Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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03/06/2016 (Nº 56) PERFIL DOS TURISTAS E VALOR ECONOMICO DOS SERVIÇOS AMBIENTAIS PELO MÉTODO CUSTO DE VIAGEM: UM ESTUDO NA CACHOEIRA SALTO DAS NUVENS EM TANGARÁ DA SERRA MT
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PERFIL DOS TURISTAS E VALOR ECONOMICO DOS SERVIÇOS AMBIENTAIS PELO MÉTODO CUSTO DE VIAGEM: UM ESTUDO NA CACHOEIRA SALTO DAS NUVENS EM TANGARÁ DA SERRA MT

 

 

 

Cleci Grzebieluckas

Doutorado em Engenharia de Produção – UFSC

Instituição: Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT

Endereço: Rodovia MT - 358, Km 07, Jardim Aeroporto - Tangará da Serra / MT - CEP: 78300-000

E-mail: cleci@unemat.br

 

 

Carlos Silva Alves

Bacharel em Ciências Contábeis - UNEMAT

Instituição: Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT

Endereço: Rodovia MT - 358, Km 07, Jardim Aeroporto - Tangará da Serra / MT - CEP: 78300-000

E-mail: E-mail: c.s.alves13@gmail.com

 

 

Magno Alves Ribeiro

Doutorado em Ciencias Empresariales – Universidad de Jaen

Instituição: Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT

Endereço: Rodovia MT - 358, Km 07, Jardim Aeroporto - Tangará da Serra / MT - CEP: 78300-000

E-mail: magnoalves@unemat.br

 

 

 

RESUMO

 

O estudo teve como objetivo analisar o perfil dos turistas que visitam a Cachoeira Salto das Nuvens em Tangará da Serra MT e como objetivos específicos: identificar a origem dos turistas; identificar os motivos pelos quais visitam o parque e valorar os serviços ambientais do Parque com base no método custo de viagem.Trata-se de uma pesquisa descritiva com abordagemquali-quantitativa e teve como instrumentos de coleta questionários estruturados e entrevistas semiestruturadas. A amostra foi composta por 160 turistas que frequentaram a Cachoeira nos dias 2,9 e 16 de setembro de 2012. Identificou-se que a maioria dos turistas são de Tangará da Serra, possuem idade entre 26 a 45 anos, a maioria com ensino médio e superior, e declararam gastar em média R$91,24 a R$316,50 por pessoa/dia. Verificou-se ainda que os principais motivos para as visitasforam, cachoeira e o rio, fauna e flora, descansar  e  a segurança.

 

Palavras-chave:Valoração ambiental. Economia ambiental. Uso Recreativo.

 

 

1       INTRODUÇÃO

A utilização intensiva dos recursos naturais renováveis e não-renováveis trouxe  a necessidade de conciliar variáveis econômicas e ambientais, com o intuito de tornar possível um relacionamento harmônico entre as necessidades humanas e as disponibilidades ambientais. Nesse contexto, a valoração de ativos ambientais busca sinalizar o preço que um recurso ambiental possui, tornando possível a determinaçãode políticas que visem conciliar a manutenção e conservação do meio ambiente, conjuntamente, com as necessidades humanas e econômicas (SILVA; LIMA, 2004).

O processo de valoração econômica dos serviços ambientais tem-se constituído em um amplo campo de pesquisas teóricas e trabalhos empíricos. Contudo, por se tratar de um ramo da ciência que envolve o comportamento humano, não é desprovido de controvérsias, advindas de preferências teóricas e metodológicas (MARQUES, 2004). No entanto, existe anecessidade de conceituar o valor econômico ao meio ambiente, bem como desenvolver técnicas para estimar esse valor, em razão de que a maioria dos bens e serviços ambientais e das funções providas ao homem pelo ambiente não é transacionada pelo mercado (MARQUES; COMUNE, 1997). E uma correta valoração dos recursos naturais pode incorporar opções significativas com menor custo ambiental e social, assim como corrigir os processos produtivos ineficientes ou as escalas inadequadas (SARMIENTO, 2003).

