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EDUCAÇÃO AMBIENTAL UM NOVO PARADIGMA NA FORMAÇÃO EDUCACIONAL CONTEMPORÂNEA Aristéia Mariane Kayser1, Marco Aurélio da Silva2 1 Pós-Graduação http://lattes.cnpq.br/7654244279351973
2 Mestrando http://lattes.cnpq.br/6665383866556823 RESUMO A Educação Ambiental surge a partir de uma
reflexão crítica sobre os problemas ambientais na verificado ao decorrer dos
séculos e que se agravou nas últimas décadas. É um processo que parte de
informações ao desenvolvimento do senso crítico e raciocínio lógico, inserindo
o homem no seu real papel de integrante e dependente do meio ambiente, visando
a uma modificação de valores tanto no que se refere às questões ambientais como
sociais, culturais, econômicas, políticas e éticas, visando desta forma uma
significativa melhoria da qualidade de vida, a qual esta diretamente ligada ao
tipo de atitudes, valores e ações que adotamos frente ao meio ambiente. Dentro
deste contexto a educação ambiental precisa estar presente em todos os setores
da sociedade e o sistema educacional é o fio condutor deste processo. Palavras Chave: Educação Ambiental, Interdisciplinaridade, contextualização INTRODUÇÃO Temos muitas dificuldades de conseguimos evoluir
nas atitudes para um mundo melhor, onde todos nos sejamos beneficiados. Poucos
são os realmente evoluídos, cooperativos, participativos, solidários que sabem
conduzir os relacionamentos com diálogos assertivos, atitudes nobres promovendo
a paz, a harmonia, o respeito a si mesmo, ao próximo e a natureza. Estamos
vivendo do jeito que dá como se não tivéssemos mais alternativas de combater a
maldade, a competição, a destruição. Temos muitas teorias, temos muito de
positivo, mas, o volume e a velocidade com que se deteriora o caráter humano é
assustador e isto se verifica no âmbito do meio ambiente também, pois é algo
intangível, imensurável de ser avaliado! Precisamos sim urgentemente resgatar a
nossa dignidade de existência saudável em todas as áreas, em todos os cantos
deste planeta! Precisamos urgentemente de ações mais efetivas e rápidas de
sustentabilidade, precisamos de água potável, precisamos de ar puro,
precisamos de terras férteis, precisamos de cidades planejadas, precisamos de seres humanos mais humanos (benigno,
compassivo e justo). Estamos bem distantes de alcançamos em
grande escala a evolução consciente do homem para a preservação dos bens
naturais, mas não podemos desanimar, pois a educação é um meio de atingirmos
nossa finalidade de ensinar e induzir nossos pequenos seres em uma geração de
adultos capazes de promover mudanças por suas atitudes coerentes, racionais e
reflexivas, precisamos apostar na educação pela prática e exemplos, pois
visualizamos muitos e bons projetos em desenvolvimento que nos estimulam a
prosseguir em nosso propósito pela educação ambiental, pela disseminação da
cultura por uma existência sustentável para todas as espécies de vidas no
planeta. Precisamos acreditar na Educação como uma
forma, uma proposta de mudança, pois este fenômeno deve se dar pela base assim
a sociedade poderá ter adultos mais conscientes e que não visem apenas os
lucros, mas o ser humano e seus valores o qual, é parte integrante deste meio,
pode até parecer uma utopia, mas é preciso trabalhar esses valores desde
cedo. Só assim podemos esperar mudanças significativas em nosso planeta. E´,
fundamental possibilitar um sistema que possa multiplicar a educação e
suas práticas para a preservação e
soluções ambientais. E para tanto é preciso à educação de valores humanos na
base da formação dos indivíduos. Dentro desta perspectiva nos apoiamos nas diretrizes da Lei 9.795, de 27.04.1999, que dispõe
sobre a educação ambiental institui a Política Nacional de Educação Ambiental e
dá outras providências, apresenta-a como um componente fundamental da educação. Art. 10. A educação ambiental
será desenvolvida como uma prática educativa integrada, contínua e permanente
em todos os níveis e modalidades do ensino formal. §1º. A educação ambiental
não deve ser implantada como disciplina específica no currículo de ensino. §2º.
