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ASPECTO SOCIAL, CULTURAL E AGRONÔMICO DOS AGRICULTORES FAMILIARES PRODUTORES DE MANDIOCA DO MUNICÍPIO DE CAETÉS-PE Luan Danilo Ferreira de Andrade Melo1 Eng. Agrônomo. Mestre em Produção Agrícola. Dpto. Agronomia-Tecnologia e Produção de Sementes, UFRPE. E-mail: luandanilo@hotmail.com
João Luciano de Andrade Melo Junior2 Eng. Agrônomo. Mestrando em Produção Agrícola. Dpto. Agronomia-Área Entomologia, UFRPE, Garanhuns-PE, 55292-270. E-mail: luciiano.andrade@yahoo.com.br
Raíssa Cardoso Tenório3 Graduanda em Medicina Veterinária. UFRPE, Garanhuns-PE, 55292-270. E-mail: raissa_t91@hotmail.com
Larice Bruna Ferreira Soares4 Graduanda em Medicina Veterinária. Bolsista de PIBIC/FACEPE UFRPE, Garanhuns-PE, 55292-270. E-mail: brunaa_soares@hotmail.com
RESUMO: O cultivo da mandioca (Manihot esculenta) é de fundamental importância econômica para milhões de pessoas, principalmente nos países em desenvolvimento, sendo uma fonte essencial de carboidratos para essas regiões. Com isso, o presente trabalho objetivou conhecer alguns parâmetros sociais, culturais e agronômicos de uma parte representativa dos pequenos produtores de mandioca no Município de Caetés. Foram formulados questionários com perguntas estruturadas com o intuito de identificar as características dos produtores e da localidade. É importante que a população do campo não seja esquecida, de forma que tanto o Governo quanto as Instituições de Ensino, Pesquisa e Extensão, articulem soluções para evitar a desmotivação dessa população para com a agricultura, pois estes são quem abastecem o mercado interno de alimentos.
PALAVRAS-CHAVE: Desenvolvimento Rural; Ensino; Manihot esculenta.
INTRODUÇÃO
O cultivo da mandioca (Manihot esculenta) é de fundamental importância econômica para milhões de pessoas, principalmente nos países em desenvolvimento, sendo uma fonte essencial de carboidratos para essas regiões (CEPLAC, 2014). De acordo com Brasil (2014), o período para plantio da cultura em Caetés, está situado entre os meses de maio a julho. A produtividade média para Pernambuco em 2010 foi de 11.009kg/ha, com uma produção de 764.325 toneladas (IBGE, 2011). De acordo com o Censo Agropecuário 1995-1996, sabe-se também que 75% da produção de mandioca provêm de lavouras com menos de 50 hectares (IBGE, 2011). Desta forma, a agricultura familiar está inserida diretamente na produção de mandioca. Conforme Reichert e Schwengber (2009) o processo de Desenvolvimento Territorial apoia-se na construção de uma rede de fatores sociais trabalhando conjuntamente com a aptidão de uma determinada região, viabilizando cooperativas e associações de agricultores, grupos sociais e instituições que podem, de alguma forma contribuir para o desenvolvimento territorial rural. O presente trabalho objetivou conhecer alguns parâmetros sociais, culturais e agronômicos de uma parte representativa dos pequenos produtores de mandioca no Município de Caetés.
MATERIAL E MÉTODOS
O presente trabalho foi realizado no Município de Caetés-PE, distante 249,2 km da Capital Recife, com coordenadas geográficas de 08º46’23’’ de latitude sul e 36º 37’ 21’’ de longitude oeste.A intervenção foi realizada no dia 01/02/2014, no espaço rural da cidade. Pela inexistência de dados concretos quanto ao número de famílias produtoras de mandioca, foi estipulado uma quantidade de 10 famílias para aplicação do questionário. A escolha das famílias foi realizada de forma aleatória, de maneira que procurou-se aplicar o questionário em diversas partes da região agrícola de Caetés, para obter resultados que refletissem a realidade de boa parte da região. O questionário foi formulado com perguntas estruturadas com o intuito de identificar o tamanho da propriedade, a quantidade de pessoas na família, a renda auxiliar, a infra-estrutura, o sistema de cultivo, a produtividade, a comercialização do produto, a obtenção de financiamentos e a opinião e conhecimento sobre a assistência técnica e extensão rural na região. Foi utilizada também a ferramenta Office Excel 2003, para processamento dos dados e elaboração dos gráficos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com as respostas do questionário aplicado, observou-se que 80% dos entrevistados tinham uma propriedade menor que 5 hectares, e o restante entre 5 e 15 hectares. A mão de obra utilizada na agricultura era basicamente familiar, com pelo menos duas pessoas da família trabalhando diretamente no campo, contratando mão de obra apenas em épocas de colheita e plantio. Notou-se também, que além da renda com a agricultura, 30% recebem o auxílio da aposentadoria e 20% recebem além da aposentadoria, o benefício da bolsa família (fig. 1). Desta forma, observa-se a grande importância das políticas públicas na obtenção de renda para os agricultores dessa região, de forma que 50% destes dependem apenas da comercialização da sua produção para sobreviver.
