Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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11/09/2016 (Nº 57) PERCEPÇÃO AMBIENTAL DOS ALUNOS DO CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ EM BOM JESUS-PI.
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PERCEPÇÃO AMBIENTAL DOS ALUNOS DO CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ EM BOM JESUS-PI.

 

CARVALHO, Gabriel dos Santos¹

BRITO, Karoline Leite2

ALMEIDA, Mayra Layra1

SILVA, Juliana Gomes de Castro3

BRAULINO. Daniela de Sá 3

SILVA, Jorlan Cardoso3

ARAUJO, Diego Jânio3

1Doutorando em Ecologia e Conservação – Universidade do Estado do Mato Grosso, UNEMAT, Mestre em Fitotecnia – Universidade Federal do Piauí – UFPI, Licenciado em Ciências Biológicas, Especialista em Educação, Política e Meio Ambiente, Email: gabrieldossc@hotmail.com

 ²Licenciada em Ciências Biológicas – Universidade Federal do Piauí, UFPI; Especialista em Gestão Ambiental – UESPI. Email: karolleite89@hotmail.com

3Licenciatura em Ciências Biológicas – Universidade Federal do Piauí, UFPI.

Resumo

Objetivou-se, analisar a percepção ambiental dos alunos do curso de Licenciatura Plena em Ciências Biológicas do campus. Professora Cinobelina Elvas em Bom Jesus-PI. A instituição ainda carece de trabalhos voltados para a temática Educação ambiental, tendo em vista a falta de conhecimento e até a sensibilização sobre alguns aspectos relacionados ao Tema.

Palavras chave: Educação Ambiental, Percepção Ambiental, Ensino superior

Abstract

This study aimed to analyze the environmental awareness of students of Full Degree in Biological Sciences campus. Professor Cinobelina Elvas in Bom Jesus-PI. The institution still lacks studies related to the theme Environmental education, in view of the lack of knowledge and to raise awareness about some aspects related to the

Key words: Environmental Education, Environmental Awareness, Higher Education

Introdução

A Universidade Federal do Piauí-UFPI, em específico o Campus. Profª Cinobelina Elvas-CPCE, Bom Jesus-PI, está instalado na região sul do Piauí, região esta onde passa atualmente por um forte crescimento, principalmente no setor do agronegócio, no qual se destaca a produção de soja, fazendo parte do mapa agrícola decretado recentemente pelo governo como MATOPIBA. Ao crescer economicamente e geograficamente, surgem, portanto problemas ambientais decorrente do mesmo, como: crescimento desordenado, exploração inadequada de áreas, uso crescente de agrotóxicos nas lavouras cultivadas entre outros. Com isso a universidade possui um papel fundamental, no desenvolvimento, não só regional má também local como sendo um instrumento de disseminação de saberes concomitantemente com a formação de profissionais, que serão a base para o futuro e o presente.

A universidade pode ser considerada como matriz que impulsiona conjunto de transformações que vivencia a sociedade é um espaço importante de transformações, porque, ao responder novas demandas sociais e profissionais que requer o mercado de trabalho, exige de si mesma uma redefinição e adequação dos processos de formação. Com isso, pensar na formação profissional, direcionada ao campo da educação ambiental, exige da universidade, a superação do paradigma dominante e as fragilidades impostas visando alcançar o contexto socioambiental (MORALES, 2007, SANTOS et al., 2014).

Diante disso, é preciso estar atento ao processo de formação, capacitação e preparo dos profissionais que trabalham com a temática ambiental, para que não haja risco, segundo Moraes et al. (2008), de que os profissionais realizem apenas trabalhos que “maquiem” os verdadeiros problemas em questão e continuem alimentando as práticas consumistas e degenerativas do poder vigente.

Morales (2010) faz uma análise sobre a formação em EA, na universidade, propondo um diálogo de conhecimentos no processo de formação do educador ambiental, assim como de aprendizagem nos diversos espaços de ensino numa perspectiva interdisciplinar.

O ser humano necessita de uma mudança da sua percepção em face ao meio ambiente, pois é preciso que se leve em consideração o princípio da sustentabilidade, formando assim uma nova mentalidade da sociedade permitindo reduzir os impactos ambientais pelas atividades antrópicas. Portanto é imprescindível que se desperte o interesse pelo cuidado da natureza, seja interesse local, regional ou mundial, pois seria absoluta insensatez se as pessoas cuidassem somente dos seus canteiros e jardins enquanto as grandes florestas no mundo se exterminam, dia-a-dia (LEMES; RITTER; MORAIS, 2007).