Nos cursos de pós-graduação, extensão e nas áreas voltadas ao aspecto
metodológico da educação ambiental, quando se fizer necessário, é facultada a
criação de disciplina específica. §3º. Nos cursos de formação e especialização
técnico-profissional, em todos os níveis, deve ser incorporado conteúdo que
trate da ética ambiental das atividades profissionais a serem desenvolvidas.
Art. 11. A dimensão ambiental deve constar dos currículos de formação de
professores, em todos os níveis e em todas as disciplinas. Parágrafo único. Os
professores em atividade devem receber formação complementar em suas áreas de
atuação, com o propósito de atender adequadamente ao cumprimento dos princípios
e objetivos da Política Nacional de Educação Ambiental. (LEI 9.795, de
27.04.1999) Precisamos romper estes paradigmas, nossos jovens merecem
receber desde pequenos o melhor da Educação básica, empreendedora e ambiental.Não podemos perder a esperança, devemos nos
fortalecer! O cidadão merece aprender a ler e
entender, muito mais do que conceitos estanques, a ciência e a tecnologia, com
suas implicações e consequências, para poder ser elemento participante nas
decisões de ordem política, e social que influenciarão o seu futuro e de seus
filhos (Bazzo, 1998). O ideal
para formarmos uma opinião é através do conhecimento do assunto, com as
informações com embasamento e de diversos olharas, a partir daí fazermos o
julgamento e formamos nossa opinião, com os nossos valores, com a nossa
formação, com nosso modo de ver as coisas.É muito
cômodo tanto para os professores e para os alunos só estudarem os temas
propostos, com conceitos já definidos, prontos, elaborados. O criar, o inovar,
tira da linha de conforto e faz a pessoal pensar, discutir, questionar, se
expor, e não são muitos que querem isto. Educação
Ambiental é com certeza um processo que parte de informações ao desenvolvimento
do senso crítico e raciocínio lógico, inserindo o homem no seu real papel de
integrante e dependente do meio ambiente, visando a uma modificação de valores
tanto no que se refere às questões ambientais como sociais, culturais,
econômicas, políticas e éticas, o que levaria à melhoria da qualidade de vida que
está diretamente ligada ao tipo de convivência que mantemos com a natureza e
que implica atitudes, valores e ações.Portanto, por
meio da escolar pode-se dizer que teremos uma maior consciência das nossas
atitudes frente o processo de degradação ambiental.
De acordo com Gadotti (2000),
trata-se de uma opção de vida por uma relação saudável e equilibrada com o
contexto. A Educação Ambiental deve estimular a solidariedade, a igualdade e o
respeito aos direitos humanos, valendo-se de estratégias democráticas e
interação entre as culturas. A educação ambiental precisa ser
transformadora e emancipatória, ela necessita mudar e superar o conceito apenas
de mudanças atitudinais. Ela urgentemente precisa formar um cidadão crítico,
capacitado a realizar reflexões sobre seu mundo e a interferir no mesmo. A
educação ambiental precisa romper os muros da escola e estar presente em todos
os setores da sociedade, pois as relações homem/natureza estão em um grave
conflito, que pode levar o nosso planeta em pouco tempo entrar O
momento em que surge a Educação Ambiental, está marcado por todas estas
disputas, por isso , e pela necessidade de definir sua
identidade frente a outros campos da educação, encontra no conceito de
interdisciplinaridade um recurso muito conveniente (SATO E CARVALHO, 2005, p.127). Segundo Patrícia
Mousinho (2003), A Educação Ambiental é um processo em que busca despertar a
preocupação individual e coletiva para a questão ambiental, garantindo o acesso
à informação em linguagem adequada, contribuindo para o desenvolvimento de uma
consciência crítica e estimulando o enfretamento das questões ambientais e
sociais. Desenvolver-se, num contexto de complexidade, procurando trabalhar não
apenas as mudanças culturais, mas também a transformação social, assumindo a
crise ambiental como uma questão ética e política. A
Educação Ambiental tem muito a contribuir na formação de um cidadão crítico e
formador de opinião, tendo em vista que ela auxilia as pessoas a construírem
uma visão holística do meio ambiente que os cercam.