A valoração econômica de bens ou serviços ambientais pode ser feita por meio da abordagem da preferência revelada pelo indivíduona compra de certos bens de mercado associados ao uso ou consumo do bem ambiental. Quando esse bem é utilizado para atividades recreativas, como parques, por exemplo, gera um fluxo de serviços mensuráveis para os indivíduos. Cada visita ao lugar de recreação envolve uma transação implícita, na qual o custo total de viajar a esse lugar é o preço que se paga para utilização dos serviços recreativos do parque (ORTIZ; SEROA DA MOTTA;FERRAZ, 2000).

Tangará da Serra MT, se destaca por suasbelezas naturais constituídas pelas diversas cachoeiras e rios, uma delas é a  Cachoeira Salto das Nuvens - Reserva Legal Espontânea criada em 09 de fevereiro de 1995 situada a 25 km do Município que recebe semanalmente diversos turistas de todas as partes do país. Neste contexto a pesquisa tem como objetivo geralanalisar o perfil dos turistas que visitam a Cachoeira Salto das Nuvens em Tangará da Serra MT e como específicos: identificar a origem dos turistas; identificar os motivos pelos quais visitam o parque; valorar os serviços ambientais do parque com base no método custo de viagem,

Justifica-se em razão de que existem diversos estudos dessa natureza em outras regiões do Brasil, contudo, no Estado de Mato Grosso em Especial em Tangará da Serra esses ainda são incipientes. E também porque Finco e Abdallah (2002) destacam a necessidade de estudos sobre a demanda pelo turismo ecológico, o perfil do usuário de tais pontos turísticos, os níveis de exigência e bem estar gerados pelos bens e serviços providos por esses lugares, o que possibilita uma realocação de recursos, visando uma melhor oferta na da sua utilização.

2       REFERENCIAL TEÓRICO

2.1      Valoração Ambiental

Os métodos de valoração econômica buscam estimar um valor para um recurso ambientalfora da forma monetária convencional. Mais especificamente, procurammensurar as preferências individuais das pessoas por um recurso ou serviço ambiental que não recebe um valor e sim as preferências das pessoas quando ocorre mudança na qualidade ou quantidade deste recurso. De certa maneira pode-se dizer que o valor econômico do ativo natural é aferido a partir da observação de seus atributos pelos indivíduos (ABREU; SILVA; SILVA JUNIOR, 2007).

Para valorar os serviços ambientais, a economia ambiental (OGASSAVARA, 2008) desenvolveu o conceito analítico de valor econômico dos recursos ambientais (Vera) ou valor econômico total (VET), doravante Vera. Conceitualmente, o Vera (Quadro 1) consiste em um valor de uso somado ao valor de não uso, podendo ser decomposto em valor de uso direto (VU), valor de uso indireto (VUI), valor de opção (VO) e valor de existência (VE)

Quadro 1 − Valor econômico dos recursos ambientais (Vera)

VERA

Valor de uso

Valor de não uso

Valor Uso Direto − VUD

Valor Uso Indireto − VUI

Valor de Opção − VO

Valor de Existência - VE

Madeira/lenha

Alimentos vegetais

Alimentos animais

Artesanatos

Água potável

Água p/agricultura

Água p/indústria

Turismo/recreação

Prod. farmacêuticos

Construção

Matéria-prima

Pesquisas

Educação

Rep. de espécies

Biomassa

Plantas medicinais

Plantas ornamentais

Suprimento de água subterrânea

Controle de inundações

Retenção de sedimentos

Retenção de nutrientes

Manutenção da qualidade da água

Suporte para a biodiversidade

Sequestro de CO2

Belezas cênicas

Proteção de bacias d’água

Polinização

Reprodução de espécies

Espécies

Conservação do hábitat

Prot. da biodiversidade

Potencial fármaco

Potencial turístico

Manutenção das espécies em extinção

Estética

Conservação

Fonte: Adaptado de: MERICO (2002); SEROA DA MOTTA (2002, 2004).

