ambiente local. Avaliada como “replicável” pelas agências
financiadoras[5], o projeto Mimoso não
acredita em programas de “treinamento” em curto prazo que retiram da educação
o caráter formativo processual necessário às transformações desejadas. O
povoado de Mimoso constitui uma diversidade particular dentro de uma outra
diversidade mais abrangente. São recortes do recorte, singularidades de uma
singularidade. A diferença entre esses povos e nós é que eles percebem a
diversidade nas relações com a sociedade dominante que se constitui como
alteridade em relação às suas vidas e significações; a sociedade dominante,
por sua vez, é cega em relação à diversidade que eles constituem (Sato &
Passos, 2002). Esta biorregião pode ser definida como uma construção coletiva
de organismos vivos e seus ambientes que formam uma unidade, “onde o
passado cultural das comunidades, em interação direta com seus ambientes,
formam a essência da terra” (Russel, 1997: 4, tradução nossa). Os habitantes do pantanal, não se compreendem através
da estrutura clássica dicotômica: natureza e cultura. Isso tem um impacto
direto e absoluto sobre suas relações com a biodiversidade e meio ambiente. Não
há uma distinção de limites definidos entre a natureza e a cultura. Eles são
parte da natureza, suas raízes estão interpenetradas nela, de sorte que a visão
modernista do mundo-objeto, enquanto alteridade distinta do sujeito, é
absolutamente desprezada. O que aprendem da natureza é necessariamente inferido
para o mundo do conhecimento. Enquanto coletividade, eles são parte integrante
viva e dinâmica da natureza que os recorta e define como parte da realidade
circundante. Seu corpo carrega simbolicamente os desejos, as necessidades e o
movimento geral que cerca o mundo que os apreende. Isso desafia nossos padrões
individualistas de situarmo-nos perante o mundo e não conseguimos enxergá-los
como “objeto” de nossos estudos, senão como sujeitos históricos situados
em um contexto, que abrem diálogo conosco, ensinando e aprendendo; falando e
ouvindo; resgatando velhas histórias e construindo novos conhecimentos. Assim,
nossa proposta em EA considera o indivíduo evocando-o em suas relações
coletivas. Em Mimoso, a biodiversidade é rica e deve ser mantida
por uma política que pense a vida humana como resultado do conjunto vivo e dinâmico
do ecossistema. Os grandes inimigos dessa biodiversidade são, em primeiro
lugar, a violência da expulsão permanente do homem e da mulher do local pela
concentração de terras cada vez maior na mão de um número sempre menor de
fazendeiros, empresas de agropecuária e proprietários de chácaras. A meta é
destruir a vegetação, erradicar as espécies do pantanal e impor uma
fisionomia alienígena e de padrões uniformes, visando-se à
produção voltada para o lucro imediato, à monocultura, à agropecuária
de extensão; com isso, não só se extinguem as espécies vivas, como se
destroem os "olhos d'água" e exaure-se a terra através de
procedimentos inapropriados, muitas das vezes com o uso de maquinaria inadequada
à região, conseqüência da inexistência efetiva de políticas da transferência
de tecnologia no país (Sato & Passos, 2002). Há
que se reconhecer também a existência de uma lógica triunfante e arrasadora
na implantação gradativa do capitalismo, sobretudo em sua vampiresca forma
neoliberal, com desdobramentos óbvios para a ecologia local. “Ao capitalismo,
restaram a fábrica de ilusões, a necessidade intrínseca de industrializar os
sonhos e os pesadelos, embalá-los, vende-los e revendê-los (...) Enfim a Terra
globalizou-se. Até quando, porém, suportará o sistema orgiástico a sua própria
mola entropicamente já desgastada?” (Marques, 1999: 47). Cabe, por isso,
ressaltar uma vez mais a violência histórico-cultural institucionalizada,