Para entender a Educação Ambiental não basta somente que sejamos biólogos ou
advogados ou ainda engenheiros. É fundamental compreendermos a biosfera como um
todo, pois na verdade, ela é composta de vários segmentos. E ao entendermos
cada um deles, saberemos qual o seu determinado papel e importância naquele
local específico. A
fim de que tenhamos uma aprendizagem e uma formação de vida eficiente para
nossos estudantes, é insuficiente dizer que o aluno sabe somente ler e
escrever. Claro, que sem dúvida esses são os passos primordiais, mas se faz
necessário mais que isso. Precisa-se, primeiramente que o indivíduo saiba
compreender o que está sendo escrito e o lido. Posteriormente, ele poderá
interpretar e saber onde e como poderá dar sua contribuição efetivamente e
eficazmente em prol de uma maior consciência ambiental. Contudo,
a Educação Básica unida a Educação Ambiental é a “fórmula mágica” para que
tenhamos pessoas mais conscientes das reações de suas atitudes e “cuidadoras”
do meio ambiente. Pois, estes dois caminhos são norteados pela
interdisciplinaridade, e esta por sua vez, faz com que, as pessoas possam
refletir melhores sobre o papel delas na sociedade. Juntamente com a influência
de seus pensamentos e sua conduta perante os demais. O processo de ensino –
aprendizagem no âmbito da Educação Ambiental, ganha
amparo nos Parâmetros Curriculares Nacionais onde diz, A principal função do trabalho com o tema Meio Ambiente é
contribuir para a formação de cidadãos conscientes, aptos a decidir e atuar na
realidade socioambiental de um modo comprometido com a vida, com o bem estar de
cada um e da sociedade [...] (BRASIL a, 1998, p.187). Sabemos, que a coexistência harmoniosa entre homem
e natureza é possível. Para despertarmos a consciência ecológica numa criança,
devemos incentivá-las não só com teorias, mas também na prática, fazendo com
que aprendem por meio do olhar, do toque, do olfato, das sensações diversas,
explicando a importância e os efeitos diretos sobre a nossa saúde. Independente
da idade, a sabedoria da natureza encanta qualquer um. Segundo Martin (apud Tristão, 2002, p. 171). A educação ambiental é
multirreferencial na sua essência, pois, na pretensão de construir um campo de
conhecimento, noções e conceitos podem ser originários de várias áreas do
saber. No caso de efetivação das suas práticas educativas, acontece o mesmo,
sua abordagem passa a ser de conhecimento “tecido” (bricolado)
a partir da convergência, do diálogo, da convivência inter, transdisciplinar
(MARTIN APUD TRISTÃO, 2002, p. 171). Como
educadores, devemos evidenciar a importância dos componentes do meio em que
vivemos, a fim de estimular o interesse pelos temas ligados à biodiversidade,
oportunizar uma reflexão sobre os problemas ambientais, sensibilizando a
comunidade escolar – professores, pais e alunos - para a necessidade de
preservação de nosso patrimônio natural. A efetividade, a compreensão e a
corresponsabilidade são valores indispensáveis em um processo que depende do
estímulo. Visto que as inquietações, vivências e ambições divergem dentro de
uma turminha, pois, trabalhar em conjunto exige sensibilidade e trocas de
experiências e quando ocorrem satisfatoriamente, as partes envolvidas tornam-se
mais íntimas, confiáveis e compreensíveis. A partir desta relação, a
participação dos alunos na construção da aula desenvolvida se torna um processo
cada vez mais recíproco, contínuo e progressivo, é uma perspectiva
interdisciplinar, transversal e multirreferencial. Como aponta Jacobi (2005), Como combinação de várias
áreas de conhecimento, a interdisciplinaridade pressupõe o desenvolvimento de
metodologias interativas, configurando a abrangência de enfoques e contemplando
uma nova articulação das conexões entre as ciências naturais, sociais e exatas.
