Não podemos pensar em desenvolvimento econômico, reduzir as desigualdades sociais e em qualidade de vida sem discutirmos meio ambiente. - Carlos Moraes Queiros
ISSN 1678-0701 · Volume XXII, Número 88 · Setembro-Novembro/2024
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11/09/2016 (Nº 57) FEIRA ECO-CULTURAL DO CERRADO COMO CENÁRIO PARA EXPRESSÃO DA CRIATIVIDADE
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FEIRA ECO-CULTURAL DO CERRADO COMO CENÁRIO PARA EXPRESSÃO DA CRIATIVIDADE

 

Gregor Kux

Técnico em Shiatsu. Empreendedor do empório e restaurante Cerrado Alimentos Orgânicos. Produtor Cultural idealizador e administrador da Feira Eco-Cultural do Cerrado.

gregorkux@hotmail.com

 

Cecília Kanda

Graduada em Administração Hoteleira pela Faculdade Padrão de Ciências Humanas. Produtora Cultural e Administradora de Eventos.

ceciliakanda@gmail.com

 

José André Verneck Monteiro

Licenciado em Pedagogia pela Fundação Universidade do Tocantins, Especializado em Educação Ambiental pela Universidade Candido Mendes, Mestre em Práticas em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro & Global MDP. Publica seus trabalhos em www.jardimvital.tasksite.com.br

 

 

 

RESUMO

 

A Feira Eco-Cultural do Cerrado é realizada em Goiânia, Estado de Goiás, no Brasil. Este ensaio elaborado para a 57ª Edição da Revista Educação Ambiental em Ação, cujo tema é Educação Ambiental e Criatividade, propõe a interpretação da feira como cena social comum capaz de motivar o ser humano a se expressar em múltiplas habilidades. Feiras que promovam a sustentabilidade são precedidas de várias reuniões, nas quais são assumidas por pessoas as tarefas de inspiração, idealização, desenvolvimento, popularização, realização, registro e análise de tudo o que se refira ao evento; o que somente se torna possível mediante a celebração de parcerias virtuosas entre gestores públicos, a iniciativa privada e as pessoas que organizam e frequentam a feira. Desse modo a feira pode trazer benefícios socioambientais inúmeros para as imediações da Rua Dona Maria Joana. Muito se tem dito sobre o legado deixado ao local que sedia um evento e por este trabalho haver sido escrito durante o período seco no Cerrado, Olimpíadas, crise governamental e período de eleições, oportunamente, não contém opinião pessoal político-partidária. A feira serve à impulsão de arranjos produtivos locais e simultaneamente à formação de pessoas. As duas primeiras edições da Feira Eco-Cultural do Cerrado já articularam mais de 2500 pessoas. A área verde ao redor da feira teve ações de revitalização e implantação de 30 m2 de jardins agroecológicos, com aproximadamente 30 espécies vegetais. Nesse ínterim foi dada oportunidade para mais de 200 artistas locais e demais expositores apresentarem seus trabalhos. O crescente interesse das pessoas em colaborar para a realização de edições futuras do evento tem sido um estímulo à organização para realização de parcerias.

 

Palavras chave: sustentabilidade, economia criativa, alimentação saudável, ecologia, comunidade.

 

 

Hoje é dia de feira?

 

As feiras livres datam provavelmente da Idade Média, quando camponeses que não conseguiam vender nos mercados o excedente de sua produção o ofereciam nas ruas a preço mais baixo. A palavra latina feria = feira, significa dia santo, feriado. Nesse período, muitas feiras eram realizadas em festividades populares e durante a feira muitos saltimbancos faziam malabarismos, procurando divertir o povo que se movia entre as bancas e barracas. A prática de feira livre no Brasil, e os mercados, surgiram em 1841, como uma solução para o abastecimento regional de produtos, substituindo as bancas de pescado. Nestas feiras e mercados instituídos pelo governo, só se vendiam certos artigos, em lugares específicos e com taxas estabelecidas pelo poder municipal. (GORBERG & FRIDMAN, 2003).

 

“No Brasil existem mercados que sobrevivem há mais de 100 anos no mesmo endereço e com o mesmo perfil. Modernizam-se ao sabor dos tempos, mas mantém o ambiente aconchegante original e repleto de significados culturais. Nada têm a ver com a frieza pasteurizada dos supermercados e hipermercados da modernidade” (QUARESMA, 2015).

