|  | "Ao se vencer um desafio, vem o próximo; ao se realizar um ideal, surgem outros" (Pedro Demo). ISSN 1678-0701 · Volume II, Número 5 · Junho-Agosto/2003  Início  Cadastre-se!  Procurar  Área de autores  Contato
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      Reflexão 
 Extinção
  Suicida: reflexões sobre nosso futuro por Marcelo Valério A
  grande maioria de nós aprendeu, de uma forma ou de outra, que todo ser vivo
  tem um ciclo vital. Todos eles nascem, crescem e desenvolvem-se, reproduzem-se
  e morrem. Perceba agora que estamos na lista, também somos seres vivos, sim,
  é verdade, somos nós ... Homo sapiens sapiens ... que relembrar? Então
  lá vai: Filo Chordata; Subfilo Vertebrata; SuperClasse Gnathostomata; Classe
  Mammalia; SubClasse Theria; InfraClasse Metatheria; Ordem Primates; Subordem
  Antropoides; SubFamília Hominoides; Família Hominidae; Gênero Homo
  ... Complicado
  não?  Porque não
  "homem" ... isso mesmo, Homem e todo o resto. Pois é, esse
  animal, provavelmente uma Ordem ancestral dentre os mamíferos, ainda hoje
  considera-se o mais evoluído entre todos os seres vivos. Por favor, me
  poupem dessa mentira deslavada.  Acabo
  de consultar o Aurélio e nele consta que evoluir é passar por transformações,
  sendo assim, somos todos nós evoluídos, você, eu, ou uma bactéria
  qualquer, todos mudamos, assim é o mundo, nada é estático, o “problema”
  está em que tipo de mudança cada organismo sofreu "ao longo da evolução". Desde
  que o nossos antepassados (de gênero) pararam de correr de Tigres-dentes-de-sabre,
  eles deixaram de lado o fato de fazer parte do ambiente e tomaram partido de
  tal para sua própria vida, sem nunca pensar - e nem poderiam mesmo - no que
  se tornariam depois de tal atitude. Um ponto importante foi à dominação
  da agricultura, a Terra passava por invernos extremamente longos e rigorosos e
  era bastante difícil sair em busca de alimento, foi nesse momento que o homem
  aprendeu a manipulá-lo. É importante que possamos perceber que as
  dificuldades sempre nos dão escolhas, e nós temos 
  a função de fazê-las.  Mas
  vamos encurtar o papo e chegar ao homem moderno. Ele domina e processa todo
  seu entorno, lapidando o ambiente em que vive como lhe convém para atender as
  sua “necessidades”. Mais que isso ainda, o homem moderno começou a olhar
  pra dentro de si, e o despertar da Medicina e Biologia Molecular lhe conferiu
  a capacidade de atropelar todas as fases do seu ciclo vital: Não são mais
  necessários um macho e uma fêmea para gerar uma prole; os mecanismos do
  crescimento e desenvolvimento passaram a ser extremamente conhecidos e passíveis
  de serem controlados; a reprodução humana acontece agora, dentro de laboratórios;
  mas e a morte (?), é isso que nos resta discutir, a morte. 
   A
  morte é iminente, todos nós iremos morrer, pelo menos até o momento em que
  me pego escrevendo esse texto não apareceu ninguém provando o contrário.
  Quando falo em morte, em todos nós, não estou falando nem de você nem de
  mim, estou falando do homem, o Homo sapiens, aquele lá de cima. Digo
  isso porque a extinção é um processo inevitável, todas as espécies irão
  um dia desaparecer e novas possivelmente tomarão os seus lugares -
  aproximadamente 95% das espécies que já habitaram o planeta Terra já se
  extinguiram - mas essa é uma tarefa do tempo. Esse é ponto alto da discussão:
  Quanto tempo nos resta? Pergunto isso porque estamos encurtando dia após dia
  o tempo restante para a nossa espécie. O tipo de escolha que fizemos, quando
  "ainda não pensávamos" como hoje, é a chave para o desgaste ao
  qual estamos submetendo a nossa casa. Exatamente, entendo que fizemos escolhas
  - que mesmo sem querer - resultaram em um tipo de desenvolvimento atual que é
  predatório, excludente, não  compartilhado
  por nenhuma espécie que se encaixe dentro dos cinco reinos de seres vivos
  existentes. A partir desse momento me pego pensando que a espécie humana, com
  seu modelo atual de desenvolvimento deveria ser retirada de dentro do Reino
  Animal e daqueles táxons descritos acima e alocada fora do contexto,
  juntando-se a um ser vivo com o qual mais se parece: O Vírus. Por mais
  espantoso que possa lhe parecer, pense como somos parecidos com esses
  parasitas, não conseguimos conciliar o desenvolvimento humano (reprodução
  virótica) e a sustentabilidade de nossa casa (célula infectada), e acabamos
  então a destruindo, no intuito de nos tornarmos melhores, sem perceber que
  acabaremos por precisar de outra célula, digo, outra casa.  O
  tempo está se esgotando, um pouco ainda resta, deveríamos usá-lo para
  repensar a nossa posição como espécie dentro de um ecossistema com recursos
  finitos. Por fim, mais uma vez uma escolha nos é oferecida, ou regramos o
  desenvolvimento humano de maneira a sustentar da melhor forma possível os
  recursos oferecidos pelo ambiente do qual fazemos parte ou estaremos fadados a
  primeira extinção suicida da história da Terra.  Marcelo Valério Estudante de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Santa Catarina. E-mail para contato: mvalerio@newsite.com.br |