Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
Início Cadastre-se! Procurar Área de autores Contato Apresentação(4) Normas de Publicação(1) Dicas e Curiosidades(7) Reflexão(3) Para Sensibilizar(1) Dinâmicas e Recursos Pedagógicos(6) Dúvidas(4) Entrevistas(4) Saber do Fazer(1) Culinária(1) Arte e Ambiente(1) Divulgação de Eventos(4) O que fazer para melhorar o meio ambiente(3) Sugestões bibliográficas(1) Educação(1) Você sabia que...(2) Reportagem(3) Educação e temas emergentes(1) Ações e projetos inspiradores(25) O Eco das Vozes(1) Do Linear ao Complexo(1) A Natureza Inspira(1) Notícias(21)   |  Números  
Dinâmicas e Recursos Pedagógicos
30/05/2017 (Nº 60) DINÂMICA DEBATE LÚDICO
Link permanente: http://revistaea.org/artigo.php?idartigo=2803 
  

DINÂMICA DEBATE LÚDICO

Berenice G. Adams

As atividades dinâmicas são importantes recursos didáticos que promovem aulas descontraídas e agradáveis, facilitando os processos de aprendizagem por tornarem-se significativos através de vivências e interação com o grupo. Não é por acaso que a seção de Dinâmicas da nossa revista é a mais acessada, pois os professores bem sabem o quanto elas são envolventes.

A Dinâmica Debate Lúdico foi elaborada especialmente para esta edição comemorativa de 15 anos, e pode ser replicada utilizando diferentes temas, e pode ser, também, adaptada usando a criatividade, então, esperamos que apreciem.

 

Observações: Esta dinâmica pode ser desenvolvida utilizando qualquer temática, mas aqui os exemplos são focado em temáticas ambientais.

 

Público: Crianças e adultos (crianças a partir do segundo ano – selecionar textos que sejam adequados as habilidades de interpretação das crianças).

 

Objetivo: Promover reflexão e debate sobre temas relevantes de forma lúdica.

 

Material necessário: 1 texto (conto, matéria, história), 5 folhas de papel e canetinhas.

 

Desenvolvimento da atividade:

 

1 – Selecionar previamente um texto, conto ou artigo, que possa ser dividido em 5 partes que serão numeradas, conforme a ordem do texto.

2 – Fazer a apresentação do objetivo da dinâmica e dividir a turma em 5 grupos.

3 – Distribuir uma parte do texto para cada grupo. O grupo lê entre si e depois o grupo elege um colega que será o leitor do grupo.

4 – Solicitar que cada representante do grupo faça a leitura da parte do texto, conforme a numeração, até que todo o texto seja lido.

5 – Cada grupo irá debater sobre a importância do texto, por cerca de 5/10 minutos.

6 - Após o debate, entregar uma folha para cada grupo, na qual deverão escrever duas palavras relacionadas ao tema debatido, porém, de forma que as sílabas estejam soltas e embaralhadas (e sem acentos para não ficar muito fácil de descobrir a palavra).

Por exemplo:

DES AR MA RE

TA VO TO MEN

(árvore – desmatamento)

As palavras não podem ter aparecido no texto, mas necessariamente precisam estar relacionadas a ele.

7 - Seguindo a sequência do texto, cada grupo vai à frente mostrar a folha com as sílabas embaralhadas, para a turma tentar descobrir as duas palavras que as sílabas compõem. Poderão ser descobertas com bastante rapidez ou com indicação de pistas. Desvendadas as duas palavras, o grupo explica porque as escolheu e, em seguida, vem o próximo grupo, até que todos tenham participado.

8 – Para finalizar, solicitar que cada um aponte o que considerou de mais importante sobre o assunto explorado e por quê. Após todos falarem a professora ou o professor faz um fechamento, concluindo a atividade.

 

Sugestões de textos para a atividade:

 

1 – História/Conto

 

 A Maior Flor do Mundo | José Saramago

 

Havia uma aldeia… e um menino.…

… Sai o menino pelos fundos do quintal, e, de árvore em árvore, como um pintassilgo, desce o rio e depois por ele abaixo…

Em certa altura, chegou ao limite das terras até onde se aventurara sozinho. Dali para diante começava o “planeta Marte”. Dali para diante, para o nosso menino, será só uma pergunta: «Vou ou não vou?» E foi.

