Não podemos pensar em desenvolvimento econômico, reduzir as desigualdades sociais e em qualidade de vida sem discutirmos meio ambiente. - Carlos Moraes Queiros
ISSN 1678-0701 · Volume XXII, Número 88 · Setembro-Novembro/2024
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04/09/2012 (Nº 41) EDUCAÇÃO AMBIENTAL: NOSSOS SOLOS, NOSSA VIDA
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¹EDUCAÇÃO AMBIENTAL: NOSSOS SOLOS, NOSSA VIDA

 

“Sei que o meu trabalho é uma gota no oceano, mas sem ele o oceano seria menor”.

Madre Teresa de Calcutá.

 

²Hayda Maria Alves Guimarães, ³Sandro Sidnei Vargas de Cristo, 4Romilton Brito da Paixão & 5Antônio Marcos Alves Santiago.

 

¹Parte do Trabalho Financiado pelo CNPq, processo n° 553223/2006-2.

²Doutora em Agronomia pela UNESP-Botucatu-SP, Universidade Federal do Tocantins – UFT, Professora Adjunto IV, hayda@uft.du.br ou hayda@pq.cnpq.br. Endereço para correspondência: 110 Sul, Al.11, Lot. 09, Casa 06, Palmas – TO. CEP: 77020-132.

³Mestre em Geografia pela UFSC, Universidade Federal do Tocantins – UFT,  Professora Assistente III, sidneicristo@uft.edu.br.

4Engenheiro Agrônomo, Analista de Credito Rural do Banco da Amazônia. Palmas – TO. E-mail: romilton.paixao@bancoamazonia.com.br.         

5Aluno do Curso de Geografia Bacharelado da UFT e Bolsista do CNPq – ATP-B, wantryckmarcos@hotmail.com.

 

RESUMO: O objetivo deste trabalho é apresentar as principais ações desenvolvidas pelo Centro de Educação Ambiental: Nossos Solos, Nossas Vida, responsável por difundir conhecimento do solo, tendo em vista sua importância para a manutenção do ecossistema terrestre e sobrevivência dos organismos que dele dependem. Esta difusão de conhecimento foram para professores e estudantes do ensino fundamental e médio, alunos de graduação e pós-graduação dos cursos de geografia, biologia e agronomia. Os resultados obtidos foram utilizados para integração da universidade e comunidade; como também contribuiu com a proposta curricular para o ensino de ciência; dando uma nova visão das relações do ser humano com seu meio; ampliando o conhecimento ambiental; com uma nova percepção ambiental; valorização da diversidade da vida, da preservação e recuperação do meio ambiente e compreensão do solo como componente do ambiente. 

 

1 – INTRODUÇÃO

O solo tem de ser visto como patrimônio de todos. No entanto, alguns não percebem essa importância, talvez por não saberem exatamente o seu significado ou, até mesmo, por não terem o conhecimento do que vem a ser solo.

É preciso maior atenção em relação ao estudo do solo, pois a preservação do meio ambiente depende de uma consciência ecológica e a formação desta requer educação. Para que isso ocorra, é necessário que haja cidadania, ou seja, consciência de direitos e deveres (Gadotti, 2000).

A Educação em Solos, no âmbito formal e informal, é assim uma maneira de oportunizar a conscientização ambiental das pessoas. Existem, por sua vez, múltiplas formas, tempos e espaços de se educar para o meio ambiente a partir de uma abordagem pedológica. O tratamento mais adequado e comprometido dos temas pedológicos pode contribuir positivamente na conscientização ambiental, em especial na compreensão da importância da conservação do solo.

Considerando-se que o solo é um componente do ambiente natural e humano, presente no cotidiano das pessoas, e que é familiar e significativo para todos, ele pode ser usado como um instrumento da Educação Ambiental. Com o objetivo de trazer o significado da importância do solo à vida das pessoas de modo a ampliar a sua percepção do solo como parte essencial do meio ambiente, e da importância da sua conservação e do seu uso e ocupação sustentáveis, delimita-se a educação em solos, indissociável da educação ambiental.

O solo desempenha funções vitais no ambiente, que se não conservado pode acarretar um desequilíbrio ambiental diminuindo drasticamente a qualidade de vida nos ecossistemas, principalmente naqueles que sofrem diretamente a interferência humana, como os sistemas agrícolas e urbanos.

