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OBT ENÇÃO DE BIODIESEL AT RAVÉS DO ÓLEO RESIDUAL DE FRIT URA NO CEARÁ, BAHIA E MINAS GERAIS COM A PET ROBRÁS
Cecília Bernardo Pereira Sônia Cristina de Souza Pantoja e-mail: ceciliabp2007@yahoo.com.br
Resumo
Em nossa cultura, onde cada vez mais as frituras estão presentes, temos um sério problema com o seu descarte. A maioria da população se desfaz de seu resíduo das frituras despejando em ralos de pias, redes de esgoto, e até mesmo no lixo comum. Cerca de 3 bilhões de litros de óleo são produzidos por ano no país,e destes, cerca de 200 milhões tem o seu descarte feito inadequadamente. Este descarte gera um grande impacto ambiental, como a poluição d e rios, lagos, causam alterações de ecossistemas aquáticos, e produção e liberação de gás metano. A produção de biodiesel é uma solução limpa e economicamente viável. No Brasil, temos como exemplo, iniciado em 2010, o convênio da Petrobrás com a Rede de Catadores de Resíduos Sólidos Recicláveis do Estado do Ceará, no qual é promovido ações para coleta de Óleos e Gorduras Residuais (OGR), especialmente o óleo de fritura. A coleta é destinada, a Usina de Quixadá, para produção de biodiesel. Com êxito, o projeto foi expandido para MG e BA. A metodologia utilizada neste trabalho foi a pesquisa bibliográfica em relação a este projeto, por meio de reportagens e publicações. Como resultado, observamos que as três usinas juntas produzem 428,2 milhões de litros de bi odiesel por ano. Em 2014, o projeto vem sendo incentivado também no estado de Fortaleza que tem como expectativa inicial atingir 140 mil residências por mês. Embora este projeto seja promissor, ele não se estende para todo o país. Possuímos uma deficiência em relação a pontos de coleta e divulgação. Muitos países já investem na produção do biodiesel, pois é considerado o combustível do futuro. No Brasil falta incentivo a cooperativas, é bom ressaltarmos que ao fazermos isto, ajudamos no problema da poluição do meio ambiente, como também na economia, ajudando pessoas carentes que obtém renda por meio da coleta.
Descritores: Biodiesel, Óleo vegetal e Meio Ambiente.
Introdução
Certos vegetais possuem grande quantidade de lipídios formados quimicamente por ésteres de glicerina e ácidos graxos. Estes, em temperatura ambiente podem apresentar consistência sólida a qual chamamos de gordura ou podem apresentar consistência líquida o qual chamamos de óleo (RIZZINI e MORS, 1995), muito utilizado em nossas cozinhas diariamente como os óleos de girassol, de soja, de canola, de milho, e dendê. Na correria do dia-a-dia, em nossa alimentação, temos o hábito da consumi r em demasia, fritura, que é um processo onde o óleo é utilizado como meio de transferência de calor. Consumimos, tanto em nossas casas, como em lanchonetes, restaurantes comerciais ou restaurantes industriais (COSTA NETO, 1993). Grande parte da população, por falta de conhecimento descarta de forma irregular seus dejetos provenientes do óleo residual de fritura. Segundo a Oil World, o Brasil produz 9 bilhões de litros de óleos vegetais por ano. Desse volume produzido, 1/3 vai para óleos comestíveis. O consumo per capita fica em torno de 20 litros/ano, o que resulta em uma produção de 3 bilhões de litros de óleos por ano no país, destes 3 bilhões, mais de 200 milhões de litros de óleos usados por mês são despejados em rios e lagos (ECÓLEO, 2014). Estes métodos incorretos de descarte geram variados impactos ao meio ambiente, como: a impermeabilização do solo, impedindo a infiltração da água, destruindo a vegetação e colabora para aumentar o drama das enchentes; o impedimento da entrada de luz e oxigênio, alterando a vida aquática de um ecossistema; o entupimento de encanamentos; além da produção do gás metano, quando ocorre a sua decomposição, isto pode em grandes quantidades, ajudar o processo de efeito estufa (BIÓLEO). Um modo de se solucionar todos estes litros de óleo mal descartados é o seu recolhimento e utilização para a obtenção de biodiesel que possui a produção relativamente mais barata e a emissão de poluentes diminuem bastante (RABELO; FERREIRA 2008). Biodiesel é um combustível biodegradável derivado de fontes renováveis de óleos vegetais como de soja, milho, girassol, mamona, etc. e gorduras animais. Sua composição química é formada por ésteres alquílicos de ácidos graxos, obtidos por reação de transesterificação de qualquer triglicerídeo (MICHEL, 2005). Em sua utilização, são emitidos menos enxofre, compostos aromáticos, partículas de carbono, óxido sulfuricos e hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (MARONEZI; PRUCOLI, 2009). Podemos dizer que, o biodiesel tem as seguintes características: é virtualmente livres de enxofre e aromáticos, tem alto número de cetano, possui teor médio de oxigênio em torno de 11%, possui maior viscosidade e maior ponto de fulgor que o diesel convencional, possui nicho de mercado específico, diretamente associado a atividades agrícolas, no caso do biodiesel de óleo de fritura, se caracteriza por um grande apelo ambiental, e por fim, tem preço de mercado relativamente superior ao diesel comercial (COSTA NETO apud RAMOS, L. P. 1999).
