Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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05/03/2018 (Nº 63) PRESERVAÇÃO AMBIENTAL: CONHECER E ENTENDER PARA PRESERVAR A ÁGUA
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PRESERVAÇÃO AMBIENTAL: CONHECER E ENTENDER PARA PRESERVAR A ÁGUA

Marcos Antônio Pereira

Graduado em Geografia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Colatina/ES e Pedagogia pelo Instituto de Educação e Tecnologias, Salvador/BA. Atualmente é Gestor de Ensino na Secretária de Municipal de Colatina – ES. Email: marcospcolatina@gmail.com.


Wesley Alves Silva

Graduado em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual de Montes Claros - MG, mestre em Botânica pela UFV - MG. Atualmente professor na Faculdade São Gabriel da Palha - ES. Email: wesleyalvesbiologo@gmail.com.


MÁRCIO CORRÊA DA SILVA

Graduado e Mestre em Química pela UFES - ES, atualmente professor da FAESA e do IFES, Campus Vitória. Email: mcsilva200@hotmail.com.


CINTHIA RONCONI FORRECHI

Graduada em Pedagogia pela Faculdade Capixaba de Nova Venécia - Multivix, mestranda em Ensino na Educação Básica  pela UFES - ES. Atualmente professora da Faculdade São Gabriel da Palha – ES/ FASG. Email: cinthiaronconi@hotmail.com.


Resumo

Este trabalho foi realizado em uma escola municipal, localizada na cidade de São Gabriel da Palha, na região Noroeste do estado do Espírito Santo. Os instrumentos utilizados na pesquisa foram: palestra de conscientização e debates; textos; desenhos e paródias e questionário. Com a exploração da palestra os alunos passaram a relatar suas experiências com a água, ou com a ausência dela, para que eles mesmos equacionassem as primeiras conclusões. Os desenhos, textos e as paródias foram excelentes ferramentas para fornecer informações sobre a percepção ambiental e ecológica e os valores de cada aluno. Percebeu-se através da análise dos dados, que é não somente possível, mas imprescindível que a escola faça dessa uma prática corrente.

Palavras-chave: Educação Ambiental; Escola; Água.

Abstract

This work was carried out in a municipal school, located in the city of São Gabriel da Palha, in the Northwest region of Espírito Santo state. The instruments used in the research were: awareness lecture and debates; texts; drawings and parodies and questionnaire. With the exploration of the lecture, the students began to relate their experiences with water, or with the absence of water, so that they themselves could draw the first conclusions. The drawings, texts and parodies were excellent tools to provide information about the environmental and ecological perception and the values ​​of each student. It was perceived through the analysis of data, which is not only possible, but essential that the school make this a current practice.

Key-words: Environmental Education; School; Water.

  1. Introdução

Percebe-se que existe na sociedade brasileira e mundial atual a necessidade de um debate cultural e político sobre o meio ambiente. Esse debate tem sido constante, e cada vez mais se é cobrado uma consciência maior sobre o meio ambiente do cidadão. Como é o instrumento mais usado nesse contexto, cabe à escola, cumprir seu papel social na divulgação e elaboração do conhecimento científico do meio ambiente. Compreender o meio ambiente e desenvolver a sustentabilidade do ser humano é, portanto, uma das premissas do estudo da química nos dias atuais. Cabe, além disso, a formação de sujeitos críticos e conscientes, competentes na interação do conhecimento científico com os outros saberes existentes na escola.

O meio ambiente oferece aos seres vivos as condições essenciais para a sua sobrevivência e evolução. A sociedade humana não se sustenta sem água potável, ar puro, solo fértil, combustíveis renováveis e sem um clima ameno. Não há economia sem um ambiente estável (DIAS, 2004).

Felizmente, esse assunto tem sido alvo de discussões no que se refere à necessidade da sua preservação. Atualmente, muitas análises e pesquisas estão sendo desenvolvidas nesta área, já que o ser humano depende profundamente do meio ambiente. Com isso, esse tema apresenta-se como um excelente propiciador da conexão entre a vida cotidiana e a vida escolar dos alunos.

