Não podemos pensar em desenvolvimento econômico, reduzir as desigualdades sociais e em qualidade de vida sem discutirmos meio ambiente. - Carlos Moraes Queiros
ISSN 1678-0701 · Volume XXII, Número 88 · Setembro-Novembro/2024
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11/03/2017 (Nº 59) OFICINA DE RECICLAGEM: UMA SOLUÇÃO PARA O APROVEITAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NA ESCOLA
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OFICINA DE RECICLAGEM: UMA SOLUÇÃO PARA O APROVEITAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NA ESCOLA

Jaqueline Pereira de Oliveira1, Maria Pessoa da Silva2.

1Graduanda em Licenciatura Plena em Ciências Biológicas. Universidade Estadual do Piauí – UESPI/Campus Heróis do Jenipapo. Email de contato: jackjatoba@gmail.com

2Professora Substituta UESPI/Campus Heróis do Jenipapo. Doutora em Desenvolvimento e Meio Ambiente

Resumo

O presente trabalho além de contribuir para a preservação dos bens naturais, também auxilia na mudança de consciência e perspectiva sobre o lixo, que deixa de ser algo sem valor na comunidade escolar, e se tornar matéria-prima de novos produtos, que poderão ser utilizados. Tendo em vista a grande quantidade de lixo produzido nas escolas, a reciclagem tornou-se uma atitude cada vez mais discutida e trabalhada nas comunidades escolares. A realização deste trabalho visou apresentar aos educandos o problema do lixo, bem como despertar em cada um, uma visão ambientalista, voltada para a busca de alternativas que reduzam os índices de poluição. Dessa forma, objetivou-se desenvolver uma postura crítica, consciente e atuante em relação às questões ambientais, priorizando ações de reciclagem e, em especial, reutilização de materiais. O trabalho desenvolvido foi dividido em três etapas, uma teórica, com a conversa sobre o tema e uma prática, com oficinas de puffs reaproveitamento de Pneus e garrafas PET. Buscou-se promover nos discentes um conhecimento mais aprofundado sobre o tema, sensibilizá-los quanto ao consumismo exagerado de produtos que podem ser substituídos por outros ecologicamente sustentáveis.

Palavras-chave: Educação Ambiental, PET, Pneu, reutilização.

 

 

 

INTRODUÇÃO

 

A coleta, tratamento e destinação final dos resíduos sólidos urbanos tornaram - se um dos problemas ambientais mais graves dos tempos atuais para as administrações municipais no Brasil (SILVA e JOIA, 2008). O lixo tem diversas formas de percepção para os indivíduos, dentre elas a visão sociopolítica, pela qual a coleta, o transporte, o tratamento e a eliminação dos resíduos sólidos são considerados limpeza pública, portanto, atribuição que cabe ao Poder Público Municipal (PEREIRA, 1993).

A partir de alguns anos as questões ambientais têm ganhado mais visibilidade e espaço, como um fator de preocupação: os bens naturais finitos, indispensáveis à vida humana mostram que estão se esgotando. O crescimento econômico e populacional gera quase automaticamente o aumento da poluição e do consumo desses bens naturais. A conservação do meio ambiente e o desenvolvimento sustentável deixam, com o passar do tempo, de serem simples e se tornam urgente e de grande importância na existência de todos os seres vivos.

Um dos problemas mais discutidos é o destino do lixo produzido pela sociedade, principalmente nos centros urbanos, onde a concentração maior de pessoas e o crescimento populacional favorece grande quantidade de lixo nas cidades e dificuldades para encontrar locais de descarte correto destes materiais. Essa situação facilita a proliferação de ratos e de vários tipos de insetos que transmitem doenças e geram epidemias, prejudicando a saúde humana. Além disso, alguns locais se transformam em lixões, poluindo o solo e a água, como também geram um problema social. Dessa forma, a reciclagem destes materiais torna-se a maneira mais rápida e prática diminuindo a emissão de dejetos no meio ambiente.

