Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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27/11/2016 (Nº 58) PESQUISA SOCIAL: REPRESENTAÇÕES E DISCURSOS NA (DES)CONSTRUÇÃO DOS SABERES SOBRE O COMBATE AO AEDES AEGYPTI NA ESCOLA
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PESQUISA SOCIAL: REPRESENTAÇÕES E DISCURSOS NA (DES)CONSTRUÇÃO DOS SABERES SOBRE O COMBATE AO AEDES AEGYPTI NA ESCOLA

                                                                                                                      

Doutor em Educação/UFPB

Fernando Antonio Abath Luna Cardoso Cananéa

Professor de Planejamento Estratégico e Gestão Educacional

Fernando_abath@hotmail.com

Doutoranda em Educação/UFPB

Mestra em Linguística e Ensino/UFPB

Ailza de Freitas Oliveira

Professora de Artes Cênicas/PMJP

ailzafreitas@hotmail.com

 

 

RESUMO

A escola é um dos espaços mais apropriados para ampliar o saber científico sobre assuntos de interesse e necessidade dos estudantes é um papel pleno do exercício da cidadania. Esta pesquisa social das representações e discursos na (des)construção dos saberes sobre o combate ao Aedes Aegypti na escola, vislumbra, a conscientização sobre a importância no combate/controle do mosquito. Neste trabalho, realizamos, após aplicabilidade de um projeto interdisciplinar, uma pesquisa (de campo) avaliativa de metodologia qualitativa, com estudantes do Ensino Fundamental II sobre as formas de prevenção e nível de conhecimento decausa, utilizandocomo instrumento decoleta de dados o questionário estruturado.

Escola: lugar de construir saberes pesquisando

A escola é um dos espaços mais apropriados paraampliar o saber científico sobre assuntos de interesse e necessidade dos estudantes e exerce um papel pleno do exercício da cidadania, conforme nos sugere a Constituição Federal(1988), e demais leis direcionadas a educação em nosso país.

No entanto, lecionar em equipe interdisciplinar, conciliar currículos e interesses, cumprir objetivos de informar para formar, de esclarecer para mudar, de saber para refletir, são desafios contínuos. Dentro e fora da escola.

As demandas sociais a serem trabalhadas nas escolas são várias. De cunho biopsicossocial e pedagógico, algumas, mais urgentes -como a que agora tratamos - quando remetem a casos de epidemia, com risco eminente de morte.

Nossa sociedade atual encontra-se imersa num problema sério de saúde pública. Precisamos, urgentemente, controlar e combater o mosquito aedes aegypti, vetor de várias doenças que assombram seres humanos mundo afora.

Muitos trabalhos são apenas informativos, mas o que se pretende com os trabalhos educativos não é informar as pessoas sobre a dengue, para que simplesmente fiquem informadas, o objetivo da educação deve ser sensibilizar através da informação e ação, para que as pessoas mudem de atitude e se protejam da doença(TEIXEIRA, 2011, p.07).

 

As mudanças atitudinais passam, necessariamente, pelo conhecimento. A informação é, sem dúvidas, o passo fundante, responsávele esclarecido para a ação. No entanto, para formar e informar, necessário se faz ter clareza das metas que se deseja atingir.

As metas desejáveis em relação ao vetor aedes aegypti países afora são distintas. Inclusive no Brasil, por exemplo, a meta de eliminaçãoiniciou-se, de maneira sistematizada, a partir do século XX, segundo Braga; Valle(2007, p. 03),entre os anos de 1902 e 1907.Em outros países, percebemos que,

Como exemplo, enquanto os municípios do sul do Texas, nos Estados Unidos, se empenham em não ter o vetor e, consequentemente, nenhum caso da dengue clássica, o objetivo em Porto Rico já se resume a ter poucos casos da forma hemorrágica. E pior ainda, escolas da Tailândia desenvolvem um programa para a redução da mortalidade escolar infantil pela doença(BRASSOLATTI;ANDRADE, 2002, p. 250).

 

Apesar da meta inicial em nosso país ter como objetivo a eliminação, em 2002, de acordo com Braga; Valle (2007, p.04),a meta de eliminação/erradicação foi substituída pela meta de controle.