Sendo assim conhecer a percepção ambiental do indivíduo é de grande importância permitindo verificar e diagnosticar alguns problemas ambientais (MENEZES; BERTOSSI, 2011). Cada ser humano tem uma experiência única de percepção, que contribui para formar suas representações, ideias e concepções sobre o mundo (COSTA; MAROTI, 2009).

Uma das funções Ensino Superior que em tese poderia exercer uma função privilegiada para a prática de políticas visando à construção de uma nova racionalidade ambiental, dadas as suas características formativas que se assentam na articulação dos três pilares sendo; ensino, pesquisa e extensão também ainda não foram capazes de impulsionar reflexões consequentes em termos de organização de propostas curriculares comprometidas com a busca de constituição de um conhecimento gerador de mudanças na racionalidade instrumental que ainda orienta e organiza as práticas didático-pedagógicas hegemônicas, incapaz de abdicar do formalismo burocrático que as erige e sustenta (SILVA, 2013).

No Brasil, aponta-se a existência de distintas ações e documentos legais, os quais preveem a educação ambiental no conteúdo curricular da Educação Básica, e transversalmente em todos os níveis de ensino, nas instâncias formal e informal (BRASIL, 1981, 1988, 1997). No entanto, diversos autores destacam que as questões ambientais ainda estão distantes de estarem evidentes nos distintos níveis educacionais, especialmente quando se direciona a atenção para o segmento universitário (SORRENTINO; NASCIMENTO, 2010; GUANAES, 2012; MARINHO; SANTOS; FARIAS, 2012; SILVA, 2013).

Segundo Silva (2011) a temática ambiental faz parte das discussões e grandes preocupações no mundo de hoje. A universidade, articuladora, promotora e responsável pelo processo de construção do conhecimento, além de formadora de valores deve também assumir seu papel e responsabilidade socioambiental.

Assim na concepção de Sato (2003) é importante estudar a percepção ambiental que os indivíduos possuem como um passo importante para a formação de pessoas críticas capazes de agir e transformar a realidade. Segundo Silva & Taglieber (2007, p. 204)  ressaltam a importância de se considerar a percepção e a representação da questão ambiental para o “reconhecimento da visão de mundo e dos ambientes, que implicam relações sociais e culturais”. Assim possibilitará uma fundamentação mais eficiente a cerca das respostas que serão dadas ao questionário, correlacionando outros aspectos, não só voltados a temática investigada, mas outros fatores que permeiam a consciência dos indivíduos em estudo.

Objetivou-se, portanto analisar a percepção ambiental dos alunos do curso de Licenciatura Plena em Ciências Biológicas para identificar alguns aspectos pontuais, relacionados ao meio ambiente, visando oferecer subsídios, para criação de estratégias para elaboração programas de Educação Ambiental, direcionando ações que promova o preparo adequado dos profissionais, tanto da instituição pesquisada, assim como servir de modelos para outras esferas da área.

Metodologia

 

Este trabalho foi realizado na Universidade Federal do Piauí, Campus-Professora Cinobelina Elvas, onde atualmente conta com cinco cursos de graduação (Biologia, Zootecnia, Engenharia Florestal, Medicina Veterinária e Agronomia) onde a pesquisa seguiu uma metodologia no qual obedeceu aos pressupostos da pesquisa quali-quantitativa. A pesquisa de natureza quali-quantitativa tem como objetivo determinar o que é importante para os clientes e porque é importante. Esse tipo de pesquisa fornece um processo a partir do qual questões-chave são identificadas e perguntas são formuladas, descobrindo o que importa para os clientes e os motivos para tal (MORESI, 2003).

A pesquisa foi realizada em três turmas pertencentes á três semestres do curso de Licenciatura plena em Ciências Biológicas sendo respectivamente, 1º semestre; 5º semestre; e o 9º semestre. Para avaliar o grau de percepção dos alunos sobre o tema, os dados foram coletados após a autorização da direção e professor responsável, através de um questionário composto por 15 questões envolvendo, dentre outros assuntos a participação em eventos, assim como questões que contempla elementos referentes ao perfil do indivíduo e os aspectos relacionados a questões ambientais, com base em (YIN 1989, p. 23).

