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UMA REFLEXÃO SOBRE
EDUCAÇÃO AMBIENTAL 1Anapaula
de Paula Cidade Coelho 2Krishna
Cesario Alvim de Castro 1 Enga Agrônoma, Mestre em Fitotecnica,
Especialista em Meio Ambiente e Desenvolvimento, Profa. IF Baiano Campus Uruçuca, Mestranda em Conservação
da Biodiversidade e Desenvolvimento Sustentável. Av. D. Pedro Gomes, 11 - Serra
Grande, Uruçuca-BA. CEP 45680.000. 73 9199-1579. anapaulaifbaiano@hotmail.com 2 Psicóloga, Dendê da Serra, Mestranda em Conservação da Biodiversidade
e Desenvolvimento Sustentável, Av. D.
Pedro Gomes, 11- Serra Grande, Uruçuca-BA. CEP 45680.000. 73 9914 5069. krishnapsicologa@gmail.com RESUMO Muitos
problemas ambientais vêm acontecendo após o avanço tecnológico e populacional
da humanidade no Planeta Terra, tendo início com os acidentes ambientais
ocorrido na História do homem. Diante disso, surgiu a
necessidade de reflexão sobre as práticas sociais em busca do desenvolvimento
tecnológico e o consumo dos recursos naturais, neste cenário, surge o conceito
de Educação Ambiental (EA) que vem em prol de uma mudança de atitude incluindo
os aspectos sociais e as suas relações entre a economia, o ambiente e o
desenvolvimento de forma sustentável. Esta revisão mostra o contexto da EA na
vida do homem e suas relações. Palavra-chave:
Educação Ambiental; Meio Ambiente; Desenvolvimento UMA REFLEXÃO SOBRE
EDUCAÇÃO AMBIENTAL Tanner (1978) embasou a relevância do estudo
na situação ambiental do planeta em seu livro Educação Ambiental afirmando que, ainda na década de 70, pesquisas
alertavam para o crescimento populacional exagerado, o êxodo rural e a
concentração nos grandes centros urbanos, o crescimento no consumo mundial de
energia e de recursos naturais, o aceleramento das espécies em extinção, enfim,
para diversas questões que culminaram no alarmante estágio atual. Dubois (1999), afirmou que
com a Revolução Industrial houve o rompimento da união estável entre Sociedade
e a Natureza. Atualmente, o Homem vive um momento muito desafiador da História,
começando a perceber o esgotamento do modelo de desenvolvimento industrial, de
um modo de vida apoiado no consumismo, no imediatismo e no engavetamento dos
valores espirituais. Além
do mais, segundo Jacobi (2003) foram vistas ocorrências de graves acidentes na
história da humanidade envolvendo usinas nucleares e contaminantes tóxicos de
grandes proporções, e estas foram molas propulsoras para debates públicos e
científicos sobre a questão dos riscos nas sociedades contemporâneas, iniciando
assim, a mudança de escala na análise dos problemas ambientais. A reflexão sobre
atuais práticas sociais se debruça sobre um contexto de degradação permanente
do meio ambiente, comprometendo a biodiversidade dos ecossistemas. Neste
cenário, enxerga-se a necessidade de articulação em prol de uma mudança de
atitudes, com a produção de sentidos sobre a Educação Ambiental (EA). Dentro
desta perspectiva, segundo Brandão (2005), é possível pensar na EA incluindo os
aspectos sociais e as suas relações entre a economia, o ambiente e o
desenvolvimento, pensar localmente/agir
globalmente e considerar a vida dentro de um contexto único. A Conferência de Tbilisi, em 1977, na Geórgia
foi um marco na História da EA. Dias (1994) relatou que neste evento, foram
apresentadas como destaque, orientações de que a EA deve considerar o meio
ambiente em sua totalidade, em seus aspectos naturais, bem como, aqueles
criados pelo homem. Devendo atingir todas as fases do ensino, formal e não
formal, levando em conta as questões ambientais do ponto de vista local,
regional, nacional e internacional, observando suas causas, conseqüências e