Deste feito, não se deseja mais acabar com o vetor, mas controlá-lo. E o espaço de nossa atuação é a escola. Nela, vislumbramos os passos iniciais para este controle.

Como professores, procuramos desenvolver na escola, ações interdisciplinares que visassem além da ampliação do conhecimento, o despertar sobre a necessidade de todos no controle, e consequentemente, a redução da proliferação do vetor em nossa comunidade.

Para tal, planejamos e desenvolvemos um projeto interdisciplinar na escola, envolvendo o corpo docente e discente, com o intuito de informar sobre a necessidade vital de combate e controle do aedes aegypti na comunidade.

Muitas atividades foram planejadas e desenvolvidas junto ao alunado, conforme relatamos em artigo precedente, a saber:

A prática que descrevemos a seguir passou por teorias fundantes em disciplinas que trataram do tema historicamente; situaram os espaços geográficos da epidemia; calcularam as probabilidades e dados estatísticos de casos das doenças; leram, debateram, questionaram, responderam exercícios e textos que se complementaram em aulas expositivas; analisaram panfletos preventivos; vislumbraram vídeos explicativos; entre outras práticas. (OLIVEIRA;CANANÉA, 2016, p.02)

Concluídas todas essas etapas de fundamentação teórica e prática construtiva, realizadas ao longo do projeto, decidimos pesquisar sobre a construção e a desconstrução do saber, junto ao alunado, a propósito do combate ao mosquito aedes aegypti, vetor de tantas doenças graves e com sequelas ainda por conhecer.

Para a realização desta pesquisa, aplicamos,junto aos estudantes, um questionário estruturado com quatro questões. Sendo a primeira, referente à faixa etária do público alvo, no caso, o corpo discente do Ensino Fundamental II, do 6º ao 9º anos, numa escola pública municipal na cidade de João Pessoa. E as três últimas questões, sobre a apreensão dos conteúdos acerca do objetivo do projeto no que se refere ao combate do vetor.

Desejamos com nossa pesquisa, verificar como e se ocorreu mudança comportamental, após aplicabilidade e vivência do projeto na escola. Pois, diante do aumento exacerbado de casos de doenças causadas pelo vetor, sabemos que,

Tornar possível o controle dos vetores da dengue depende de uma ação coletiva de órgãos públicos e privados, pois os mosquitos com sua capacidade adaptativa aos diversos tipos de ambiente, vão se estabelecer e consequentemente haverá aumento na população da espécie e só mesmo operações muito drásticas no comportamento humano é que irão produzir mudança (TEIXEIRA, 2011, p.08).

Acreditamos sempre, que na escola, e com todos que a fazem, podemos (e devemos) atingir essas mudanças comportamentais por meio do conhecimento. Nosso desejo em pesquisar a eficácia do projeto, perpassa também, pelo desejo de ensinar e aprender ofertando significados úteis, quando aplicáveis ao cotidiano de todos os que fazem a escola.

Situaremos a seguir, quais os percursos percorridos em nossa pesquisa no que se refere aos objetivos, objeto e universo de estudo. Bem como, relataremos e comentaremos os dados coletados no questionário, para apontarmos diferenças e semelhanças entre o que se lê e o que se vê. Entre a escola que se tem, e a escola que se deseja ter.

Situando Objetivos e Objeto de Estudo

Sobre o conhecimento e a ciência, concordamos que “O conhecimento, para dar o salto qualitativo e se transformar em ciência, precisa ser submetido ao crivo de uma análise” (TAVARES; RICHARDSON, 2015, p. 178). Para os autores, objeto e universo da pesquisa, seguidos de referencial teórico da mesma, são a tríade que constitui maior importância, estando como elementos imprescindíveis numa pesquisa.

Antes de situarmos respostas para o tripéapontadoanteriormente, segundo os autores mencionados, nos ateremos aos objetivos que motivaram e nortearam as ações desenvolvidas no projeto interdisciplinar que antecedeu esta pesquisa.

Surgidos de reuniões coletivas, planejamentos individualizados por área do conhecimento e observação das necessidades apontadas pela demanda social e escolar, frente ao amplo alcance das doenças causadas pelo vetor na comunidade, foram traçados os objetivos geral e específicos.