Assim, Guimarães e Vasconcellos (2006, p. 153) enfatizam que,


Destaca-se a função social da educação e da ciência, e em particular suas interfaces, a educação em ciências em interlocução com os pressupostos da educação ambiental crítica, que podem oferecer uma grande contribuição recíproca na construção da sustentabilidade socioambiental. Pois para discutir e se engajar como cidadão no enfrentamento dos problemas socioambientais, a população precisa estar cientificamente alfabetizada, politicamente consciente e engajada.


Desta forma, torna-se necessário transcender a prática habitual, mudar o paradigma, construir um saber diferenciado, através de meios paralelos no ambiente escolar, com intuito de aumentar a compreensão da ciência e do saber científico para a sociedade. Krasilchik e Marandino (2004, p. 10) acrescentam a isso:


A preocupação em aproximar a relação entre ciência, tecnologia e sociedade não se restringiu à escola e ao currículo formal. Identificamos traços desta tendência nas diversas ações de divulgação, nos museus e nos centros de ciências e em revistas e outras publicações destinadas ao grande público, representando um amplo movimento de alfabetização científica que problematiza os impactos da ciência e promove a participação efetiva da população na tomada de decisões sobre assuntos dessa natureza.


    1. Educação Ambiental


A história de uma educação ambiental começa em meados dos anos 70 quando então se começa uma discussão sobre a problemática ambiental mundial. O primeiro marco é a Conferência Mundial do Meio Ambiente e Desenvolvimento, ocorrida em Estocolmo, 1972 e a Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental feita em Tbilisi, Geórgia (ex-URSS), em 1977 (SAITO, 2002).

A Constituição Federal de 1988, expressa em seu artigo 225, que é necessário “promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente”; através da Lei Federal 9795/99, que instituiu a Política Nacional de Educação Ambiental, que descreve que cabe às instituições educativas “promover a educação ambiental de maneira integrada aos programas educacionais que desenvolvem” (BRASIL, 1999) sendo também postulada pelos PCN (BRASIL, 1997, 1999) como fator imprescindível do processo educacional.

Saito (2002, p. 47) acrescenta que:


A educação ambiental no Brasil, após anos de luta dos ambientalistas, começou a ter um certo reconhecimento no cenário nacional na década de 90, cujo ápice foi a promulgação da Lei 9.795, em 27 de abril de 1999, instituindo a Política Nacional de Educação Ambiental. Isso não significa, no entanto, a sua consolidação ou a assunção de sua centralidade; apenas trata-se do seu reconhecimento político, Menos ainda há consenso sobre sua compreensão, natureza ou principio.


Como Saito (2002) argumenta acima, é imprescindível que a escola enquanto instrumento de conhecimento do aluno, possa colocar esse ensino ambiental na prática. Nesse sentido, faz-se imprescindível à escola proporcionar ao aluno, em suas matérias temas relacionados ao meio ambiente, integrando as disciplinas do currículo escolar trabalhando de maneira interdisciplinar, conforme requerido pelos PCN’s. Trazer o conhecimento das ações antrópicas ou naturais, e do uso e implicações ambientais, sociais e econômicas é, portanto, necessário, e para isso a química é um dos melhores meios para se alcançar esse objetivo. Uma vez que através do tema gerador Meio ambiente, é possível não somente o acesso ao conhecimento científico, como também a introdução de novas práticas na formação da cidadania, e na promoção de um espírito crítico e a inserção do indivíduo na sociedade.

Leff (2001, p. 115) demonstra que:


As experiências dos últimos vinte anos puseram a descoberto os obstáculos institucionais e os interesses disciplinares que dificultam o avanço da formação ambiental. As resistências teóricas e pedagógicas fizeram com que muitos programas que surgiram com uma pretensão interdisciplinar fracassassem perante a dificuldade de integrar os paradigmas atuais de conhecimento.


Percebe-se desta forma que nesse sentido a interdisciplinaridade ambiental não pode ser simplesmente o somatório de disciplinas, nem tampouco a articulação dessas. Não pode também ser utilizado como um jogo fora do contexto de paradigmas usados pelas ciências. Leff (2001, p. 115) acrescenta a isso:


A educação ambiental requer a construção de novos objetos interdisciplinares de estudo através da problematização dos paradigmas dominantes da formação dos docentes e da incorporação do saber ambiental emergente em novos programas curriculares.