O presente trabalho além de contribuir para a preservação dos bens naturais, também auxilia na mudança de consciência e perspectiva sobre o lixo, que deixa de ser algo sem valor na comunidade escolar, e se tornar matéria-prima de novos produtos, que poderão ser utilizados na vida acadêmica, pois a escola tem papel fundamental e importante no processo de transmitir e influenciar na educação ambiental e social de sua clientela.

Uma das propostas de Educação Ambiental é construir no indivíduo e na coletividade uma conscientização na mudança de atitude que valorize a preservação do ambiente. Adotar a reciclagem mostra novos comportamentos diante do ambiente ao qual estão inseridos. Assim a reciclagem ensina a população a não desperdiçar, a ver o lixo como algo que pode ser útil e não como uma ameaça (SCARLATO; PONTIN, 1992).

Uma forma de contribuição e ampliação da prática da coleta seletiva é a implantação de trabalhos de Educação Ambiental nas escolas, pois os alunos conscientes de seu papel ambiental podem transmitir aos seus pais, irmãos, vizinhos, ou seja, todos os integrantes da comunidade.

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) a perspectiva ambiental consiste num modo de ver o mundo em que se valorizam as inter-relações e interdependência do homem com a natureza (BRASIL, 2001). Em termos a Educação Ambiental, nessa perspectiva contribui para evidenciar a necessidade de fortalecer atitudes corretas de relação com o meio ambiente ampliando a integração da escola com os processos que ocorrem na sociedade e apresenta uma nova dimensão a ser incorporada ao processo educacional, trazendo toda uma recente discussão sobre as questões ambientais e as consequentes transformações de conhecimentos, valores e atitudes diante de uma nova realidade a ser construída (GUIMARÃES, 1995).

A escola desempenha um papel importante na formação de cidadãos conscientes. Diante disso, veio à necessidade de por em prática um dos aspectos da Educação Ambiental que é a formação de cidadãos responsáveis pela instauração de uma sociedade consciente de seu papel ambiental de reduzir, reutilizar e reciclar o lixo. As atividades foram desenvolvidas na Escola Municipal Raio da Esperança tendo como público alvo os alunos da 8ª e 9ª ano do Ensino Fundamental da rede publica de ensino.

O meio ambiente depende da relação existente entre homem e natureza. Os seres humanos vivem em sociedade e, suas diferentes atividades, relacionam-se com o meio ambiente. Cada sociedade tem um modo próprio de deixar marcas no meio ambiente, que são o resultado de suas práticas econômicas, políticas e religiosas. E, dentro de cada sociedade, os diferentes grupos também têm suas particularidades nessa relação com o ambiente (VIANNA et al, 1992).

Segundo Knechtel (2001), o futuro é mais do que nunca um desafio, pois o modelo capitalista estimula o consumo crescente e irresponsável condenando a vida na terra a uma rápida destruição, se não houver a opção por um mundo sustentável.

Os rápidos avanços tecnológicos possibilitaram exploração dos bens naturais pondo em risco a sua existência, por isso é necessário saber mais sobre os limites da renovação de materiais descartados sem que sejam reaproveitados. E, devido aos efeitos negativos causados pelo modelo econômico capitalista, surgiram manifestações e movimentos que discutem sobre o perigo que humanidade corre ao afetar de forma tão violenta o seu meio ambiente (BRASIL, 2001).

Diante deste problema ambiental, a sociedade atual está sendo questionada, surgindo à necessidade de busca de novos valores e atitudes no relacionamento com o meio em que vivemos. Hoje, esta realidade está sendo questionada na Educação Ambiental formal com os PCNs (BRASIL, 2001), enfatizando a urgência da implantação de um trabalho de Educação Ambiental, que não deve se preocupar em transmitir conhecimentos científicos, mas sim em produzir conhecimentos a partir de experiências direta do dia-a-dia do aluno. A aprendizagem é mais efetiva quando o ensino está relacionado com a realidade do aluno.