Embora a preocupação ambiental faça parte do cotidiano das pessoas, a percepção do ambiente e seus componentes ainda são incompletos, especialmente no que se refere ao solo.  Diante da carência de sensibilidade da maioria das pessoas frente ao solo, a educação se faz ainda mais necessária, no sentido de se promover uma mudança de valores e atitudes. Isto se conquista por meio da realização de trabalhos que buscam ampliar a percepção do solo como um componente essencial do meio natural e humano, que está extremamente presente em nossa vida. 

O Centro de Educação Ambiental: Nossos Solos, Nossa Vida oportunizou professores, alunos do ensino fundamental e médio, universitário da graduação e da pós-graduação, sobre conhecimento das características do solo, seu papel ambiental e importância nas nossas vidas. A contribuição técnica - científica na criação deste centro foi pequena em relação à importância do estudo que foi realizado, com isso uma frase pode exemplificar a ação de uma pessoa que foi capaz, não de mudar o mundo, mas de mudar a consciência de milhões de pessoas.

 

2 – ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

 

2.1 - Curso de Capacitação para Professores do Ensino Fundamental e Médio, Alunos de Graduação e Pós-Graduação.

 

2.1.1 – Objetivo:

O objetivo foi capacitar professores do ensino fundamental e médio, alunos de graduação e pós-graduação, por meio de aulas teóricas e práticas sobre ciência do solo.

Esse curso deu aos professores e alunos conhecimentos sobre conceitos e definições do solo, propriedades físicas e químicas do solo, características morfológicas e classificação do solo como também o solo na paisagem e os tipos de solo do cerrado.

Após a capacitação estes foram designados multiplicadores do tema ciência do solo x ambiente x proteção do meio ambiental.

 

2.1.2 – Algumas Considerações:

O solo apresenta características externas próprias (morfologia) que precisam ser estudadas e descritas com critério, uma vez que, a partir delas se tem uma visão integrada do solo na paisagem. Algumas dessas características permitem interferências importantes sobre sua formação e seu comportamento em relação ao seu uso, capacidade de produzir de forma sustentada, adequação a práticas agrícolas, propensão à erosão, salinização, desertificação etc. (Prado, 2007).

Como recurso natural dinâmico, o solo é passível de ser degradado em função do uso inadequado pelo ser humano, acarretando interferências negativas no equilíbrio ambiental e diminuindo drasticamente a qualidade de vida nos ecossistemas, principalmente nos sistemas agrícolas e urbanos. A degradação do solo é observada por meio de: redução da fertilidade natural e do conteúdo de matéria orgânica; erosão hídrica e eólica; compactação; contaminação por resíduos urbanos e industriais; alteração para obras civis (cortes e aterros); decapeamento para fins de exploração mineral; e a desertificação e arenização. Neste contexto, existe o desafio de contribuir para que a população adquira consciência do solo como parte do ambiente, e que o mesmo se encontra ameaçado. Uma das contribuições para colocar estas preocupações no cotidiano da comunidade seria por meio da educação, promovendo a manifestação de uma consciência em relação ao solo, revisando e (re) construindo valores e atitudes (Muggler, 1999).

A melhoria da qualidade do ensino de solos poderia aumentar a consciência ambiental dos estudantes em relação a este recurso natural, o que não resolve o problema da degradação, mas seria mais uma contribuição para a reversão deste processo, (Lima, 2005).

O estudo dos conceitos e definições do solo, características morfológicas, físicas e químicas do solo, o solo na paisagem e os tipos de solo do cerrado pelos professores do ensino fundamental e médio, alunos de graduação e pós-graduação, serve como base fundamental para a identificação do solo e sua descrição, subsidiando com informações básicas para proteção do solo e consequentemente ao meio ambiente.

 

2.1.3 – Métodos:

O curso foi realizado para os professores do ensino fundamental e médio, alunos de graduação e pós-graduação. Figura 1.

 

 

 

Figura 1: Professores do ensino fundamental e médio, alunos de graduação e pós-graduação no curso de capacitação sobre solo, Centro de Educação Ambiental: Nossos Solos, Nossa Vida.

 

 

O programa utilizado: Rochas e minerais; solos tropicais e uso da terra, informação do relevo, clima e do tempo na formação do solo, solo e a paisagem, morfologia do solo, propriedade física do solo, propriedade química do solo, perfil do solo, erosão do solo, sistema de conservação e manejo do solo, fatores limitantes do uso do solo, aplicabilidade do solo e ambiente, solos do cerrado, visita a perfis de solo no campo e no laboratório (demonstrativos dos solos do cerrado) e relação dos solos com nossas vidas (meio ambiente, alimentação, ar, água etc.).