complexidade, desenvolvendo o senso crítico e habilidades para resolução de
problemas. Para Pelicione
(1998), durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o
Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em 1992, foi recomendado que a EA
devesse ser reorientada a partir de uma Educação para o Desenvolvimento
Sustentável com foco nos interesses sociais, no acesso às necessidades básicas,
pensando na preservação da diversidade do Planeta. Neste contexto, as
organizações não governamentais reunidas no Fórum Global da
Rio-92 formularam o trabalho de EA para Sociedades Sustentáveis e
Responsabilidade Global, estabelecendo seus princípios. Há uma percepção coletiva da necessidade de
investir na EA e, consequentemente, de se refletir sobre o tema. A reflexão
pode partir do mundo que se almeja, de como o ser humano se coloca neste mundo,
delimitando assim os caminhos da EA, devendo ter como princípio básico a
felicidade de todos que compartilham o Planeta Terra (Tonso, 2010). Boff (2000) refletiu
sobre a dimensão ética da dignidade humana que aparece quando nos sentimos
responsáveis pelo nosso destino, pelo destino de nosso semelhante e o de nossa
casa: a Terra. A ética humana aparece quando nos solidarizamos com o outro, com
suas paixões, com suas causas. É o que Steiner (1995) denominou como o sentido
mais elevado do ser humano: O Sentido do
Eu, que reconhece no seu semelhante um ser humano com os mesmos sentimentos
e anseios que os teus. Então, uma EA
desejada, é a que inclui também a dimensão política da dignidade humana, aquela
que se relaciona com a forma de participação na sociedade. Boff (2000, p.80),
afirmou que, o ser humano “vem dotado de uma vontade ontológica de
participação”. Sendo assim, só encontra a felicidade quando é coautor das
tomadas de decisões que incluem a organização social. A partir deste
pensamento, Boff (2000, p.91) se debruçou sobre a questão social, afirmando que
a sociedade deve garantir direitos igualitários de criação, da possibilidade de
“exercer sua consciência para estabelecer relações cada vez mais abertas e
inclusivas”, e que o ser humano, é criador e livre, e por isso não é refém de
suas próprias estruturas, mas sim um agente da mudança na realidade vigente. Este caminho inovador pode ser o rumo
norteador de todos envolvidos com a EA, especialmente nas escolas e no
trabalho, sendo bases fundamentais na luta pelos direitos humanos e sua relação
com o meio ambiente. Isso é possível quando a EA for incluída em todo o
currículo escolar, pois, “a raiz de nosso dilema ambiental, reside no fato de
não termos aprendido a pensar ecologicamente” (Tanner,
1978, p.32), enxergamos o mundo pela ótica esquizofrênica da separatividade. Pensando assim, é possível que nas escolas é possível desenvolver EA através de ações cotidianas, em
atividades extracurricular de forma inter ou
transdisciplinar ou mesmo pela condição não linear de conhecimento (Tristão,
2010). Toda matéria curricular pode buscar um enfoque ambiental embasado em
conceitos e valores que se deseja cultivar nos alunos, utilizando bons textos
sobre o tema, mas, pensando sempre que o importante é desenvolver nas presentes
e futuras gerações um senso de ética ambiental (Tanner,
1978). Desde que a participação ativa de
professores e alunos na busca pela construção do conhecimento através de
pesquisas comunitárias sobre questões como, por exemplo, destino do lixo e
poluição do rio local, seja sempre em um ambiente de confiança e liberdade,
onde os alunos possam escolher o que querem estudar e buscar seus meios para
atingir os objetivos desejados. A ênfase
Local-Imediato