Esse instrumento foi aplicado, em cada turma selecionada, totalizando um número de 30 sujeitos. O instrumento foi entregue a cada estudante e recolhido no mesmo dia. Orientados pela ética em pesquisa com pessoas, foi mantido o sigilo acerca da identidade dos sujeitos e das escolas.

Os dados foram sistematizados em planilhas eletrônicas, com o auxílio do programa Microsoft Office Excel. A partir dos dados coletados, gerou-se gráficos para fins de análises comparação entre as turmas e apresentação dos resultados, descrevendo as situações apontadas pela pesquisa quanto à percepção ambiental dos sujeitos investigados.

 

Resultados

 

A maioria dos candidatos entrevistados foram compostos predominantemente por indivíduos do sexo feminino (60%), e (40%) do sexo masculino.  No que se refere a faixa etária, observou-se a maior concentração de entrevistados nas idades entre 18 e 25 anos, ao analisar os três semestres de forma integrada. Quanto a renda familiar, observou-se que 90% dos alunos possuem menos de 3 salários mínimos para as três turmas entrevistadas com os demais possuindo entre 3 e 5 salários mínimos.

Quanto à participação dos alunos em eventos voltados para questões ambientais, os alunos do 5º e do 9º semestre, foram os mais efetivos com cerca 90% do total, seguido pelo 1º, onde 50% participaram. (Figura 1). Tal fato pode está ligado ao semestre no qual se encontra os alunos, pois os que ainda cursam o 1º semestre ainda não possuem maturidade ou vivência voltada para a participação de questões voltadas para questões ambientais.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Figura 1: Respostas do questionamento: Participou de algum evento voltado especificamente para as questões do meio ambiente?  

 

De acordo com os resultados, poucos entrevistados, ao iniciaram os estudos tiveram assuntos que abordassem temas sobre o meio ambiente (Figura 2), em que os estudantes do 1º semestre nunca ouviram temas que trabalhassem educação ambiental ou fatos relacionados ao meio ambiente, o que reforça a tese de que existe a necessidade de uma maior orientação aos professores, bem como a inserção desses temas no currículo do curso de Biologia de maneira mais efetiva, a fim de despertar desde a formação inicial do discente a consciência crítica e a importância de estimular os futuros disseminadores do conhecimento para as problemáticas de âmbito ambiental.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Figura 2: Respostas do questionamento: Quando você começou a estudar, em sala da aula, era comum serem tratados assuntos ligados à temática ambiental?

 

Os alunos foram entrevistados sobre o posicionamento dos mesmos quanto ao melhor momento de se introduzir as temáticas ambientais no ensino básico, e os entrevistado do 5º semestre consideram o melhor momento a desde a Educação infantil 75% (Figura 3) os demais quesitos, ficaram abaixo de 50% em relação as outras categorias para inserção do tema para todas as turmas.

 

 

                                                                           

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Figura 3: Resposta do questionamento: Qual o melhor momento para introduzir os estudantes na temática ambiental?

 

Outro questionamento lançado na pesquisa se diz respeito de como as temáticas ambientais deveriam ser aborda nas instituições de ensino, e em sua grande totalidade acham que deve está introduzida em uma disciplina específica, com exceção dos alunos do 9º semestre onde responderam que deveriam está presente em todas as disciplinas (Figura 4).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Figura 4: Resposta do questionamento: Nas instituições de ensino, como a temática ambiental deveria ser abordada?

 

Com relação ao conhecimento dos alunos a respeito da atuação de ONGs que atuam na área ambiental dos seus respectivos municípios, os três semestres entrevistados afirmam não conhecer sobre tal indagação. Sendo que no 9º semestre 20% dos entrevistados dizem conhecer sobre essa organização. (Figura 5). O resultado apresentado nesse questionamento pode estar associado ao fato da inexistência dessa organização em seu município, ou até mesmo a falta de informação do aluno sobre o assunto em questão.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Figura 5: Reposta do questionamento: Você conhece alguma Organização Não Governamental (ONG) que atua na área ambiental no município?