A carga horária do curso foi de uma extensão de 32 horas.

O método de ensino foi desenvolvido através de aulas expositivas, complementadas com exposição didática de solos no CEA e aula prática no campo (relevo, vegetação e perfil do solo).

O corpo docente e bolsista foi a Professora Doutora em Agronomia: Hayda Maria Alves Guimarães, o Professor Mestre em Geografia: Sandro Sidnei Cristo e o Engenheiro Agrônomo Romilton Brito da Paixão e com apoio técnico científico do Bolsista: Antônio Marcos Alves Santiago.

O público alvo foram os professores do ensino fundamental e médio da rede Estadual, alunos da Graduação e Pós-graduação da UFT.

 

2.1.4 – Resultados:

Os resultados foram positivos sobre o ensino da ciência do solo, podendo ser observada gradualmente de acordo com as realizações das aulas e das atividades práticas aplicadas em sala de aula e no campo.

Os alunos apresentavam conhecimentos básicos sobre a ciência do solo, nas aulas práticas demonstraram dificuldades para determinar as características morfológicas do solo e os tipos de solos encontrados no cerrado. De acordo com Prado (2007), fazer a relação entre solo-paisagem e o conhecimento da distribuição dos solos na paisagem é de extrema importância no levantamento dos solos. Cada região possui uma sequência típica de distribuição de solos na paisagem.

No geral o objetivo do curso atendeu à formação específica no desenvolvimento da capacidade de aprender, buscar informar, analisar e caracterizar o solo no contexto prático, objetivo e conteúdo selecionado. Além dos alunos participarem de atividades complementares que foram aulas práticas no laboratório e no campo que serviram como suporte ao conteúdo estudado em sala de aula, contribuindo no entendimento da formação do solo, ambiente e proteção do meio ambiental.

Para fazer com que os alunos compreendam os fenômenos naturais e suas transformações, o professor deve criar situações interessantes de modo que se articulem os conhecimentos prévios aos conceitos construídos a fim de sistematizá-los, através de procedimentos de investigação, observação, experimentação, comparação, debate, leitura e escrita de textos informativos, organização de tabelas, gráficos, esquemas e textos, o levantamento de hipóteses (suposições) e a solução de problemas. Essa proposta se dá de maneira gradual em todo Ensino Fundamental (Falconi, 2004).

 

2.1.5 – Conclusões:

O curso foi relevante para o aprendizado dos professores, observado no desenvolvimento das atividades atribuídas em cada modulação.

Nas atividades teóricas e práticas realizadas foram questionadas e estimuladas a desenvolverem pesquisas juntos aos alunos do ensino fundamental e médio para que eles possam obter contato direto com o objeto de estudo.

O Centro Educacional: Nossos Solos, Nossas Vida contribuiu na formação dos professores do ensino fundamental e médio, alunos de graduação e pós-graduação, a melhorar o ensino de solos como também informações das existências de diferentes tipos de solo e sua relação com as atividades humanas.

 

3 – AULAS E VISITAS NA UNIVERSIDADE

 

3.1 - Alunos do Ensino Fundamental

 

3.1.1 – Objetivo:

O objetivo foi desenvolver atividades prática e trazer ao aluno informações sobre conhecimento do solo e sua relação com as atividades humanas, através do estudo das características física, química e morfológico dos solos do cerrado atribuído no laboratório de Educação Ambiental: Nossos Solos, Nossa Vida que difunde conhecimento do solo, que deve ser preservado, tendo em vista sua importância para sua relação com as atividades humanas e a manutenção do ecossistema terrestre.

 

3.1.2- Algumas Considerações:

O estudo científico do solo, a aquisição e a disseminação de informações do papel que o mesmo exerce e sua importância na vida do ser humano são condições que auxiliam a sua proteção e conservação. No entanto, a significância e importância do solo como parte do ambiente é frequentemente despercebida e subestimada (Fontes & Muggler, 1999). Obviamente, a mera informação sobre o solo não permitirá que ele seja conservado, pois a degradação dos solos e dos ambientes naturais está relacionada a uma série de aspectos econômicos, políticos e culturais (Lima, 2005).

