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EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO AMBIENTE DE TRABALHO: EXPERIÊNCIA NA EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS
Carla Sueli Adams do Nascimento (carlaadams2011@hotmail.com) Graduanda do Curso Tecnólogo em Gestão Ambiental IERGS/UNIASSELVI
Maira Grasiela Kievel (makievel@gmail.com) Graduanda do Curso Tecnólogo em Gestão Ambiental IERGS/UNIASSELVI
Luciana Fofonka (lufofonka@yahoo.com.br) Professora Drª do Curso Tecnólogo em Gestão Ambiental IERGS/UNIASSELVI
RESUMO
A Educação Ambiental é um importante processo para a construção da consciência ambiental em qualquer ambiente de trabalho ou instituição de ensino. Assim o presente estudo tem como objetivo geral implementar a Educação Ambiental em uma unidade da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos localizada na cidade de Taquara, RS. E como objetivos específicos contextualizar historicamente no Brasil e no mundo a Educação Ambiental através de seus marcos históricos e das leis que a instituem e regulamentam, além de elencar seus princípios básicos. Busca também sensibilizar o quadro de funcionários através de palestras e oficinas a realizarem práticas que permeiam a Educação ambiental dentro e fora do âmbito de trabalho. Bem como sensibilizar os gestores da unidade a realizarem mudanças estruturais para um melhor aproveitamento hídrico e energético. Através de oficinas e palestras ministradas dentro desta unidade de correio mostra que com comprometimento e dedicação a Educação Ambiental em uma empresa ganha multiplicadores, trazendo melhorias ambientais, sociais e econômicas para comunidade onde a empresa está inserida. Palavras-chave: Educação Ambiental. Correio.
1 INTRODUÇÃO
O presente trabalho foi desenvolvido com o objetivo de implementar a Educação Ambiental em um Centro de Distribuição Domiciliária – CDD, da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – EBTC, localizado na cidade de Taquara no interior do estado do Rio Grande do Sul. Este trabalho procura formas de conscientizar gestores e funcionários sobre a abrangência da Educação Ambiental e através desta conscientização, estimular a implantação de práticas de Educação Ambiental dentro e fora do ambiente empresarial, bem como sugerir melhorias estruturais com a finalidade de reduzir o consumo ou consumir de forma eficiente recursos naturais como água e energia. Para alcançar os propósitos estabelecidos, foi realizada uma revisão sobre o tema, embasada em livros, artigos acadêmicos, bem como, a pesquisa em sítios na internet. Neste artigo desenvolvemos um trabalho de caráter prático, um projeto de Educação Ambiental voltado para o quadro de funcionários da EBTC, onde foram realizadas palestras e oficinas com funcionários da EBTC.
2 EDUCAÇÃO AMBIENTAL
A Educação Ambiental – EA, teve em sua trajetória marcos históricos que foram essenciais para sua concepção e para a construção de valores a serem seguidos por todas as gerações visando assegurar a sadia qualidade de vida, a sustentabilidade e a conservação do meio ambiente. Neste sentido, a Conferencia de Estocolmo realizada no ano de 1972 na capital da Suécia, Estocolmo foi um marco histórico muito importante, pois foi a primeira mobilização mundial a discutir a relação entre o homem e o meio ambiente e foi também nesta conferência que a Educação Ambiental teve sua temática inserida no princípio 19 da Conferência de Estocolmo de 1972, onde este estabelece: É indispensável um esforço para a educação em questões ambientais, dirigida tanto às gerações jovens como aos adultos e que preste a devida atenção ao setor da população menos privilegiado, para fundamentar as bases de uma opinião pública bem informada, e de uma conduta dos indivíduos, das empresas e das coletividades inspirada no sentido de sua responsabilidade sobre a proteção e melhoramento do meio ambiente em toda sua dimensão humana. Ao ser inserida na agenda internacional após a Conferência de Estocolmo a Educação Ambiental foi tema debatido e moldado internacionalmente em muitas reuniões, conferências, seminários e congressos, como a de Belgrado em 1975 de onde foram estabelecidas metas e princípios para Educação Ambiental que compõem a Carta de Belgrado. Duas décadas após a Conferência de Estocolmo, o Brasil teve no ano de 1999 seu marco histórico, ano em que foi aprovada a Lei 9.597 de 27 de abril de 1999 que dispõe sobre a Educação Ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências. Em seu Artigo 1º a Política Nacional de Educação Ambiental – Lei 9.597/99 elucida Educação Ambiental: Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.
