Não podemos pensar em desenvolvimento econômico, reduzir as desigualdades sociais e em qualidade de vida sem discutirmos meio ambiente. - Carlos Moraes Queiros
ISSN 1678-0701 · Volume XXII, Número 88 · Setembro-Novembro/2024
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10/09/2018 (Nº 45) SOLO NA ESCOLA: UMA METODOLOGIA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO FUNDAMENTAL
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SOLO NA ESCOLA: UMA METODOLOGIA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO FUNDAMENTAL

 

 

Catarina Teixeira

Mestranda em Educação (UFLA), Professora da Fundação Educacional de Divinópolis - Funedi/UEMG; catarinabio@hotmail.com

 

Suelem Machado Vieira

Especialista em Ensino de Ciências por Investigação (UFMG), Professora no Instituto Nossa Senhora do Sagrado Coração - INSSC; suelembio@hotmail.com

 

 

 

RESUMO:

O solo, também chamado terra, tem grande importância na vida de todos os seres vivos do nosso planeta. Vários estudos mostram que há uma grande lacuna no ensino de solos nos níveis fundamental e médio.  O presente trabalho realiza um projeto de Educação Ambiental em duas escolas no município de Divinópolis-MG, sendo uma pública e outra particular, com o objetivo de verificar a aplicabilidade de uma nova metodologia que ensine sobre os solos com intuito de preservá-lo e a funcionalidade da mesma no aprendizado dos alunos sobre o tema.

 

 

Palavras-chave: Solo - Metodologia de Ensino – Aprendizado

 

 

Introdução

 

O solo é um componente fundamental do ecossistema terrestre, pois, além de ser o principal substrato utilizado pelas plantas para o seu crescimento e disseminação, fornecendo água, ar e nutrientes, exerce, também, multiplicidade de funções como regulação da distribuição, escoamento e infiltração da água da chuva e de irrigação, armazenamento e ciclagem de nutrientes para as plantas e outros elementos, ação filtrante e protetora da qualidade da água e do ar (AMBIENTE BRASIL, 2006).

Como recurso natural dinâmico, o solo é passível de ser degradado em função do uso inadequado pelo homem, condição em que o desempenho de suas funções básicas fica severamente prejudicado, o que acarreta interferências negativas no equilíbrio ambiental, diminuindo drasticamente a qualidade vida nos ecossistemas, principalmente naqueles que sofrem mais diretamente a interferência humana como os sistemas agrícolas e urbanos.

O estudo científico do solo, a aquisição e disseminação de informações do papel que o mesmo exerce na natureza e sua importância na vida do homem, são condições primordiais para sua proteção e conservação, e uma garantia da manutenção de meio ambiente sadio e autossustentável.

No entanto, o espaço dedicado a este componente do sistema natural é frequentemente nulo ou relegado a um plano menor nos conteúdos de ensino fundamental e médio, tanto na área urbana como rural (AMBIENTE BRASIL, 2006).

A população em geral desconhece a importância do solo, o que contribui para ampliar processos que levam à sua alteração e degradação.

Vários estudos mostram que há uma grande lacuna no ensino de solos nos níveis fundamental e médio. O conteúdo "solo" existente nos materiais didáticos, normalmente está em desacordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e, frequentemente, encontra-se desatualizado, incorreto ou fora da realidade brasileira (BRASIL, 1997).

Este conteúdo é ministrado de forma estanque, apenas levantando aspectos morfológicos do solo, sem relacionar com a utilidade prática ou cotidiana desta informação, causando desinteresse tanto ao aluno quanto ao professor.

A relação entre meio ambiente e educação assume um papel cada vez mais desafiador, demandando a emergência de novos saberes para apreender processos sociais cada vez mais complexos e riscos ambientais que se intensificam. Nas suas múltiplas possibilidades, abre um estimulante espaço para um repensar de práticas sociais e o papel dos educadores na formação de um “sujeito ecológico” (CARVALHO, 2004).

E as tensões entre desenvolvimento e conservação do meio ambiente ainda persistem, e o forte viés economicista é um dos fatores de questionamento do conceito pelas organizações ambientalistas (JACOBI, 2005).