X Global-Futurista, considera válida a técnica que leva os alunos a estudarem o
meio ambiente local, pesquisando os pontos em desequilíbrio e propondo
soluções. O interesse local pode ser ampliado para uma visão global e de longo
prazo, levando a percepção de “que o planeta inteiro é um único sistema
ecológico, e que o equilíbrio deverá demorar algum tempo até ser atingido, e
que depois disso terá que estar em processo perpétuo” (Tanner
1978, p.51). Pensando em termos
metodológicos a EA particularmente sensibiliza a humanidade do aluno que deve,
antes de tudo se sentir bem, integrada com a natureza e o mundo que o cerca
para aprender a amá-lo, respeitá-lo, defendê-lo com sua vontade, autoestima e
conhecimento acumulado. É certo que essa ideia vai de encontro a metodologia do ensino atual que durante anos expõe o aluno
a experiências enfadonhas e que “desconsidera seus sentimentos... enfatiza seus
erros...pressupõe sua ignorância...limita seu corpo, sua energia e seus
sentidos” (McInnis, You are na Evironment, p.72 APUD Tanner, 1978, p.150
e 151). No entanto a ideia não é nova, uma metodologia livre e respeitosa aos
interesses do aluno ganha cada vez mais força no universo acadêmico. Já Dubois (1999)
defendeu uma EA voltada para o Desenvolvimento Rural Sustentável, enfocando
ações mitigadoras para violentos processos de degradação, pensando numa
educação envolvendo a juventude rural e as mulheres, evitando posturas
radicais. Sempre pensando na principal característica da EA como ação
transformadora, crítica, coletiva, complexa, participativa, ativa, subjetiva,
não hierárquica e não hegemônica, uma EA que nos conduza a uma construção de
nós mesmos como seres políticos, em processo permanente, através da relação com
o outro como componentes desafiadores (Brandão, 2005). Tonso (2010) considerou medidas práticas como
ações prioritárias: a coleta seletiva de resíduos sólidos, a proteção de áreas
naturais, os mutirões de limpezas de rios e terrenos baldios e a certificação
ambiental de processos e empresas. Enfim, a EA embora possa incluir uma
diversidade de matérias, não deve perder seu foco na manutenção do planeta e do
sustento sadio dos recursos naturais, em outras palavras, ater-se a ótica do
cuidado máximo com a Espaçonave Terra, (Tanner, 1978), devendo ser vista como foco principal para a
conservação da biodiversidade e existência da vida humana no Planeta Terra. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ACOLI, P. Educação Ambiental, Cidadania e
Sustentabilidade. Caderno de Pesquisa, n.118, p.189-205, 2003. BOFF, L. A voz do Arco Íris, Ed Sextante, 2000 BRANDÃO, C.R. Aqui é onde eu moro,
aqui nós vivemos. Ministério do Meio Ambiente. Município Educador
Sustentável. Ed.2, 2005. DIAS,G. F. Educação Ambiental: princípios e práticas.
Gaia, 6ªed.São Paulo, 2000 (9ª,2007) DUBOIS, J.C.L. Educação Ambiental e Sustentabilidade.
Conteúdo da Palestra apresentada durante “VI Encontro de Educação Ambiental do
Estado do Rio de Janeiro”. CREA-RJ, 26-29 de Julho de 1999. JACOLI, P. Educação Ambiental, Cidadania e
Sustentabilidade. Caderno de Pesquisa, n.118, p.189-205, 2003. PELICIONI, M.C.F. Educação Ambiental, qualidade de vida e
sustentabilidade. Saúde e sociedade, 7 (2), 19-31, 1998. STEINER,R. Os doze sentidos e os sete processos vitais. Ed Antrposófica,
1995. TANNER, R. THOMAS. Educação
Ambiental, Summus EDUSP, 1978. TONSO, S. A Educação Ambiental que desejamos desde um
olhar para nós mesmos. Acessado em 01 de setembro de 2010. http://www.projetosustentabilidade.sc.usp.br/index.php/Biblioteca/Documentos/Educacao-Ambiental TRISTÃO, M.; JACOBI,
P.R. Educação Ambiental e os movimentos
de um campo de pesquisa. Annablume editora, Ed.1,
2010. |