A abordagem interdisciplinar da problemática ambiental impõe a contribuição conjunta de profissionais de diversos campos disciplinares. Essa perspectiva interdisciplinar defendida pelos educadores ambientais tem o objetivo de superar a fragmentação do conhecimento para a melhor compreensão globalizada do ambiente (GUIMARÃES, 1995).

As oficinas tiveram o objetivo de desenvolver uma postura crítica, consciente e atuante em relação às questões ambientais, priorizando ações de reciclagem e, em especial, reutilização de materiais. A realização de oficinas de reciclagem e reutilização do lixo é uma prática que permite a participação dos alunos em todo o processo de aproveitamento do lixo. Dessa forma, a aprendizagem é mais efetiva, pois o conhecimento é construído a partir de sua realidade (DIAS, 1994).

A escola é o elemento fundamental na constituição da cidadania, ou seja, deve voltar-se para os valores e os problemas da comunidade, e a partir desses valores construírem uma consciência crítica sobre a própria situação do local (ARAÚJO, 1997).

Segundo Bailão (2001), lixo é todo resíduo que não presta mais para ninguém: é sujeira, não cheira bem e não serve para nada além de poluir o meio ambiente e adoecer as pessoas, atraindo insetos e bichos. O lixo é uma questão local, pois cada cidade tem seu lixo com uma composição diferente. A questão dos resíduos é também cultural e, portanto, varia de acordo com cada forma de pensar e agir de cada comunidade.

A Educação Ambiental deve ser abordada com interdisciplinaridade, envolvendo todos a sua volta. A coleta seletiva tem importância fundamental, pois viabiliza e facilita a reciclagem. É importante falar que a prática da coleta seletiva só se torna possível com a participação da comunidade, que tem que estar consciente do seu papel ambiental de separar o lixo. A separação dos resíduos pode ocorrer tanto na fonte geradora (residência, escolas) quanto nas estações de coleta seletiva e reciclagem ou outros espaços (BAILÃO, 2001). Quanto mais limpo os resíduos, mais valiosos são, pois a indústria exige o material limpo e separado para que possa ser transformado novamente em algo útil. Por isso a grande importância de se buscar o material na sua fonte geradora: residências e empresas.

A coleta seletiva é o processo de separação e recolhimento dos resíduos del acordo com a sua constituição para a posterior reutilização ou reciclagem (BAILÃO, 2001). Neste contexto, surgiu a necessidade de ampliar a prática da reciclagem do lixo e principalmente da Educação Ambiental na escola vinculando o educando com os problemas da comunidade e com valores e atitudes voltados para a conservação do meio ambiente.

 

LOGÍSTICA REVERSA

 

A logística reversa tem por objetivo a gestão e a distribuição do material descartado tornando possível o retorno de recursos ou materiais constituintes ao ciclo produtivo agregando valor econômico, ecológico, legal e de localização ao negócio. Onde se foi regida pela a Lei Federal nº 12.305/2010 – Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS) regulamentada pelo Decreto Nº. 7.404, de 23 de dezembro de 2010 a qual dispõe sobre os princípios, objetivos e instrumentos, bem como sobre as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos, incluída os perigosos, às responsabilidades dos geradores e do poder público e aos instrumentos econômicos aplicáveis (BRASIL, 2010).

Segundo o inciso XII do artigo 3º da Lei 12.305/2010 conceitua a logística reversa como:

[...] instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada.

 

O artigo 30 da Lei 12.305/2010 informa que

 

[...] a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, a ser implementada de forma individualizada e encadeada, abrangendo os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, os consumidores e os titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos.