Cabe ressaltar que o contexto epistemológico da educação ambiental permite um
conhecimento aberto, processual e reflexivo, a partir de uma articulação
complexa e multirreferencial (JACOBI, 2005,p. 246).
Bom a educação deve ser capaz de produzir
mudanças de atitudes. Neste sentido a Educação Ambiental seja formal ou
informal deve ser capaz de fazer com que as pessoas reflitam sobre atitudes em
relação ao meio ambiente. A reflexão fará com que atitudes incorretas sejam
descartadas e hábitos saudáveis sejam adquiridos. Com a
Educação Ambiental é possível formarmos cidadãos críticos e atuantes diante dos
problemas ambientais, mas os mediadores do processo devem estar devidamente
capacitados e preparados para promover ações significativas. O processo de
Educação Ambiental deve levar em conta a realidade dos sujeitos envolvidos no
processo de ensino-aprendizagem, considerando o conhecimento prévio de cada um,
para posteriormente significar estes conhecimentos com conceitos científicos.Todavia, a escola não pode assumir toda a
responsabilidade de conscientizar a sociedade sobre a preservação do meio
ambiente, cabendo a todos atores sociais esta conscientização mútua. A comunidade-escola não pode ficar reduzida a uma
instituição reprodutora de conhecimentos e capacidades. Deve ser entendida como
um lugar em que são trabalhados modelos culturais, valores, normas e formas de
conviver e de relacionar-se. É um lugar no qual convivem gerações diversas, em
que encontramos continuidade de tradições e culturas, mas também é um espaço
para mudança. A comunidade-escola e a comunidade local devem ser entendidas,
acreditamos, como âmbitos de interdependência e de influência recíprocas, pois
[...] indivíduos, grupos e redes presentes na escola também estarão presentes
na comunidade local, e uma não pode ser entendida sem a outra (SUBIRATS, 2003,
p. 76). Simplesmente
repassar conceitos para os sujeitos não motiva a reflexão e gera desinteresse
por parte dos envolvidos. Por isso, o processo deve ser planejado e estruturado
com técnicas e métodos que despertem a curiosidade e o interesse dos aprendentes, de maneira que o público aprenda a identificar
os problemas ambientais na natureza e saiba apontar soluções. De que forma
alguém pode falar sobre algo que não conhece? Na
perspectiva de Reigota (2001), é necessário
primeiro que possua um bom embasamento teórico e prático para argumentar sobre
determinado assunto. Assim, acredito que a Educação Ambiental contribui para
formação de cidadãos críticos à medida que estes passam a conhecer o meio
ambiente e sentirem-se como integrantes deste meio. A Educação Ambiental pode
contribuir na formação do cidadão, mais ainda no cidadão reflexivo e formador
de opinião, através da metodologia de repassar as informações e de discussão
dos temas. Fazendo a construção conjunta dos conceitos, repassando diversos
olhares sobre o tópico em questão, através de vivências práticas, in loco, ou a
socialização de experiências já vivenciadas por outros, desafiando os diversos
atores a se manifestar, apresentar o que entende sobre o assunto, qual o seu
ponto de vista e os motivos. [...] a concepção metodológica da educação
ambiental contempla a educação para a cidadania, e destaca que o processo
pedagógico deva ir além de um aprendizado formal de ler, escrever e calcular, incorporando
outras dimensões para o despertar do potencial de cada
individuo e da formação de valores e atitudes de co-responsabilidade,
solidariedade, ética, negociação e gestão de conflitos e exercício da
cidadania. Nesse enfoque a autora defende que o educador deve assumir um
papel importante incentivando a percepção, a criatividade, a análise critica
das causas e conseqüências ambientais e as sugestões de soluções. (SABIÁ, 1998,
p.36). Através da EA é possível discutir os
conceitos de cidadania, de sociedade, valores sociais, Estado, deveres,
direitos, governo, participação social, já que são nossas ações diárias,
individuais e coletivas, as quais apresentam o reflexo no meio ambiente, sendo
as conseqüências intensificadas posteriormente. Ao discutir sobre “saber
ambiental: cidadania e interdisciplinaridade” na perspectiva escolar Bigotto (2008) enfatiza que a, [...] abordagem do meio ambiente na escola
passa a ter um papel articulador dos conhecimentos nas diversas disciplinas,
num contexto no qual os conteúdos são ressignificados
[...] promovendo instrumentos para a construção de uma visão crítica,
reforçando práticas que explicitam a necessidade de discutir e agir em relação
aos problemas socioambientais (BIGOTTO, 2008, p. 39).