O rio fazia um desvio grande, afastava-se, e de rio ele estava já um pouco farto, tanto que o via desde que nascera. Resolveu cortar a direito pelos campos, entre extensos olivais, ladeando misteriosas sebes cobertas de campainhas brancas, e outras vezes metendo pelos bosques de altas árvores onde havia clareiras macias sem rasto de gente ou bicho, e ao redor um silêncio que zumbia, e também um calor vegetal, um cheiro de caule fresco.

Ó que feliz ia o menino! Andou, andou, foram rareando as árvores, e agora havia uma charneca rasa, de mato ralo e seco, e no meio dela uma inclinada colina redonda como uma tigela voltada.

Deu-se o menino ao trabalho de subir a encosta, e quando chegou lá acima, que viu ele? Nem a sorte nem a morte, nem as tábuas do destino… Era só uma flor.

Mas tão caída, tão murcha, que o menino se achegou, de cansado. E como este menino era especial de história, achou que tinha de salvar a flor. Mas que é da água? Ali, no alto, nem pinga. Cá por baixo, só no rio, e esse que longe estava!…

Não importa.

Desce o menino a montanha, atravessa o mundo todo, chega ao grande rio, com as mãos recolhe quanta de água lá cabia, volta o mundo atravessar, pelo monte se arrasta, três gotas que lá chegaram, bebeu-as a flor com sede. Vinte vezes cá e lá…

Mas a flor aprumada já dava cheiro no ar, e como se fosse uma grande árvore deitava sombra no chão. O menino adormeceu debaixo da flor.

Passaram as horas, e os pais, como é costume nestes casos, começaram a afligir-se muito. Saiu toda a família e mais vizinhos à busca do menino perdido. E não o acharam. Correram tudo, já em lágrimas tantas, e era quase sol-pôr quando levantaram os olhos e viram ao longe uma flor enorme que ninguém se lembrava que estivesse ali.

Foram todos de carreira, subiram a colina e deram com o menino adormecido. Sobre ele, resguardando-o do fresco da tarde, estava uma grande pétala perfumada… Este menino foi levado para casa, rodeado de todo o respeito, como obra de milagre.

Quando depois passava pelas ruas, as pessoas diziam que ele saíra da aldeia para ir fazer uma coisa que era muito maior do que o seu tamanho e do que todos os tamanhos.

FIM

Fonte da história sugerida para a dinâmica: http://www.fabulasecontos.com/a-maior-flor-do-mundo-jose-saramago/

Esta história tem em vídeo que poderia ser apresentado após a atividade. Link para o vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=YUJ7cDSuS1U

 

2 – Matéria/Notícia

 

Uma ajuda dos urubus | João Paulo Rossini

 

No Peru, aves foram equipadas com câmeras e GPS para monitorar locais de despejo de lixo.

Para muitos de nós, os urubus sinalizam mau agouro ou – diz a tradição! – que vai chover no dia seguinte. Mas cientistas da Universidade Nacional Maior de San Marcos, no Peru, veem nesses animais possíveis aliados na fiscalização do despejo clandestino de lixo. Por isso, têm utilizado os urubus para localizar lixões na cidade de Lima, capital do país.

O projeto está baseado numa característica do comportamento dessas aves: para buscar alimento nas grandes cidades, elas costumam se aproximar de regiões onde há muito lixo acumulado. Essa foi uma forma de os urubus se adaptarem ao ambiente urbano, conta o biólogo Weber Novaes, da WGN Consultoria Ambiental. “Na natureza, os urubus se alimentam de matéria orgânica em decomposição, e o lixo que o ser humano produz acaba se tornando algo próximo disso em seu novo habitat”, justifica.

Outro fator importante para a escolha desses animais foi a grande distância percorrida em seus voos diários. “Sem bater asas, por se aproveitar das correntes de ar, o urubu pode voar até 200 quilômetros por dia e nem gasta muita energia”, afirma Weber. São os ajudantes de que os cientistas estavam precisando!

Os pesquisadores decidiram, então, equipar urubus-de-cabeça-preta (Coragyps atratus), comuns na região, com câmeras e aparelhos de GPS. Quando eles voam atrás de comida, os pesquisadores observam as imagens captadas pela câmera e usam o GPS para localizar o ponto da cidade onde existe acúmulo de lixo.