 

As feiras são mercados itinerantes que levam aos bairros boa mostra de diversidade da cultura local sob a forma de alimentos e artesanato. Representam também um importante fenômeno socioeconômico que integra de forma organizada milhares de famílias empreendedoras, as quais sobrevivem de seu negócio sem efetivamente depender de emprego formal. Hoje feirantes dispõe da categoria de Microempreendedor Individual que lhes assegura contribuição previdenciária e a formalização necessária para cadastro de pessoa jurídica, emissão de Nota Fiscal, abertura de conta bancária e celebração de contrato com operadoras de débito e crédito, podendo inclusive participar de licitações.

 

“As feiras Livres se constituem em um ponto ou nó de encontro de fluxos de pessoas, mercadorias, informações, capitais, com diferentes dimensões socioespaciais, realizadas ao ar livre, em ruas, praças ou terrenos baldios, com produtos expostos em barracas ou no chão, intercaladas geralmente no intervalo de uma semana, ou num interstício menor, que podem ter uma área de influência local ou regional. A feira livre é, portanto, uma instituição econômica e uma prática social, constituída de uma notória dimensão geográfica e cultural.” (AZEVEDO & QUEIROZ, 2013).

 

Nesse sentido a feira livre se insere como uma possibilidade de reafirmação da identidade do povo brasileiro, já que destaca os costumes e a cultura popular, promove troca de conhecimentos, resgate de valores e sensação de integração social (GUIMARÃES, 2010).

Em Goiânia são realizadas mais de 125 feiras nos diversos bairros e dias da semana. O ponto focal destas feiras é a comercialização principalmente de roupas, equipamentos eletrônicos, calçados e produtos hortifrutigranjeiros. No entanto é pouco representativo o número de feiras livres populares que buscam também garantir espaço para os folguedos típicos e demais produtos culturais da dança, do teatro, da musica, das artes visuais, do artesanato, enfim.

A Feira Eco-Cultural do Cerrado busca retomar o sentido da feira livre como espaço de troca de conhecimentos, de ideias, de festividade, de promoção de uma econômica criativa local que fortaleça o hábito de se viver com arte e à base de produtos alimentares orgânicos.

A proposta pretende divulgar e fortalecer experiências em economia criativa de Goiás por meio de trocas e de formação; promover vivências culturais por meio de oficinas e apresentações de artistas goianos para que a comunidade local conheça e valorize esses empreendedores da cultura; e também conhecer e incluir no hábito diário o uso de alimentos orgânicos como forma de manter uma alimentação saudável.

O conceito de segurança alimentar e nutricional vem ganhando força e estruturação nas políticas públicas brasileiras como um direito humano a ser garantido pelo Estado. Ou seja, todos os cidadãos tem o direito a ter acesso ao alimento de qualidade e na quantidade suficiente para se alimentarem, pautado por uma soberania alimentar e por um sistema agroalimentar sustentável. Assim o projeto se destaca no âmbito lúdico-educacional ao promover uma festividade popular gerida pela economia criativa local com ênfase na cultura alimentar orgânica isenta de agrotóxicos.

 

“O propósito da Educação Popular consiste, porém em inserir o homem em um processo de conscientização, no qual entende-se que quanto mais conscientização, mais se “desvela” a realidade frente a qual nos encontramos para analisá-la. Por esta razão, a conscientização não consiste em apenas “estar frente à realidade”, assumindo posição falsamente intelectual, pois esta unidade dialética constitui-se, primordialmente, no modo de ser ou de transformar o mundo que caracteriza os homens.” (FREIRE, 1981).

 

Sabendo da importância das feiras é que muitos artistas locais desenvolvem seus projetos de circulação de bens culturais em feiras livres e praças de Goiânia. Neste sentido o projeto da feira Eco-Cultural pretende contribuir para formação de uma geração que aprecie o trabalho artesanal, o comércio solidário, alimento orgânico, menos embalagens e combustíveis de origem fóssil.

A agricultura praticada nas áreas urbanas e periurbanas é capaz de prover boa parte dos alimentos familiares cultivados em casa ou apartamento. Atravessar a rua e poder adquirir os alimentos saudáveis na feira também é um privilégio. Tem gente que vai só para passear mesmo. Feira de bairro também é ambiente educacional, cultural, gastronômico e de valorização da agricultura local. Isso pode significar menos veículos transitando em lojas de grandes redes empresariais e renda melhor distribuída entre os produtores locais.