Ainda assim, uma das contribuições para colocar estas preocupações no cotidiano da comunidade seria por meio da educação, promovendo a manifestação de uma consciência em relação ao solo, revisando e (re)construindo valores e atitudes (Muggler et al., 2004). A melhoria da qualidade do ensino de solos no Nível Fundamental poderia aumentar a consciência ambiental dos estudantes em relação a este recurso natural, o que não resolve o problema da degradação, mas seria mais uma contribuição para a reversão deste processo (Lima, 2005).

O ensino de solo é uma maneira de informar para os alunos, a importância da preservação do ecossistema ou do nosso bioma cerrado. Para Muggler (2007) existem, por sua vez, múltiplas formas, tempos e espaços de se educar para o meio ambiente a partir de uma abordagem pedológica.

Para fazer com que os alunos compreendam os fenômenos naturais e suas transformações, o professor deve criar situações interessantes de modo que se articulem os conhecimentos prévios aos conceitos construídos a fim de sistematizá-los, através de procedimentos de investigações, observação, experimentação, comparação, debate, leitura e escrita de textos informativos, organização de tabelas, gráficos, esquemas e textos, o levantamento de hipótese (suposições) e a solução de problemas. Essa proposta se dá de maneira gradual em todo Ensino Fundamental (Falconi, 2004).

O solo é de fundamental importância para os seres vivos. Assim, é necessário que desenvolva atividades nas escolas com este tema para que os alunos sintam-se sensibilizados, e se preocupem com a sua preservação. Diante da carência de estudo relacionada à importância do solo no ensino fundamental o projeto de Educação Ambiental: Nossos solos, Nossa vida é um exemplo de que é possível realizar atividades práticas relacionadas a este tema com os alunos das escolas do ensino fundamental em Porto Nacional -TO.

 

3.1.3 – Métodos:

O trabalho teve início em março de 2008, no Centro Educacional: Nossos Solos, Nossa Vida. Os alunos que participaram foram do 2º ao 9º ano do ensino fundamental. Foi realizada visita nas escolas, objetivando descrever aos diretores, coordenadores e professores a metodologia utilizada na aplicação das atividades no laboratório da universidade, como também definir o horário das visitas dos alunos de cada turma e colégio.

O trabalho foi realizado no laboratório do Centro Educacional: Nossos Solos, Nossas Vida, uma vez por semana, com duração de 4 horas.  A metodologia utilizada foi diferenciada para cada série/ano.

Do 2° ao 5°ano, foi utilizado texto explicativo e demonstrativo com realização de leitura pelo professor e questionamentos com perguntas e comentários. Os textos utilizados foram do livro de ciência de Cruz (2005). Os temas dos textos foram: toca no solo, casa no chão, solo e vida, em um ecossistema todo se relacionam e conservação do solo, respectivamente para cada série/ano. Figura 2.

Do 6° ao 9°ano, foi realizada palestra no laboratório, abordando o tema Solo, utilizando banner como apoio didático, leitura de texto complementar de Cruz (2005)  como: formação do solo, reflorestamento na correção e proteção do solo, poluição do solo e solo modificado, respectivamente para cada série/ano e exposição de materiais didáticos como coloteca (cor do solo), monólito (perfil do solo), salinidade, porosidade, estrutura e erosão.

Avaliação do entendimento e compreensão dos alunos foi realizada através dos desenhos, em cada série/ano e os desenhos utilizados para análise foi selecionado aleatoriamente em cada série/ano, também foram feitos comparações com os materiais didáticos utilizados (monólito, coloteca etc.), correlacionando estes com as vivências do dia a dia dos alunos com o solo, meio ambiente e impacto ambiental. Figura 3.

 

 

Figura 2: Alunos do ensino fundamental visitando a Universidade e participando do curso sobre solo, no Centro de Educação Ambiental: Nossos Solos, Nossa Vida.

 

 

 

Figura 3: Alunos do ensino fundamental, visitando a universidade e participando do curso sobre solo, no Centro de Educação Ambiental: Nossos Solos, Nossa Vida.

 

3.1.4 – Resultados:

Os alunos do 2°, 3°, 4°, 5° e 6°anos, descrevem nos desenhos a biodiversidade do solo, importância do solo para homem e vegetal e a importância da conservação do solo. 