 

No presente estudo, também buscou verificar a opinião dos discentes quanto a necessidade ou não da criação de mais leis para proteção ao meio ambiente. E de acordo com os resultados, nota-se que existe uma variada divisão quanto a opinião dos alunos a respeito do tema, onde 50% dos indivíduos pertencentes ao 1ºsemestre acham que deva aplicar as leis existentes, já 62,5 e 50% dos alunos do 5% e 9% semestre respectivamente, responderam que existe a necessidade de criação de novas leis. (Figura 6)

 

  

                                                            

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 Figura 6: Resposta do questionamento: Você acha que precisamos de mais leis para proteger o meio ambiente ou as existentes são suficientes?

 

 

Quanto à participação dos alunos em ações ambientais de âmbito comunitário, é notória a falta de efetividade para essa questão nos três semestres estudados, com 90% do total afirmando que nunca participaram desses movimentos sociais (Figura 7).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

Figura 7: Resposta do questionamento: Você já participou (ou participa) de alguma ação junto ao movimento comunitário do bairro onde você reside?

Quanto a opinião dos alunos, a respeito da atuação do poder público, sobre as questões ambientais, é perceptivo a descrença dos entrevistados ao estado. Onde 75% e 50%, do 1º e 5º respectivamente afirmaram não existir a atuação dos órgãos públicos de fiscalização e 62,5% dos alunos do 9º semestre, responderam que atuam parcialmente quanto a fiscalização.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

Figura 8: Resposta do questionamento: Segundo sua avaliação pessoal, os órgãos ambientais (federal, estadual e municipal) vêm atuando (fiscalização, medição da poluição educação ambiental etc.) de forma efetiva no município onde você reside?

 

 

Ao indagar os alunos sobre a função do licenciamento ambiental, os resultados apontam para um decréscimo de conhecimento sobre assunto indagado, conforme o semestre cursado, onde para os alunos do 1º semestre 90% desconhecem a função do licenciamento e 25 e 62,5% para o 5º e 9º respectivamente afirmam conhecer a função desse dispositivo legal (Figura 9).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Figura 9: Resposta do questionamento: Você sabe para que serve o licenciamento ambiental.

 

 

Em relação à atuação das empresas pertencente ao município dos entrevistados sobre o apoio a questões ambientais, de acordo com os resultados, as empresas não estão participando e apoiando medidas ambientais. Onde 50,  25 e 62, 5% dos 1º, 5º e 9º semestre afirma que as empresas participam de maneira parcial.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Figura 10: Resposta do questionamento: Na sua opinião, as empresas do município onde você reside vêm apoiando iniciativas relacionadas com a temática ambiental?

 

A pesquisa demonstra que o assunto meio ambiente pouco é tratado no ambiente domiciliar (62,5%) para os três semestres entrevistados, ou seja, ainda é um assunto que não desperta a atenção dos docentes do curso de Biologia da instituição pesquisada e ressalta a necessidade para o trabalho da temática para o público alvo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Figura 11: Resposta do questionamento: Na sua casa o assunto “meio ambiente” é tratado?

 

Quando foi indagado se no quotidiano dos alunos, os mesmos causavam algum tipo de dano ao meio ambiente, a grande maioria afirmou que geram algum tipo de impacto sendo 90, 90 e 62,5% para os 1º, 5º e 9º semestres respondendo que sim. Isso indica que os discentes possuem consciência dos seus atos sobre o meio ambiente, e que devem ser trabalhados por meio de ações educativas visando uma mudança de postura, tendo em vista a formação e comportamento dos mesmos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Figura 12: Resposta do questionamento: No seu dia-a-dia você considera que causa algum dano ao Meio Ambiente?

 

Quanto a opinião dos alunos sobre quem seria o maior responsável pelos problemas ambientais gerados no mundo, os resultados vão de encontro ao do item anterior, sendo considerado a população o maior agente degradante, para os três semestres entrevistados. Para a opção agricultura, nenhuma das três turmas considerou como um dos responsáveis pelos problemas ambientais. (Figura 13)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Figura 13: Resposta do questionamento: Das opções abaixo, na sua opinião,  quem  é o maior responsável pelos problemas ambientais gerados no mundo?

 

 

 

Discussão

 

O enfrentamento e adesão dos indivíduos nas resoluções das questões ambientais precisam se tornar uma constante nas instituições de ensino e no ambiente de educação (TAUCHEN; BRANDLI, 2006). É de extrema importância o vínculo da EA com a realidade socioeconômica do sujeito, considerando-se suas particularidades, a sazonalidade e o modo de vida (LOPES et al., 2011). A educação implica um processo de formação política, que prepara o indivíduo para o exercício da cidadania ativa (PELICIONI, 2004).