Ao se retomar a prática de ir à feira pela sociedade também se vislumbra provocar a proatividade do setor público em geral, mais enfaticamente das secretarias de cultura, para que mantenham e ampliem as políticas publicas culturais que garantam e legitimem a constituição desses espaços das feiras livres populares e apoiem e divulguem oficialmente, todas essas iniciativas; e das secretarias ambientais para que implantem conjuntamente com as pessoas do entorno, a estrutura para funcionamento ideal das feiras, além das áreas verdes que as circundam.

É popular a cultura:

 

“[...] quando comunicável ao povo, isto é, quando suas significações, valores, ideais, obras, são destinados efetivamente ao povo e respondem às suas exigências de realização humana em determinada época; em suma, à sua consciência histórica real. É popular a cultura que leva o homem a assumir a sua posição de sujeito da própria criação cultural e de operário consciente do processo histórico em que se acha inserido.” (FÁVERO, p. 23, 1983).

 

Feiras que promovam a sustentabilidade são precedidas de várias reuniões, nas quais são assumidas por pessoas as tarefas de inspiração, idealização, desenvolvimento, popularização, realização, registro e análise de tudo o que se refira ao evento, o que somente se torna possível mediante a celebração de parcerias virtuosas entre gestores públicos, a iniciativa privada e todos os participantes da feira. Desse modo a feira pode trazer benefícios socioambientais inúmeros para o logradouro sede.

Muito se tem dito sobre o legado deixado ao local que sedia um evento. Nesse sentido há de se observar as condições de habitabilidade quando ao término das feiras livres convencionais. Sob a lente da economia de materiais também convém investigar o balanço entre o uso de materiais descartáveis ao invés de reaproveitáveis; se os detritos deixados pelos feirantes estão sendo devidamente triados, reciclados e compostados; entre outros aspectos, o mais importante: a população do entorno considera a feira um privilégio ou um transtorno?

 

 I Feira Eco-Cultural do Cerrado

 

O projeto da I Feira Eco-Cultural do Cerrado foi submetido ao Edital n 1/2013, da Secretaria de Estado da Cultura, amparado pela Lei Estadual de Incentivo à Cultura - Decreto Orçamentário nº 372/2013, com observância das disposições da Lei Estadual nº 15.633/2006, Decreto nº 7.610/2012, Lei Estadual nº 17.928/2012, Lei Estadual nº 18.021/2013 e Lei Federal nº 8.666/1993. O valor custeado pelo referido Edital foi de R$ 30.000,00.

O evento foi realizado no dia n 23 de maio de 2015, na Rua Dona Maria Joana – Setor Sul, Goiânia/GO. Teve 140 expositores inscritos, dos quais 96 compareceram e apresentaram suas produções para um público estimado entre 1000 a 1500 pessoas.

Durante a feira foram plantadas cinco árvores e envolvidas sete empresas, cinco órgãos do governo, cinco associações, dezesseis pessoas credenciadas na organização e outras que demonstraram interesse em participar voluntariamente da construção e realização da próxima Feira.  Assista ao vídeo da I Feira Eco-Cultural do Cerrado aqui

 

 

II Feira Eco-Cultural do Cerrado

 

Objetivo geral

 

Promover a difusão da cultura popular e da economia criativa local, com foco no bioma Cerrado.

 

Objetivos específicos

 

1.         Demonstrar e criar um elo entre a cultura popular e as questões ambientais;

2.         Sensibilizar e aproximar a população urbana a diferentes manifestações da cultura popular, para que as pessoas possam vivenciá-las de forma sensível, significativa, crítica e criativa;

3.         Cultivar e valorizar o conhecimento da cultura popular tradicional e da cultura imaterial - plantas medicinais, produção de alimentos sem agrotóxicos e característicos do Cerrado;

4.         Possibilitar uma vivência cultural aos moradores próximos à Praça Cívica, no Setor Sul, entre as Ruas 83, 10, 93 e Rua Dona Maria Joana;

5.         Oferecer a crianças, adolescentes e adultos, oficinas práticas culturais e artísticas como pintura, dança, modelagem com argila, leituras e outras, como forma de gerar entusiasmo e sensibilização;

6.         Levar os temas da feira para duas escolas municipais; incluir os estudantes e professores no processo de construção e trazê-los com suas atividades para socializar na Feira.

