Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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03/06/2016 (Nº 56) O HOMEM, SUAS AÇÕES E OS DESAFIOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
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O HOMEM, SUAS AÇÕES E OS DESAFIOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

 

HERCÍLIO RIBEIRO DE OLIVEIRA - hercilioribeiro@yahoo.com.br

JOSIANE DA SILVA BRITO – josianebrito@gmail.com

ROSILENE DOS SANTOS PEREIRA – lene272008@hotmail.com

VALDINÉIA RODRIGUES MANTOVANI BAIÔCO – valdineiamantovani@gmail.com

 

Apresentado à disciplina de Desenvolvimento Sustentável do Programa de Mestrado Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Regional da Faculdade Vale do Cricaré - IVC, na linha de pesquisa II “Educação e o Desenvolvimento Regional”, ao Professor Dr. José Geraldo Ferreira da Silva.

 

 

RESUMO

Esse trabalho tem como objetivo discorrer sobre o tema desenvolvimento sustentável, os fundamentais desafios à sua inserção, e demonstrá-lo como uma opção aceitável para o homem no intuito de colaborar para a diminuição das dificuldades sócio ambientais da contemporaneidade. A ação do ser humano consegue transformar o meio ambiente ou alguns de seus elementos e provocar visíveis abalroamentos na natureza.  A educação através de suas ciências e a tecnologia é capaz de cooperar bastante para que o conflito entre o ser humano e o meio ambiente seja positivo, ocasionando uma mudança que poderá ser social, ecológica e/ou econômica.  Hoje existe uma integração entre as condições e conhecimentos sócio econômicos e ambientais. Entretanto, o papel desempenhado por essa integração ocasionalmente é reconhecido por projetos que envolvam impactos estratégicos sobre o ambiente e não concebem seriamente as incertezas das políticas públicas, principalmente dos países em desenvolvimento. E ainda temos o agravante provocado pelos atos de nossos governantes que muitas vezes não refletem a alocução dos mesmos em relação à sustentabilidade. A administração coerente e o desenvolvimento sustentável são essenciais à sobrevivência do planeta, bem como as perspectivas diferenciadas da cultura, do ser e do pensar humano.

Palavras-chave: Ação Humana, Educação, Políticas Públicas, Desenvolvimento Sustentável.


INTRODUÇÃO

A afinidade do ser humano com a natureza vem sendo modificada há muitos anos, principalmente a partir da Revolução Industrial (sec. XVIII) onde a deterioração do meio ambiente passou de um modo de produção que era em maior parte manufaturados, para a automação, utilizando o carvão, o que teve como conseqüências a queima excessiva deste combustível fóssil.

Os maquinários então passaram a ocupar o espaço que era do ser humano, processo paradigmático entre o homem e a mecanização estimulando o aumento do consumo e garantindo lucros cada vez maiores.

Esta mudança, homem/indústria, tornou-se o foco da degradação do meio ambiente. A consequência dessas alterações acarretara sérios problemas para a humanidade. As florestas estão sendo devastadas, assim como o solo e o ar. Os mares e oceanos estão mais profanados pelos poluentes que são lançados diariamente na atmosfera, o que compromete a sobrevivência das espécies.

O que se faz necessário é saber conciliar industrialização, novas tecnologias e desenvolvimento sustentável.

Diante do exposto acima esse trabalho tem como objetivo discorrer sobre o tema desenvolvimento sustentável, os fundamentais desafios à sua inserção, e demonstrá-lo como uma opção aceitável para o homem no intuito de colaborar para a diminuição das dificuldades sócio ambientais da contemporaneidade.

EDUCAÇÃO PARA A SUSTENTABILIDADE

A prática da educação ambiental nas instituições escolares já está introduzida no currículo e deve ser trabalhada de forma a atender todos os níveis de escolaridade, pois está nas mãos do homem o equilíbrio ou desequilíbrio do meio ambiente. É agindo de maneira sistemática, permanente e contínua que as ações do “homem” fluirão de forma positiva e consciente em relação ao meio em que está inserido.