encarnada no aparelho do Estado, que permite a violência, sustenta-a e ainda a
promove. Ao denunciar isso, não estamos fugindo do escopo deste trabalho, cuja
finalidade primordial é apontar a violência (social e biológica) na região
por nós pesquisada e relacioná-la a suas raízes econômico-políticas, com ênfase
nas diversidades. O
Pantanal, hoje elevado ao status de “patrimônio da humanidade”,
conferido pela UNESCO, pode assegurar uma aparente riqueza na região, mas pode
tornar ainda mais dramática sua expropriação, pois o uso dos recursos que
constituem parte da natureza e identidade dessas populações do pantanal lhes
será vedado enquanto comunidade autóctone. Na avaliação crítica de
Pedlowski et al (1999), a criação de unidades de conservação pode
acelerar o processo de degradação ambiental se não for acompanhada por
mecanismos específicos de fortalecimento institucional dos órgãos
governamentais e de desenvolvimento de grupos sociais diretamente envolvidos no
processo. Marques (1999: 44-45) nos relembra que o sombrio
conceito de “desenvolvimento sustentável” é difícil de ser aceito, pois:
Nesse
cenário, a EA torna-se uma possibilidade de manutenção da identidade social
da comunidade pantaneira, propiciando a mulheres, homens e crianças que
continuem a desenvolver-se com a sabedoria do manejo das espécies sob um conteúdo
de mundividência e significado simbólico que garante a sobrevivência, a
reprodução e conservação, através do manejo artesanal das espécies que
lhes asseguram a sobrevivência. Assumimos,
assim, as teorias do biorregionalismo, definido como uma tentativa de resgatar
uma conexão intrínseca entre comunidades humanas e a comunidade biótica de
uma dada realidade geográfica. O critério de definição das fronteiras de
tais regiões pode incluir similaridades em relação ao tipo de terra, flora,
fauna e sistemas de drenagem de águas (Shapiro, 1997 apud Grün, 2002).
No caso específico de Mimoso, os critérios não foram estabelecidos, pel@s
pesquisador@s, para o recorte da biorregião. A comunidade já existia, agregada
ao seu próprio entorno natural e com cultura própria. Esta teoria supõe que o
desenvolvimento da comunidade também perpassa pela cooperação entre os indivíduos,
pois vivendo mais próxima da terra, surgiria, também, uma relação mais próxima
nas comunidades. É
claro que quando se trata de um projeto de pesquisa, faz-se fundamental conhecer
o local de intervenção. Podemos desenvolver um inventário dos recursos de
Mimoso usando informações já existentes, que nos permitem aprender sobre as
espécies que compõem a rica biodiversidade, a dinâmica dos fluxos e refluxos
das águas pantaneiras, as condições climáticas ou os estudos de impactos
ambientais; no entanto, é essencial conhecer a história como possibilidade
humana, pois cada lugar oferece possibilidades para o desenvolvimento das
pessoas e das comunidades que nele habitam (Grün, op. cit.). “Cultura
não é apenas raiz: é galho, também é fruto. Cultura é trânsito: seu
passado, é um passando. Seu tempo verbal é gerúndio” (Marques, 1999: 54).
Dessa forma, acreditamos que “o
desenvolvimento da região implica também o desenvolvimento do indivíduo” (Grün,
op. cit.). A cidadania é resgatada, assim, na luta pela possibilidade de
uma sociedade orgânica com o ambiente que, obviamente, requer um sistema político.
“O núcleo político da biorregião é a comunidade, considerada núcleo básico
também do mundo ecológico. É a comunidade que faz a gestão da terra, (...)
exigindo mudanças nos estilos de vida e lutando por um poder difuso que atue
sobre tais transformações” (Giovannini, 1997:112). Certamente, corre-se o
risco de que a descentralização ultrapasse a separação e, portanto, que uma
acentuação centrífuga do biorregionalismo chegue a comunidades incomunicadas.