 

Proposta de Contrapartida Social

 

-Apresentar na rua à população geral, de 15 a 20 apresentações artísticas produzidas em Goiânia;

-Possibilitar ao público geral o acesso gratuito a 10 oficinas artísticas;

-Liberar o espaço da rua para a exposição de ideias e produtos da economia criativa, de movimentos sociais e ecológicos locais;

-Possibilitar a apresentação de atividades da cultura popular, que não tem acesso no circuito cultural convencional da cidade (Dança, Música presentes nas manifestações das culturas tradicionais como: Capoeira, Congada, Samba de roda entre outros, além de artistas de rua).

-Incluir uma escola municipal na discussão artística (Oficina de dança, desenho, fotografia, horta) sobre qualidade de alimento, na produção e participação da Feira.

- Conceder espaço e estrutura para expor o trabalho de 20 entidades voltadas à ecologia ou questões sociais;

- Construir a Feira de forma coletiva, voluntária e ou/remunerada.

 

Ações de Pré-Produção

 

O planejamento coletivo foi realizado em 04 encontros de 03 horas cada, realizados no período compreendido entre os dias 05 de maio a 03 de junho de 2016. Os encontros foram mediados por Gregor Kux, na Praça das Artes.

Nesta etapa preparatória os 120 colaboradores e interessados participaram de oficinas inspiradas na metodologia Dragon Dreaming, que dá suporte a indivíduos, organizações e comunidades para co-criarem, de maneira altamente eficaz, projetos bem sucedidos a partir de seus sonhos e visões coletivas.

 

MultiplicAção

 

O envolvimento escolar foi dirigido à Escola Municipal Marechal Castelo Branco, situada no Setor Genoveva, periférico à Capital. Desta Unidade de Ensino um total de 50 alunos e 04 professores foram convidados a participar das ações descritas a seguir, realizadas antes da II Feira Eco-cultural do Cerrado:

·         Palestra-oficina sobre as características do vivo e o olhar qualitativo, ministrada por Gregor Kux, na Escola;

·         Oficina de dança sobre as 4 qualidades (elementos), ministrada por Marlini De Lima, na Escola;

·         Oficina e instalação da horta, ministrada por Gregor Kux, na Escola;

·         Mini Feira Eco-Cultural na Escola, com apresentação de palhaços e brinquedos pedagógicos. Nesta ocasião os alunos e professores expuseram suas fotos na horta, elaboraram suco verde fresco com as folhas colhidas no momento do preparo.

Planejada para vir a ser realizada em setembro/2016 uma visita dessa comunidade escolar à fazenda Viver Orgânico, com sede em Nerópolis - GO, ocasião em que os participantes serão convidados a experimentar alimentos orgânicos e também ilustrar com lápis e papel, seus registros e impressões assimilados durante a vivência na fazenda.

 

DivulgAção

 

Foram distribuídos 200 cartazes em estabelecimentos parceiros, escolas, centros culturais e universidades. Pela organização foi sugerido que cada expositor também convidasse seus amigos para a Feira. Convites como sugestão de pauta foram enviados às emissoras de TV, rádio e jornais.

Acesse a Comunidade no Facebook da Feira Eco-Cultural do Cerrado e veja as fotos aqui

 

PreparAção

 

No dia 3 de junho de 2016 foi realizada uma reunião com os expositores no local de evento para detalhamento da montagem, estrutura oferecida aos expositores, horários de estacionamento e remoção dos veículos, orientações sobre detritos e demais providências requeridas para o funcionamento ideal da Feira.

Em uma apresentação mediada por Gregor Kux foi apresentado o conceito da metodologia Dragon Dreaming e o trabalho artístico I Like America and America Likes Me, de Joseph Beuys em 1974.

Dentre os encaminhamentos dessa reunião foi consensual a adoção da proposta para a edição de um livro virtual de registros da II Feira Eco-Cultural do Cerrado, sem dúvida um sopro que move substancialmente a escrita do presente trabalho, o qual será enviado aos expositores e moradores do espaço ocupado pela Feira, como forma de singelo agradecimento.  Compareça às próximas reuniões!

Entrar em contato com a segunda Autora as pessoas interessadas em expressar seu relato ou crítica sobre a Feira, por quaisquer modos e meios, e que desejem informar seus dados e do trabalho realizado, para que todo esse substrato venha a compor em breve o referido livro virtual. Fotos autorais obtidas durante a Feira também podem ser enviadas, para que sejam somadas ao álbum do evento nas redes sociais. Fotografias de outras pessoas devem estar devidamente autorizadas por estas, ou por seus responsáveis.