O tema gerador meio ambiente é atual e certamente enfatizado em muitos trabalhos científicos nos últimos anos, nesse contexto, os documentos oficiais para o ensino médio (BRASIL, 1999; 2002; 2006) demonstram haver necessidade de um ensino contextualizado, em que se leve em conta a utilização de exemplos do cotidiano dos estudantes, fazendo nesse sentido, uma contextualização permanente dos currículos escolares através da elaboração de currículos ambientalizados, que se preocupem com a inclusão de problemas do meio em que a escola se insere, indo de uma micro para macro visão do tema, rompendo com a lógica disciplinar conforme demonstram (MORAES e MANCUSO, 2004).

1.2. Água


Água, esse líquido que é imprescindível para a sobrevivência do ser humano e um dos elementos mais abundantes no planeta terra são um dos melhores temas para ser utilizado como tema gerador no ensino de química. Principalmente porque apesar de ser um recurso abundante no planeta, água potável não é tão abundante como se pensa. Assim, analisar o seu uso, desperdício e qualidade são recursos excelentes para serem utilizados no processo de ensino de conhecimentos químicos. Sem dúvida nenhuma, a água é a substância mais importante para vida, sendo essencial para a sobrevivência de plantas, animais e todos os seres vivos. É justamente por sua importância que cabe à sociedade, escola e estado a preocupação quanto à sua poluição, desperdício e qualidade.

A água é primordial para o ser vivo, sendo necessidade básica para o homem. Num clima moderado uma pessoa precisa de no mínimo 2,5 litros de água por dia. Num clima desértico, pode aguentar poucos dias sem água nenhuma, desde que permaneça em repouso. É justamente por isso, a imensa importância da preservação da água potável, que já é tão pouca e tão mal distribuída.

Nesse sentido, o Brasil é um dos países mais abençoados, pois além de possuir muitos rios, incluindo o rio Amazonas, ainda possui uma boa quantidade de reserva subterrânea. Mas essa riqueza que o meio ambiente proporciona, se perde com o mal aproveitamento da gestão dos recursos hídricos, impactados em sua maior parte por atividades antrópicas. As cidades degradam os recursos hídricos, através de desmatamentos e poluição de seus rios. Sem condições sanitárias básicas, muitas cidades jogam seus dejetos nos rios, poluindo-os. A região norte, é onde existe a maior quantidade de água, mas essa não é aproveitada corretamente. O nordeste e sua já tradicional seca, sofre muito com a falta de maiores recursos hídricos.

Dessa maneira é imprescindível a monitoração da qualidade da água, uma vez que no Brasil não existe 100% de saneamento básico, e muitas vezes a água vem de fontes alternativas e não tratadas física ou quimicamente. O consumo de água contaminada e a falta de saneamento básico é uma das principais fontes de morte infantil no mundo. Percebe-se nesse sentido, que a qualidade da água é tão ou mais importante do que a já diminuta quantidade de água potável no mundo.

Segundo Zampieron e Vieira (2007) a água tem diversos usos, como para beber, tomar banho, lavar roupas e utensílios e alimentação dos humanos e animais, além de ser utilizada nas indústrias e plantações. Uma vez que a poluição e contaminação presentes na água podem ser prejudiciais não somente ao homem, mas também aos animais e ao meio ambiente.

É justamente por isso, que a água é um dos temas ambientais mais recorrentes, e das quais o ser humano e a escola mais podem tornar produtivo e inovador. Faz-se necessário ao ser humano aprender e desenvolver técnicas de conservação da qualidade e da quantidade das águas doces existentes, uma vez que o recurso além de ser menor do que o imaginado ainda corre grandes riscos de contaminação. Sendo imprescindível ao ser humano, aos animais e à agricultura, não é possível viver sem água potável, fazendo dessa maneira uma prioridade ao tema.