 

De acordo com o artigo 33 da Lei 12.305/2010 são obrigados a estruturar e implementar sistemas de logística reversa, mediante retorno dos produtos após o uso pelo consumidor, de forma independente do serviço público de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de:

I – agrotóxicos;

II - pilhas e baterias;

III - pneus;

IV - óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens;

V - lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista;

VI - produtos eletroeletrônicos e seus componentes.

§ 1º Na forma do disposto em regulamento ou em acordos setoriais e termos de compromisso firmados entre o poder público e o setor empresarial, os sistemas previstos no caput serão estendidos a produtos comercializados em embalagens plásticas, metálicas ou de vidro, e aos demais produtos e embalagens, considerando, prioritariamente, o grau e a extensão do impacto à saúde pública e ao meio ambiente dos resíduos gerados.

            A partir da oficina de puffs a escola também contribuiu com a reutilização e redução destes residos principalmente com pneus que tem um período de durabilidade prolongado.

 

GARRAFAS PET

 

As garrafas PET são de grande utilidade no setor comercial o PET é um dos plásticos mais questionados pelos movimentos ambientalistas, sendo considerado o grande “vilão” dos resíduos sólidos porque obstrui galerias, rios e córregos, prejudicando o sistema de drenagem das águas das chuvas e agravando as consequências de enchentes (DIAS; TEODOSIO, 2006).

O grande consumo de garrafas PET e a necessidade de reduzir cada vez mais vieram à vontade de promover nos ambientes escolares medidas que fossem capazes de diminuir os possíveis danos causados pelas mesmas utilizando-as em oficinas puffs.

O CEMPRE (2005) contabilizou que somente as regiões metropolitanas do Brasil com 15 milhões de domicílios e 50 milhões de pessoas, consumiram em 2004, 6 bilhões de embalagens PET. Para esta instituição, o correto equacionamento da logística reversa das embalagens é que vai viabilizar a reciclagem de diversos materiais, inclusive o PET. Como se sabe, a degradação do resíduo plástico abandonado é extremamente lenta, podendo levar décadas ou mesmo séculos (GORNI, 2004).

 

METODOLOGIA

 

A sociedade está apoiada em atividades industrializadas. Atividades estas que nos dão empregos, lucros e produtos que nos proporcionam muitas vezes, uma vida de certa forma confortável. Muito embora saibam que à medida que avançamos em termos de desenvolvimento tecnológico e científico, poluímos mais o ar, usamos mais energia, jogamos fora mais lixo e exploramos indiscriminadamente os recursos não renováveis. A metodologia adotada está de acordo com os pressupostos da pesquisa qualitativa e foi dividida em três etapas, inicialmente foram realizados levantamentos com livros do acervo particular de bibliotecas e sites acadêmicos disponibilizados na internet, foram utilizadas também artigos, teses, monografias e revistas para o uso do lixo como matéria prima para reciclagem, em seguida uma conversa com alunos a respeito do descarte e reutilização destes materiais, além da realização de oficinas de utilizando de materiais descartados e jogados no lixo.

A estratégia adotada para a realização deste trabalho foi de Educação Ambiental com oficinas de reciclagem que foram realizadas na Escola Municipal Raio da Esperança (Figura 1) localizada na Rua Bento Carvalho S/N Bairro de Flores pertencente à rede pública, tendo como público alvo os alunos da 8ª e 9ª ano totalizando 40 alunos do Ensino Fundamental.

Figura 1: Mapa do Brasil com a localização da Escola Municipal Raio da Esperança, Campo Maior, Piauí, Brasil (A); área externa e interna da escola (BC).

MAPAS E FOTOS PRANCHA..tif

Fonte: IBGE (2008) adaptado por Silva A.P.S.(2016).

As atividades na escola foram desenvolvidas no horário das aulas extraclasse. Onde foram realizadas as oficinas de reutilização de garrafas plásticas PET e de pneus para a confecção de puffs.