Para tanto, Gestão Educacional e Gestão Ambiental devem ser unidas para trabalhar os mesmos objetivos e na mesma direção para obter melhor qualidade de vida e respeito ao meio em que se vive, já que o meio ambiente preservado é a garantia de existência dos seres vivos.

O importante não é apenas identificar o problema e sim buscar soluções e recursos para a melhoria e equilíbrio do meio ambiente. O caso é alarmante, pois, a cada dia, a sobrevivência para todos os seres vivos torna-se mais difícil.

A Educação Ambiental resume-se na prática de atitudes sustentáveis as quais são geradas de diferentes formas: palestras, discussões, projetos, debates, mudanças de atitudes através da conscientização, leitura constante de reportagens que retratam as questões ambientais da atualidade e outras que deveriam ser consolidadas no meio social, analisando as atitudes humanas buscando alternativas que propiciem uma boa relação entre o indivíduo e o meio em que vive.

De acordo com Branco, 2004, pág.93

O verdadeiro desenvolvimento – assim como a preservação dos recursos – não está relacionado apenas com os aspectos econômicos de uma nação. O verdadeiro desenvolvimento, mais do que autossustentável, teria de ser auto preservante no sentido de procurar, ativamente, criar condições de autopreservação das culturas tradicionais, valorizando-as de modo a inibir as pressões do consumismo. [...] a extraordinária capacidade do ser humano para deformar o meio ambiente e adaptá-lo aos seus próprios interesses tem, também, suas limitações. Uma delas é o próprio homem, com suas tradições, histórias e vocação. Desrespeitá-las é desrespeitar a própria dignidade humana.

Dessa forma o homem e o seu conjunto estabelecem valores, costumes habilidades e aptidões em relação à educação ambiental que são fundamentais para uma melhor condição de vida e para a sua sustentabilidade.

Quando se fala em sustentabilidade é importante ressaltar que não basta trabalhar atividades precisas como a reciclagem, a economia de água, dentre outras, se não se trabalhar a conscientização e reflexão das atitudes do homem com o planeta. Educação e Sustentabilidade necessitam ser temas de interesse para a sociedade trabalhar uma reeducação ambiental a fim de alcançar possíveis mudanças em relação à preservação do meio ambiente.

Contudo Educação e Sustentabilidade devem ter uma visão ampliada e globalizada do meio social e de sua história e instigar os valores e direitos humanos e o respeito ao meio ambiente, buscando táticas públicas adequadas para promover a colaboração recíproca nas ações e processos de decisão, em todos os níveis e etapas, valorizando e respeitando a história cultural local, assim como promovendo o diálogo, a criação de espaços de discussão das temáticas socioambientais.

A educação ambiental, no Brasil, foi legalizada em 27 de Abril de 1999 através da Lei N° 9.795 – Lei da Educação Ambiental, que em seu Art. 2° afirma: “A educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não formal”.

Neste princípio, o Ensino Ambiental é a atuação educacional pela qual o aluno deve ter a conscientização de sua prática integral, do tipo de ligações que os homens colocam entre si e com a natureza, das dificuldades procedentes de proferidas ligações e seus motivos intensos. Deste modo, pode garantir que é um procedimento por meio do qual o sujeito e o conjunto edificam princípios igualitários, informações, capacidades, condutas e aptidões voltadas para a permanência do meio ambiente, bem de utilização geral da humanidade, fundamental à saudável condição de vida e seu desenvolvimento sustentável.

Segundo Carvalho, (1995, p. 61) “o ensino ambiental pode ser um método de atuação política que questiona a sociedade, problematizando a deterioração das situações ambientais e das situações de existência como métodos essencialmente estruturados”. Neste fundamento, os fundamentos do ensino ambiental para coletividades sustentáveis têm o raciocínio analítico, argumentador e modificador da coletividade como componente essencial para o desenvolvimento da população com discernimento ambiental e global.