Logo, este estudo, apresenta como objetivo envolver o tema água, afim de que os alunos desenvolvam uma visão crítica e integrada dos fatores naturais e da intervenção humana nos processos naturais. Desta forma, despertando valores e ideias de preservação da natureza, senso de responsabilidade para com as gerações futuras.


2. Metodologia


2.1.Sujeitos e os locais da pesquisa


Este trabalho foi realizado em uma Escola Municipal de Ensino Fundamental do município de São Gabriel da Palha, localizada na região Noroeste do estado do Espírito Santo, envolvendo uma turma de 28 alunos cursando o sexto ano. Optou-se por realizar este trabalho no ambiente escolar, pois este é um local de discussão e reflexão dos temas polêmicos que vigoram na sociedade, sendo assim um espaço enriquecedor para o estudo da Educação Ambiental e sua implicação com o currículo escolar.

2.2. Procedimentos para coleta e registro dos dados

Os instrumentos utilizados na pesquisa foram: palestra de conscientização e debates; textos; desenhos e paródias e questionário.

A abordagem do tema foi feita através de uma palestra voltada a importância da água e o seu uso correto, além das formas de economizar, entre outros, ainda um documentário foi apresentado aos alunos. Posteriormente, Os alunos fizeram uma produção de texto e ilustrações, conscientizando sobre a importância da água na vida de todos os seres vivos.

Para o desenvolvimento da atividade da construção das paródias os alunos foram divididos em grupos. Após o conhecimento do conteúdo em questão os alunos foram incentivados a produzir paródias, iniciadas com a escrita das letras de músicas solicitadas pelo professor, trabalhando a métrica associada ao estímulo musical.

Após todas as atividades proposta, foi aplicado um questionário para os alunos no intuito de contribuir com algumas generalizações à respeito do tema. As análises dos dados obtidos foram realizadas utilizando o programa Microsoft EXCEL 2010, usando estatística descritiva.


3. Resultados e discussão

3.1. Apresentação do tema Água


Uma palestra foi ministrada com o auxílio de computador e multimídia, durante a qual foram discutidas as utilidades, formas de preservação, questões sociais, ambientais e econômicas que envolvem o assunto.

Uma vez que a água era o tema da palestra, uma preocupação maior pairou sobre o seu manejo. Questões como escassez e consumo entraram em pauta e o debate tomou um novo rumo. Nasceu à ideia de montar um projeto de conscientização em relação ao consumo e manejo da mesma, caindo por terra à escolha anteriormente pensada; ensinar soluções usando a água como tema gerador. Assim, essa ideia foi colocada em prática. Os alunos passaram a relatar suas experiências com a água, ou com a ausência dela, para que eles mesmos equacionassem as primeiras conclusões;


3.2. Ações desenvolvidas com alunos


Neste momento, a preocupação girava em torno de: munir-se de conhecimento prévio para conscientizar o público de que a água, como um recurso natural limitado, está severamente ameaçada em qualidade e quantidade; estimular estudos ambientais decorrentes de atividades que interfiram em seu ciclo; mostrar que ela é um dos principais elementos que possibilitam a existência de vida no planeta; e esclarecer a importância do manejo sustentável da água, com a diminuição do desperdício e controle da poluição.

Com a realização da palestra, foi observado que os alunos interessaram-se pelo tema e fizeram vários questionamentos, implicando assim, na necessidade de possibilitar a busca por mais conhecimentos a respeito do assunto. Com isso, a fim de aprofundar os conhecimentos adquiridos acerca do tema por meio da palestra e incentivar o hábito de pesquisa.

As realizações das atividades possibilitaram aos alunos a sistematização de seus conhecimentos por meio das habilidades de observação, de experimentação e comparação. A primeira atividade desenvolvida foi realizada individualmente, a proposta foi que cada aluno escrevesse um texto sobre o tema água (Figura 1).


Figura 1: Alguns exemplos de textos selecionados desenvolvidos pelos discentes.


ÁGUA O BEM PRECIOSO


A água é muito importante para os seres humanos, animais e vegetais. Pois a água é a fonte de vida do planeta. Estamos tão acostumados a ter água com abundância que só sentimos a importância dela quando ela nos faz falta.