O valor de uso direto (VUD) é dado quando o indivíduo se utiliza de um recurso ambiental na forma de extração, de visitas ou de outra atividade de produção ou consumo direto. O valor de uso indireto (VUI) é atribuído quando o benefício atual do recurso deriva-se das funções ecossistêmicas, tais como a proteção do solo e a estabilidade climática decorrente da preservação das florestas. O valor de opção (VO) é gerado quando o indivíduo atribui valor de uso direto e indireto, os quais poderão ser optados futuramente, cuja preservação encontra-se ameaçada. Por exemplo, o benefício advindo de fármacos desenvolvidos com base em propriedades medicinais ainda não descobertas de plantas em florestas tropicais. Já o valor de existência (VE) se caracteriza como um valor de não uso porque representa um valor atribuído à existência de atributos do meio ambiente, independentemente do uso presente ou futuro. É um valor conferido pelas pessoas a certos recursos ambientais, como florestas e animais em extinção (SEROA DA MOTTA, 2004).

A atribuição do valor de existência é derivada de uma posição moral, cultural, ética ou altruística em relação aos direitos de existência de espécies não humanas ou da preservação de outras riquezas naturais, mesmo que estas não representem uso atual ou futuro para o indivíduo. Um exemplo desse valor é a atração da opinião pública pelo salvamento de baleias ou sua preservação em regiões remotas do planeta, onde a maioria das pessoas nunca visitará ou de onde a maioria também nunca terá qualquer benefício de uso (MARQUES, 2004; SEROA DA MOTTA, 2004).

2.2 Método Custo de Viagem (MCV)

Conhecido na literatura internacional por TravelCostMethod, o Método Custo de Viagem é empregado para descobrir o valor de um serviço recreativo fornecido por um recurso natural. Este método capta valores de uso direto e indireto os quais estão associados a um determinado sítio natural. Não considera os valores de opção e existência daquelas pessoas que apesar de atribuírem estes valores ao sítio em questão, não o frequentam (DEBEUX, 1998).  É um dos métodos de maior recorrência em trabalhos de avaliação monetária de parques e sítios de interesse cênico e ecológico.Trata-se de um método particularmente aplicável nos casos de avaliação monetária de locais abertos à visitação pública em geral(RIBEMBOIM,2004).

Com a aplicação deste método se pretende encontrar a função e a demanda de um espaço com relação às viagens realizadas com fins recreativos (MAIA, 2002; CARVALHO, 2005). Sarmiento (2003) reporta que as preferências reveladas têm sido amplamente usadas como uma aproximação de valoração dos bens e serviços ambientais sem mercado.

De acordo com Seroa da Motta (1998), este método é o mais indicado para estimar a demanda por bem ou serviço ambiental, com base nas atividades recreativas, associadas complementarmente ao uso do bem ou serviço ambiental podendo ser, por exemplo, uma praia,uma cachoeira, ou sitio natural que ofereça bem ou serviço ambiental na área de atividade recreativa. A curva de demanda destas atividades pode ser construída com base nos custos de viagem ao local escolhido, onde o bem ou serviço ambiental é oferecido. Basicamente, o custo de viagem representa o custo de visitação do sítio natural.

O Método do Custo de Viagem pode ser aplicado na abordagem individual ou por zonas residenciais definidas pela distância ao parque natural. Na utilização dessas abordagens, torna-se necessária à realização de uma pesquisa de campo, ou seja, a aplicação de questionário no parque ambiental para conhecer o perfil das pessoas que frequentam o local, mais especificamente identificar as seguintes variáveis: renda, idade, escolaridade e gastos com a visita ao parque, frequência e custo de viagem das visitas dentre outras (ABREU; SILVA; SILVA JÚNIOR, 2008; DEBEUX, 1998).Para Seroa da Motta (1998), os que vivem mais próximos ao sítio tenderão a usá-lo mais, na medida em que o preço implícito de utilizá-lo, o custo de viagem, será menor. As zonas residenciais são definidas por distâncias ao sítio natural e, neste sentido, deve ser conhecida à população e outras variáveis socioeconômicas, como: renda per capita, distribuição etária, perfil de escolaridade, entre outras.

3       METODOLOGIA

Esta pesquisa é de natureza descritiva com abordagem quali-quantitativa e utilizou o método custos de viagem. O objeto de estudo foi a Cachoeira Salto das Nuvens - Reserva Legal Espontânea criada em 09 de fevereiro de 1995 com uma área de 71,6804/ha situada a 25 km do Município de Tangara da Serra MT.