Assim sendo, o Ensino Ambiental deve abranger uma concepção integral em seu cenário coletivo e relevante, focando a ligação entre o homem, a natureza e o mundo de modo singular e global, instigando a cooperação, a equidade e o cumprimento aos direitos humanos, equivalendo-se de táticas democratas capazes de auxiliar a cooperação, prezando e acatando a trajetória cultural suscitando a conversa dos temas ambientais e sociais.

 

A NECESSIDADE DE PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE E A BUSCA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Atualmente, as nações do mundo reconhecem a necessidade e a emergência de agir a favor das questões ambientais, também perfilam os grandes problemas ambientais, tais como a destruição da camada de ozônio, poluição da atmosfera, alterações nos climas, o grande desperdício dos recursos naturais, a desertificação e inúmeros outros que tem atingido bilhões de habitantes do nosso planeta. Todavia, o enredamento dos problemas ambientais estabelece mais do que medidas pontuais que busquem resolver problemas a partir de seus efeitos, é necessário conhecer e atuar nas suas causas.

A realidade social, objetiva, que não existe por acaso, mas como produto da ação dos homens também não se transforma por acaso. Se os homens são os produtores desta realidade e se esta, na ‘inversão da práxis’, se volta sobre eles e os condiciona, transformar a realidade opressora é tarefa histórica, é tarefa dos homens. (FREIRE, 1987, p.37)

 

A degradação ambiental é fruto de um processo econômico-social, onde os seres humanos apropriam-se dos recursos naturais em função do consumismo e do enriquecimento. É uma questão que não se resolve isolada, deve ser considerada de forma global com uma abrangência de que a qualidade de vida depende diretamente das questões ambientais, ou seja, de um ambiente saudável.

Leila Ferreira afirma em seu livro “A questão ambiental: sustentabilidade e políticas públicas no Brasil” que:

O padrão de produção e consumo que caracteriza o atual estilo de desenvolvimento tende a consolidar-se no espaço das cidades e estas se tornam cada vez mais o foco principal na definição de estratégias e políticas de desenvolvimento. (FERREIRA, 1998, p.67).

O crescimento econômico, como ocorre atualmente danifica o meio ambiente e prejudica o próprio crescimento, degradando o principal meio de produção: a natureza.

A destruição de um ecossistema afeta a qualidade de vida da sociedade, logo, as questões ambientais não devem ser ignoradas, ao contrário, é preciso avaliar o modelo de desenvolvimento econômico cujos interesses estão centrados apenas na produtividade e no consumo exagerado dos recursos naturais.

A Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento das Nações Unidas, em 1987 apresentou um relatório denominado Relatório Brundland onde afirma um conceito de desenvolvimento sustentável como um desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das futuras gerações.

O desenvolvimento sustentável vinculado aos alteráveis ambientais, econômica e social, abona uma condição de vida melhor, mas para que melhores resultados apareçam faz- se imprescindível o empenho da sociedade em geral, mudanças de hábitos, atitudes individuais e coletivas alcançando a importância de preservação dos meios naturais.

É de suma importância o reconhecimento de que ainda se faz presente a falta de conhecimento sobre as dificuldades ambientais. É indispensável então, um ensino ambiental movendo as pessoas e especulando aceitáveis soluções para os problemas visíveis, iniciando-se no setor local até o planetário, abrangendo a sociedade nas decisões e realizando o cumprimento do papel de cada cidadão envolvido na ação do desenvolvimento sustentável.

A comunidade escolar, funcionários, educandos e professores, são muito importantes na conscientização dos diversos problemas ambientais, realizando ações, práxis de conservação e respeito ao meio ambiente garantindo uma ação de cidadania e certamente um desenvolvimento ambiental, social e econômico, ou seja, desenvolvimento sustentável.