A falta d´água é cada vez mais frequente, pois nós seres humanos não temos o hábito de preservar a natureza. Muitos agricultores usam a água de maneira incorreta, desmatando as encostas, aplicando veneno nas plantações perto das nascentes. Já na zona urbana temos o péssimo costume de jogar lixo nos córregos e também no esgoto sem tratar.

Se não começamos a mudar a nossa maneira de utilizar a água, o planeta sofrerá grandes consequências. Portanto, temos que cuidar desse bem tão importante para a sobrevivência da vida.

Por isso, começamos já mudar o rumo dessa história. “Água se não preservar, vai acabar.”

O NOSSO FUTURO SEM A ÁGUA


A água é muito importante para o nosso planeta. Sem ela nós não viveríamos. Mas, aos poucos ela está se tornando escassa por causa da ação do homem que desperdiça sem pensar.

A água pode ser usada de várias maneiras pelo homem como: beber, cozinhar, lavar, limpar e outras utilidades.

Se o ser humano ficar desperdiçando água como: lavando o carro com a mangueira ligada o tempo todo, ou então lavando calçada nos seres vivos não vamos ter água no futuro. Por isto, devemos cuidar melhor da nossa água.

Portanto, vamos todos economizar, sem a água não existirá vida.


Além das palestras e debates teóricos e textos cada aluno confeccionou um desenho com o tema em questão (Figura 2). Edith Derdyk (2003) enfatiza um entendimento do ato de desenhar como atividade inteligente, sensível, reclama a sua autonomia e sua capacidade de abrangência como meio de comunicação, expressão e conhecimento, possui natureza aberta e processual.


Figura 2: Desenhos confeccionados pelos discentes para a atividade proposta sobre a água.


Os desenhos são uma excelente ferramenta para fornecer informações sobre a percepção ambiental e ecológica e os valores de uma determinada comunidade ou grupo, independente do objetivo do estudo ou do referencial teórico (PILLAR, 1996). Desta forma, o desenho constitui uma expressão da visão de mundo que cada criança possui, pois através do desenho a criança desenvolve suas potencialidades manifestando suas reflexões.

Na construção da paródia os alunos tiveram que associar a temática em questão com as letras de músicas populares e conhecidas, ou seja, que fazem parte do cotidiano dos mesmos. Após os alunos terminarem toda a parte escrita da paródia, os mesmos reproduziram a música original e a paródia feita por eles (Figura 3). Sendo assim, pode-se aproveitar da facilidade com que a música é assimilada pelas pessoas, e fazer uso desse recurso, associando-o com o conteúdo disciplinar, de forma prazerosa (BARROS, ZANELLA, ARAÚJO-JORGE, 2013).






Figura 3: Exemplo de uma paródia desenvolvida pelos discentes.


Paródia da música Show das poderosas (Anitta)


A água é um recurso natural

Q que devemos preservar

Consciência no uso dela

Podem ajudar usar o necessário

E não desperdiçar para que ela

Nunca possa acabar.

A água


A água devemos usá-la

Com precaução ela é muito importante

Preste atenção o jeito de mantê-la é com dedicação

Economizar é a saída para a população.

Vai!


Preserve a água que está acabando

Rios e lagos já estão secando

E o nosso planeta está precisando

Preservar é uma arte

Faça logo a sua parte.


Preserve a água que está acabando

Rios e lagos já estão secando

E o nosso planeta está precisando

Preservar é uma arte

Faça logo a sua parte.





3.3. Apresentação dos dados


A figura 5 revela que na opinião de quem deve preservar água, 93% dos entrevistados responderam que é o dever de todos, enquanto, 7% relata que é obrigação da população. Apesar de ser um bem público, a água vem se tornando pouco a pouco um recurso escasso que precisa ser cuidado com muito discernimento (NETO, 2006).

Devido ao crescimento constante da população mundial, tem se aumentado também a demanda por alimentos, e consequentemente o uso de recursos hídricos para a produção destes alimentos, seja de origem vegetal ou animal, bem como nas indústrias e no próprio consumo humano (TUNDISI, 2003). Desta forma, muitas pessoas não dão muita importância para o consumo consciente de água, porque acham que ela é um recurso inesgotável.



