Não podemos pensar em desenvolvimento econômico, reduzir as desigualdades sociais e em qualidade de vida sem discutirmos meio ambiente. - Carlos Moraes Queiros
ISSN 1678-0701 · Volume XXII, Número 88 · Setembro-Novembro/2024
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Para Sensibilizar
10/09/2018 (Nº 43) "TODO O HOMEM É CULPADO DO BEM QUE NÃO FEZ" (VOLTAIRE). E ALGUNS QUEREM AGIR, EM BUSCA DE UM MUNDO MELHOR.
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"TODO O HOMEM É CULPADO DO BEM QUE NÃO FEZ" (VOLTAIRE). E ALGUNS QUEREM AGIR, EM BUSCA DE UM MUNDO MELHOR.


Chico morava em um lugar mágico, parecia cenário de filme. De um lado grandes montanhas, repletas de árvores e plantas de muitos tipos como samambaias, orquídeas, bromélias, cipós, manacás, jacarandás, paus - brasil, jequitibás, palmeiras; muitas cachoeiras e animais das mais variadas espécies, mico-leão, onça pintada, anta, jaguatirica, tamanduá, tatu, cobras, lagartos, todos vivendo bem.

Do outro lado o oceano de um azul de variados matizes maravilhoso, onde a olho nu, era possível avistar tartarugas marinhas, golfinhos, cardumes e se você por acaso tivesse o privilégio de mergulhar, então era um sem fim de lindas imagens pra admirar; lagostas, camarões, corais, anêmonas, ouriços... Um lugar maravilhoso, onde a vida de todos era respeitada por todos.

O Chico estava tão acostumado com esta região, que não apreciava muito aquele presente e assim, quando se deu conta, tudo tinha mudado, aquele local tinha sido transformado pela ganância e pela falta de escrúpulos.

- Chega, disse Chico para Rafa sua esposa.

E assim de repente ele resolveu que era hora de fazer alguma coisa, pois suas ararinhas não estavam mais lá, os tucanos também não, as orquídeas eram raras de ver, o palmito ele que adorava, não se avistava mais assim tão facilmente, as tartarugas então, tinham sumido por completo e sua mulher disse:  

- Chico, pra que que ocê vai enfrentá esses ricaço, fica aí home! Eles vão sempre ganhá do cê!

- Não Rafa, não posso mais fechar os olhos pra toda esta destruição, eu preciso ao menos tentar fazer alguma coisa.

E o Chico foi. Foi com a idéia que ia fracassar, pois algumas das pessoas das redondezas que ele conhecia, realmente não queriam nada mais do que ganhar, só pensavam no dinheiro e no hoje.

Mas nosso amigo estava errado, assim que ele chegou à cidade, viu uma reunião de pessoas, e no meio destas estavam alguns  dos vizinhos ricos do Chico, alguns políticos, estudantes e habitantes da região, todos querendo o mesmo que ele, que aquele paraíso pudesse permanecer sendo um paraíso!

Depois de um tempo e de muita reunião, foi criada na região uma reserva ambiental. O trabalho que já era intenso ficou ainda mais puxado e todos trabalharam muito, muito mesmo!

Foram anos de conversa com os caiçaras, com os turistas, com os habitantes, muitas perdas, alguns ganhos, mas a turma do bem não desistia.

Foram anos de iniciativas de reflorestamento, de luta por uma política ambiental melhor, e novamente, muitas perdas, alguns ganhos, mas a turma do bem não desistia.

E mais trabalho, mais brigas, mais discussões e mais resultados ínfimos.

Mas o que a turma do bem não estava percebendo, era que de pequenos ganhos, em pequenos ganhos, eles estavam fazendo um trabalho de formiguinha, e que após muito suor e lágrimas, dinheiro gasto em coisas que não deram certo, dinheiro gasto em boas coisas, todos eram capazes de ver as tartarugas no mar novamente, tudo bem eram pequenas ainda, mas estavam lá! E as palmeiras de palmitos, estavam também, assim como algumas espécies dadas como extintas, toda flora e fauna estava se recriando, renascendo!

E o Chico estava feliz, sua mulher a Rafa tinha se tornado uma reflorestadora de mão cheia, mas todos ainda tinham muito trabalho pela frente.

Esta é minha homenagem a todas as entidades ambientais sérias deste país, pois em Ubatuba pude ver tartarugas marinhas no mar, graças ao Projeto Tamar e todos os envolvidos.

Parabéns!

MSc. Marina Strachman - arquiteta e urbanista, mestre em desenvolvimento regional e meio ambiente e especialista em educação ambiental. marinastrachman@yahoo.com.br

 

Ilustrações: Silvana Santos