Os métodos mais conhecidos para o obtenção de biodiesel são os de transesterificação e o de esterificação. Estes métodos são obtidos por meio da seleção da reação, que depende do teor de ácidos graxos livres (AGL): quanto mais AGL, pior é a qualidade da matéria-prima (MARONEZI; PRUCOLI, 2009). O método de esterificação consiste na reação dos ácidos graxos com um mono- álcool, formando ésteres. As reações de esterificação são catalisadas por ácidos. Já o método de transesterificação consiste numa reação química dos óleos vegetais com o álcool comum (etanol) ou o metanol, estimulada por um catalisador nas quais são formados di- e mono-acilglicerídeos como intermediários. Obtemos também deste processo a glicerina, muito utilizada na fabricação de sabonetes e outros cosméticos (MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA, 2014; OLIVEIRA et. al, 2008).
Em setembro de 2010, a Petrobrás assinou um convênio com a Rede de Catadores de Resíduos Sólidos Recicláveis do Estado do Ceará, promovendo em conjunto ações para coleta de Óleos e Gorduras Residuais (OGR), especialmente o óleo de fritura, que foi destinado a Usina de Quixadá, para produção de biodiesel. Logo depois, o projeto foi expandido para a Bahia e Minas Gerais. O convênio ajuda não só o meio ambiente, como também a rede de catadores cadastrados desses 3 estados.
No início de 2014, a Petrobrás anunciou que irá ampliar o uso de OGR (Óleos e gorduras residuais), na produção de biodiesel. Até janeiro deste ano, foram processadas 485 toneladas de OGR em 3 usinas próprias de biodiesel, Candeias -BA, Montes Claros-MG e Quixadá-CE. O propósito deste projeto é ampliar a compra da matéria-prima, já que é comercializada como biodiesel com preços competitivos.
Todo óleo de cozinha usado recolhido pelos catadores das cooperativas do convênio, passam pelas estações de tratamento para a retirada de resíduos deixados pela fritura. Depois, toda a água misturada, é removida do produto. O óleo só pode ser usado para a produção de biodiesel, após este processo de “limpeza”.
Por meio do projeto realizado pela PETROBRAS, podemos demonstrar a obtenção do Biodiesel a partir de óleo de fritura residual nos estados de MG, CE, BA. Com este projeto, podemos solucionar problemas ambientais, como poluição de solos, lençóis freáticos, além de ser uma forma de energia renovável, na qual resolvemos problemas de combustível e emissão de gases.
Metodologia
Foram analisados por meio de leitura de artigos, reportagens e portais como o do MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA e PETROBRAS, relacionados à reciclagem do óleo de cozinha usado nos estados do Ceará, Bahia e Minas Gerais. Mostrando que é possível produzir biocombustível de forma menos prejudicial ao meio ambiente. O levantamento bibliográfico foi realizado durante os dias 15 de fevereiro até o meio do mês de junho.