 

 

Sobre tais objetivos do projeto interdisciplinar, destacamos os abaixo relacionados:

Trabalhar junto à comunidade escolar, esclarecendo sobre o vetor e as doenças que vêm causando muitas mortes e consequências no bem estar e na saúde da população;

Contribuir para a preservação da saúde e incentivar atitudes de prevenção à picada e a proliferação do mosquito aedes aegypti;

Utilizar e identificar gêneros textuais diversos;

Vivenciar ações significativas de forma a desenvolver habilidades e competências de produção de texto, de leitura, escrita e oralidade;

Distinguir diferentes formas de prevenção e de doenças causadas por mosquitos;

Reconhecer o papel social de cada aluno como cidadão responsável e participativo;

Reconhecer os sintomas da dengue, chikungunya e zika.

(PROJETO XÔ MOSQUITO, 2016, p. 03).

 

Na busca por observarmos se os objetivos do projeto foram atingidos diante da aplicação prática planejada de forma interdisciplinar, pautamos como nosso objeto de estudo, investigar por intermédio do questionário estruturado, as representações e discursos na (des)construção dos saberes sobre o combate ao aedes aegypti na escola.

Conforme apontado no parágrafo supracitado, nosso objeto de estudo visa responder o que foi aprendido, no sentido de quantodo que foi planejado foi apreendido por nossos estudantes. “Reafirma-se aqui a importância da valorização da consciência preventiva para comportamentos. Vale lembrar que é exatamente esta mudança comportamental o objetivo” (REIS; ANDRADE; CUNHA, 2013, p. 521). Objetivo este, tanto do projeto, quanto da pesquisa.

Nosso Universo de Estudo, Trabalho e Realização de Sonhos

Como universo de pesquisa tivemosuma instituição de ensino do sistema público municipal de João Pessoa, capital do Estado da Paraíba. Existente há cinquenta anos letivos atende às modalidades de ensino Fundamental I, no turno da manhã; Fundamental II, no turno da tarde; e Educação de Jovens e Adultos – EJA, no turno da noite.

Nosso campo de pesquisa está localizado no bairro de Tambaú, em João Pessoa/PB,área litorânea da cidade, situado há poucos metros da Praia de Tambaú. No entanto, a referida escola não tem como clientela os moradores do nobre bairro onde está localizada, mas da outrora Comunidade São José, denominada agora,por deliberação da classe política, de Bairro São José.

Esse bairro atendido, situado vizinho à escola, abriga habitações localizadas ao longo das margens do Rio Jaguaribe. Nossos estudantes são ribeirinhos que habitam na área urbana. Ocupada por invasão territorial entre a barreira de vegetação e a margem do rio numespaço que deveria abrigar mata ciliar. Para a Prefeitura Municipal de João Pessoa-PMJP:

 

O Bairro de São José é uma demonstração eloquente e preocupante dos limites absurdos dos desníveis socioeconômicos entre os bairros e comunidades de João Pessoa. O elevado grau de pobreza dos seus moradores, a falta de infraestrutura e o baixo padrão de condições de vida representam um contundente contraste, em relação aos dos habitantes dos seus bairros nobres vizinhos: Tambaú, Manaíra e Bessa (PMJP, 2013, p. 09).

 

De forma geral, em relação aos familiares de nossos alunos, vossos pais trabalham como autônomos em prestações de serviços que não demandam grande conhecimento técnico/acadêmico; e mães, como domésticas ou diaristas nas residências que rodeiam a escola.

Uma clientela predominantemente carente, com baixa renda per captae por isso, atendida por programas sociais do governo, com número elevado de filhos, pais que trabalham fora e têm na escola, um espaço parceiro para a formação pessoal além da educacional.