Para incentivar entre os expositores tal coleta de dados, se sugere um roteiro básico, descrito a seguir:

Nome e breve histórico

Título do Trabalho

Imagem do Trabalho

Descrição do Trabalho

Email

Telefone e operadora

Site

Facebook

Instagram

Depoimento sobre a Feira

ProgramAção

 

Sábado 4 de junho de 2016

 

8 às 14h – Montagem

15h - Oficina de Agrofloresta [FAPEG]

15h30 – Cortejo Coró de Pau [ Rua ]

16h – Oficina de Pintura de Rua [Muro da FAPEG]

            Oficina de Artesanato [Espaço Criar]

            Oficina de Saberes Indígenas Terena [Espaço Criar]

            Oficina de Música com sucata [Espaço Som]

16h – Show Katagata - UFG [Palco]

17h – Oficina de Brigadeiros para crianças de 2 a 5 anos [Espaço Criar]

          Oficina de Capoeira Angola para crianças [Espaço Som]

          Oficina e Apresentação Composição Instantânea com Ceila Portilho Maciel [Espaço Bosque]

18h – Roda de Capoeira Angola – Grupo Calunga de Capoeira Angola – Mestre Guaraná [Rua]

19h – Núcleo Coletivo 22 - UFG [Rua]

20h – Show Vida Seca [Palco]

 

5 de junho - Dia Mundial do Meio Ambiente

 

15h30 – Palhaço Sapequinha [Palco]

16h – Oficina de Gravura [Espaço Criar]

16h30 – Oficina de Culinária [Cerrado Alimentos Orgânicos]

             ¿Por Quá? Grupo de dança [Rua]

17h – Oficina de Doce de casca de melancia [IFG]

          Oficina de Samba de Roda [Espaço Som]

          Circo Laheto [Palco]

18h30 – Samba de Roda [Palco]

20h – Show Blackbirds - UFG [Palco]

 

Palco Muvuca

 

Iniciativa da Muvuca Produções gerida pela produtora Juliana Pimentel, o Palco Muvuca foi instalado próximo à área de alimentação e foi o cenário para as seguintes expressões artísticas, nos dois dias da Feira:

 

Ninho Cultural – Coco com Toadas

Oficina de Pintura Comunitária - Gelateratura

Amauri Garcia - Os Saralistas

Valter e Jade Mustafé

DJ’s set

Pirata

Victoritsok

 

Atividades Autogeridas

 

Além da programação citada acima, administrada pela organização do evento, outras várias ações foram realizadas sob a gestão integral de seus próprios idealizadores, “seguindo uma tendência dos Fóruns Sociais Mundiais, com ações de formação, políticas e artísticas na configuração de atividades coletivas propostas por organizações autônomas da sociedade civil” (ZELO, 2016).

 

Nós + Árvores

Povos Xavante e Karajá (arte e artesanato)

Animais empalhados, sementes e frutas do cerrado

Abelhas Nativas

Mobiliário Palete-Arte

Sobre Urbana

Casa fora de Casa – Táticas Urbanas

CirculAção

 

Visando assegurar o conforto e a segurança dos frequentadores da Feira, a Rua Dona Maria Joana foi interditada ao tráfego de automóveis pela Secretaria Municipal de Trânsito.

No sábado (04/06) a montagem das exposições foi realizada até às 14h, período após o qual todos os expositores tiveram de retirar seus veículos do logradouro. No dia seguinte somente foi permitido o acesso de veículos à Rua até às 8h. Moradores tiveram o livre acesso em automóveis.

Dois sanitários químicos foram instalados na imediação da Praça das Artes à tarde do dia 03/06 e recolhidos no dia 06/06.

Foram convidados 226 expositores para participar gratuitamente da II Feira Eco-Cultural. Destes, 139 compareceram nos dois dias. Um total de 87 expositores compareceu apenas no sábado e 52 expuseram apenas no domingo.

Cada expositor recebeu por empréstimo uma mesa plástica de 1x1 m e uma cadeira para uso durante a feira. Energia elétrica e água tratada em fontes de uso coletivo também foram cedidas aos expositores.

A organização estimou que durante os dois dias do evento mais de 2000 pessoas circularam pelo local.