A referida lei não está voltada apenas para atividades em âmbito escolar descritas em seu Artigo 2º, pois vai além e faz definições de incumbências que abrangem o poder público, instituições de educação, órgãos federais, meios de comunicação, empresas, instituições públicas e privadas e a sociedade como um todo, igualmente responsáveis pela Educação Ambiental, conforme descreve em seu Artigo 3º: Como parte do processo educativo mais amplo, todos têm direito à educação ambiental, incumbindo:
I - ao Poder Público, nos termos dos arts. 205 e 225 da Constituição Federal, definir políticas públicas que incorporem a dimensão ambiental, promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e o engajamento da sociedade na conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente; II - às instituições educativas, promover a educação ambiental de maneira integrada aos programas educacionais que desenvolvem; III - aos órgãos integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA, promover ações de educação ambiental integradas aos programas de conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente; IV - aos meios de comunicação de massa, colaborar de maneira ativa e permanente na disseminação de informações e práticas educativas sobre meio ambiente e incorporar a dimensão ambiental em sua programação; V - às empresas, entidades de classe, instituições públicas e privadas, promover programas destinados à capacitação dos trabalhadores, visando à melhoria e ao controle efetivo sobre o ambiente de trabalho, bem como sobre as repercussões do processo produtivo no meio ambiente; VI - à sociedade como um todo, manter atenção permanente à formação de valores, atitudes e habilidades que propiciem a atuação individual e coletiva voltada para a prevenção, a identificação e a solução de problemas ambientais.
Como foi descrito anteriormente, a Política Nacional de Educação Ambiental abrange todos os níveis de uma sociedade, fazendo com que todos participantes de uma sociedade sejam igualmente responsáveis pelos processos que permeiam a Educação Ambiental, deste modo, abrange o âmbito empresarial que é o foco deste trabalho.
2.1 A DEFINIÇÃO E APLICAÇÃO DO PROJETO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Analisando as definições de Educação Ambiental sugeridas pelos autores estudados, a descrição de E.A. feita por Mousinho (2003), presente no sítio do Ministério do Meio Ambiente – MMA é muito inspiradora:
Processo em que se busca despertar a preocupação individual e coletiva para a questão ambiental, garantindo o acesso à informação em linguagem adequada, contribuindo para o desenvolvimento de uma consciência crítica e estimulando o enfrentamento das questões ambientais e sociais. Desenvolve-se num contexto de complexidade, procurando trabalhar não apenas a mudança cultural, mas também a transformação social, assumindo a crise ambiental como uma questão ética e política.
Com essa consciência foi planejado o presente estudo através da construção do projeto de Educação Ambiental para a sensibilização do quadro de funcionário da unidade de correio em questão, com vídeos, slides, questionário, discussão sobre os conteúdos a serem abordados e prática através de oficinas. Esse processo é importante para que se possa ampliar os conhecimentos dos colaboradores da empresa de correio e telégrafos sobre as questões ambientais, fazendo com que cada um tenha uma visão crítica sobre a sua responsabilidade em relação ao meio ambiente - social, cultural, econômico e ambiental para que todos possam disseminar seus saberes com a família e comunidade sobre os princípios básicos da Educação Ambiental.
Cabe destacar que os princípios básicos da Educação Ambiental, segundo a professora Daiane Tavares (2014, p. 123), são definidos da seguinte forma:
• Considerar o meio ambiente em sua totalidade, ou seja, em seus aspectos naturais e nos criados pelos seres humanos, tecnológicos e sociais (econômico, político, técnico, histórico-cultural, moral e estético); • Construir um processo educativo contínuo e permanente, começando pelos primeiros anos de vida e continuando através de todas as fases de ensino formal e não formal; • Aplicar um enfoque interdisciplinar, aproveitando o conteúdo de cada disciplina de modo que se adquira uma perspectiva global e equilibrada; • Examinar as principais questões ambientais, do ponto de vista local, regional, nacional e internacional de modo que os educandos se identifiquem com as condições ambientais de outras regiões geográficas; • Trabalhar com o conhecimento contextual, com estudos do meio; • Concentrar-se nas situações ambientais atuais, mas levando em conta, a perspectiva histórica, resgatando os saberes e fazeres tradicionais; • Considerar, de maneira explicita, os aspectos ambientais nos planos de desenvolvimento e De crescimento; • Insistir no valor e na sua necessidade de cooperação local, nacional e global para prevenir e resolver os problemas ambientais; • Ajudar e descobrir os sintomas e as causas reais dos problemas ambientais; • Destacar a complexidade dos problemas ambientais e em consequência, a necessidade de desenvolver o senso crítico e as habilidades necessárias para resolver os problemas; • Utilizar diversos ambientes educativos e uma ampla gama de métodos para comunicar-se e adquirir conhecimento sobre o meio ambiente, estimulando o indivíduo a analisar e participar na resolução dos problemas ambientais da coletividade; • Estimular uma visão global abrangente/ holística) e crítica das questões ambientais.
Através da Educação Ambiental é possível que a sociedade se sinta parte do meio ambiente, reflita sobre suas ações no seu ambiente de trabalho, na sua casa, na comunidade em que vive. A sensibilização ambiental favorece a construção da responsabilidade ambiental, contribuindo para evitar a degradação do meio ambiente, não somente em relação a natureza, mas considerando o ambiente social, bem como promovendo o respeito para com o próximo.