Sobre o Bairro São José, a PMJP compreende como diagnóstico da realidade atual que:

 

Situado nas proximidades do litoral de João Pessoa, o Bairro de São José ocupa uma longa faixa das margens do rio Jaguaribe, áreas adjacentes e da Falésia. Trata-se de uma área extensa, mas estreita. A sua delimitação geográfica representa um pequeno espaço, de apenas 0,16 km2, para uma população da ordem de 14.000 habitantes. As condições de infraestrutura, saneamento, esgotos, drenagem, pavimentação, moradia, esporte, educação, saúde, cultura e lazer do Bairro São José estão muito abaixo das necessidades. Cerca de 3.000 famílias ali residem em condições de vida bastante adversas. A sua densidade demográfica, da ordem de 60.000 hab./km2, deve ser a mais alta, entre os bairros e comunidades de João Pessoa. Agrava, ainda mais, essa situação social e urbana, o fato de a grande maioria dos habitantes do Bairro São José ter as suas casas, onde moram atualmente, precariamente construídas em áreas de risco, sistematicamente sujeitas a alagamentos pelas enchentes do rio Jaguaribe e por deslizamento de barreiras e encostas. Desse modo, sofrem as pessoas, pelo infortúnio de assim viverem, e o rio, com o assoreamento do seu leito e a invasão de suas margens(PMJP, 2013, p.09).

 

Infelizmente, não podemos nos furtar ao registro de que não se trata de uma situação isolada e rara em nosso país.

Além das precárias residências dos moradores do Bairro São José, o rio também é violentamente invadido por empresários que ergueram seus palácios arrecadadores de fortunas, às margens dele. De um lado, um capitalista que com seu shopping rodeado de muros no leito do rio, nele afoga todo tipo de lixo; e do outro lado, uma empresa de cunho religioso, expande seu asfaltado estacionamento leito afora.

Quando buscamos comparar a situação entre os bairros vizinhos de Manaíra e São José, sendo o primeiro, onde se localiza a escola, e o segundo, onde habita a clientela atendida, encontramos que:

Apesar de ser considerado um bairro de luxo, detentor da 3ª maior renda per capita de João Pessoa (R$ 3.941,20), Manaíra sofre com a insegurança. Ele é localizado ao lado do bairro São José, que tem a pior renda per capita de João Pessoa (R$ 463,00) e que tem altos índices de criminalidade (G1/PB, 2012, p. 02).

Não conseguimos nos desviar do lugar comum,onde repousa a afirmação de que o texto acima imprime impressões preconceituosas. Pois, enquanto enaltece os habitantes do bairro nobre, desqualifica os habitantes do periférico, embora reconheça que tais espaços físicos estão situados lado a lado. No entanto,não obstante nos incomode tal percepção, neste momento, não adentraremos por esSe aspecto. Voltaremos, pois, ao que visa nossa pesquisa.

Situados nosso objetivo, objeto e nosso universo de pesquisa, vale ressaltar que regulamos nosso referencial teórico, na perspectiva das teorias sobre pesquisa social, desenvolvidas por Manoel Tavares e Roberto Jarry Richardson, organizadoresda obra Metodologias Qualitativas: teoria e prática (2015).

Os fundamentos teóricos que norteiam nossa pesquisa estão pautados na afirmativa de que “[...] a pesquisa qualitativa não está limitada aos tipos de dados coletados ou aos instrumentos implementados. Mas, visa à análise de dados tendo em vista a interpretação da realidade social” (TAVARES; RICHARDSON, 2015, p. 194). Compreendido isto, sigamos em busca do decodificar também emoções.

Situando Nossa Forma de Pesquisar

Na pesquisa social, no que se refere aos pesquisadores,concordamos que “[...] não são seres dotados de certezas, mas de dúvidas, de indagações, de perplexidades, de estranheza diante do que está consagrado. Ou buscamos o não investigado, ou estranhamos o modo como o conhecido foi conhecido”. (TAVARES; RICHARDSON, 2015, p. 175). Nosso desejo é sempre conhecer mais.

A curiosidade investigativa que nos move para a pesquisa aqui apresentada está pautada na busca por conhecer como se deu (ou não) a aprendizagem acerca do tema trabalhado com os estudantes de forma interdisciplinar.

A metodologia qualitativa, foiselecionada para nossa pesquisa, por tratar de interpretações de dados, sentidos denotativos e, sobretudo conotativos dasmensagens pesquisadas. Na metodologia qualitativa tratamos de “Questões que envolvem aspectos subjetivos da realidade” (REIS; ANDRADE; CUNHA, 2013, p. 518) de interpretação de contextos, nuances, particularidades históricas e sociais de quem realiza as produções a serem pesquisadas.