Em atividades agroflorestais coletivas realizadas na Feira foram plantadas 10 árvores, de espécies nativas e exóticas variadas.

Notado volume total de 03 m3 de resíduos sólidos gerados pelo evento, recolhidos diariamente pela Prefeitura.

O evento foi realiado graças ao envolvimento de cinco empresas, seis órgãos governamentais, três associações e um total de doze pessoas dedicadas à sua organização.

 

OcupAção

 

A Rua Dona Maria Joana tem aproximadamente 450 metros de extensão. Durante o fim de semana da Feira esta via e suas imediações foram ocupadas por diversos tipos de estruturas, instalações, barracas, bancas e palcos que sediaram as apresentações culturais do evento.

Os expositores foram agrupados por suas diferentes áreas de atuação (alimentos, artesanato, música, oficinas, outros) (Figura 1).

 

MAPA DA FEIRA versão 5.5.2016.jpg

Figura 1 Mapa da II Feira Eco-Cultural do Cerrado

 

PropagAção

 

Programa Enredo Cultural TV UFG – Entrevista com Gregor Kux

 

Programa Enredo Cultural TV UFG – Entrevista com Marlini de Lima

 

Revista Ludovica – Goiânia recebe II Feira Eco-cultural do Cerrado

 

AvaliAção

 

Para consolidar a rede colaborativa foi realizada uma reunião para a avaliação geral do evento. Foram convidados todos os expositores. O convite foi enviado por email, com o seguinte teor:

 

Reunião no dia 30 de junho de 2016, quinta-feira, às 18h.

Local: Cerrado Alimentos Orgânicos (Rua 10 n.342 esq. 93 Setor Sul).

 

Tem uma crítica? Ela é muito bem vinda!

 

Tomando consciência do todo é que conseguiremos romper barreiras, olhar/compreender/ajudar o outro e fortalecer as ideias, o coletivo, a feira... para que estejamos abertos a novas experiências e possibilidades. 

Fica o convite a vizinhos, expositores, artistas, colaboradores e público em geral. 

A semente está plantada, venha trazer notícias de como podemos crescer juntos e sonhar o futuro.

 

Arte

Ecologia

Coletividade

Cultura popular

Alimentação Saudável

Economia Criativa Local

Ocupação de Espaços Públicos

e VIVA a diversidade!

 

RetroalimentAção

 

Os encaminhamentos da II Feira pautaram a 1ª reunião para projeção da III Feira Eco-cultural do Cerrado, realizada dia 09 de agosto de 2016 no Coletivo Centopéia. Dentre os aspectos mais importantes abordados neste encontro se destacam:

·         Continuidade de prospecção de Editais que financiem parte dos custos da Feira;

·         Necessidade de implantar um sistema mais robusto de comunicação, especialmente no Facebook, para divulgar as atividades dos parceiros no intervalo entre as Feiras;

·         Realização da Feira em proporções menores com periodicidade mais regular, em lugares diferentes e com temáticas específicas, tais como: agroflorestas, alimentação e consumo consciente, oficinas de artesanatos, intervenções urbanas, escolas e crianças, terapias complementares, outros futuros;

·         Buscar parceria e incluir na programação cultural a presença de artistas que precisam se apresentar gratuitamente, em função de haverem sido contemplados por Editais, além de outros grupos ativos em Goiânia, tais como: Cinema na Calçada, Literatura na Geladeira, “Ciclistas em Goiânia”, “SlowFood”.

·         Realizar Feiras adjacentes a outros eventos, tais como: Circense no Itatiaia; às apresentações das Orquestras Filarmônicas no Parque Flamboyant; ao Casa Fora de Casa; Por Acaso.  Depois chamá-los para participar da feira maior.

·         Captar parte do financiamento da Feira por meio de contribuições fixas e ou voluntárias, de feirantes e público, pelo modelo crowdfounding.  

·         Fortalecer o aspecto de discussão ecológica com um espaço de exposição sob tenda confortável, que teria no começo uma trilha de sentidos para sensibilizar o público. Para orientar essa instalação se buscará contato com o artista Bené Fonteles.

·         Refletir sobre as seguintes questões:

 

1.      Qual é a principal contribuição da Feira, no sentido de tornar interessante a participação, até gratuita, dos artistas, dos oficineiros e do público em geral?