O pior risco é que, sob o signo da mudança, a comunidade biorregional
converta-se a um velho racionalismo tecnicista de controle e regulagem. Na compreensão de Arruda (1999),
as populações chamadas “tradicionais” por não fazerem parte do elo dos núcleos
dinâmicos da economia nacional, adotaram o modelo biorregional, refugiando-se
nos espaços menos povoados, onde a terra e os recursos naturais ainda eram
abundantes, o que possibilitou sua sobrevivência e a reprodução desse modelo
cultural relacionado à natureza, com inúmeros variantes locais determinados
pela especificidade ambiental e histórica da comunidade. Embora essas populações pratiquem um modo de vida
ecologicamente mais equilibrado, vêm sendo negligenciadas quanto aos subsídios
para a elaboração de políticas públicas regionais, assim como são as
primeiras a sofrerem os impactos ambientais e as últimas a se beneficiarem das
políticas de conservação ambiental (Arruda, op. cit.). Nesse sentido,
a participação ativa da comunidade faz-se fundamental. Para tal participação,
todavia, há que se criarem mecanismos educacionais eficientes que realmente
incentivem o exercício de cidadania da comunidade para a manutenção dos
ambientes (Sato & Passos, op. cit.). Assim, rever o próprio conceito de
“tradicionalidade” faz-se necessário, pois a mudança social dos povos
tradicionais passa a ocorrer em tempos não tradicionais. Mais do que isso, há
que se duvidar dos fenômenos da globalização, “uma tendência
americanizante que não passa de uma MacDonaldização do mundo - uma
dessacralização massiva, uma banalização exagerada, uma profanação
consentida vestida de alteridade” (Marques, 1999: 66). 3. OS HORIZONTES DA PESQUISA Os campos de percepções dentro deste imenso programa
BAP são múltiplos. A representação ambiental das agências é sistêmica,
pois potencializam a visão do ambiente através de um sistema hídrico que deve
ser gerenciado, com estímulos aos projetos de gestão e manejo “sustentável”,
inclusive através do uso de Sistema de Informação Geográfica (SIG), com
cartas e fotografias de satélites. A participação comunitária, todavia, é
insistentemente reforçada e temas que enfoquem as relações de gênero são
igualmente estimuladas. Isso influencia os projetos financiados, mas as agências
permitem uma “certa liberdade” de ação local. Acreditam que os projetos
financiados possam ser pilotos (modelos) para outros futuros, além de dar ênfase
ao potencial hídrico do ecossistema Pantaneiro. No
interior da equipe Mimoso, também constatamos vários olhares da EA. Não são
convergentes, e muitas vezes há sérias discordâncias. Nossa maior trajetória
é tentar emergir esperanças comuns num universo plural. Buscamos unir a
diversidade com a integridade, rompendo com a estrutura de um ordenamento
totalitário, com especializações e pensamento dominante, buscando a significação
na ruptura de uma hierarquia e delimitação pré-fixada. Isso certamente gera
incertezas, que aparecem aos indivíduos como um dos grandes desafios da
criatividade humana. Por outro lado, também significa ultrapassagem, novas
trajetórias - isto significa uma
certa rebeldia de espírito e dúvidas das supostas “verdades”. Cada
sujeito tenta viver humanamente o seu tempo, e em contato com a realidade geral
do projeto, participa como “cúmplice” - uma personagem na história
coletiva, com a penetração crítica e a capacidade de ser solidári@, mesmo
que muitas vezes tenha se sentido solitári@ também. O respeito, a crítica ética
mútua e a auto-avaliação são fundamentais na construção deste processo,
muitas vezes dolorido, mas validado sob a racionalidade apaixonada da construção
de um espaço cívico comum (Sato, 2002). Abrimos frentes para diversos temas, cada um@ com a
sua representação ambiental e ação educativa, que coletivamente traçam um
projeto integrado, sem que as bases político-epistemológicas individuais sejam
anuladas, nem que anulem o desenho global. A valorização do turismo natural e
cultural convida a uma avaliação diagnóstica da região, integrando os
aspectos sociais e naturais como um meio de vida, desenvolvendo o sentido de
pertencimento e valorização da comunidade de Mimoso. O acervo fotográfico e
as análises das representações sobre o turismo destacam que, para a maioria
dos visitantes da região, o ambiente ainda é uma natureza “intocada” que
deve ser preservada e admirada. Embora com este discurso, observamos o terrível
descaso nos passeios e lazer, com diversos resíduos esparramados por onde
passam. Isso nos remete a um outro sub-componente, cujos
responsáveis consideram o processo de gestão importante, observando os
impactos ambientais causados pel@s pescador@s e morador@s através do lixo. A
intervenção deste sub-projeto vem no sentido do manejo ambiental, assegurando
que a qualidade de vida não seja tão deteriorada pelas ações antrópicas
inconseqüentes, e o estímulo a compostagem, dentro de uma atitude responsável,
é uma das estratégias educativas na EA. As intervenções não
enfatizam a reciclagem, mas buscam a reflexão dos modelos de consumo,
estimulando um novo estilo de desenvolvimento que se ancore em cuidados sociais
e ecológicos. Há uma especial atenção à redução e à reutilização, que
se caracterizam como uma reflexão necessária para que, mais do que gestionar
os recursos, tod@s nós sejamos capazes de repensar a nós mesm@s. As análises biológicas das espécies existentes, bem
como os usos destas espécies à aplicação medicinal também obedecem à
pesquisa diagnóstica, coletada pela observação participativa e entrevistas
com @s morador@s. As narrativas destas entrevistas vão além do potencial biológico,
revelando os mitos, símbolos e os conhecimentos existentes na região.