A Educação Ambiental assim como toda a forma de educação deve se iniciar
ainda na idade tenra de nossas crianças e deve pautar-se no exemplo, na prática
de nossas ações corretas, coerentes e responsáveis, pois a criança age na maior
parte do tempo na imitação das atitudes e conversas dos adultos que ela admira, que ela toma como referencia, daí a importância de
sermos bons exemplos em nossa casa, na sociedade, nas escolas e por onde mais
passarmos, ou seja, precisamos disseminar a cultura do respeito à vida que se
encontra em toda parte da natureza. A CONSCIÊNCIA ECOLÓGICA É pertinente nos perguntarmos se as três dimensões
(econômica, ambiental e social) da sustentabilidade são
suficientes, e qual o seu significado. A primeira dimensão do desenvolvimento
sustentável normalmente citada é a ambiental. Ela supõe que o
modelo de produção e consumo seja compatível com a base material em
que se assenta a economia, como subsistema do meio natural. A educação ambiental vem se expandindo no Brasil
em diversos espaços educativos formais e não-formais.
A Educação Ambiental é provocadora de mudanças políticas, estimuladora de uma
racionalidade ética e ecológica e promovedora de atitudes e valores pessoais e
de práticas sociais compatíveis com a sustentabilidade da vida na Terra.
(VASCONCELLOS et al, 2009, p. 29) Trata-se, portanto, de produzir e consumir de forma a
garantir que os ecossistemas possam manter sua auto reparação ou
capacidade de resiliência. Neste sentido LIBÂNEO (1993), nos alerta sobre o sistema de
globalização desenfreado em nossa sociedade. A sociedade industrial
e tecnológica estabelece (cientificamente) as metas econômicas, sociais e
políticas, a sociedade treina (também cientificamente) nos alunos os comportamentos
de ajustamento a essas metas [...] a educação é um recurso tecnológico por
excelência. Ela é encarada como um instrumento capaz de promover, sem
contradição, o desenvolvimento econômico pela qualificação da mão-de-obra, pela
redistribuição da renda, pela maximização da produção e, ao mesmo tempo, pelo
desenvolvimento da ‘consciência política’ indispensável à manutenção do Estado
autoritário [...] a escola atua, assim, no aperfeiçoamento da ordem social
vigente (o sistema capitalista), articulando-se diretamente com o sistema
produtivo [...] seu interesse imediato é o de produzir indivíduos “competentes”
para o mercado de trabalho (LIBÂNEO, 1993, p. 61) A segunda dimensão, a econômica, supõe o aumento da
eficiência da produção e do consumo com economia crescente de
recursos naturais, com destaque para recursos permissivos como as
fontes fósseis de energia e os recursos delicados e mal
distribuídos, como a água e os minerais. Trata-se daquilo que
alguns denominam como ecoeficiência, que supõe uma contínua
inovação tecnológica que nos leve a sair do ciclo fóssil de energia (carvão,
petróleo e gás) e a ampliar a desmaterialização da economia. A
terceira e última dimensão é a social. Uma sociedade sustentável
supõe que todos os cidadãos tenham o mínimo necessário para uma
vida digna e que ninguém absorva bens, recursos naturais e energéticos
que sejam prejudiciais a outros. Isso significa erradicar a pobreza
e definir o padrão de desigualdade aceitável, delimitando limites
mínimos e máximos de acesso a bens materiais. Em resumo, implantar
a velha e desejável justiça social. A transformação da sociedade decorre da
construção da consciência ecológica coletiva, atingindo a sociedade de três
maneiras: pela legislação, pela informação sobre os problemas ambientais e pela
formação, propiciando a sensibilização necessária para que o indivíduo perceba
a profunda interação existente entre o homem e os processos do meio
ambiente. Na verdade, só se aprende, quando se estabelecem pontes entre a
reflexão e a ação, entre a experiência e a conceituação e entre a teoria e a
prática conforme, Rodrigues (2008). A crise