Os alunos do 7°, 8° e 9°anos, descrevem nos desenhos a influência do homem na degradação do solo como: desmatamento, uso e poluição. E que os mesmos obtiveram informações sobre reflorestamento, o uso do solo com sustentabilidade e conscientização da importância ambiental.  Em cada desenho foi contextualizado pelos alunos o seu entendimento sobre o que foi exposto no texto, podendo verificar que os alunos apresentaram entendimento e compreensão sobre o solo.

O entendimento sobre, biodiversidade do solo, importância do solo para homem e vegetal e a importância da conservação do solo, estes aspectos observados foram atribuídos nos textos e nas aulas utilizando os materiais didáticos (monólito, coloteca etc.) e comentários realizados pelo professor, contribuindo com a educação ambiental e consequentemente a preservação do nosso recurso natural. Para Muggler (2004), a educação em solos e meio ambiente deve ser feita por todos nós, na nossa prática cotidiana, que serve como exemplo e reflete o agir localmente, pensando globalmente.

No entendimento sobre desmatamento, uso do solo de forma desordenada e poluição do solo, e informações sobre reflorestamento, o uso do solo com sustentabilidade e conscientização da importância ambiental fez parte da educação ambiental atribuída para os alunos neste trabalho. De acordo com Muggle (2004), a educação em solos possibilita aquisição de conhecimentos e habilidades capazes de induzir mudanças de atitude, resultando na construção de uma nova visão das relações do ser humano com o seu meio e a adoção de novas posturas individuais e coletivas em relação ao meio ambiente.

O entendimento e compreensão dos alunos sobre solos foram verificados através dos desenhos. De acordo com Lima & Carvalho (2008) as crianças não desenham aquilo que veem, mas sim o que sabem a respeito dos objetos. Então, podemos afirmar que representam seus pensamentos, seus conhecimentos e/ou suas interpretações sobre uma dada situação vivida ou imaginada.   

 

3.1.5 – Conclusões:

Para transmitir o valor do recurso natural solo é necessário que o aluno tenha uma experiência pessoal com o mesmo, não havendo outro caminho para ensinar sobre a importância do solo em nossa vida. No processo de aprendizado dos alunos, estes deve obter experiência prática que o leve a construir o conhecimento sobre a importância da preservação do solo e caracterizar a relação das atividades humanas e a manutenção do ecossistema terrestre.

Os relatos dos alunos demonstraram o entendimento sobre o tema solo e sua importância para vida dos animais, vegetais, nossas vidas, no seu cuidar do solo através das modificações feitas pelo homem.

 Os alunos apresentam-se mais conscientes, despertando o interesse para proteger e utilizar com sustentabilidade o solo, através da educação ambiental.

 

3.2 - Alunos do Ensino Médio.

3.2.1 – Objetivo:

Objetivo deste trabalho foi ensinar educação ambiental, com ênfase em ciências do solo, atribuindo aula teórica e práticas, mostrando a sua importância para preservação do meio ambiente aos alunos do ensino médio.

 

 

3.2.2 – Algumas Considerações:

O solo é fonte de vida, dele obtemos os nossos alimentos, construímos nosso alicerce. O solo pode ser definido como um recurso básico que suporta toda a cobertura vegetal da terra, sem a qual os seres vivos não poderiam existir (Bertoni & Lombardi, 1999).

No ensino médio, o ensino de solo quando trabalhado nas escolas na maioria das vezes não desperta o interesse dos alunos. Na educação essa desvalorização do solo se reproduz traduzido pelo papel secundário que o conhecimento pedológico adquire tanto nos cursos superiores como nos conteúdos da educação básica (Muggler, et al.,2006).

Diante da importância ambiental e agrícola do solo, é fundamental incorporar essa discussão nos níveis de ensino fundamental e médio, bem como despertar nos professores e alunos a conscientização da educação ambiental sobre solo, partir do conhecimento dos conceitos de solo, que por si só não resolve o problema, mas contribui para a reversão deste processo (Jesus et al, 2008).

Sabendo a importância do tema solo, é necessário incorporar essa discussão no ensino médio pelo fato de que os alunos deste ciclo já tenham condições de explicar as diferentes relações entre o solo, a água e os seres vivos. A realidade atual exige uma reflexão na inter-relação dos saberes e das práticas pedagógicas que criam identidades e valores, havendo a necessidade de incrementar os meios de informação e o acesso a eles, bem como o papel indutivo do poder público nos conteúdos educacionais, como caminhos possíveis para alterar o quadro atual de degradação ambiental, (Jacobi et al., 2009).