Como procedimento realizamos a pesquisa de campo, “[...] ela diz respeito à “empiria”, isto é, vamos a um determinado universo buscar dados que, coletados, selecionados, tabulados e interpretados, comprovarão as nossas hipóteses” (TAVARES; RICHARDSON, 2015, p. 183). Segundo o autor, vista dessa maneira, a ciência é considerada como processo. Dessa forma, é sabido que,

As correntes da “razão temporal”consideram que sempre é preciso somar a objetividade à subjetividade, que não há como separá-las por ocasião mútua; são ainda as correntes que consideram as verdades como “relacionais” (não relativas) ou históricas, e, por isso, resultantes de correlações sociais e de poder em contextos específicos(TAVARES; RICHARDSON, 2015, p. 184-185).

Conhecemos e situamos os contextos em que os textos pesquisados no questionário foram produzidos. A objetividade da coleta de dados se soma a subjetividade interpretativa relacional, construída na observação do outro.

Assim, uma vez conhecendo nosso público alvo, sua realidade econômica, e o lugar social de onde produzem seus atos e suas formas de pensar, fundamentamos nossa pesquisa qualitativa conforme apregoam os autores abaixo:

[...] Defendem que não há distanciamento epistemológico possível, mas que o necessário, para ser científico, é a busca da aproximação ideológica, ou seja, quanto mais a pessoa revela sua ideologia na pesquisa, mais objetiva está sendo, porque está a preparar o interlocutor para receber aquela mensagem, sabendo que ela está carregada de conotações resultantes das opções ideológicas de seu autor(TAVARES; RICHARDSON,2015, p.185).

Com nossa formação acadêmica complacente no que tange as questões humanas, área de conhecimento que nos identifica, defendemos a pesquisa qualitativa, por percebermos que,

 

[...] a mesma focaliza a sua atenção nas causas das reações dos usuários da informação e na resolução do problema informacional, ela tende a aplicar um enfoque mais holístico do que o método quantitativo. Além disso, ela dá mais atenção aos aspectos subjetivos da experiência e do comportamento humano (BAPTISTA, 2007, p. 06).

 

Como instrumento de coleta de dados, utilizamos o questionário estruturado com questões abertas. Para o autor acima citado, trata-se de um dos métodos mais utilizados. “Consiste numa lista de questões formuladas pelo pesquisador, a serem respondidas pelos sujeitos pesquisados”(Idem, p. 10). Nosso questionário foi constituído de quatro questões.

 

A coleta de dados foi realizada no primeiro semestre letivo de 2016, abrangendo 125 alunos de um total de 164 estudantes matriculados no Ensino Fundamental II, na escola caracterizada.

Descreveremos a seguir, em conformidade com as respostas do questionárioestruturado, a opinião e conhecimento dos estudantes sobre o aedes aegypti, as formas de combatê-lo, bem como, o que pode ser feito, na opinião dos entrevistados, para que ocorra a redução dos casos de doenças na comunidade, e consequentemente, na cidade.

 

Relatando e Comentando os Dados Coletados

A LDB, em seu artigo nº.87, “dispondo sobre a duração de 9 (nove) anos para o ensino fundamental, com matrícula obrigatória a partir dos 6 (seis) anos de idade”, apregoa sobre a faixa etária do Ensino Fundamental.

A afirmativa nos faz compreender que se os 9 anos letivos de estudos no ensino fundamental devem ser iniciados aos 6 anos de idade, percebemos que o ensino fundamental I, que compreende do 1º ao 5º anos letivos,corresponde a faixa etária dos 6 aos 10 anos de idade.

Dessa forma, compreendemos que no Ensino Fundamental II, que corresponde do 6º ao 9º anos, os quatro últimos anos letivos que precedem o Ensino Médiocomo idade ideal, estudantes que estejam entre 11 e 14 anos. No entanto, nossa pesquisa apresenta os seguintes números no que se refere à faixa etária:

Fonte: Gráfico elaborado pelos autores com base nos dados coletados na pesquisa (2016).