Figura 1. Atividades geradoras de renda para os pequenos agricultores do município de Caetés/PE.
Todas as propriedades possuíam energia elétrica, porém em nenhuma havia água encanada, obtendo a mesma através de armazenamento em tanques. Em nenhuma propriedade foi realizada a análise de solo para verificar as suas características físico-químicas, de forma que pela falta de informação não sabiam onde era realizado este tipo de análise e sua devida interpretação. Assim, apenas 30% utilizavam adubação com fertilizante químico e esterco animal, 40% utilizavam apenas o esterco animal e 30% não utilizavam nada como fonte de adubo (fig. 2).
Figura 2. Tipo de adubação realizada pelos pequenos agricultores do município de Caetés/PE.
Mesmo em propriedades mais distantes umas das outras, notou-se que todas utilizavam o mesmo sistema de plantio, de forma que na época das chuvas, no primeiro semestre, é realizado o consórcio do milho, feijão e mandioca. Dificilmente realizam a rotação de culturas, porque a base da agricultura da região é voltada principalmente para essas três culturas. Um fato importante é a não realização de queimadas, de forma que os agricultores têm a consciência de que o material verde retirado por capinas é fonte de adubo para o solo. Atualmente, nenhum produtor recebeu financiamento para investir na propriedade. Já com relação à Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER), metade dos entrevistados indicou o Instituto Agronômico de Pernambuco - IPA como único órgão responsável pela ATER, e o restante não conhecia nenhum órgão ou entidade que pudessem auxiliá-los. Desta forma, 50% dos agricultores gostariam de receber apoio técnico e os demais não acharam necessário nenhum tipo de acompanhamento (fig. 3).
Figura 3. Opinião dos pequenos agricultores do município de Caetés/PE, sobre a necessidade de apoio técnico na realização de suas atividades.
Um ponto que merece grande atenção é com relação à comercialização, de forma que 60% dos produtores vendem sua produção para atravessadores, fato que implica em um menor preço de venda e consequente prejuízo para o pequeno produtor (fig. 4). Uma pequena parte vende seus produtos na feira livre da cidade, totalizando 20%. Duas famílias entrevistadas processam a mandioca para obtenção de farinha, fato que agrega valor ao produto, obtendo uma melhor renda. Em média uma tonelada de mandioca custa R$ 160,00 e rende cerca de 6 sacos de farinha de 50 kg. Cada saco de farinha é vendido por R$: 50,00, de forma que agrega praticamente o dobro do valor da mandioca, além da obtenção da casca para alimentação animal.
Figura 4. Tipo de comercialização da mandioca pelos pequenos agricultores do município de Caetés/PE.
CONCLUSÕES
É importante que a população do campo não seja esquecida, de forma que tanto o Governo quanto as Instituições de Ensino, Pesquisa e Extensão, articulem soluções para evitar a desmotivação dessa população para com a agricultura, pois estes são quem abastecem o mercado interno de alimentos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CEPLAC.
Cultivo da mandioca. Disponível em:
BRASIL. Ministério de Agricultura Pecuária e Abastecimento. Zoneamento Agrícola para a cultura da mandioca no Estado de Pernambuco, safra 2009. Disponível em:http://extranet.agricultura.gov.br/sislegisconsulta/consultarLegislacao.do?operacao=visualizar&id=21233>.Acesso em: 28 mar. 2014.
IBGE.
Banco de Dados Agregados: Pesquisas. Disponível
em:
REICHERT. L. J.; GOMES. M. C. ; SCHWENGBER. J. E. A importância socioeconômica da agricultura familiar no desenvolvimento territorial da zona sul do Rio Grande do Sul. Embrapa clima temperado, Pelotas – RS, 2009.
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