De acordo com Carvalho, (2006, P. 7)

[...] a Educação Ambiental é considerada inicialmente como uma preocupação dos movimentos ecológicos com a prática de conscientização, que seja capaz de chamar a atenção para a má distribuição do acesso aos recursos naturais, assim como ao seu esgotamento, e envolver os cidadãos em ações sociais ambientalmente apropriadas[...]

Atualmente, percebe-se a precisão de um progresso do mundo em relação à Educação Ambiental. Temos vivenciado uma regressão na qualidade de vida. A nossa sobrevivência precisa ser garantida, para isso, necessitamos dos recursos naturais, assim como todas as espécies de seres vivos. Dessa forma precisamos construir uma cultura sustentável, com respeito pela natureza e responsabilidade social.

A educação para a sustentabilidade é um exercício educativo que acontece em harmonia com a vida em sociedade, que seria de ideal inserção sobre várias abordagens: econômica, social, cultural, política e artística, não podendo ser avaliada como um método impermeável visto que envolve outras áreas. Desta maneira também pode ser considerada uma arte, significando o trabalho com criatividade no que diz respeito a encontrar meios para abranger os indivíduos em um procedimento de reeducação de valores, percepções e sentidos em relação à maneira de visualizar e vivenciar a vida.

Desta forma, a educação ambiental necessita envolver um ponto de vista holístico em seu contexto histórico e social frisando a relação entre o ser humano, a natureza e o universo de uma forma única e globalizada, incentivando o papel solidário, a igualdade e o respeito aos direitos cercando - se de métodos democráticos capazes de facilitar o entendimento nos processos de decisão, em todas as fases e modalidades, assim como exercendo diálogo, criação de espaços para questionamentos dos temas socioambientais.

Para que seja alcançada essa meta associada ao sucesso aguardado, faz- se necessário conquistar as seguintes etapas: mudanças de atitudes das pessoas com as questões ambientais, solicitar uma mobilização social, levar informações, planejar ações, observar e avaliar os resultados.

Não ignoremos o fato de que a afinidade entre desenvolvimento e meio ambiente é o alvo quando se trata de assuntos ambientais, incluindo o uso e o aproveitamento da biodiversidade.

 Nesse ponto de vista, existe uma conformidade que as dificuldades ambientais transcorrem da forma de incremento econômico influente onde o consumo e o acúmulo do capital tem seu alicerce e que, sendo consentidos, envolvem a característica ambiental num planeta com habilidade de sustentação limitada (Leis, 1995), devido a isso existe necessidade de alterar o exemplo vigente por outro. No alto dessa discussão, aparece entre outros, a definição de desenvolvimento sustentável debatido pela International Union for the Conservation of Nature and Natural Resources (IUCN et al., 1980), que aprecia desenvolvimento sustentável como aquele no qual extensões sociais e ecológicas, fatores econômicos e todos os organismos vivos presentes no ecossistema interagem.

 

SUSTENTABILIDADE: Passado, Presente e Perspectivas Futuras

Em um passado remoto, homem e natureza tinham uma relação íntima bem mais próxima do que nos dias atuais, a qual a dependência do homem em tempos atrás frente ao meio natural em que vivia era imensuravelmente maior, diante da sua necessidade de luta diária pela sobrevivência, sem recursos ou instrumentos modernos que pudessem facilitar a manutenção de sua vida.

Em uma época de diferentes tipos de cultura, sem conhecimento do que é natureza, meio ambiente, sustentabilidade, educação ambiental, qualquer assunto sobre preservação da natureza, a relação homem e meio ambiente era em relação ao uso dos recursos naturais apenas para o que fosse necessário, sem pensar em excedentes que produzissem riquezas. Eles não eram entendidos em educação ambiental, mas por não haver a gana de crescimento econômico somente permeava a necessidade de sobrevivência e o uso dos recursos naturais era de certa forma considerada “natural”, mesmo não sendo planejado.