Descobrem-se as cortinas, mostrando que as idéias, a sensação material da
confusão do ser humano e da natureza vai intensificando nas alegrias, dores,
pensamentos e palavras. O “in-consciente” revela, muitas vezes, a
impetuosidade e a indiferença, mas a grandeza da natureza vai sendo desenhada
nas narrativas ouvidas. Oficinas pedagógicas e guia infantil abordando a
biodiversidade local são estratégias que determinam a práxis deste
subprojeto. Um outro olhar sobre a biodiversidade está na representação da
complexidade biosférica, que considera que a dimensão planetária está
interligada e que todas as espécies são representantes essenciais no
ecossistema, desafiando a centralidade humana. Com ênfase nos animais peçonhentos,
em especial aos répteis, a observação
direta permite reconhecer as espécies existentes em Mimoso, possibilitando práticas
educativas de grande importância para a conservação da biodiversidade, como
um fórum democrático de discussão sobre tais animais a partir de filmes e vídeos
(“Anaconda”, por exemplo), coleção de animais para diferenciação dos peçonhentos
e não peçonhentos, produção de histórias em quadrinhos e implementação da
EA nos currículos, em especial do ensino médio. Um
outro subprojeto se inscreve nas representações das relações de gênero com
a água. Aqui, uma valorização das narrativas e das lendas é ressaltada, que
permite estudos dos símbolos da água na busca da identidade do masculino e do
feminino. Não há uma valorização do papel somente das mulheres, senão um
estudo que traga os dois sexos igualmente responsáveis e engajados na luta
ambientalista. Todavia, dos símbolos presentes em Mimoso, a água é como fonte
de fecundação da terra e de seus habitantes, com uma relação particular com
a mulher, representando o curso da existência humana e as flutuações dos
desejos e dos sentimentos. A água poluída, entretanto, traduz-se em horror,
doença e morte. O estudo destes símbolos é fundamental para compreender o
imaginário das pessoas, onde a civilização industrial que causa a poluição
pode avivar a necessidade e o apetite por signos que falem que devemos intervir
nesta realidade, com propostas de EA que, resgatando tais histórias e ícones,
podem frear os danos da biorregião.
Um último subprojeto discute a importância da
comunicação nos processos da EA e seu maior aporte consolida-se na produção
de materiais pedagógicos (história em quadrinhos, folder, cartazes e
fascículos) que conseguem trazer todos os temas dos subprojetos de forma mais
integrada. Através das entrevistas, pesquisa bibliográfica e acervos fotográficos,
os fascículos são elaborados para auxiliar o processo da comunicação na
formação em EA. Em uma linguagem de fácil compreensão, visa decodificar a
linguagem científica e aumenta a o poder de sensibilização com um visual
ricamente atrativo e com ilustração regional. Uma home page[6]
foi construída e um CD-ROM educativo está sendo elaborado, com as principais
abordagens destes subprojetos e ancorado numa proposta de subsídio para a
implementação da EA, com ênfase aos espaços escolarizados, tidos como o coração
de Mimoso. Nossas
reuniões são periódicas, discutindo toda a intervenção, ação e materiais
educativos coletivamente. Além disso, há distribuição de tarefas e os
estudos teóricos marcam ricos momentos de intercâmbio, trocas epistemológicas
e, inclusive, momentos de confraternização. Quando enfrentamos a ausência da
compreensão crítica de nossas realidades, apreendendo somente os fragmentos
que fazem parte da totalidade, a mediação pedagógica se estabelece,
possibilitando a construção constante do sentido e da significação de cada
pessoa, instituição ou ideologia,
superando a percepção limitada e o hiato existente entre a prática e a
teoria. Caminhamos para a pesquisa participante, onde a participação comunitária
ocorre nas diversas frentes que a equipe propõe, em constante diálogo com @s
morador@s, professor@s e estudantes da região. Mais
do que uma equipe multidisciplinar, o projeto Mimoso também conta com
interesses diferenciados, desde que agrega docentes, estudantes de mestrado,
bolsistas de iniciação científica e quatro instituições distintas - a
Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), A Secretaria de Estado de Educação
(SEDUC), o Instituto Brasileiro de Recursos Renováveis (IBAMA) e o jornal “Diário
de Cuiabá”. E a partir das práticas pedagógicas interdisciplinares, vamos
desenhando nossa proposta na construção de um pensamento que consiga sair do
enclausuramento teórico, resgatando nossa função social e entregando-se às
paixões. Reconhecemos, no movimento histórico e político da EA, uma revolução
perpétua, vagarosa, talvez, mas que traz um barulho mais inelutável.