Os instrumentos de coleta de dados foram questionários semiestruturados com perguntas fechadas. Foram entrevistados 160 turistas com idade maior ouigual a 18 anos que visitavam  a Cachoeira Saldo das Nuvens nos finais de semana dos dias 02, 09 e 16 de setembro de 2012. Optou-se por pesquisar especificamente nos domingos em razão do maior fluxo de visitantes.

As principais informações coletadas foramlocal de origem, sexo, idade, estado civil, escolaridade, profissão, renda familiar, números de visita ano ao local, motivo da viagem, o tempo de permanência no local, tipo de transporte, e o custo médio por visitante/dia incluindo alimentação, bebidas, transporte,taxas de entradas etc. Também foi solicitado aos visitantes que dessem nota de 0 a 5 para alguns motivos que os atraíram até aquele local tais como:tranquilidade, segurança, conforto, fauna e flora, infraestrutura, cachoeira e o rio, pescaria, descanso e outros. E por último que os turistas dessem sugestões de melhorias para aquele local.

4RESULTADOS  E DISCUSSÃO

A principal origem dos turistas que visitam a Cachoeira Salto da Nuvensé Tangará da Serra MT, representando 61%, seguido por outros (Estados e Regiões)com 20,63% (Tabela 1). Este resultado corrobora como a declaração de Seroa da Motta (1998) o qual descreve que os que vivem mais próximos ao sítio tenderão a usá-lo mais, na medida em que o preço implícito de utilização será menor. Destaca-se que municípios de Barra do Bugres e Arenápolis que, embora sejam cidades próximas, apresentam poucos visitantes (1,25%). Acredita que esse baixo índice seja influenciado pela existência do Rio Paraguai em Barra do Bugres, ponto turístico muito utilizado para a pesca.

Tabela 1- Origem dos turistas que visitam a Cachoeira Salto das Nuvens

Origem

Distância (km)

N. de turistas

%

Tangara da Serra MT

25

97

61,00

Campo Novo do Parecis MT

135

4

2,50

Barra do Bugres MT

115

2

1,25

Sapezal MT

225

2

1,25

Arenápolis MT

100

2

1,25

Cuiabá MT

265

16

10,00

Nova Olímpia MT

55

4

2,25

Outros

56 a 2.500

33

20,63

Total

 

160

100

Fonte: Dados da pesquisa

Estes índices também confirmam a afirmação de Malta, Costa e Costa (2007) que apontam algumas tendências, tais como: (a) que o número de visitantes é tanto maior quanto mais perto e de fácil o acesso ao local; (b) entre os visitantes, na maioria deles é a sua primeira visita ao local em viagens curtas, permanecendo porapenas um dia, e por conta própria; (c) as visitas são realizadas predominantemente por moradores de áreas mais próximas ao local de estudos; (d) a maioria dos visitantes tem alto grau de instrução.

Quanto ao perfil sociocultural dos entrevistados (Figura 1) os resultados aqui encontrados diferem do estudo de Malta, Costa e Costa (2007), queidentificaram um índice de 61,40% de turistas com nível superior que visitam a Floresta da Tijuca no Rio de Janeiro contra 36,88% deste estudo.

Figura 1. Nível de escolaridade dos entrevistados (%)

Fonte: Dados da pesquisa

Em relação a renda dos visitantes (Figura 2) os valores estão distantes dos resultados obtidos porMalta, Costa e Costa (2007) que encontraram 35,97% com renda familiar até 4 salários mínimos, e o presente trabalho obteve um resultado de 45,60% dos visitantes que declaram ter renda familiar até 5 salários mínimos, seguido com 38,13% com renda de cinco a onze salários mínimos.

Figura 2. Renda familiar mensal dos entrevistados (%)

Fonte: Dados da pesquisa

 

 

 

Em relação a faixa etária dos entrevistados o resultado encontrado neste estudo (Figura 3) (53,10%) para visitantes com idade entre 18 e 35 anos, é bastante próximo ao percentual de (51,31%), obtidos por Malta, Costa e Costa (2007).