Assim, este trabalho pode contribuir como conscientização em educação ambiental, atribuindo como alternativa para solucionar problemas ambientais, tais como : degradação do solo no contexto urbano e rural, e com isso formar cidadãos conscientes sobre sustentabilidade do solo, direcionando maiores cuidados com o meio ambiente.

 

3.2.3 – Métodos:

O estudo foi realizado no Centro Educacional: Nossos Solos, Nossas Vida, na Universidade Federal do Tocantins. Neste estudo participaram quatro turmas do 1°, 2° e 3° ano do ensino médio com 30 alunos, totalizando 90 alunos.

Os passos metodológicos foram: aula teórica e aula prática. Na aula teórica os recursos didáticos utilizados foram doze banners com formato de 90 x120 cm, com as informações: classificação quanto ao tipo de solos e seu perfil do solo, atributos morfológicos (cor, textura, cerosidade, estrutura, consistência), pH, os tipos de solo do bioma cerrado e uso no meio rural e urbano, e a aula prática foi realizada uma visita ao Parque Ecológico de Porto Nacional. Nesta aula, foram interligadas as informações da aula teórica, caracterizando o bioma do cerrado. 

Após a aula teórica e prática, foram realizadas duas atividades: um debate e produção de textos sobre o solo e o meio ambiente. O debate foi realizado mediante um conjunto de perguntas direcionadas, observando-se a resposta individual (aluno) e as respostas ampliadas (contribuição dos colegas). As perguntas utilizadas foram às seguintes: Qual a importância de conhecermos um perfil do solo, relacionando este com educação ambiental? Quais os fatores morfológicos que podemos relacionar com degradação do solo?  O solo do nosso bioma cerrado é ácido?  Quais os vegetais nativos e adaptados nas condições do solo do cerrado? Quais as características dos vegetais do bioma cerrado?  Qual a utilização do solo no meio urbano e no rural? No município de Porto Nacional, encontra-se área de reserva natural? Na sua cidade existem áreas descobertas de vegetais, que estão sujeita à erosão ou susceptível a mesma? E a produção de texto por meio do conhecimento do estudo de solo da aula teórica, correlacionando a importância do solo na nossa vida.

  A avaliação do conhecimento dos alunos foi realizada através de algumas perguntas e respostas realizadas no momento do debate e produção de texto através da abordagem das aulas, apontado no descrito: educação ambiental, proteção do solo e importância do solo em nossas vidas.

 

 

Figura 4: Alunos do ensino médio, visitando a universidade e participando do curso sobre solo no Centro de Educação Ambiental: Nossos Solos, Nossa Vida.

 

3.2.4 – Resultados:

No debate e na produção de texto, foram obtidas as seguintes respostas, relacionando:

 

Solo-Preocupação Ambiental: “No solo o homem pode plantar, construir, buscar água, extrair minério. Hoje se fala muito em aquecimento global, desmatamento, poluição do ar, dos rios, mas e o solo? Será que ninguém se preocupa com ele? Acho que o homem deve se preocupar principalmente com ele, pois ele não é renovável, são grandes plantações todo ano, muitas construções, escavações...”.

 

Solo-Preservação Ambiental: “O solo tem grande importância para nossa vida, e é preciso ser preservado. O desenvolvimento da agricultura e a chuva têm bastante influência no nosso solo. O homem tem utilizado o solo e não tem preservado o que pode implicar em um desastre ecológico futuramente”.

 

Solo-Vida-Importância: “O solo a primeira vista faz parte de um conjunto natural que o homem necessita para viver. Guerras foram travadas evidenciando sua importância, pessoas trabalhando a vida toda para adquirir um pequeno pedaço de terra”.

 

Solo-Vida:A existência dos solos é, simplesmente, responsável pela existência de enumeras espécies de seres vivos em nosso planeta. Pois através dele que os vegetais e os animais retiram seus alimentos de forma direta ou indiretamente. O homem, por exemplo, sem a existência do solo ele não sobreviveria, pois é dele que constrói a sua moradia, extrai os alimentos dos quais necessita”.

 

Solos - Diferentes: “Há vários tipos de solo, uns com fertilidades abundantes, outros com menos, mas cada um com suas características próprias. Com a tecnologia avançada o homem tem descoberto a cada dia maneiras novas de explorar e ao mesmo tempo desvantagem, pois a poluição é um dos principais fatores na contaminação dos solos”.

