Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
Início Cadastre-se! Procurar Área de autores Contato Apresentação(4) Normas de Publicação(1) Dicas e Curiosidades(7) Reflexão(3) Para Sensibilizar(1) Dinâmicas e Recursos Pedagógicos(6) Dúvidas(4) Entrevistas(4) Saber do Fazer(1) Culinária(1) Arte e Ambiente(1) Divulgação de Eventos(4) O que fazer para melhorar o meio ambiente(3) Sugestões bibliográficas(1) Educação(1) Você sabia que...(2) Reportagem(3) Educação e temas emergentes(1) Ações e projetos inspiradores(25) O Eco das Vozes(1) Do Linear ao Complexo(1) A Natureza Inspira(1) Notícias(21)   |  Números  
Relatos de Experiências
03/06/2016 (Nº 56) O PROCESSO METODOLÓGICO DE FORMAÇÃO DAS JUVENTUDES: UMA OFICINA QUE DIALÓGA COM PARADIGMAS E CONCEPÇÕES
Link permanente: http://revistaea.org/artigo.php?idartigo=2350 
  

O PROCESSO METODOLÓGICO DE FORMAÇÃO DAS JUVENTUDES: UMA OFICINA QUE DIALÓGA COM PARADIGMAS E CONCEPÇÕES

 

 

Endell Menezes de Oliveira¹

¹Universidade da Amazônia, Centro de Ciências e Planetário do Estado do Pará, endell_menezes@yahoo.com.br

 

 

Resumo: O presente trabalho busca relatar uma experiência de formação de juventudes em educação ambiental, do coletivo jovem de meio ambiente do Estado do Pará, revelando temas cotidianos baseados em referências bibliográficas, o objetivo do minicurso foi contribuir no processo de estímulo ao desenvolvimento e à organização de jovens em um engajamento e atuação junto às questões socioambientais, uma vez que as juventudes fogem do estigma de causadores de problemas e revelam- se um importante e estratégico grupo de mobilização social e política. Conclui-se que o minicurso deve se perpetuar ao longo fazeres e formações do Coletivo, pois contribui no processo de formação crítica das juventudes e colabora em suas atuações globais e locais.

 

1.INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas as juventudes vêm ocupando espaços nos ambientes de construção sejam de políticas públicas ou de inserção da temática ambiental no cotidiano. Revelando um protagonismo juvenil, de acordo com Alves (2015, p.18) que aponta a juventude como um ator, sujeito de direitos, protagonista, podendo ser um interlocutor em questões de interesse público, neste sentido remete a um significado sociológico, político, e, também pedagógico. Envolver as juventudes na discussão e no engajamento na temática ambiental é um dos desafios que está colocado na atualidade. O objetivo do minicurso foi contribuir no processo de estímulo ao desenvolvimento e à organização de jovens em um engajamento e atuação junto às questões socioambientais.  Proposto pelo Coletivo Jovem de Meio Ambiente do Estado do Pará, os Coletivos Jovens (CJ), são grupos informais que reúnem jovens com o objetivo de envolver-se com a questão ambiental e desenvolver atividades relacionadas à melhoria do meio ambiente e qualidade de vida, são redes locais que articulam pessoas e organizações, para pensar criticamente o mundo a partir da sustentabilidade, planejar e desenvolver ações e projetos, produzir e disseminar propostas, que apontem para sociedades mais justas equitativas, dentre outras ações (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2005, p. 10).Cada vez torna-se mais importante discutir e criar estratégias, abordagens e métodos que trabalhem com diferentes públicos, a partir de atividades que relacionem temas educativos de maneira lúdica, abordando temas atuais/reais com uma maneira espontânea e prazerosa de aprender. (SILVA et al, 2012, p. 51).

 

2. METODOLOGIA

O processo da apresentação do minicurso deu-se em slides do Microsoft Power Point, com frases, imagens e esquemas que exemplificavam o assunto. O minicurso deu-se em dois dias, com carga horária total de 10 horas, e contou com 20 pessoas, em 2015, na Universidade da Amazônia- Belém, Brasil. Realizou-se uma exposição de ideias com base em referências bibliográficas, como demonstrado a seguir, o processo metodológico realizou-se, aqui expresso, em “momentos”, designando ruptura ou congruência de diferentes situações e discussões.