A campanha recebeu o nome de Gallinazo Avisa (que quer dizer “Urubu Avisa”, em espanhol) e tem como objetivo, além de localizar os lixões, conscientizar os moradores sobre como o despejo incorreto do lixo pode causar danos ambientais e à saúde da população.

No Brasil, segundo Weber, poucos pesquisadores estudam os urubus. Mas conhecer a fundo esses animais poderia ser muito útil! O cientista contou à CHC que entender melhor a movimentação das aves nas cidades poderia evitar uma série de acidentes nos aeroportos brasileiros.

Fonte do texto sugerido na dinâmica: http://chc.org.br/uma-ajuda-dos-urubus/

 

3 – Texto informativo

 

  História do Lixo | Universidade Federal de Minas Gerais

 

No início dos tempos, os primeiros homens eram nômades. Moravam em cavernas, sobreviviam da caça e pesca, vestiam-se de peles e formavam uma população minoritária sobre a terra. Quando a comida começava a ficar escassa, eles se mudavam para outra região e os seus "lixos", deixados sobre o meio ambiente, eram logo decompostos pela ação do tempo.

Na medida em que foi "civilizando-se" o homem passou a produzir peças para promover seu conforto: vasilhames de cerâmica, instrumentos para o plantio, roupas mais apropriadas. Começou também a desenvolver hábitos como construção de moradias, criação de animais, cultivo de alimentos, além de se fixar de forma permanente em um local. A produção de lixo consequentemente foi aumentando, mas ainda não havia se constituído em um problema mundial.

Naturalmente, esse desenvolvimento foi se acentuando com o passar dos anos. A população humana foi aumentando e, com o advento da revolução industrial - que possibilitou um salto na produção em série de bens de consumo - a problemática da geração e descarte de lixo teve um grande impulso. Porém, esse fato não causou nenhuma preocupação maior: o que estava em alta era o desenvolvimento e não suas conseqüências.

Entretanto, a partir da segunda metade do século XX iniciou-se uma reviravolta. A humanidade passou a preocupar-se com o planeta onde vive. Mas não foi por acaso: fatos como o buraco na camada de ozônio e o aquecimento global da Terra despertaram a população mundial sobre o que estava acontecendo com o meio ambiente. Nesse "despertar", a questão da geração e destinação final do lixo foi percebida mas, infelizmente, até hoje não vem sendo encarada com a urgência necessária.

O lado trágico dessa história é que o lixo é um indicador curioso de desenvolvimento de uma nação. Quanto mais pujante for a economia, mais sujeira o país irá produzir. É o sinal de que o país está crescendo, de que as pessoas estão consumindo mais. O problema está ganhando uma dimensão perigosa por causa da mudança no perfil do lixo. Na metade do século, a composição do lixo era predominantemente de matéria orgânica, de restos de comida. Com o avanço da tecnologia, materiais como plásticos, isopores, pilhas, baterias de celular e lâmpadas são presença cada vez mais constante na coleta. Há cinqüenta anos, os bebes utilizavam fraldas de pano, que não eram jogadas fora. Tomavam sopa feita em casa e bebiam leite mantido em garrafas reutilizáveis. Hoje, os bebês usam fralda descartáveis, tomam sopa em potinhos que são jogados fora e bebem leite embalado em tetrapak. Ao final de uma semana de vida, o lixo que eles produzem equivale, em volume, a quatro vezes o seu tamanho.

Um dos maiores problemas do lixo é que grande parte das pessoas pensa que basta jogar o lixo na lata e o problema da sujeira vai estar resolvido. Nada disso. O problema só começa aí.

Fonte do texto sugerido na dinâmica: https://www.ufmg.br/proex/geresol/lixohistoria.htm

 

Observações finais: Esta dinâmica também pode ser aplicada com poemas. Na medida em que for sendo utilizada e adaptada, vai se enriquecendo como recurso pedagógico. Caso queiram divulgar suas experiências da dinâmica aplicada, escrevam para bereadams@gmail.com, e no assunto escrevam: Aplicação da DINÂMICA DEBATE LÚDICO. Espero que tenham bom proveito, Bere Adams.

 

 

 

 

Ilustrações: Silvana Santos