 

Solos-Alimentos:O solo é a razão de tudo sobre o nosso planeta, é claro que são vários tipos de solos, tem solo fértil que não depende de fertilizante para produzir, já tem outros que dependem de adubo. Eu tenho experiência porque na minha chácara o solo tem muita areia e depende de adubo pra cultivar determinado tipo de cultura, por exemplo, o milho, o arroz e o feijão não dão sem adubo, já a mandioca, a batata e o amendoim não depende de adubo”.

 

Solo-Poesia: Eu vivo porque planto,

                      E sobrevivo porque como,

                 Eu sou feliz porque “tenho um solo pra plantar.”

 

  A avaliação do conhecimento dos alunos utilizando através de investigação, realizada no momento do debate e dos relatos observados nos textos, sobre solo e sua importância em nossas vidas, foi positivo deixando os alunos à vontade e com isso demonstraram conhecimentos em relação ao tema, após a aula teórica e prática. Esta forma de avaliação está de acordo com o descrito por Reyzabal (1996), às vezes quando recebo um grupo de alunos, faço uma avaliação, não nesse sentido tradicional, pois em nenhum momento se busca notas, se busca quantificar os resultados, mais durante todo processo de ensino aprendizagem, o aluno não é medido, e acompanhado de forma pessoal. 

A importância da aula teórica e prática no entendimento do aluno sobre o tema solo e educação ambiental se verifica quando se percebe que os alunos apresentaram um conhecimento amplo sobre os temas abordados, sendo capaz de correlacionar o aprendizado da sala de aula com seu cotidiano, Figura 5.

 

 

Figura 5: Visita ao Parque Ecológico de Porto Nacional e área para exposição do perfil do solo.

 

Este aprendizado se manifesta nos relatos dos estudantes que, após as aulas foram capazes de fazer relações do tipo: o solo-vida, solo-diferença, solo-preservação e até mesmo solo e poesia. Em relação à importância da aula teórica e prática que provocou maiores entendimentos aos alunos está de acordo com Muggler, et al. (2006), relata que a base teórico-metodológica da prática pedagógica do Programa de Educação em Solos e Meio Ambiente, baseia-se no construtivismo e nas ideias de Paulo Freire, utilizando-se a abordagem holística, os métodos participativos e a prática da pedagogia de projetos. A perspectiva Construtivista-Freiriana promove uma abordagem dos temas pedológico-ambientais com base não apenas na simples transmissão do conhecimento, mas também da investigação, da experimentação e do resgate e valorização do conhecimento prévio das pessoas.

 

3.2.5 - Conclusões:

Os alunos apresentaram conhecimento amplo correlacionando o aprendizado da sala de aula com seu cotidiano sobre solo e meio ambiente, ficando descrito nos relatos, interagindo: solo-vida, solo-diferença, solo-preservação e até mesmo solo e poesia.

Os alunos demonstraram a importância do debate e da produção de texto para expressar o entendimento do tema solo. Neste contexto pode-se perceber que o mesmo obteve um aprendizado significativo, conseguindo interligar o solo com diversos fatores relacionado à ao ecossistema, direcionando seus saberes à educação ambiental.

 

4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados obtidos foram utilizados para integração da universidade e comunidade; como também contribuiu com a proposta curricular para o ensino da ciência; dando uma nova visão das relações do ser humano com seu meio; ampliando o conhecimento ambiental; com uma nova percepção ambiental; valorização da diversidade da vida, da preservação e recuperação do meio ambiente e compreensão do solo como componente do ambiente. 

 

5 – REFEREÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

BERTONI, J.;  LOMBARDI, F.N;  Conservação do solo.4 ed. São Paulo, Ícone, 1999. 28p.

 

CRUZ, J.L.C; Projeto Pitanguá :  Ciências. 1° ed. São Paulo, Moderna, 2005.

 

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GADOTTI, M. Pedagogia da terra. São Paulo, Peirópolis, 2000. 210p.

 

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LIMA, M.C.B.; CARVALHO, A.M.P.  O desenho infantil como instrumento de avaliação da construção do conhecimento físico. R. Elect. Ens. Ci. 7:2, 1-12, 2008. Disponível em: <http://reec.uvigo.es/volumenes/volumen7/ART4_Vol7_N2.pdf> Acesso em 2 set. 2009.

 

 

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Ilustrações: Silvana Santos