 

Segundo a pesquisa, a faixa etária atendida está em sua maioria dentro da média que apregoa a Lei. Fato que consideramos positivo, uma vez que permite aos professores a realização de planejamentos direcionados adequadamente às idades apresentadas como corretas no Ensino Fundamental II, segmento de ensino onde realizamos a pesquisa.

Embora os números nos mostrem no gráfico, valores adequados entre faixa etária e segmento de ensino, por conhecermos a realidade escolar, e nela estarmos inseridos, valemo-nos da fuga pela hipocrisia que essa faixa etária ideal carrega, pois, é pratica comum nas escolas interpretar a sugestão de faixa etária como obrigação.

Assim, completos 15 anos de idade, os estudantes que não compõem o padrão desejado (rendimento, comportamento e frequência) são “convidados” a ingressarem na Educação de Jovens e Adultos. Em nossa pesquisa, apenas 7% dos estudantes estão acima do sugerido na Lei, ou seja, 9 estudantes. Dentre eles, metade com diagnóstico médico de alguma especialidade.

O parágrafo acima nos remete a um mergulho intenso na diferenciação prática entre pesquisa qualitativa e quantitativa. “[...] a pesquisa quantitativa defende uma ontologia realista, uma epistemologia dualista e metodologia objetiva” (TAVARES; RICHARDSON, 2015, p. 195), vista por esse ângulo, apenas os números que confirmam as idades nos interessariam apontar.

No entanto, Como conhecemos a realidade escolar, ao contrário da modalidade de pesquisa social acima mencionada, “[...] a pesquisa qualitativa desenvolve uma ontologia relativista, uma epistemologia subjetivista, e uma metodologia hermenêutica” (Idem).Portanto, serem poucos os estudantes com mais de 15 anos, não significa que temos toda uma escola com estudantes em faixa etária ideal por modalidade de ensino, mas a migração deles, justificada por vossas idades, de uma modalidade para outra.

A segunda questão do questionário, indaga sobre a definição de aedes aegypti na opinião dos entrevistados. Conforme gráfico abaixo:

Fonte: gráfico elaborado pelos autores com base nos dados coletados na pesquisa (2016).

 

            O resultado obtido com 90% dos entrevistados respondendo adequadamente quando questionados sobre o conceito de aedes aegypti nos deixou enormemente satisfeitos. Pois 55% destes responderam complementando com as doenças causadas e outros 14% alertaram sobre o perigo eminente de morte.

            Dentre esses percentuais positivos, destacamos que 17% dos entrevistados, além de definirem conforme a questão teorizaram, sobre doenças, sintomas destas e especialmente formas de prevenção. Ofertando, deste feito, respostas completas,comaprofundamento no tema.

            Confundir o nome do mosquito com uma doença foi resposta comum a 6% dos entrevistados, o que não julgamos erro, mas pressa na conclusão do questionário, uma vez que ao compararmos as respostas destes nas demais questões, observamos que fizeram parte do grande quantitativo que respondeu adequadamente sobre combate ao mosquito (questão 3) e redução de doenças (questão 4).

            Ainda sobre o gráfico acima, observamos que 4% dos entrevistados responderam que nada sabiam sobre o aedes aegypti, no entanto, quando observadas suas respostas nas demais questões, conforme explicação no parágrafo anterior, observamos respostas satisfatórias, elencando tanto formas de combate, quanto sugestões para redução de doenças.

            A terceira pergunta do questionário indagou os entrevistados sobre o conhecimento de formas de combate ao mosquito. Analisemos as respostas a seguir, conforme nos aponta o gráfico:

Fonte: gráfico elaborado pelos autores com base nos dados coletados na pesquisa (2016).

 

            Quando questionados sobre as formas de combate ao mosquito, os entrevistados demonstraram ampla segurança em suas respostas.Apenas 1% dos entrevistados respondeu que não conheciam formas preventivas e/ou de combate.

            Observamos que 67% menciona o problema do lixo acumulado com água parada como a grande chave para o combate/controle. E 21% enfatiza a questão da água como causa principal. As respostas apontadas estão em consonância com o que apregoam os autores abaixo, quando nos colocam que:

No ambiente doméstico, os criadouros são em geral descartáveis (como pneus velhos e latas) ou solucionáveis (como caixas d’água destampadas e calhas entupidas) ou mesmo evitáveis (como vasos de plantas com água e pratos de xaxins). (BRASSOLATTI; ANDRADE, 2002, p. 244).