Durante as oficinas distribuídas em três momentos que foram chamados de etapas onde dois foram oficinas, os alunos aprenderam que os objetos descartados diariamente poderiam ser reutilizados e reciclados. Os alunos confeccionaram puffs, que serviram de decoração para a escola onde foram destinados à sala de educação especial, tornando o ambiente mais alegre e aconchegante. Com a oficina, os alunos poderão refazer os objetos a partir de garrafas pets e pneus velhos influenciando o uso de material reciclável.

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

 

A grande quantidade de resíduos sólidos que poderiam ser reaproveitados e reciclados é inutilizada na forma de lixo, implicando perda ambiental devido ao potencial poluidor desses resíduos que comprometem a qualidade do ar, do solo e das águas superficiais e subterrâneas (AZEVEDO, 1996). É oportuno ressalta que a palavra “lixo” refere-se a todo resíduo humano que não pode ser reciclado ou reutilizado, já resíduo sólido é o produto oriundo de atividades humanas que pode ser transformado e agregado novo valor de mercado (GRIMBERG; BLAUTH, 1998; MANDARINO, 2000; PEREIRA, 2009).

Promover a Educação ambiental aos participantes inseridos no ambiente escolar para possam transmitir e multiplicar e juntos sejamos possível restaurar os nossos bens naturais que estão acabando levantando e dissipando possíveis soluções ambientais foi de extrema importância. Mostrar que por meio de atividades simples como coleta seletiva, além de contribuir significativamente para a sustentabilidade, vem incorporando gradativamente um perfil de inclusão social e geração de renda para os setores mais carentes e excluídos do acesso aos mercados formais de trabalho (SINGER, 2002).

 

1ª Etapa

 

Discutir Educação Ambiental, ou seja, educar-se ambientalmente é um processo lento. Requer mudanças de hábitos, de pensamentos, de atitudes e de relações com os que estão ao nosso redor. Esse é o maior desafio com os jovens, pois muitos deles chegam imaturos à oficina e, às vezes, sem conhecimentos básicos de cuidados e de preservação à vida, de cuidados consigo mesmo e de cuidados com os ambientes onde estão inseridos. Essa falta de olhar para si e para aquilo ou aqueles que nos rodeiam é uma grande falha da educação.

Na primeira etapa foi realizada uma conversa com os alunos sobre a importância de materiais reutilizáveis e recicláveis (figura 2), onde foram apresentadas as propostas das oficinas e deixado um ponto de coleta com a finalidade de arrecadar materiais para a realização das mesmas.

Figura 2: Conversa com alunos do 8ª e 9ª ano do ensino fundamental (DE).

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Fonte: SILVA, S.S.F.

 

2ª Etapa Oficina de Pneu como prática de Educação Ambiental

 

Na segunda etapa foi realizada uma oficina de puffs de pneus, que foram arrecadados no bairro, em oficinas onde os mesmos seriam descartados, os materiais necessários são: 3 pneus usados,  12 faixas de 20 cm de largura por 2,20 cm de comprimento de tecido de lycra.

Primeiro passo para a confecção do puff: Estender a faixa por baixo do pneu. Em seguida torça a faixa e continue com ela por baixo repetindo o procedimento ate não sobrar mais tecido finalizando com nó. Use a segunda faixa de tecido pra cobrir o restante do pneu (da mesma forma que a faixa anterior) e finalize com o tecido dando nó na parte que vai ficar para baixo.

Figura 3: Oficina de produção de puffs reutilizando de pneus (FG).

PNEU.jpg

Fonte: SILVA, S.S.F.

 

3ª Etapa de Garrafa Pet como prática de Educação Ambiental

 

Na terceira etapa foi realizada a arrecadação das garrafas pet para a confecção dos puffs (Figura 4).

Figura 4: Oficina de puff reutilizando garrafas PET, seleção do material (H), união das garrafas (I), puff de PET (J).

PET.jpg

Fonte: SILVA, S.S.F.