2.      O que é preciso para gerar uma dinâmica autopoética?

3.      O que acende o entusiasmo para as atividades autogeridas?

 

ConsiderAção

 

A Feira Eco-cultural do Cerrado é um projeto multiárea, realizado ao ar livre, pautado pela prática da educação ambiental consubstancializada com alimentação saudável, agrofloresta urbana, apresentações musicais, espetáculos circenses, dança e discotecagem.

É interessante sua análise como escultura social, obra de arte social em si, obra de arte integrada (obra de arte total, no sentido Bauhaus) baseada em valores humanos, éticos e transformadoras, mesmo sem precisar discutir estes explicitamente. Mas a discussão de educação ambiental, ecologia profunda, consumo consciente, ocupação criativa dos espaços próximos é tão importante quanto o fazer artístico – não como exposição de obras acabadas, mercadológicas – mas como impulsos e vivencias de transformação individual e social.

Em junho de 2016 juntamente à Feira foi celebrado o Dia Mundial do Meio Ambiente e a XII Semana de Alimentos Orgânicos.

Talvez a escrita, isolada de outros meios, não seja suficiente para tentar ilustrar a multiplicidade de atrativos sensoriais e das inúmeras possibilidades de interpretação disponíveis para o público que compareceu à Feira.

Contudo, neste trabalho se buscou elencar os principais aspectos relacionados à sua organização e se pretendeu fornecer subsídios que venham a colaborar para o desenvolvimento de iniciativas congêneres.  

Os autores se colocam à disposição para esclarecimentos adicionais provenientes de alguma eventual lacuna de informações não citadas aqui e aproveitam o ensejo para agradecer a tod@s que de toda forma e modo contribuíram para a realização da Feira e deste relato. Esperam ainda que esse parcial registro seja motivador para continuidade e expansão desta teia socioambiental que vem sendo fortalecida por intermédio da Feira.

 

“No final, nossa sociedade será definida, não pelo que criamos, mas pelo que nos recusamos a destruir”. John C. Sawhill

 

 

Referências

 

AZEVEDO, F. F & QUEIROZ, T. A. N. As feiras livres e suas (contra)racionalidades: periodização e tendências a partir de Natal - RN - Brasil. Revista bibliográfica de geografia y ciências sociales. Vol. XVIII, nº 1009, 15 de enero de 2013. Universidad de Barcelona. Serie documental de Geo Crítica. Cuadernos Críticos de Geografía Humana. Disponível em Acesso em 10 ago 2016.

 

BECKER, Bertha. O Mercado carioca e seu sistema de abastecimento. Revista Brasileira de Geografia, v.28, n.2, abr./ jun. 1966.

 

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981.

FÁVERO, Osmar. Cultura Popular e educação popular: memória dos anos 60. Rio de Janeiro: Graal, 1983.

 

GOIÂNIA, PREFEITURA MUNICIPAL. Apresentação das feiras livres no Município. Disponível em . Acesso em 10 ago 2016.

 

GOIÂNIA, PREFEITURA MUNICIPAL. Lei Nº 8146, de 27 de dezembro de 2002. Altera a Lei Nº 7957, de 06 de janeiro de 2000, que institui incentivo fiscal em favor de pessoas físicas e jurídicas de direito privado, para realização de projetos culturais e dá outras providências. Disponível em < http://www.goiania.go.gov.br/html/gabinete_civil/sileg/dados/legis/2002/ordinaria81462002.pdf> Acesso em 05 ago 2016.

 

GUIMARÃES, C. A. A Feira Livre na Celebração da Cultura Popular. 2010. Universidade de São Paulo. Centro de Estudos Latino-Americanos sobre Cultura e Comunicação (CELACC). Disponível em . Acesso em 10 ago 2016.

 

GORBERG, S. & FRIDMAN A. S. Mercados do Rio: 1834-1962. Rio de Janeiro: S. Gorberg, 2003.

 

QUARESMA, F. Um olhar além dos mercados brasileiros / Flávia Quaresma, Cristina Praga ; Coordenação Silvana de Boni Monteiro de Carvalho, Paula Feres Paixão, Maria Duprat. 1 . Ed. – Rio de Janeiro : Arte Ensaio, 2015. 204 p. : Il ; 25 cm.

 

ZELO. Cultura Regional ganha destaque em feira. 30/06/2016. Disponível em < http://www.revistazelo.com.br/post/cultura-regional-ganha-destaque-em-feira>.  Acesso em 10 ago 2016.

 

Ilustrações: Silvana Santos