 

 

Objetivos

 

            tendo em vista a necessidade de desenvolver atividades para explanar a importância dos solos com intuito de preservá-lo.  Este trabalho realiza um projeto em duas escolas, sendo uma pública e outra particular, com o objetivo de verificar a aplicabilidade de uma nova metodologia de Educação Ambiental que ensine sobre os solos e a funcionalidade da mesma no aprendizado dos alunos sobre o tema.

 

 

Metodologia

 

            O trabalho foi desenvolvido pelas professoras de ciências dos 6º anos do ensino fundamental da Escola Municipal “Professor Odilon Santiago” e do Instituto Nossa Senhora do Sagrado Coração (INSSC); situadas no município de Divinópolis, MG.

            No primeiro momento as professoras iniciaram uma discussão com os alunos, sobre o que é solo? Mediante as respostas foram aparecendo outros questionamentos, como: qual a importância e o porquê de estudar esse tema.

            Em seguida levou os alunos para dar uma volta em torno da escola, podendo assim responder as dúvidas e mostrar a interferência do homem no solo. No laboratório de ciências na escola particular e na sala de aula na escola pública, foram mostrados em copos descartáveis alguns tipos de solo, como: argiloso, arenoso, humoso e calcário, assim eles pegaram o solo com as mãos, para poder reconhecer as características próprias de cada solo, tais como: densidade, formato, cor, consistência e formação química. Realizou experiências observando a infiltração da água e a retenção da mesma nos diferentes solos. No final os alunos plantaram sementes de feijão analisando o desenvolvimento dos vegetais no solo (Fig. 1 e 2).

 

 

 

 

Figura 1 - Alunos preparando material para plantar o feijão

 

 

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Figura 2 – Alunos no laboratório observando o solo

 

 

Para finalizar os alunos foram levados ao laboratório de informática, para poderem pesquisar o site Projeto Solo na Escola (http://www.escola.agrarias.ufpr.br) e conhecer como outras instituições trabalham com o tema.

            Cada escola optou por uma forma diferente de avaliação para verificar a aprendizagem dos alunos quanto ao tema, e isso foi de acordo com sugestões dos próprios alunos. Na escola pública os alunos realizaram uma Feira de Ciências mostrando os tipos de solos e a importância dos mesmos, o trabalho aconteceu no período matutino e foi apresentado para duas turmas do 7º ano, duas do 8º ano e duas do 9º ano, de forma que o professor acompanhou as explicações verificando o aprendizado. Já na escola particular as turmas foram dividas em grupos de três componentes e levadas para laboratório de informática onde montaram várias apresentações em Power point sobre a formação do solo da terra, seus diferentes tipos, suas características e sua utilização para a vida na terra. A apresentação foi na sala de multimeios no período diurno para os alunos do 6º ano. Ao todo foram 6 grupos sendo que três grupos apresentaram para o 6º A e três para o 6º B.

 

 

Resultados e discussão

 

            O trabalho foi desenvolvido no primeiro semestre de 2011, durante o 2º bimestre, período no qual estudamos o tema Solo: ambiente para a vida.  Durante o desenvolvimento do projeto os alunos de ambas as escolas comprovaram a importância do solo para o sustento da vida.  Na sala de aula na escola pública e no laboratório de ciências na escola particular, foi possível com as amostras dos diferentes tipos de solos, os alunos analisarem a porosidade do solo, sua composição e diferentes texturas, a capacidade de infiltração da água e por último a retenção da água. Sendo possível verificar a importância de cada solo na agricultura e para os animais, onde podem encontrar esses tipos de solo e estimular sobre a preservação e cuidado com os mesmos.

            Durante a amostragem, alguns alunos comentaram que o solo faz parte da sua realidade, em suas residências, em sítios no cultivo de alimentos como subsistência para a família. Nesse momento o próprio aluno percebeu a importância deste recurso natural.

Envolver o tema solos com a internet foi de suma importância, pois foi notável o interesse dos alunos ao perceberem outras crianças também envolvidas com o tema, isso estimulou o interesse em desenvolver trabalhos para poder explanar o que aprenderam aos outros alunos da escola. Então nesse momento os professores definiram com as turmas como seria essa avaliação final.