Resultados e Discussão
Juntas, as 3 usinas (Candeias-BA, Montes Claros-MG e Quixadá-CE) de biocombustível, produzem 428,2 milhões de litros de biodiesel por ano. Até janeiro desse ano, foram processadas 485 toneladas de OGR nestas três usinas. Em Fortaleza, está sendo promovido em parceria com a Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis de Fortaleza e Região Metropolitana (Coopmares) e com revendas da Liquigás pela Petrobrás Biocombustível o programa “Óleo usado e doado, Brasil Preservado”. A expectativa inicial do programa era de atingir 140 mil residências por mês, apenas na capital, incentivando os moradores a juntar o óleo de cozinha e fazer a doação para a cooperativa por meio do entregador de botijão de gás. Por meio desta campanha, o morador ao receber o gás em casa, terá acesso a folhetos explicativos sobre as vantagens ambientais e sociais do reaproveitamento do óleo de fritura. O material orienta ainda que os interessados em participar poderão armazenar o resíduo líquido em garrafa de plástico e entregar a um colaborador das revendas autorizadas da Liquigás em Fortaleza. Como estímulo ao envolvimento na campanha, quem aderir a ação social concorre, mensalmente, a uma recarga de gás de cozinha. O Programa vai além da relação de compra e venda: difunde conhecimento, apoia a gestão e capacita catadores e gestores. É o caso do trabalho realizado, em Fortaleza, com a Rede de Catadores de Resíduos Sólidos Recicláveis do Estado do Ceará, que beneficia catadores de 17 associações. O aumento do consumo de frituras vem crescendo cada vez mais com a mudança dos hábitos alimentares, cada dia a mais substituímos uma alimentação saudável por fast-foods. Como consequência, vemos além de residências, muitos restaurantes, lanchonetes, escolas, padarias e bares descartando seu ó leo de qualquer forma, sem instruções de seu destino e seus impactos. É evidente a deficiência em um projeto eficiente no qual sejam mais divulgadas informações sobre armazenamento e postos de coleta de óleo usado em todo o país. A maioria das pessoas descartam pelo ralo da pia, por não saberem exatamente todos os impactos ambientais causados, e também, pelas poucas cooperativas que coletem o óleo armazenado pelas mesmas. As que já existem, são pouco perceptíveis, pelo pouco acesso às mídias. Em 2007 chegou a ser elaborada e tramitado o Projeto de Lei n.° 2074/2007, de autoria do (na época) Deputado William Woo (PSDB/SP) na qual a ementa era a obrigatoriedade dos postos de gasolina, hipermercados, empresas vendedoras ou distribuidoras de óleo de cozinha e estabelecimentos similares manterem estruturas destinadas à coleta de óleo de cozinha usado e dá outras providências. Infelizmente, esta Lei foi arquivada.
Conclusão
O óleo de cozinha, seja ele de soja, dende, canola, etc., além de sua importância em nossa alimentação, após seu uso, ao invés de ser despejado em lixões, aterros sanitários, redes de esgoto, rios, lagos, etc., pode possuir uma importância enorme para a economia em relação ao nosso combustível. O biodiesel vem sendo um combustível promissor pelo mundo inteiro, pois ele é barato, e os danos ao meio ambiente são menores do que os causados pelo diesel comum e outros derivados do petróleo. Podemos ressaltar também, que o óleo residual de fritura é uma matéria- prima em abundância, principalmente nas regiões metropolitanas, podendo gerar uma alternativa de fonte de renda para populações carentes, como no caso do Programa realizado pela Petrobrás, onde trabalham catadores de cooperativas.
Referências
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Biotechnos destaca sinalização do Governo em ampliar mistura de Biodiesel no diesel de Petróleo. Disponível em: < http://www.biotec hnos.com.br/no ticias?start=5> Acesso em: abril de 2014.
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Ecóleo. Disponível em: < http://www.ecoleo .org.br/reciclagem.html>. Acesso em: 15 fev. 2014.
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OLIVEIRA, F. C. Da C., SUAREZ, P. A. Z., SANTOS. W. L. P. dos . Biodiesel: Possibilidades e Desafios. 2008. Sociedade Brasileira de Química. Campinas. Disponível em: <http://qnint.sbq.org .br/q ni/vis uali zarTema.p hp?idTema =30>
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