 Pela reflexão e por seus trabalhos de pesquisa básica, os estabelecimentos de educação deveriam conceber soluções racionais, através de projetos políticos-pedagógicos no quais o estímulo ao aparecimento do homem-cidadão enquanto ator político para pensar e construir uma proposta eco-desenvolvimentista (TAUCHEN; BRANDLI, 2006).

Em nosso trabalho é notório que existem deficiências relacionado ao conhecimento no que se diz respeito a práticas e sensibilização ambiental, em se tratando dos três semestres estudados. Os resultados revelam que existe a necessidade da inserção desses temas no ensino superior, bem como a preparação dos docentes para instruir os futuros professores de Biologia e/ou Ciências, com isso se faz necessário o tema EA desde os semestres iniciais, pois ao despertar o interesse do discente ao longo da vida acadêmica, a sua formação será permeada e consolidada para a transmissão do conhecimento e valores adquiridos ao longo da sua vida acadêmica.

Tomando como base essa premissa, a Educação Ambiental (EA), surge como uma alternativa viá­vel e transformadora, no modo de pensar e de agir. Pode-se entender por Educação Ambiental um pro­cesso participativo, em que as pessoas assumem o papel de elemento central, atuando ativamente da elaboração do diagnóstico, visando a identificar as potencialidades, os problemas e soluções, sendo preparadas como agentes transformadores, por meio do desenvolvimento de habilidades e formação de atitudes, por meio de uma conduta ética e condizen­te ao exercício da cidadania (RUIZ et al., 2005).

Percebe-se pelas respostas dos entrevistados, que em algumas questões, os mesmos demonstram interesse por temas relacionados ao meio ambiente, porém as instituições ainda não trabalham de maneira efetiva, de modo que envolva o alunado a essas questões, o que reforça a necessidade do exercício da temática nos seus respectivos ambientes de estudo.

Para o ensino superior, a legislação observa que a temática da Educação Ambiental deve estar referenciada nos Projetos Pedagógicos de Cursos (PPC), não sendo necessariamente como uma dis­ciplina, além disso, que sejam propor­cionados espaços de debate e atividades práticas, de modo envolvente e interdisciplinar, não ficando apenas na instância teórica, mas aplicar o conheci­mento no campo real, averiguando e aperfeiçoando suas ações e analisando seus resultados (SILVA; HAETINGER, 2012).

Para Thomaz (2006) existe ainda pouco interesse das universidades no sentido de incorporar as questões ambientais em suas estrutu­ras curriculares, talvez até em decorrência da his­tórica forma de organização em departamentos que as caracterizam, o que valoriza a especificidade da área de conhecimento desconsiderando, na maioria das vezes, possibilidades interdisciplinares entre as áreas.

De acordo com Silva (2007, p. 144-149) ao destacar a urgência de uma “universidade ambientalmente responsável” considera preocupante a lentidão com que essas instituições têm aderido a essa questão e a tímida inserção da educação ambiental nos cursos superiores. Essa Realidade, onde para o autor não é exclusiva do Brasil, também está presente sociedades desenvolvidas como, por exemplo, EUA, Canadá e Europa, nas quais apesar da implementação de algumas iniciativas, ainda carecem de integração e sistematização das informações nesse campo. Algo que levando em consideração a instituição pesquisada no referido trabalho carece de ser desenvolvido para o envolvimento dos seus envolvidos.

A educação ambiental deveria ser implantada no ensino superior em todo o Brasil. No entanto, na realidade isso não ocorre, pois o acadêmico não tem contato com as ferramentas da educação ambiental, impossibilitando a formação de um profissional limitado quanto a entender a importância da sua profissão no uso de ferramentas de educação ambiental (COSTA, 2015).  

Para Petrovich & Araújo (2015), o ensino de ciências e biologia precisa estar focado nas tendências atuais que definem uma educação para o desenvolvimento sustentável e, faz-se necessária a implementação de pesquisas que contribuam com dados relevantes que possam ser utilizados para a discussão e maior aplicabilidade dos princípios do desenvolvimento sustentável. Para os mesmos autores, na formação do futuro profissional de educação com postura ética e cidadã, tendo como foco a relação sociedade e natureza, estes devem atuar em uma nova prática educativa no sentido de promover, junto às escolas, um modelo de desenvolvimento sustentável local, partindo de uma visão interdisciplinar sobre sustentabilidade.