Os alunos foram levados para a quadra da escola, onde em pequenos grupos, sob a orientação dos professores e estagiárias, se organizaram para separar as garrafas PET. Garrafas pet são necessárias e ao mesmo tempo indesejáveis. Elas são imprescindíveis para o armazenamento de bebidas, entretanto, depois de utilizadas se tornam um problema no meio ambiente. Pensando no conceito de sustentabilidade e colocando em prática um pouco de criatividade, vamos reutilizar as garrafas PET que temos em casa e que costumeiramente são jogados no lixo. Surgiu a necessidade de confeccionar puffs práticos e úteis com o mesmo material. Material necessário para quatro puffs: 128 garrafas PET (02 litros) limpas e secas; tesoura; Fita adesiva grossa; Cola ; papelão para encapar seu puffs e tecido para cobrir.

Como fazer os puffs de garrafas PET? Corte a parte superior da garrafa pet. Como a intenção é reutilizar tudo sem deixar resíduo no meio ambiente, a parte da tampa não será desprezada. Você vai encaixá-la dentro da garrafa com a tampa virada para baixo colocando a no fundo da garrafa. Depois disso feito, coloque uma garrafa inteira (sem corta a parte superior) como se fosse encaixar essa garrafa dentro da outra. Após o encaixe, passe a fita adesiva grossa para prender uma garrafa à outra. Repite esse passo com todas as garrafas. Depois agrupe todos formando um quadrado. A fita vai segurar as garrafas e manter o formato do “quadrado” firme, a fita adesiva grossa que dará estabilidade ao puff depois de pronto. A base do puff está pronta. Depois é só encapá-lo com tecido. Esses materiais são bem confortáveis para o uso além de muito bonitos. Também é possível variar no formato do puff.

            A partir das oficinas de confecção de puffs, com os alunos o reaproveitando garrafas PETs, Pneus, abrindo espaço para outros materiais que são possíveis reciclar e reutilizar. Com o hábito da coleta seletiva do lixo espera-se uma melhora na diminuição do acúmulo de lixo a ser despejado nos aterros sanitários e uma maior geração de renda através da comercialização dos recicláveis (PEREIRA NETO, 1999). Por meio das oficinas mostrou-se que reciclar, reutilizar e reduzir faz se necessário, pois por meio da Educação Ambiental é que o educador trabalha a integração ser humano e ambiente e  conscientiza de que o ser humano é natureza e não apenas parte dela.

Neste contexto, pôde-se inferir que a percepção ambiental do alunado sobre o lixo é, relativamente, similar e está relacionada ao que é inútil e que provoca danos à natureza. De acordo com MANDARINO (2000):

[...] o lixo está associado à noção da inutilidade de determinado objeto, diferentemente de resíduo, que permite pensar em nova utilização, quer como matéria-prima para a produção de outros bens de consumo, quer como composto orgânico para o solo.

Atualmente a natureza vem sendo muito degradada, desde as diversas práticas de poluições até os desperdícios de seus recursos. Por isso preservar a natureza significa contribuir com cada atitude que tomamos em nossa rotina pensando em não prejudicar mais ainda o meio ambiente. Precisamos conscientizar cada ser humano para que conheça o meio ambiente em que vive e crie vínculos emocionalmente positivos com a sobrevivência da Terra. Segundo Grippi (2001), a Educação Ambiental é uma peça fundamental para o sucesso de qualquer programa de coleta seletiva, pois é importante esclarecer ao cidadão do seu papel como gerador de lixo. Com a conscientização da comunidade do seu dever e separar o lixo, fica mais fácil executar um programa de coleta seletiva.

De acordo com Oliveira (1993), só defende o seu ambiente aquele que conhece, pois sabe da sua importância para o seu bem estar. O homem só valoriza aquilo que conhece e esse conhecimento se dá principalmente através da educação. Segundo Everelt (1975), “a educação é uma força social vital, pois um homem educado compreende o mundo suficientemente bem para enfrentá-lo racionalmente. E, se tais homens existissem em um número satisfatório, forçosamente equacionaria os absurdos do mundo moderno”.