 

Dessa forma, diante das respostas, visualizamos que 88% dos entrevistados tem clareza da importância de não acumular água, nem lixo.

            A prática da utilização de raquetes para choque, repelentes e roupas que protejam braços e pernas foi lembrada por 8% dos entrevistados. E a elaboração de armadilhas ecológicas foi mencionada por 1% do total de estudantes.

Acreditamos que esta terceira questão é a pergunta fundante do questionário e que a partir das respostas adequadas dentro do esperado, nossa ação no projeto surtiu efeito esperado, atingindo os objetivos traçados, por acreditarmos que “o controle do dengue deve ser multidirecionado, com ações voltadas também para o diagnóstico precoce, o tratamento adequado e a prevenção da disseminação do vírus” (REIS, 2013, p. 518).

A última indagação do questionário interroga sobre o que os entrevistados acham que pode ser feito para que ocorra a redução dos casos de doenças na cidade.

Fonte: gráfico elaborado pelos autores com base nos dados coletados na pesquisa (2016).

 

Para responder a esta quarta questão, foram elencadas pelos entrevistados 10 respostas. Que passaremos a discutir. Entre respostas distintas e complementares, observamos que 3% dos entrevistados responderam que nada pode ser feito, enquanto que 1% optou por não responder.

Assim, julgamos que 4% dos entrevistados, total este, que soma as duas opções supracitadas, não ofertaram respostas satisfatórias e não acreditam em soluções para o problema.

Noutro bloco de respostas observamos que 13% dos entrevistados atribuem exclusivamente ao poder público a responsabilidade de redução das doenças, uma vez que 4% acreditam que a implantação de mais hospitais resolve o caso e outros 9% apontam que vacinas e/ou remédios são a solução.

Eliminar o mosquito ou proteger-se dele foram as respostas ofertadas por 3% e 2%, respectivamente,sem maiores detalhes de como pode ser feita essa proteção e eliminação. Estes grupos formam a 5ª e 6ª respostas ofertadas para esta questão, de um total de 10.

Observamos que 6% dos entrevistados responderam que a utilização de repelentes de inseticidas podem reduzir as doenças. Tal resposta nos conduz a percebermos que neste caso, a opinião reflete uma sugestão com o mosquito já nascido, uma vez que as soluções apontadas nesta 7ª resposta, não destroem o processo de reprodução do mesmo.

A 8ª resposta apontada envolve 12% dos entrevistados. De forma consciente eles apontam que acabar com a poluição destinando o lixo adequadamente é uma maneira eficaz de reduzir doenças. Explicam que não devemos jogar lixo nas ruas nem nos rios e que precisamos manter as casas limpas.

Não acumular água parada foi a resposta ofertada por 29% dos entrevistados. Esta foi a 9ª opção de resposta ofertada e vem em consonância com as respostas ofertadas na questão anterior, quando foram descritas formas de prevenção que versam sobre o cuidado no acúmulo de água.

A última resposta que analisamos é a que mais nos satisfaz por ser de fato, a mais completa e a que felizmente, envolve o maior percentual de entrevistados. Nesse caso, 31% dos estudantes apontam num texto mais elaborado que a solução para a redução de doenças está numa ação conjunta.

Esta última resposta versa sobre prevenção, dever do poder público e ação conjunta da comunidade. Uma tríade presente em nossos objetivos e afirmada como resposta por mais de um terço dos entrevistados.

O que se lê e o que se vê: diferenças e semelhanças

            Durante o processo de elaboração e planejamento das ações práticas, dos jogos, paródias, placas expositivas e esquetes; observamos comportamentos de interação, entrega criativa, desejo colaborativo, protagonismo de ideias, respeito às colocações dos colegas, motivação e até mesmo euforia.

Houve um envolvimento integral dos estudantes, uma pesquisa coletivizada e uma construção harmoniosa das atividades.

