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INDICADORES DE ALFABETIZAÇÃO ECOLÓGICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL USANDO A DRAMATIZAÇÃO COM TEATRO DE FANTOCHES Luana Monteiro da Costa1Patrícia Lisboa de Aguiar2Renata Gomes da Cunha3Sandra Oliveira de Almeida4Polyana Milena Barros Navegantes5Silvia Alves de Souza6Andreia da Silva Reis7Lívia Andrade Amanda de Aguiar8 Augusto Fachín Terán91,2,3,4,5,8 Professoras da rede pública de Manaus e Mestrandas em Educação em Ciências na Amazônia na Universidade do Estado do Amazonas (UEA). Manaus, Amazonas, Brasil. (diretoralmc@yahoo.com.br, patty_lisboa@yahoo.com.br, cunhare30@gmail.com, sandraport2010@hotmail.com, filhos-vida@hotmail.com, lyvia_amanda@hotmail.com) 6,7 Professoras da rede pública de Manaus. (silviaufamsouza@hotmail.com, andreia.dasilvareis@yahoo.com.br) 9 Professor do Programa de Pós Graduação Educação e Ensino de Ciências na Amazônia da UEA. Manaus, Amazonas, Brasil. (fachinteran@yahoo.com.br) Resumo: Trabalhar a Alfabetização Ecológica com crianças pequenas é umas das prioridades na educação, para que possam enfrentar o mundo que os adultos deixaram para elas. O objetivo deste trabalho foi identificar indicadores de alfabetização ecológica em crianças pequenas usando a dramatização com teatro de fantoches. A atividade foi realizada no Centro de Educação Infantil Professora Dierdre Gama Machado com crianças de 4 e 5 anos do 1º e 2º período da Educação Infantil. No teatro de fantoches usamos as representações de duas espécies da fauna, o "Peixe-boi da Amazônia" Trichechus inunguis e o "Sapo cururu" Rhinella marina. Os indicadores que mais se manifestaram nas falas das crianças foram: Percepção da crise ambiental e da extinção das espécies e o sentimento de afinidade com o mundo natural. Percebemos que devemos desenvolver outras estratégias para o desenvolvimento de indicadores que se apresentaram timidamente e consolidar outras. Palavras-Chave: Educação Infantil; Alfabetização Ecológica; Teatro de fantoches. Introdução No mundo contemporâneo, observamos a crise ambiental em pleno curso com suas consequências sendo mais absorvidas pelas massas mais desprovidas de proteção pelos governos. Alta dos preços e serviços públicos de péssima qualidade, desvalorização da força de trabalho, escassez de recursos naturais, dentre tantos outros efeitos desta crise, concluímos ser imperativo a formação de um sujeito comprometido com as causas ambientais que estão atreladas com a qualidade de vida do ser humano (RAMOS; SILVA; FACHÍN-TÉRAN, 2014). Considerar a importância do desenvolvimento da percepção do meio ambiente para a formação do ser humano, em perspectiva holística, traz em debate questões mais amplas relacionadas á vida, muito além dos aspectos da fauna e da flora, da ecologia, ou mesmo dos ecossistemas. Esses aspectos são importantes na concepção do meio ambiente, mas representam apenas uma parcela da totalidade da dimensão ambiental. O objetivo deste trabalho é identificar indicadores de alfabetização ecológica em crianças pequenas usando a dramatização com teatro de fantoches. Alfabetização ecológica Segundo Capra (2006, p. 231), a Alfabetização Ecológica (AE) propõe uma educação baseada na satisfação das necessidades humanas sem prejuízo para as gerações futuras, a partir da compreensão dos princípios básicos que regem a vida na Terra. Defende que a compreensão sistêmica da vida, a qual hoje está assumindo a frente da