Por meio dos resultados obtidos e da relação entre a prática e as leituras prévias do tema norteador do trabalho, reforçamos a necessidade de trabalhar mais o tema da educação ambiental na escola, pois entendemos que o conhecimento adquirido na escola, é transmitido pelos alunos aos amigos e familiares, disseminando a conscientização ambiental para a comunidade. Segundo Gadotti (2000), o processo educativo por ela desencadeado visa à formação de um cidadão cooperativo e ativo, contrariamente ao que vem sendo desenvolvido pelas pedagogias tradicionais, o que busca é a constituição de uma sociedade sustentável.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

A reciclagem é um conjunto de técnicas que tem por finalidade aproveitar os resíduos e reutilizá-los no ciclo de produção de que saíram ou em um ciclo de produção paralelo. É uma atividade pela qual, materiais que poderiam se tornar lixo, ou que já estão no lixo, são desviados, coletados, separados e tratados para serem usados como matéria-prima na manufatura de novos produtos. Como, para as empresas de reciclagens, esses materiais recuperados sempre têm um custo mais conveniente que o da matéria prima original, cabe à logística viabilizar economicamente o transporte e a armazenagem dos produtos, obtendo como efeito colateral benéfico uma diminuição dos danos ambientais. Vários são os desafios encontrados ações para a melhoria da qualidade de vida, muitos deles relaciona-se a mudanças de atitudes com o meio.

O processo de logística reversa revela-se como uma grande oportunidade de se desenvolver a sistematização dos fluxos de resíduos, recursos e produtos descartados, seja pelo fim de sua vida útil, seja por obsolescência tecnológica e o seu reaproveitamento, dentro ou fora da cadeia produtiva de origem, contribuindo dessa forma para redução do uso de bens naturais e dos demais impactos ambientais, isto é, o sistema logístico reverso consiste em uma ferramenta organizacional com o intuito de viabilizar técnica e economicamente as cadeias reversas, de forma a contribuir para a promoção da sustentabilidade de uma cadeia produtiva.

Como a grande parte do lixo das escolas é constituída por papéis e embalagens descartáveis, as escolas podem ajudar a diminuir o desperdício desses materiais reaproveitáveis, implantando a coleta seletiva. A escola sendo uma instituição voltada à produção do saber crítico deve agir no sentido de mobilizar os alunos em prol do meio ambiente, promovendo atividades que estimulem a sua criatividade como cartazes, peças de teatro e oficinas de reciclagem de lixo. Uma forma de contribuir com a implantação da coleta seletiva é implantação de trabalhos de Educação Ambiental nas escolas, pois os alunos conscientes de seu papel ambiental de diminuir, de reaproveitar e de reciclar o lixo podem ensinar a seus familiares, ou seja, a comunidade em geral.

Conclui-se que a sociedade atual é altamente consumista, causando danos ao meio ambiente, com isso a educação ambiental busca implantar a todos sobre os impactos ambientais que o planeta vem sofrendo. Na temática de reciclagem nas escolas, a educação ambiental visa desenvolver em seus alunos interesse em preservar e cuidar do meio em que vivem. As oficinas de garrafa PET são apenas uma das formas de incentivo aos educando em descobrir um dos resíduos por eles descartados. Transmitir ideias sobre preservação ambiental, reciclagem, poluição, cuidados com o planeta, respeito á vida, gentileza, educação e outros temas afins requer muita paciência e crenças pessoais fortalecidas. Tudo porque maioria de nos não tem a cultura e, consequentemente, o hábito de pensar sobre esses assuntos. E se há pensamentos não há questionamentos e não há pratica. Às vezes podemos ser atingido pelo desanimo. E esse nos engessa e nos faz questionar se de fato conseguiremos atingir alguém ou transformar atitudes.

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Ilustrações: Silvana Santos