Figura 3. Faixa etária dos entrevistados (%)

Fonte: Dados da pesquisa

Destaca-se na figura 4 que existe um número representativo de entrevistados (43,75%) que estavam visitando a Cachoeira pela primeira vez, o quedemonstra o seu grande potencial como área de lazer ainda inexplorado pela população. Outro ponto a destacar também é que existe um grande número de visitantes (30,63%) que já haviam estado no locar mais de quatro vezes.

Figura 4. Freqüência de visitação do entrevistado (%)

Fonte: dados da pesquisa

Em relação ao tempo de permanência os resultados diferem bastantes em relação a pesquisa realizada por Malta, Costa e Costa (2007), no qual encontraram 60,53% com tempo de permanência no local de visita entre 3 a 6 horas, já o presente estudo (Figura 5),para o mesmo intervalo de permanência apontou um percentual de 45,63%. Essa diferençaparece estar ligada ao tipo de atividade praticada no passeio já que na Floresta da Tijuca a caminhada, observação da paisagem e fotografia é a principal atividade, enquanto na Cachoeira Saldo das Nuvens os maiores motivos foram a visualização da própria cachoeira e rio, a fauna e flora e também para descansar.

Figura 5. Tempo de permanência do entrevistado na Cachoeira Salto das Nuvens (%)

Fonte: Dados da pesquisa

Com relação aos outros dados obtidos nesta pesquisa tais como: sexo, estado civil, atividades profissionais,ao contrario de Malta, Costa e Costa (2007), que encontraram54,39% visitantes do sexo masculino, neste estudo a maioria dos entrevistados foram do sexo feminino com 56,88 %.  E entre os entrevistados 62,50% são casados, 29,38% são solteiros e 8,12% deles definiram seu estado civil como outros, por exemplo: desquitado, viúvo, convivente (...). As atividades profissionais exercidas pelos visitantes da Cachoeira Salto das Nuvens são bastante diversificadas, com predominância de algumas delas: profissionais autônomos, (35,45%); funcionários do serviço público tais como professores e outras áreas, (14,63%), e funcionários do comércio em geral (33,45%).Quanto ao meio de transporte utilizado para ir até o local70%dos entrevistados afirmaram ir de carro próprio, e 13,75% de carona7,5% outros meios e 8,75% não responderam.

Também foram apresentados aos entrevistados alguns motivos para a visitação daCachoeira e que os mesmos pontuassem de 0 a 5,onde, zero é a característica que não o desperte nenhum interesse e cinco é a nota máxima para os motivos que a fizeram ir até aquele local.A tabela 2 apresentaum resumo dessas características e as devidas pontuações.  Observa-se que em primeiro lugar ficou a observação da cachoeira e rio, seguido pela fauna e flora, terceiro descansar e em quarto lugar a segurança do local. Observa-se que a pescaria não atrai os turistas para a visitação.

Tabela 2. Avaliação dos motivos de visitação da Cachoeira Salto das Nuvens.

Características do local

0

1

2

3

4

5

NR

Tranquilidade

6,25%

16,25%

28,13%

33,13%

16,25%

Segurança

1,25%

7,50%

10,00%

25,63%

13,75%

39,38%

2,50%

Conforto

9,38%

18,75%

31,88%

28,13%

11,88%

Fauna/flora

5,00%

8,75%

24,38%

57,50%

4,38%

Infraestrutura

2,50%

8,75%

13,75%

31,88%

36,88%

6,25%

Cachoeira/rio

1,25%

1,25%

7,50%

83,13%

8,13%

Pescaria

58,75%

7,50%

3,75%

8,75%

3,75%

8,75%

8,75%

Descanso

2,50%

11,25%

13,75%

23,13%

48,75%

0,63%

Outros

2,50%

2,50%

6,25%

10,00%

78,75%

NR= Não respondeu

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: Dados da Pesquisa

Em relação a última pergunta do questionário,solicitando sugestão quanto ao que poderia ser feito para melhorar o turismo naquele local, entre as opiniões, as mais frequentes foram um melhor atendimento por partes dos garçons no local de praia, apesar de existir a limitação para os banhistas,os turistas sugeriram salva-vidas para aumentar ainda mais a segurança, e opções de lazer do tipo: trilha para caminhadas, tirolesa, e a mais sugerida foi que existissem passeios de barcos pelo rio para apreciar e sentir a natureza de uma forma mais aventureira.