No “1° momento” houve a apresentação dos membros participantes, em sua maioria jovens e graduandos das mais diversas áreas do conhecimento. No “2° momento” o tema abordado foi a relação Sociedade x Natureza, decorrendo sobre o processo de formação das sociedades, do capitalismo, do embasamento da ciência e tecnologia e do método cartesiano. De acordo com Bernades e Ferreira (2009, p.39), pensar os problemas ambientais a partir de uma visão em que os processos particulares, geradores dos mesmos, são determinados pela dinâmica de reprodução do capitalismo e sua articulação geral. Os mesmo autores defendam igualmente que, na medida em que se rebaixa a natureza, uma vez que o propósito da ciência é praticamente a sua dominação e controle, em lugar de se buscar um conhecimento de cooperação ciência/natureza (BERNADES: FERREIRA, 2009, p. 40).  O “3°momento” foi passado vídeo “O preço das coisas” um documentário de 20 minutos, realizado nos Estúdios Gavi New Track- SP, versão dublada em português do documentário The StoryofStuff, o vídeo revela as conexões entre diversos problemas ambientais e sociais, em foco na origem, produção, consumo e destino dos produtos, além dos impactos ocorridos neste processo de desenvolvimento. O modelo em questão prima pelos interesses privados (econômicos) frente aos bens coletivos (meio ambiente), consubstanciando-se em uma visão antropocêntrica de mundo, gerador de fortes impactos socioambientais. (GUIMARÃES, 2009, p. 84). No “4° momento” debateu-se a origem da crise ambiental, congruente da segunda guerra mundial, onde se percebeu que os recursos naturais são finitos, e que o uso incorreto poderia apresentar a extinção de sua própria existência. O pós-guerra trouxe inúmeras consequências negativas para o meio ambiente face ao surto de desenvolvimento acelerado que se verificou, acentuando uma preocupação com meio ambiente dentro de uma perspectiva global (BARBIERI, 2011, p. 12).  No “5° momento” foram explanadas algumas imagens para incitar o debate em suas relações, como o crescimento mundial da população (Figura 1), o consumo diário de água da população por habitante no mundo (Figura 2) e na desigualdades sociais (Figura 3).

 

 

http://www.bbc.com/staticarchive/e8123df7bcd8c30872aa150bca094892939a5ef7.jpg

Figura 1: Crescimento Mundial da População, Fonte: Fundo e Polução das Nações Unidas.

http://www.ozengenharia.com.br/blog/wp-content/uploads/2015/02/infografico-consumo-agua-habitante-mundo-.jpg

 

Figura 2: O consumo diário de água por habitante no mundo, Fonte:HumanDevelopmentReport, 2006.

 

http://imagem.vermelho.org.br/biblioteca/renda63068.jpg

 

Figura 3: Panorama da distribuição de renta no Brasil, Fonte: Google Imagens.


Neste momento, foi dialogado sobre desenvolvimento e sua evocação para ideias de crescimento econômico, mudança do padrão de vida da população e da base do sistema produtivo, relacionando às políticas de desenvolvimento praticadas até então em diversos países. Dessa forma, os benefícios dos esforços coletivos acabam sendo distribuídos desigualmente (BARBIERI, 2011, p. 24). O “6° momento”: Quebrando paradigmas parte I, realizou-se um breve percurso entre as discussões sobre o modelo de desenvolvimento da sociedade contemporânea e os paradigmas que o consolidam; paradigmas aqui entendidos como estruturas de pensamento que de modo inconsciente, comandam nosso discurso (GUIMARÃES apudMorin, 2009, p.81). Definindo conceitos, buscou-se um caminho de construção coletiva do conhecimento a partir do entendimento dos participantes sobre: Meio Ambiente, Educação Ambiental e Socioambiental. Nos momentos posteriores debateu-se a Educação Ambiental, premissas, valores, princípios, histórico, documentos nacionais e internacionais, eventos e politicas públicas. O minicurso teve seu termino com projetos realizados pelos participantes (Figura 4, 5 e 6), que foram divididos em trios, cada grupo foi responsável de criar um projeto de Educação Ambiental, de tema livre, desde que se abordem: métodos, público alvo e disponibilidade de recursos.

Figura 4: Participantes no planejamento do projeto. Fonte: autor, 2015


Figura 5: Participantes no Planejamento do projeto. Fonte: autor, 2015

 


 

3. CONCLUSÃO

 

As juventudes são um importante grupo da sociedade, em busca de transformações e reivindicação de direitos, seus pais devem ser orientados, por uma educação ambiental crítica, emancipadora e transformadora. O processo de formação discutido neste trabalho revela um potencial método de abordar diversos temas em conjunção de realidades próximas. Conclui-se que a Educação Ambiental é, fundamentalmente, de natureza cognitiva, e visa o conhecimento de vários aspectos do ambiente circundante, e que o minicurso teve seus objetivos alcançados pelas apresentações dos projetos elaborados, de forma, a quebrar paradigmas e estigmas da educação ambiental tradicional.

REFERÊNCIAS

ALVES, M. A. S. Protagonismo Juvenil na esfera pública: demarcações legais e políticas públicas nacionais.Juventude.br (Centro de Estudos e Memória da Juventude), v. 9, p. 09- 19, 2015.

BARBIERI, J. C. Desenvolvimento e meio ambiente: as estratégias de mudanças da Agenda 21. 13. ed. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2011.

BERNARDES, J. A.; FERREIRA, F. P. M. Sociedade e Natureza. In: In: CUNHA, S. B; GUERRA, A. J. T.A questão ambiental: diferentes abordagens. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil; 2009. p. 17-42

BRASIL. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Coletivos Jovens de Meio Ambiente: Manual Orientador. Brasília, 2005.

GUIMARÃES, M. Sustentabilidade e Educação Ambiental. In: CUNHA, S. B; GUERRA, A. J. T.A questão ambiental: diferentes abordagens. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil; 2009. p. 81-105.

SILVA, F. W; SAMMARCO, Y. M.; TEIXEIRA, A. F. Educação Ambiental lúdica diálogo do corpo, lazer e arte. In: Educação Ambiental: a teoria à prática. [Org.] Kindel, Krobet al. Porto Alegre: Mediação, 2012

 

 

Ilustrações: Silvana Santos