Com o tempo, é claro, que o homem buscou conhecer e desvendar a natureza para melhor aproveitá-la, dominando-a e modificando-a conforme sua necessidade. Assim, a evolução do homem ocasionou essas novas necessidades, que foram surgindo gradativamente. E para isso, surgiram novas técnicas para suprirem essas necessidades, devido ao processo de consumo e produção de bens (SANTOS;FARIA 2004).

 Assim, o homem não bastou em si, trabalhou a sua condição, se tornando um ser mais e mais pensante, na qual aos poucos construiu os passos rumos a sua evolução. Não que evoluir não fosse importante, muito pelo contrário, até mesmo porque, observamos que em tempos de tanta modernização, continuamos ainda evoluindo.  Mas, o que é importante pensar é que essa evolução do homem fosse acrescida de consciência e respeito, somado a um conhecimento intrínseco no que tange a importância da conservação e preservação do meio ambiente para a continuidade da vida no planeta.

É inegável, portanto, falar que o progresso e o movimento crescente do capitalismo têm cada dia mais assombrado o equilíbrio natural de nosso planeta. Haja vista, que a exploração do meio ambiente passou a ocorrer a algum tempo, de forma desenfreada e sem a devida preocupação com os danos que poderiam ocorrer.

A partir da corrida evolutiva capitalista do homem, a humanidade está assolada em um desequilíbrio natural onde podemos ler e ver em jornais, notícias sobre as consequências da falta de responsabilidade social e da consciência de se ter educação ambiental, onde áreas estão desgelando, as matas e florestas, estão sendo consumidas pelo desejo do homem em desmatar, seja por dinheiro ou pelo desejo de incendiar áreas. Vemos rios poluídos e outros já praticamente sem água. Já não se sente mais a pureza do ar, a chuva já não cai como antes e o sol já não apresenta o mesmo calor. 

Corroborando com esse pensar, LEFF (2006, p. 62), afirma que:

A problemática ambiental não é ideologicamente neutra nem é alheia a interesses econômicos e sociais. Sua gênese dá-se num processo histórico dominado pela expansão do modo de produção capitalista, pelos padrões tecnológicos gerados por uma racionalidade econômica em curto prazo, numa ordem econômica mundial marcada pela desigualdade entre nações e classes sociais. Este processo gerou, assim, efeitos econômicos, ecológicos e culturais desiguais sobre diferentes regiões, populações, classes e grupos sociais, bem como perspectivas diferenciadas de análises.

 

Ao contrário do que muitos acreditam a problemática referente ao desequilíbrio do meio ambiente, dado ao uso dos recursos naturais de forma desenfreada pelo homem, não é um evento de preocupação recente. Tanto que, cabe aqui expor que [...] no período da década de 60, a crise ambiental, surgiu em confluência com vários movimentos sociais, como o movimento negro, o pacifismo, a liberação sexual e outros, tornando-se mais evidente na época. Nessa obra, ela explica que na época o assunto provocou um debate ambiental, sobre a necessidade de reverter o modo como o homem estava fazendo uso da natureza (MARINHO, 2004). Já “[...] em 1864, George Perkin Marsh previu o fim de muitos recursos naturais. A sua angústia diante da ação devastadora do homem sobre o meio ambiente era enorme” (MARINHO, 2004, p.30).

Sem dúvida, na atual conjuntura de nossa sociedade científica, a preocupação com o ambiente também é centro de discussão e debates sobre quais ações podem ser feitas para que os danos ocasionados em nosso ambiente natural possam ser coibidos ou amenizados.

E entre a população de não estudiosos sobre o assunto, também existem preocupações. Uma preocupação que se reflete sempre na pergunta: “como será o futuro de nossos filhos e netos?” O que nos remete ao entendimento de que o assunto tem evoluído entre a população, com vistas de que por mais que saibamos que há algum tempo existe a preocupação quanto à interferência do homem no meio ambiente, é certo que a geração atual tem mais consciência e necessidade de buscar soluções para os problemas ambientais, mas, não ainda de forma suficiente e com autonomia, pois, ainda esbarramos na necessidade da continuidade do crescimento capitalista.