No entanto, em oposição a tais comportamentos, durante o processo de aplicação dos questionários, pudemos observar em alguns estudantes condutas de insegurança, diante da entrega de respostas escritas. Ao tempo em que visualizamos alguns observando, conferindo e até copiando respostas dos colegas e/ou do caderno.

Observamos que as mesmas questões que foram indagadas durante o processo de elaboração dos jogos e/ou dos textos para encenação eram respondidas com segurança e entusiasmo de forma imediata. Contudo, quando aplicadas em forma de questionário, num formato de ensino tradicional, onde se copia do quadro, responde, e entrega a professora, comportamentos que transpareciam dúvidas e inseguranças apareceram.

Na questão que indaga sobre o conhecimento de formas de prevenção, tivemos um percentual de resposta similar a uma densa pesquisa realizada em Campinas/SP, pela Extecamp,UNICAP e Prefeitura Municipal de Campinas, com 46 professores do ensino fundamental de 14 escolas diferentes.

A referida pesquisa serviu como modelo e base para a execução desta que agora analisamos. Naprimeira, ocorreu a distribuição de kits, a participação destes, em um curso de formação com 20h/a, a aplicação e ações nas escolas e o monitoramento, pré e pós ações por um período de um ano(BRASSOLATTI; ANDRADE, 2002, p. 245).Uma pesquisa rica em detalhes e inspiradora em ideias para serem replicadas e adaptadas às realidades locais pais afora.

Na citada pesquisa, ao responderem sobre formas de prevenção,os professores abalizaram que:

A maioria absoluta dos participantes (97,7%) apontou o não acúmulo de água em recipientes domésticos como a melhor atitude que poderia ser tomada para evitar a proliferação dos vetores da dengue. Houve apenas 7% de menção ao processo educativo como medida importante, embora estivessem, no momento do teste, iniciando um curso com esse pressuposto(Idem, p. 246).

            Na pesquisa que realizamos com nossos estudantes, as respostas apontaram para a compreensão de que 88% conhecem os riscos do acúmulo de água e lixo. Pensamento que percebemos similar ao que constata o autor abaixo

Quando citada a falta de educação, parece referir-se a educação informal, recebida da família e do meio social. É mais uma colocação de maus hábitos do que propriamente o que se entende por falta de educação formal. O que falta é a educação para a cidadania (REIS, 2013, p. 521).

E educação para a cidadania é algo que na escola se aperfeiçoa, mas o espaço primordial desta aprendizagem básica e necessária precisa (deve) ser a família.

Refletindo Sobre a Ação

Realizamos nossas avaliações de forma somativa, participativa e continuada. Em consonância com a LDB, em seu artigo nº. 24, Inciso V, que trata dos critérios que devem ser observados na verificação do rendimento escolar.

Na Lei,observamos a assertiva que pontua que “Avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais” (LDB, 1996, p.19). Assim buscamos cumprir nossa meta de avaliar.

Percebemos que “A cidadania é outro conceito que precisa ser trabalhado nas atividades educativas para que se possa pensar em coletividade” (REIS, 2013, p. 523). Uma vez que ser cidadão é ser parte constitutiva de um todo que busque, ou pelo menos, deveria buscar o bem comum do coletivo.

Embora nos pautemos no qualitativo para avaliarmos os estudantes durante o processo de realização das atividades, em nossas cadernetas escolares, temos por dever, avaliar quantitativamente, ao atribuirmos notas numéricas referentes aos exercícios escolares.

Diante dessa configuração, compete a nós, professores, transformarmos observações contínuas, anotações individuais, impressões processuais em números. Feito que necessita do investimento de tempo associado ao querer.

Independente do método, formato e sistema que adotemos para avaliar nossos estudantes, o sistema, aquele que impõe e sobrepõe, determinaas regras. E para ele, estudante é número, aprendizagem se mede por nota numérica, dados estatísticos falam mais do que consultas observadas no olhar agir.

Sigamos nós, na contra mão do sistema. Continuamente transformando números em observações significantes; gráficos e tabelas em pesquisas qualitativas; enquanto projetos significativos modificam-seem ações; e aprendizagens qualificadas, viram práticas pedagógicas e sociais. De nossos estudantes, e primordialmente, nossas também.

REFERÊNCIAS

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Ilustrações: Silvana Santos