Com essa expectativa foram elaboradas as oficinas e palestras do presente estudo de Educação Ambiental com as seguintes temáticas:
• Meio ambiente; • Reciclagem, separação e descarte correto do resíduo; • Economia de energia elétrica; • Ciclo hidrológico, visando poupar a água; • Recursos naturais; • Biodiversidade; • As causas e consequências do desmatamento (como o efeito estufa); • Vetores de doenças (insetos e animais); • Solo e cuidados do solo; • Poluição atmosférica.
2.2 ESTRUTURA FÍSICA DA EBTC E ALTERAÇÕES SUGERIDAS
A unidade do CDD Taquara, conta com dezoito funcionários, sendo dois destes gestores, responsáveis pelo funcionamento da unidade. O prédio onde está instalada a unidade é locado e conta com uma área de construída de 655,90 m² e uma área para estacionamento e para carga e descarga de caminhões de 462,00 m². Neste projeto de Educação Ambiental além das palestras e oficinas, serão apresentadas sugestões para futura implantação de sistemas sustentáveis na estrutura predial da empresa, tais como:
• Substituir o sistema hidráulico visando o reaproveitamento da água da chuva, para usar nos banheiros, jardins... • Substituir o material que é usado no dia a dia da empresa, por outros materiais que não agridam o meio ambiente. Exemplo, substituir arquivos de papel por pen drives. • Reciclagem de todo o material que vai para o descarte e que possa ser reaproveitado. • Substituir os copos descartáveis por garrafas de plásticos reutilizáveis ou copos plásticos reutilizáveis; • Plantar árvores e outras plantas para que o ambiente de trabalho fique mais arejado e fresco (tem espaço no terreno da unidade); • Substituir o sistema de energia convencional para outra mais sustentável. Exemplo: eólica ou solar.
A fim de ilustrar nossas sugestões de melhorias sustentáveis segue uma planta detalhada do projeto (Figura 1):
Legenda: A= Garagem: Neste local foi sugerido a troca de luminárias de lâmpadas florescentes por lâmpadas de Light Emitting Diode - LED; B= Banheiros: Neste local foi sugerida a troca das torneiras convencionais por torneiras sustentáveis. Para a secagem das mãos fui sugerido um secador de mãos elétrico e nos vasos sanitários foi sugerida descarga dupla; C= Sala de jogos: Neste local foi sugerida a implantação da sala de aula para educação ambiental. D= Cozinha: Neste local foi sugerida a troca das torneiras convencionais por torneiras sustentáveis e utilização de lixeiras para resíduo orgânico, seco e não recicláveis. No telhado foi sugerido telhado verde e colocação de placas fotovoltaicas para serem usadas como energia. E= setor de triagem de cartas. Neste local foi sugerida a troca de luminárias florescentes por lâmpadas de Light Emitting Diode = LED. F= Sala de encomendas G= Sala de registrados H= Sala de triagem registrados I = Sala da chefia J= Sala da chefia K= Almoxarifado L= Sala técnica M= Sala de materiais de limpeza N= Pátio: Neste local foi implantada a horta, composteira e jardim O= Entrada de clientes P= Entrada - acesso para cadeirantes; Q= Descarga / Plataforma; R= Entrada para carros com acesso a rampa de cadeirantes;
Nas salas de encomendas, de registrados, de triagem de registrados, da chefia, limpeza e técnica, também foi sugerido a troca de lâmpadas florescentes por lâmpadas de LED. Em todo prédio foi sugerida a implantação de sensores de presença, exceto nas salas de chefia e triagem de registrados.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Durante o processo de aplicação do projeto de Educação Ambiental na unidade da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, percebemos que existe o interesse e curiosidade por parte dos funcionários, bem como dos gestores sobre os temas que permeiam a Educação Ambiental. Após o primeiro contato com os temas ministrados, foi observada uma sensibilização e interesse dos ouvintes que apesar do pouco tempo destinado para a abordagem dos temas, fizeram questionamentos sobre assuntos relacionados com a Educação Ambiental e com as questões ambientais. Após as palestras e oficinas, foram percebidas mudanças no comportamento dos funcionários em relação ao descarte e separação de resíduos, o que resultou em uma horta onde foram cultivadas plantas medicinais, frutíferas, temperos e parreiras com diferentes variedades de uva. A adoção do uso de copos plásticos não descartáveis e garrafas de água foi outra mudança realizada no cotidiano dos funcionários. Concluímos que as leis ambientais existentes são necessárias para que a Educação Ambiental seja inserida em todas as esferas que compões a sociedade, porém, mais importante que leis é o comprometimento e empenho por parte dos gestores, pois, quando a Educação Ambiental é bem trabalhada possibilita sensibilização e construção da consciência ambiental que reflete em uma maior preocupação da sociedade com o futuro do planeta.
REFERÊNCIAS
MOUSINHO, Conceito Educação Ambiental. Disponível em:
MMA. Conferência de Estocolmo. Disponível em:
PLANALTO. Artigo 3º da Lei 9.597 de 27 de abril de 1999. Disponível em:
TAVARES, Daiane. Princípios Básicos da Educação. Apostila, 2014. p. 123. |