ciência, baseia-se na compreensão de três fenômenos: a teia da vida, os ciclos da natureza e o fluxo de energia, que segundo o autor são os fenômenos que as crianças têm mais contato, através de experiências diretas com o meio (CAPRA, 2006, p. 232). Estar alfabetizado ecologicamente significa “ler” os fenômenos, se apropriar dos conhecimentos básicos da ecologia, ecologia humana, sustentabilidade e o compromisso na solução dos problemas ambientais. Ademais, implica conhecer não só o metabolismo natural, estudar os impactos das ações antrópicas no meio, mas também o social com a natureza, e a repercussão destes impactos na sociedade (LAYRARGUES, 2003). Procedimentos Metodológicos A atividade foi realizada no Centro de Educação Infantil "Professora Dierdre Gama Machado" com alunos de 4 e 5 anos do 1º e 2º período da Educação Infantil. Nessa experiência educativa, indicadores de AE foram registrados usando-se do teatro, que é um recurso que mexe com o imaginário e com as emoções das crianças (ANTUNES, 2012) e através de rodas de conversa. No teatro de fantoches usamos as representações de duas espécies da fauna, o "Peixe-boi da Amazônia" (Trichechus inunguis) e o "Sapo cururu" (Rhinella marina). Os princípios da alfabetização ecológica foram estimulados através da dramatização, da contagem de histórias e questões pertinentes à problemática dessas espécies. As falas das crianças durante a roda de conversa foram gravadas e depois analisadas para encontrar indicadores de Alfabetização Ecológica. Resultados e Discussão As vantagens no processo de aprendizagem para a criança utilizando o lúdico no ambiente escolar são muitas, pois faz com que elas sejam impulsionadas para o conhecimento, além de sensibilizar, socializar e conscientizá-las (OLIVEIRA; SOCORRO; SILVA, 2006), elas encontram nas aulas prazer, alegria e motivação. Os conhecimentos surgem de forma espontânea sem perder o foco do ensino ou dos objetivos traçados pelo professor (SALOMÃO; MARTINE, 2007). O teatro de fantoches (Figura 1) é uma atividade lúdica e uma forma de ensino muito rica. Instigam a imaginação e a criatividade da criança e do professor. Essa atividade favorece o diálogo na construção do conhecimento e dos assuntos trabalhados pelo professor. Para Ferreira (2002, p. 14-15): O teatro de bonecos pode revelar ao professor aspectos do desenvolvimento da criança que não são observados durante os trabalhos escolares tradicionais; a partir daí, conhecendo-a melhor, o professor poderá proporcionar-lhe atividades educativas mais adequadas às suas possibilidades. [...]. Para o professor, o teatro de bonecos é uma técnica educativa; para a criança, um jogo. A lógica infantil é diferente da do adulto: o teatro de bonecos é real para ela, dentro da realidade do jogo. Figura 1: Teatro de fantoches com crianças. Foto: Luana Monteiro, 2015. Indicadores de Alfabetização Ecológica Capra (2006) e Layrargues (2003) ao discorrerem sobre Alfabetização Ecológica apresentam indicadores onde podemos detectar a aprendizagem sob uma perspectiva de AE. Os indicadores de AE podem ser percebidos através das falas das crianças registradas em gravadores de celular, das expressões, dos comportamentos, nas brincadeiras, enfim, em todas as suas formas de expressão. A continuação apresentamos os indicadores de AE usando os critérios de Layrargues e Capra. (Tabela 1): Tabela 1: Identificação de Indicadores de Alfabetização Ecológica usando os critérios de Layrargues e Capra.