Figura 5: Respostas dos discentes sobre a opinião de quem deve preservar Água.

Fonte: Autores (2017).


Os alunos foram questionados, em relação ao consumo de água em sua residência (Tabela 1). Dos entrevistados 42,86% afirmaram que não faz aproveitamento da água da chuva. 75% responderam que faz usar da mangueira para lavar carro, bicicleta ou moto para evitar o desperdício da água, enquanto, 60,71% utiliza a mangueira para limpar pisos e calçadas. Quando questionamos aos discentes se fecham a torneira enquanto escova os dentes, 89,29% disseram que faz este uso. Por outro lado, 78,57% não faz o uso de reaproveitar a água do chuveiro e dos lavatórios, mas 67,86% reaproveita a água da máquina de lavar. Por fim, 71,43% faz o uso dos banhos rápidos.

A água é um recurso indispensável para a manutenção da vida em nosso planeta, possuindo múltiplos usos disponíveis, como abastecimento doméstico e industrial, de áreas agrícolas e urbanas, entre outros (CAETANO, 2013). Desta forma, é evidente que necessitamos rever conceitos relacionados aos sistemas atuais, e passar a perceber o homem não como centro ou dono da natureza, mas sim como parte dela (REIS, LIMA & SILVA, 2012).



Tabela 1: Respostas dos entrevistados em relação ao consumo de água em sua residência.


PROPOSTAS

FAZ

NÃO FAZ

Aproveitar a água de chuva

12

16

Evitar usar mangueira para lavar carro, bicicleta ou moto

21

7

Evitar usar mangueira para limpar pisos e calçadas

17

11

Fechar a torneira enquanto escova os dentes

25

3

Reaproveitar a água do chuveiro e dos lavatórios

6

22

Reaproveitar a água da máquina de lavar

19

9

Tomar banhos rápidos

20

8

Fonte: Autores (2017).


Procurou-se com intuito de sensibilizar os alunos acerca da importância da água para a vida dos seres humanos, pois, embora se verifique, em relação a esse assunto, uma maior sensibilização nas últimas décadas, as manifestações ainda envolvem grupos sociais específicos, quando toda a sociedade tem o dever de contribuir para um uso mais racional desse bem. Partindo das análises dos questionários, colocamos uma questão, discursiva, na qual perguntamos a importância da água na vida de cada aluno. De forma sucinta e clara, todos relataram benefícios da água, conforme, por exemplo:


Aluno 1: “[...] Água é vida [...].”

Aluno 2: “[...] A água é muito essencial na nossa vida, sem ela nos morreríamos. Ela é muito útil[...].”

Aluno 3: “[...] É muito importante porque sem água ninguém vive e também precisamos dela para lavar os alimentos e irrigar as plantas[...].”

Aluno 4: “[...] A água é muito importante para o sustento[...].”

Aluno 5: “[...] Precisamos dela para cozinhar, lavar, beber e se não economizar vai acabar[...].”

Aluno 6: “[...] A água é importante, pois sem ela a gente pode ter doenças. Ela é importante para nossos benefícios[...].”


O processo de sensibilização para a conservação natural e para o desenvolvimento de ações ambientalmente corretas deve se iniciar na sala de aula, e se expandir para além deste âmbito, fazendo com que o aluno tenha um comportamento ecológico correto não só na escola, mas em todos os ambientes envolvidos em seu cotidiano (CAETANO, 2013). Cada vez que a densidade populacional aumenta, aumenta ainda mais as exigências e explorações sobre os ambientes, pois o homem não consegue criar fontes que satisfazem suas necessidades, então ele impõe uma pressão cada vez maior sobre os recursos naturais. (IAPH, 1995).

4. Conclusões


Com o desenvolvimento do trabalho, foi possível concluir que o tema discutido nas atividades propostas possibilitou aos alunos o exercício de sua capacidade de participação, pois foi observada uma interação entre suas próprias concepções a respeito da temática e os novos saberes que iam sendo construídos em conjunto com o proponente desse trabalho.