Haja vista, que a evolução humana trouxe para o homem a sensação de poder no que concerne a ser aquele com capacidades de transformar o meio natural em que vive, conforme suas vontades capitalistas, esquecendo a importância de fazer valer o entendimento sobre o que é o meio ambiente e como ele é necessário para homem, através da educação ambiental.

Nas ações inerentes ao uso dos recursos naturais e na relação de cumplicidade e respeito que deve existir entre homem e natureza, visando à qualidade e manutenção da vida, Moreira faz uma reflexão.

A natureza está para o homem e o homem está na natureza, porque o homem é produto da história natural e a natureza é condição concreta, então, da existencialidade humana. Mas como é o trabalho que está verdadeiramente tecendo a dialética da história, é ele que faz o homem entrar na natureza e a natureza estar no homem. (MOREIRA, 1985, p.81)

Infelizmente não é bem assim que temos observado na roda giratória do mundo. Por mais necessidade que temos de preservar o meio ambiente, o homem ainda não estabeleceu um parâmetro incisivo em aceitar que natureza é vida.

Hoje, faz-se imprescindível entender, que o tempo presente na verdade deve ser visto como o tempo futuro, pois, não temos mais tanto tempo para pensar em consequências e danos ambientais. Essa fase já passou, já ultrapassamos essa barreira da ignorância e do desconhecimento de que o crescimento econômico não é prejudicial ao nosso meio ambiente. Estamos assistindo as dificuldades já apresentadas pelo homem, dado a escassez de recursos naturais.

Não adianta somente discutir, planejar, organizar, criar leis que preservem e protejam o nosso meio ambiente. Faz se necessárias ações, atitudes, efetivação de tudo o que já foi pensado. São necessárias cobranças mais rígidas àqueles que danificam e destroem o nosso bem maior, bem este, que garante a nossa existência. É fato, que somos dependentes da natureza e do meio ambiente. Essa consciência deve estar embutida na cabeça de todos. Isso faz parte do processo do ser cidadão; Aquele que conhece e reconhece a amplitude de seus direitos e deveres; Aquele que pensa e age em prol de uma vida digna, de respeito ao próximo; O que nos leva a acreditar que é importante o fortalecimento sobre a educação ambiental. Ela é emergencial nos dias atuais. Dentro deste contexto, essa ideia de cidadania, é base da Lei n° 9.795, da Educação Ambiental que preconiza, em seu artigo 5º: “fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos povos e solidariedade como fundamentos para o futuro da humanidade”.

As questões ambientais precisam de decisões rápidas e práticas. Para isso, é importante o trabalho de fomentação da promoção quanto ao desenvolvimento da sociedade em termos éticos, num processo de inspiração de atitudes colaborativas e cooperativas, o que pode ser feito através da Educação Ambiental. A partir dessa mudança, na qual o homem passa a ter maior interesse no cuidar do bem natural que o planeta oferece, tratando esse bem como algo que faz parte de sua vida e que interfere em toda essa conjuntura da existência humana, a interpretação da relação homem e meio ambiente tomará outros rumos, onde este deixará de ser apenas um bem que deve ser apropriado de forma irresponsável. Tal situação propicia o surgimento quanto ao entendimento de que o homem faz parte desse meio, tendo, portanto, a obrigação e necessidade vital de preservar e cuidar do ambiente em que vive, com mais zelo e consciência.

Segundo Reigota (2001:16),

“muitos especialistas consideravam inútil falar em educação ambiental e formação e cidadãos enquanto países (inclusive o anfitrião) continuavam a produzir armas nucleares, impedindo a participação dos cidadãos nas decisões políticas.”