De maneira geral os indicadores que mais se manifestaram nas falas das crianças foram as de Percepção da crise ambiental, a Percepção da extinção das espécies e a de Sentimento de afinidade com o mundo natural (Tabela 1). Foi registrada um maior número de falas relacionadas aos animais, o que mostra uma preocupação em defender os animais dos caçadores (C1 e C5), relembrando comentários feitos no seio familiar e uma preocupação em divulgar o que tinham aprendido na família e também na solução de problemas vivenciados em casa (C2, C3 e C6). Isto se dá devido ao fato das crianças pequenas serem mais atraídas pela fauna, se identificando muitas das vezes com os mesmos, atribuindo comportamento, sentimentos e outras características próprias do comportamento humano aos animais (COSTA; ALMEIDA; FACHIN-TERÁN; ALENCAR, 2014). Figura 2: crianças verbalizando durante a dramatização. Foto: Luana Monteiro, 2015 Os indicadores que menos se manifestaram foram a Percepção da importância biológica das espécies, a de Conhecimentos básicos de ecologia e Conhecimentos básicos de sustentabilidade para a solução de problemas (Tabela 1). Apenas duas crianças (C2 e C6) se manifestaram quanto à teia alimentar. Isto se deve certamente ao fato de ainda não estar sendo ensinado tal conhecimento na grade curricular de Educação Infantil. No entanto, duas já apresentaram indícios de que já tem noção sobre esse conceito científico. Quanto aos conhecimentos básicos de sustentabilidade para a solução de problemas, duas crianças (C1 e C6) se mostraram preocupadas nesse sentido, demonstrando que percebem que a falta de determinada espécie, gera consequências para o homem. Considerações Finais Durante a roda de conversa, percebeu-se o quanto é importante o cuidado do professor com a sequência de perguntas, visto que devemos deixá-las responder à vontade antes de apresentar a próxima, permitindo a escuta das falas das crianças para perceber com clareza os indicadores de AE e, a partir daí, refletir sobre os novos desafios a serem vivenciados. Percebemos que devemos desenvolver outras estratégias para o desenvolvimento de indicadores que se apresentaram timidamente e consolidar outras, pois certamente, servirão de base para desenvolver as que representam ainda um grande desafio cognitivo para as crianças. Entendemos que muitos indicadores, apesar de não terem se manifestado no momento da atividade, não significa que não estão em processo de desenvolvimento na estrutura cognitiva dos pequenos, mas no momento mais oportuno, o mesmo surgirá. Neste sentido, os primeiros passos para uma Alfabetização Ecológica já estão sendo dados na Educação Infantil. Referências ANTUNES, C. Educação infantil: prioridade imprescindível. 9. ed. Petrópolis: RJ, Vozes, 2012. CAPRA, F. Alfabetização ecológica: a educação das crianças para um mundo sustentável. Traduzido por Carmem Fisher. São Paulo: Cultrix, 2006. Tradução de Ecological Literacy: Educating our children for a sustainable word. COSTA, L. M. da; ALMEIDA, S. O. de; FACHIN-TERAN, A.; ALENCAR, R. N. B. Alfabetização científica e educação infantil nos espaços educativos: as percepções dos educadores. In: IV Encontro Internacional de Ensino e Pesquisa em Ciências da Amazônia e a Semana Nacional de Ciências e Tecnologia, 2014, Tabatinga. Anais IV Encontro Internacional de Ensino e Pesquisa em Ciências da Amazônia e a Semana Nacional de Ciências e Tecnologia, 2014. FERREIRA, I. L. Fantoche & Cia. 2.ed. São Paulo: Scipione, 2002. LAYRARGUES, P. P. Determinismo biológico: o desafio da alfabetização
ecológica na concepção de Fritjot Capra. In: II Encontro de Pesquisa em
Educação Ambiental, Rio Claro, UFSCAR. 2003. Disponível em:
OLIVEIRA, E.; SOCORRO, R.; SILVA, M. O Lúdico na Educação de Jovens e Adultos. São Paulo, Brasil, 2006. RAMOS, C. E. O; SILVA, E. F. G.; FACHÍN-TERÁN, A. O tema da Biodiversidade e a Educação em Ciências. Em: Ensino de ciências em espaços amazônicos. Pp. 127 – 137, Curitiba, PR: CRV, 2014. SALOMÃO, H. A. S.; MARTINE, M. A Importância do Lúdico na Educação Infantil: Enfocando a Brincadeira e as Situações de Ensino não Direcionado. Roraima, Brasil, 2007. |