Reconhecendo que as diferenças são também um instrumento de compreensão e de
ação, acreditamos, assim, que a pesquisa ganha contornos de uma verdadeira
reflexão prática. Não temos a intenção de elaborar novos paradigmas.
Todavia, mais do que uma viagem de curiosidade, é um entregar-se ao
conhecimento. É um pouco de Fausto (Goethe, 1999), inquieto da sabedoria
humana:
É
necessário, aqui, reconhecer os jogos de poder no estabelecimento das relações
de diversos saberes que também permitiram a constatação de irregularidades
individuais e coletivas. Nossa trajetória não é simples, talvez seja até
“louca”, como enunciava Foucault (1996), pois se circunscreve em espaços
institucionais diversificados, entre discursos e práticas heterogêneas - no diálogo
entre @s participantes da própria equipe; passando pela proposta coletiva com a
comunidade de Mimoso; pelas instituições envolvidas; e culminando no cenário
internacional. A parceria está longe de ser fácil. A opção que assumimos em
nossos atos cotidianos sempre implica na escolha de valores e interesses,
afetados pela argumentação de quem nem sempre a comunicação implica em
compreensão mútua. Além disso, os elos internacionais nos obrigam a ser
“produtivos”, provenientes da exigência de “produtos”, como se o
processo educacional pudesse oferecer resultados palpáveis em prazos curtos. Esta
incompreensão aos processos da EA gera um afã de destacar-se do conglomerado
cartesiano, trazendo a ânsia de sensações fortes. Diríamos até que cria uma
tendência a assomar-se a um abismo
e dobrar meio corpo para ele. Olhar a geladora profundidade e, com muita freqüência,
querer se lançar sobre ele. A maneira pela qual o mundo nos subjuga, e o esforço
com o qual tentamos nos impor ao mundo, forma o drama da vida. A resistência
dos fatos, entretanto, nos convida a transportar a nossa construção ideal para
o sonho, e a esperança alimenta nossa crença, mesmo com todos os dissabores.
Talvez ali, onde a racionalidade da Modernidade e a visão inflexível das agências
financiadoras tenham tropeçado em seus limites, tenha sido possível criar um
novo episódio para a EA. Afinal, estamos comprometid@s com a história e não
podemos mais permanecer prisioneir@s. “Que os acontecimentos por vir nos
oprimam ou nos desesperem” (Lyotard, 1948: 17), mas também que nos ofereçam
a possibilidade de guiarmos a vida, afastando a violência e permitindo que a
felicidade seja sempre possível (Sato, 2002). Nosso conhecimento nunca fotografa essas diversidades
como objetos dados, ele é sempre uma interpretação. É sempre intersubjetivo,
uma vez que as fotografias não conseguem focalizar objetos em constante
movimento. Parte-se em busca das significações, com a compreensão de que o
microcosmo simbólico é os menores acontecimentos e detalhes.
Uma pesquisa em EA pode ter tradição, mas também
pode revirar pelo avesso toda a estrutura íntima de seus planos, pois no
trabalho coletivo, encontramos possibilidades infinitas de versatilidade, dentro
e fora de uma conjuntura analógica da vida. Senão vira modismo, explica-se
como última fase da intelectualidade “fashion” e morre ali, como um
herói de puro sangue bem sucedido. Torna-se estática em assuntos dinâmicos.