Com isso, foi possível observar que a formação integral dos sujeitos, possibilita uma preparação não somente para o mundo do trabalho, mas também e acima de tudo, para uma atuação crítica e consciente nas principais questões que envolvem a vida em sociedade. Desta forma, mostrar aos alunos que os problemas e soluções em relação à água estavam muito mais próximos de cada um, não importando em que região eles vivessem.


5. Referências


BARROS, M. D. M; ZANELLA, P. G; ARAÚJO-JORGE, T. C. A música pode ser uma estratégia para o ensino de ciências naturais? Analisando concepções de professores da educação básica, revista Ensaio, Belo Horizonte, v.15, n. 01, p. 81-94, 2013.


BRASIL. Congresso Nacional. Lei nº. 9.795 de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil/Leis/L9795.htm. Acesso em: 20 maio. 2017.


__________. MEC/SETEC/PROEJA. Documento Base. Programa Nacional de integração da educação profissional com a educação básica na modalidade de educação de jovens e adultos. Brasília: SETEC/ MEC, 2007. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/setec/arquivos/pdf2/proeja_medio.pdf. Acesso em: 31 mar. 2017.


__________. Parâmetros curriculares nacionais: introdução aos parâmetros curriculares nacionais / Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC / SEF. 1997.

__________. Parâmetros curriculares nacionais: ensino médio/Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Brasília: MEC/SEF, 1999.


CAETANO, D. L. F. Conservação de recursos hídricos: a percepção de alunos de ensino médio no município de Jacarezinho, Paraná. 2013. 45p. Monografia (Especialização em Ensino de Ciências), Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Paraná. 2013.


DERDYK, Edith. Formas de pensar o desenho: desenvolvimento do grafismo infantil. São Paulo : Scipione,1989.


DIAS, Genebaldo Freire. Ecopercepção – Um resumo didático dos desafios socioambientais. São Paulo: Gaia, 2004.


GUIMARÃES, M. e VASCONCELLOS, M. M. Relações entre educação ambiental e educação em ciências na complementaridade dos espaços formais e não formais de educação, revista Educar, Curitiba, n. 27, p. 147-162, 2006.


IAPH. Índices de Avaliação de Projetos Hídricos. Coletânea de textos traduzidos: índices hidro-ambientais - análise e avaliação do seu uso na estimação dos impactos ambientais e projetos hídricos. Curitiba: GTZ, 1995.


KRASILCHIK, M.; MARANDINO. M. Ensino de ciências e cidadania. São Paulo: Moderna. 2004.


LEFF, E. Epistemologia Ambiental. São Paulo: Cortez, 2001.


MORAES, R.; MANCUSO, R. Educação em Ciências: produção de currículos e formação de professores. Ijuí: UNIJUÍ. 2004.


NETO, V. P. Avaliação da qualidade da água de represas destinadas ao abastecimento do rebanho na Embrapa pecuária sudeste. 2006. 40p. Dissertação (Mestrado em Ecologia), Centro de recursos hídricos e ecologia aplicada, Universidade de São Paulo, São Carlos. 2006.


PILLAR, A.D. Desenho e construção de conhecimento na criança. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.


REIS, D. S., LIMA, J. J. & SILVA, N. A relação homem-natureza medida pela técnica: implicações para sustentabilidade socioambiental. Disponível em: http://www.educacaoambiental.pro.br. Acesso em: 04 mai. 2017.


SAITO, C. H. Política nacional de educação ambiental e construição da cidadania: desafios contemporâneos. In: RUSCHEINSKY, Aloísio; et al, Educação ambiental. Abordagens múltipla. Porto Alegre: Artmed, 2002.


TUNDISI, J. G. Novas perspectivas para a gestão de recursos hídricos, Revista USP, São Paulo, n.70, p. 24 35, Junho e agosto de 2003.


ZAMPIERON, S. L. M.; VIEIRA, J. L. de. A Poluição da água. Disponível em: http://educar.sc.usp.br/biologia/textos/m_a_txt5.html. Acesso em: 10 jun. 2017.






Ilustrações: Silvana Santos