Quanto aos Custos Totaisde Viagem (CV) incorridos pelos turistas (Tabela 3) identificou-se uma média de R$123,75 e um montante de R$ 19.800,00 (dezenove mil e oitocentos reais) nos três dias da pesquisa. Destaca-se que os turistas oriundos de outros estados (outros) declararam gastar menos que a média. Acredita-se que esses entrevistados não tenham considerado os gastos com transporte do seu ponto de origem até a cidade de Tangara da Serra MT, uma vez que nos motivos destas viagens estão visitas a parentes e viagens a negócios.

Tabela 3. Origem e valor do custo de viagem de cada turista

Origem

Dispêndio total

Gastounitário (dia)

Tangara da Serra MT

R$ 8.850,00

R$ 91,24

Campo Novo MT

R$ 615,00

R$ 153,75

Barra do Bugres MT

R$ 389,00

R$ 194,50

Sapezal MT

R$ 350,00

R$ 175,00

Arenápolis MT

R$ 204,00

R$ 102,00

Cuiabá

R$ 5.064,00

R$ 316,50

Nova Olímpia MT

R$ 534,00

R$ 133,50

Outros diversos

R$ 3.794,00

R$ 114,97

Total

19.800,00

MédiaR$123,75

De acordo com o proprietário do local, existe uma demanda de 140 a 160pagantes por  semana gerando, portanto, um fluxo de 8.480 turistas. Multiplicados pela média do custo de viagem declarado, obtém-se um montante de R$ 1.049.400,00 reais por ano gerados pelos serviços ambientais da Cachoeira Salto das Nuvens.

5       CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo do estudo foi atendido uma vez que possibilitou um raio x mais completo dos principais atrativos da cachoeira bem como os reais problemas e sugestões declarados pelos turistas. O valor total da Cachoeira para uso recreativo, atribuído por seus frequentadores, é significativo e merece atenção por parte da administração a fim de atender as principais demandas sugeridas. Os resultados mostraram um alto potencial de uso dos recursos naturais como meio de recreação, a simpatia pela qualidade de vidaque oferece aos usuários, bem como os novos rumos de conscientização da sociedade para busca deambientes naturais ou mais próximos possíveis do natural.

Este trabalho limitou-se a um único ponto turístico do município de Tangará da Serra.Sugere-se um estudo mais abrangente utilizando o mesmo método a fim de verificar com maior precisão os reais valores gerados pelos pontos turísticos do município e com isso criar politicas publicas de incentivo ao ecoturismo no município, que contribuam com desenvolvendo local e regional sustentável gerando emprego e renda.

 

REFERÊNCIAS

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Malta, R. R. ;Costa, N. M. C. ; Costa, V. C. . Valoração econômica dos serviços recreativos e ecoturísticos em uma unidade de conservação - o caso do Parque Nacional da Tijuca (Rio de Janeiro - RJ) - Brasil. In: II Encontro Interdisciplinar de Ecoturismo em Unidades de Conservação - II ECOUC, 2007, Itatiaia - RJ. II Encontro Interdisciplinar de Ecoturismo em Unidades de Conservação - II ECOUC. Anais São Carlos - SP: Physis Cultura e Ambiente, 2007.

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MERICO, L. F. K. Introdução à economia ecológica. 2. ed. Blumenau-SC: Edifurb, 2002.

OGASSAVARA, R. C. Valoração econômica ambiental. Boletim Responsabilidade Social e Ambiental do Sistema Financeiro, v. 3, n. 30, p. 1-2, 2008.

ORTIZ, R. A.; SEROA DA MOTTA,R.; FERRAZ, C.. A estimação do valor ambiental do parque nacional do Iguaçu através do método custo de viagem. Pesq. Plan. Econ, v. 30, n, 3 dez. 2000

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Ilustrações: Silvana Santos