Muitas vezes a mídia acende as regras ambientais por lhes trazer vantagens fiscais, o que é visível que todos pensem da mesma maneira. O ideal seria que ações do governo exercessem maior empenho. No entanto é indispensável que todos nós façamos a nossa parte e avaliemos a conservação do meio ambiente garantindo um futuro melhor para o nosso planeta e consequentemente para todos os seres que nele habitam.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As contribuições deste artigo constituem-se no esclarecimento da relevância e aprofundamento dos assuntos abordados ao desenvolvimento sustentável e na observação dos substanciais obstáculos a um desenvolvimento sustentável integral. Entretanto, o artigo também contribui para demonstrar a relevância e a precisão de todas as pessoas, enquanto peça principal na sociedade, terem um olhar diferenciado para os problemas socioambientais da coletividade geral em que estão implantados, especialmente os que trabalham com assuntos e problemas peculiares dentro do campo ambiental, a fim de poderem, dentro de suas realidades e desempenhos, ampliar e implementar atuações mais conhecedoras e concentradas ao  resultado de problemas sócio ambientais.

A questão ambiental deve ser mais enfatizada, ou seja, trabalhada nas escolas, pois é através dela que a sociedade obterá maiores resultados por ter um grande número de crianças que, no futuro poderão defender o meio ambiente com mais sensatez e entendimento através de campanhas, práticas educacionais, palestras para a conservação do meio ambiente e principalmente pela mudança de atitudes.

A sociedade que visa participar de um mundo melhor com condições que abasteça suas necessidades precisa manter atitudes comprometidas quanto ao uso do meio ambiente.

A educação é um alvo extraordinário, pois através dela se faz possível passar as informações necessárias aos nossos filhos e levá-los a compreender a grande importância da conservação da natureza, o que lhes trará muitos benefícios dentre eles o indispensável, a vida.

As mudanças em nossos atos necessitam ser diárias e constantes, jamais perdendo a noção de que a natureza se faz presente em nossa qualidade de vida, abastecimento, lucros e inúmeros outros acréscimos. Devido a isso, façamos nossa parte, respeitando a natureza, uma pequena atitude pode fazer uma imensa diferença, se cada um fizer o seu papel para dessa forma criarmos um ambiente sustentável.

Fica claro, deste modo, a relevância de ensinar os cidadãos para que atuem de forma conscienciosa e com suscetibilidade, mantendo o ambiente sadio na contemporaneidade e para o amanhã, modificando-se tanto intimamente, como ser humano, quanto nas suas ligações com o ambiente. O ensino ambiental é um processo extenso e cauteloso, pois é imprescindível a consciência e, sobretudo uma transformação de conduta, e essa transformação necessita ocorrer por meio do nosso próprio discernimento, com cada um realizando a sua parte de manter e poupar o ambiente que convivemos e dependemos para continuarmos a viver.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CARVALHO, I. C. M. Educação ambiental: a formação do sujeito ecológico.2.ed. São Paulo: Cortez, 2006.

FERREIRA, Leila. A questão ambiental: sustentabilidade e políticas públicas no Brasil.São Paulo: Bom tempo Editorial, 1998.

FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 24. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1987.

LEFF, Enrique. Epistemologia ambiental. São Paulo: Cortez, 2006.

MARINHO, Alcyane. Atividades na natureza, lazer e educação ambiental: refletindo sobre algumas possibilidades. Motrivivência - Revista de Educação Física, Esporte e Lazer. Florianópolis (SC): Núcleo de Estudos Pedagógicos em Educação Física, ano XVI, n.22, p.47-69, jun, 2004.

MOREIRA, Marco Antônio. Ensino e Aprendizagem-enfoques teóricos. Editora Moraes. São Paulo, 1985.

REIGOTA, Marcos. O que é educação ambiental. São Paulo: Brasiliense, 2001.63p

SANTOS, Edna Maria dos; FARIA, Lia Ciomar Macedo de. O educador e o olhar antropológico. Fórum Crítico da Educação: Revista do ISEP/Programa de Mestrado em Ciências Pedagógicas. v. 3, n. 1, out. 2004.

Ilustrações: Silvana Santos