ecológica está repercutindo a crise dos valores humanos. A família educa e a
escola ensina. Mas na maioria das vezes não é esta a concepção, os filhos são
jogados nas escolas para que os professores façam o trabalho de educar. Pais
não participando da vida dos filhos, contribuindo com o fortalecimento do papel
dos professores e não se importando com a escola. O “Estado” tem esta
obrigação, já faço a minha parte, pago os impostos. Como
educar ecologicamente uma criança se a percepção da utilização dos
recursos naturais acontece de forma desordenada e superando a capacidade de
recomposição conforme aponta Correa
(2007) . Ouvimos
muitos discursos, e o tema “natureza” está muito na moda, nos discurso de
políticos, idealizadores de fachada que aproveitam à liberação de verbas
públicas para execução de projetos que contribuem tão pouco para a comunidade,
mas enche os bolsos de poucos, pois são maravilhosos no papel. Velasco (1997), comunga da teoria
de Freire (1968), pois a educação pode transformar realidades e isto não é
diferente no âmbito da proposta da educação ambiental. [...] a educação é a ação transcorrida
fundamentada numa pedagogia ploblematizadora ou
pedagogia da libertação, que se caracteriza entre outros, pelos seguintes
traços: a) coloca os instrumentos da cultura erudita a serviço da
conscientização/ mobilização dos oprimidos em luta para superar o capitalismo e
alcançar uma ordem comunitária constituída por indivíduos livremente associados
e multilateralmente desenvolvidos. b) toma como ponto articulador da ação
pedagógica as questões ligadas à vida diária e à luta dos oprimidos; c)
estabelece vínculos de muito enriquecimento entre a cultura “erudita” e a
chamada cultura “popular” (aquela que à margem da educação formal, os oprimidos
constroem no dia-a-dia das suas vidas e das suas lutas); d) supera a
contradição educador-educando, propiciando a construção dialógica do
conhecimento vivo (ligado ao dia-a-dia e cimentado na pesquisa e na reflexão),
numa dinâmica em que ambos são educandos-educadores, porque são investigadores
críticos, isto é, sujeitos desveladores da realidade
social e engajados na sua transformação libertadora; e) combate, pela crítica e
a auto-reflexão, o fatalismo e o assistencialismo, e
aposta na capacidade de luta dos e com os oprimidos para melhorar as nossas
vidas e para, em última instância, superar o capitalismo; f) defende (e busca
aplicar no dia-a-dia) a tomada democrática das decisões e visa à superação da
disciplina verticalmente imposta pela autodisciplina consensualmente
estabelecida e avaliada (VELASCO, 1997, p. 109). A grande
maioria dos homens não despertou para esta consciência, pensando somente em
encher os seus cofres, mesmo com tantas campanhas informando que se não
mudarmos as atitudes, não teremos mais um planeta habitável, com possível local
onde gastar este dinheiro. A água assim como o solo não se produz, tem-se o que
está ai, temos é que conservar. CONSIDERAÇÕES A pretensão deste
artigo foi levantar algumas questões para que possamos refletir, no que se
refere a educação ambiental, a qual tem como uma das
suas finalidades a conscientização social, a efetivação das políticas públicas de
proteção ao meio ambiente, visando minimizar todo o processo existente de
degradação ambiental verificado na atualidade. É nesta perspectiva, que se pensa em uma
proposta de educação ambiental interdisciplinar disseminando cada vez mais uma
prática educativa de preservação do meio ambienta. Portanto, acreditamos que
uma alternativa é realmente a consciência
ecológica coletiva e este processo se inicia no âmbito escolar por meio de um
trabalho interdisciplinar, considerando as experiências de sucesso relacionadas
entre educação e preservação ambiental. BIBLIOGRÁFIA BRASIL. Lei 9.795,
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Ambiental. Disponível
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