Portanto, a EA na instituição no qual foi desenvolvido o referido trabalho, confirma a necessidade de ações que promovam a mudança de pensamentos e ideias dos seus discentes tendo em vista a mudança de postura uma melhor promoção do conhecimento em tendo em vista a atuação profissional dos indivíduos investigados e os seus futuros alunos.

 

Considerações Finais

 

De acordo com o estudo realizado, percebe-se que as turmas do 1,5 e 9ª semestre do curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Piauí, Campus Professora Cinobelina Elvas, necessita da implementação de temas e trabalhos em sua composição de ensino, visando despertar a consciência crítica do ponto de vista ambiental dos seus discentes, para que no futuro, os mesmos consigam disseminar esses conhecimentos de forma efetiva e satisfatória no exercício da sua docência. 

 

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Anexo

QUESTIONÁRIO

DADOS COLETADOS

1.      Nível de renda Familiar: Menos de 3 salários mínimos (        ) Entre 3 e 5 (        )     Entre 5 e 10 (         ) mais de 10 (         )

2.      Quando você começou a estudar, era comum serem tratados assuntos ligados à temática ambiental?

3.      Quando você começou a estudar, em sala da aula, era comum serem tratados assuntos ligados à temática ambiental?

Frequentemente(     )  Eventualmente (       )     Raramente (       )   Nunca (      )

4.      Qual o melhor momento para introduzir os estudantes na temática ambiental?

(     ) Ensino infantil (PRÉ-ESCOLA)

(     )Ensino fundamental (1ª Á 4ª SÉRIE)

(     )Ensino fundamental (5ª Á 8ª SÉRIE)

(     )Ensino médio

(     )Ensino superior

(     )Da educação infantil até o ensino superior

5.      Nas instituições de ensino, como a temática ambiental deveria ser abordada?

(      )Numa disciplina especifica para tratar de meio ambiente

(      )Deveria estar presente em todas as disciplinas

(      )O tema deveria ser desenvolvido em apenas cursos específicos

6.      Você conhece alguma Organização Não Governamental (ONG) que atua na área ambiental no município onde você reside?  Sim(      )   Não (     )

7.      Você acha que precisamos de mais leis para proteger o meio ambiente ou as já existentes são suficientes?

                (       ) Precisamos de mais leis

                (       )Basta aplicar as leis existentes

                (       )Aplicar as existentes e criar novas leis

8.      Você já participou (ou participa) de alguma ação junto ao movimento comunitário do bairro onde você reside?

           Sim (      )   Não (       )

9.      Segundo sua avaliação pessoal, os órgãos ambientais (federal, estadual e municipal) vêm atuando (fiscalização, medição da poluição educação ambiental etc.) de forma efetiva no município onde você reside?

Sim (       )  Parcialmente (        )Não (       ) Não acompanho este assunto (       )

10.  Você sabe para que serve o licenciamento ambiental? Sim (      )  Não (       )

11.  Na sua opinião, as empresas do município onde você reside vêm apoiando iniciativas relacionadas com a temática ambiental?

Sim (      )   Não(      )     Parcialmente (       )

12.  Na sua casa o assunto “meio ambiente” é tratado?

 

         Sempre (      )  Quase sempre (       ) Poucas vezes  não me lembro (       )

13.  No seu dia-a-dia você considera que causa algum dano ao Meio Ambiente?

           Sim  (       )   Não (        )

14.  Qual seu grau de incômodo quanto aos problemas relacionados abaixo:

 

Poluição do ar                         incomoda muito (      )            incomoda (      )            Incomoda pouco (       )

Poluição da água                   incomoda muito   (      )           incomoda  (      )            Incomoda pouco (       )

Esgoto não tratado                 incomoda muito  (      )           incomoda  (      )             Incomoda pouco (       )

Destruição dos mangues       incomoda muito    (      )           incomoda  (      )            Incomoda pouco  (       )

15.  Das opções abaixo, na sua opinião,  quem  é o maior responsável pelos problemas ambientais gerados no mundo?

Indústria    (       )   Comércio    (       )   População(        )    Governo     (       )     Agricultura(        )

 

 

 

 

Ilustrações: Silvana Santos