Durante a Feira de Ciências na escola pública os alunos apresentaram á comunidade escolar à importância do solo e como podemos preservá-lo (Fig. 3). Demonstraram através de maquetes com base na observação feita em torno da escola que a matéria orgânica pode ser dividida em viva (raízes, macrofauna e microorganismos) e morta (não decomposta, em decomposição e húmus). Os animais e vegetais que habitam a superfície ou o próprio solo fornecem a matéria orgânica fresca (dejeções, excreções, cadáveres, folhas, etc.), a qual será decomposta pelos microorganismos do solo, formando gás carbônico, água, energia (que é aproveitada pelos microorganismos decompositores), íons inorgânicos e húmus.

 

Figura 3 – Exposição e explicação sobre os solos para comunidade escolar.

 

Segundo YOSHIOKA (2004), a matéria orgânica é uma fonte de nutrientes, aumenta à capacidade de retenção de água, melhora a estrutura do solo, porosidade, diminui a densidade do solo, consistência, cor, entre outros.

Os alunos demonstraram também que a composição do solo pode influir na capacidade de retenção da água. Em areia ou em um solo arenoso, ocorre infiltração mais rápida e pouca retenção da água devido ao espaço poroso, que permite a drenagem livre da água do solo. Esses solos são, por natureza, mais secos porque retém pouca água. Eles são soltos, com menor tendência para a compactação do que os argilosos e fáceis de preparar. Já nos solos argilosos, existe maior retenção de água no solo devido à presença dos micro poros que retém a água contra as forças da gravidade, porém esses solos podem ser facilmente compactados. Isto reduz o espaço poroso, o que limita o movimento do ar e da água através do solo, causando um grande escorrimento superficial das águas da chuva (YOSHIOKA 2004).

A apresentação em Power point feita pelos alunos na escola particular demonstrou um maior interesse por parte dos mesmos pelo tema. Apresentaram de forma diversificada os vários tipos de solos já discutidos, mostraram com imagens a utilização do solo na agricultura mostrando que o mau uso do solo reflete no equilíbrio dos ecossistemas, afetando também a vida.

Para finalizar desenvolveram a conscientização sobre a importância da preservação do solo, os cuidados e utilização para a vida na terra.

 

 

Considerações finais

 

O presente trabalho demonstra que essa nova metodologia consegue trabalhar todo conteúdo exigido pelo CBC (Currículo Básico Comum), sendo de grande valia para os alunos, pois além de desenvolver o aprendizado sobre a importância dos solos, eles podem contribuir muito para preservação dos mesmos, não só por essas crianças serem os adultos que cuidaram do nosso mundo amanhã, mas também por influenciarem seus pais com o conteúdo que aprenderam.

É importante salientar que alguns empecilhos aconteceram durante a execução do projeto, como por exemplo, a disponibilidade do laboratório de informática para a pesquisa e a falta de compromisso de alguns alunos durante a apresentação da feira e durante a produção da apresentação em Power point.

Tendo em vista os resultados apresentados nas atividades avaliativas desenvolvidas, pode-se concluir que a metodologia de ensino sobre solo na Escola obteve um bom resultado, pois mostra a aplicabilidade da mesma, sendo uma importante ferramenta na educação ambiental, e de incentivo à discussão do tema solo no meio escolar.

 

 

Referências bibliográficas

 

AMBIENTE BRASIL. Escola Agrária. Setembro, 2006. Disponível em: http://www.escola.agrarias.ufpr.br/imprensa/Ambientebrasil.pdf. Acesso: 14/10/2011.

 

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: ciências naturais. Brasília: MEC/SEF, 1997. 136 p.

 

CARVALHO, I. Educação ambiental crítica: nomes e endereçamentos da educação. In: MMA/ Secretaria Executiva/ Diretoria de Educação. Identidades da educação ambiental brasileira . Ambiental (Org.).  Brasília: MMA, 2004

 

JACOBI, P. R. Educação Ambiental: o desafio da construção de um pensamento crítico, complexo e reflexivo. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 31, n. 2, p. 233-250, maio/ago. 2005

 

YOSHIOKA, M.H., LIMA, M.R. de. Experimentoteca de solos: infiltração e retenção da água no solo. Arquivos da APADEC, Maringá, v. 8, n. 1, p. 63-66, 2004.

 

Ilustrações: Silvana Santos