É fundamental, portanto, que uma pesquisa em EA seja apaixonadamente
subversiva. Livre, mas legítima. A liberdade não é a expressão antagônica
de determinações sociais, mas a realização das opções que estas nos
permitem realizar. Pesquisar, portanto, é ainda um grande desafio. Pesquisar em
grupo é, ainda mais, desafiador. Acreditamos, assim, que a EA insere-se num movimento
social, além de ser uma atividade política. Nosso desafio vem responder à difícil
tarefa de conviver com diferentes pontos de vista (Parry, 1987). O paradigma
coletivo traz também angústias e crises. O mal estar gerado nestas construções
de alianças é fundamental para qualquer análise da postura existencial. A
crise gerada implica em superação, é ela que constrói o indivíduo,
destruindo-lhes todas as finitudes e gerando nele o senso de possibilidades. As
possibilidades podem ser terríveis como agradáveis, desdobrando-se de um modo
infinito de existência. Portanto, sublinhar as dificuldades, o lado obscuro das
personalidades individuais que desenham o todo é uma transição essencial na
formação das parcerias das pesquisas em EA (Sato, Tamaio & Medeiros 2002). Uma pesquisa em EA pode ser considerada e aceita como
um valor em si mesma, se a considerarmos poderosamente como ela nos solicita. É
nossa tarefa torná-la melhor. Podemos dar imagens de uma maneira muito mais
intensa dessa realidade, criando novas expressões e pensamentos. É preciso ser
um@ verdadeir@ libertador@ por
excelência, para que nosso mundo de sonhos não seja facilmente desmanchado,
onde a racionalidade possa encontrar-se com a poesia, no fundo do oceano, sob a
raiz de uma mangueira ou sob a luz do luar. Uma luz que não cegue, mas que
brilhe para permitir as múltiplas manifestações
da vida. Uma pesquisa em EA deve ter ecos, além mares, ares,
terras e fogos. Tem que ser intensa em seus contrastes de formas, representações,
volumes e composições. Só assim poderemos encontrar um plano dinâmico sob
uma nova essência do conhecimento. Um conhecimento enraizado em sonhos, que
permaneça no impulso criativo e crítico das diversas formas de existência e
que, sobremaneira, consiga novas formas de ultrapassagens às violências
vivenciadas pela nossa era. A busca deste desejo nos revela que não somos
somente testemunhas da civilização e barbárie. A EA deve ter o compromisso de
permitir sermos protagonistas para alcançar a utopia - apaixonadamente e
sempre! BIBLIOGRAFIA
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(Doutorado em Ciências) – Programa de Ecologia e Recursos Naturais/UFSCar.
[1]
Chico Buarque e Pablo Milanês - Canção por uma unidade latino americana. [2] A mudança do mundo pode iniciar com a mudança da palavra, afinal a comunicação é um instrumento poderoso de mudanças. Na inquietação da Modernidade Tardia, acatamos a recomendação internacional da Rede de Gênero, utilizando o “@” para um mundo mais justo e menos sexista. [3]
SATO, Michèle; SANTOS, José Eduardo. “Tendências nas pesquisas em educação
ambiental”. In NOAL, F.; BARCELOS, V.; REIGOTA, M. (Orgs.) Construindo
a Educação Ambiental. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2003 (no prelo). [4]
http://users.cba.terra.com.br/misato/index.htm [5]
Segundo a última avaliação feita pelas agências financiadoras, em maio
de 2001, os projetos foram divididos em 3 categorias básicas: a) os
“replicáveis”, com alto potencial de sustentabilidade e reconhecimento
do mérito do projeto; b) os de “diagnóstico”, que auxiliam em
determinados dados importantes para a visão sistêmica; e c) os de
“orientação”, que contribuem com o projeto global, mas que necessitam
de reorientações mais efetivas. Com esta avaliação, o GEF pretende
orientar-se para os próximos apoios financeiros, dando suporte maior àqueles
que se encaixam na primeira categorização, considerados pilotos nesta fase
de desenvolvimento de projetos. [6] http://planeta.terra.com.br/educacao/user123/81B.htm |