Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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05/03/2018 (Nº 63) TURISMO RURAL NO SÍTIO PONTES: ALTERNATIVA ESTRATÉGICA PARA O DESENVOLVIMENTO RURAL
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TURISMO RURAL NO SÍTIO PONTES: ALTERNATIVA ESTRATÉGICA PARA O DESENVOLVIMENTO RURAL


Deinne Airles da Silva1, Rodrigo Machado Moreira2


1Mestra em Desenvolvimento e Meio Ambiente (UFPB), Bacharela em Ciências Biológicas (UEPB), Especialista em Agroecologia (UEPB) e Técnica Agrícola com habilitação em Agroindústria (UFPB), deinne_airles@hotmail.com

2Doutor em Agroecologia, Sociologia e Desenvolvimento Rural Sustentável. Professor Efetivo de Extensão Rural e Coordenador do NERA - Núcleo de Extensão Rural Agroecológica na Universidade Estadual da Paraíba - Campus II da UEPB - Lagoa Seca – PB, Coordenador do Instituto Giramundo Mutuando, Pesquisador do INTERSSAN – Centro de Ciência e Tecnologia em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, rodrigoagroecologia@hotmail.com





RESUMO

Esse trabalho tem por objetivo usar como modelo de agroecossistema o Sítio Pontes, o qual possui práticas do turismo rural sustentável. A pesquisa é do tipo estudo de caso. Foi possível conhecer o perfil socioeconômico, produtos comercializados e ações sustentáveis vinculadas às atividades turísticas.

Palavras-chaves: Turismo rural. Agroecologia. Desenvolvimento rural.


ABSTRACT
The objective of this work is to use as a model of agroecosystem the Sítio Pontes, which has practices of sustainable rural tourism. The research is case-study type. It was possible to know the socioeconomic profile, commercialized products and sustainable actions linked to tourist activities.Keywords: Rural tourism. Agroecology. Rural development.




1. INTRODUÇÃO


O meio rural vem passando por transformações - como a modificação na forma como organiza a sua produção e o seu trabalho, devido à globalização e intensificação da produção agrícola. Nesse processo outras áreas da agricultura foram impactadas negativamente, como as atividades agropecuárias, devido à inserção de modernas tecnologias para a criação de animais, etc.

Ao mesmo tempo, outras transformações foram ocorrendo em âmbito ambiental, como a revalorização do meio ambiente natural (rios, florestas, animais, plantas, sítios, parques e reservas ecológicas, etc.) por parte da população mundial, com o propósito de contemplar a natureza, voltar as suas origens e refletir sobre o seu estilo de vida e revalorizar valores e princípios esquecidos, como cidadania, educação e respeito ao próximo.

Na realidade, o ambiente rural tem passado por ressignificações, podendo ser visto como um local de encontro com a natureza, paz e harmonia; onde há excursões para práticas de atividades de lazer, de ecoturismo; onde o homem pós-moderno encontra-se com suas origens, suas raízes.

Nesse cenário de transformações, os agricultores familiares têm visto em sua propriedade rural a possibilidade de utilizar essa área não apenas para atividades agrícolas, mas também em setores e atividades alternativas que dinamizem a economia local e melhorem a sua renda familiar, já que acreditam que a terra apresenta multifuncionalidade e pluriatividade. A primeira diz respeito à propriedade rural ter múltiplas funções, que vão além da produtiva e abrange a social, ambiental, etc.

Segundo MORAES (2013, p. 19), “a pluriatividade nos espaços rurais se desenvolve como um rearranjo ou como estratégia para que as famílias de agricultores possam se articular com os mercados e assim permanecer nos espaços rurais”.

A multifuncionalidade refere-se ao fato da terra ser utilizada para a prática de várias atividades agrícolas e não-agrícolas. Algumas dessas atividades estão vinculadas ao Turismo Rural, por exemplo.

O Turismo Rural é um segmento econômico definido como um conjunto de atividades não-agrícolas, mas voltada para o lazer, na qual “o homem urbano procura, junto às propriedades rurais produtivas, a busca do contato com a natureza, a valorização do cotidiano caipira” (RAMIRO et al., 2009, p. 1), “dos aspectos naturais, da cultura e da atividade produtiva das comunidades familiares e o estímulo a recuperação e conservação da economia do território” (QUEIROZ, 2005, p. 6), sempre levando em consideração as características peculiares de cada local para que possa desenvolver a região.

Outros fatores também têm contribuído para que o agricultor familiar torne a sua propriedade rural propícia para o turismo rural, como a questão de resgastar a sua auto-estima, agregar valor ao produto primário, gerar novas oportunidades de trabalho e renda, promover o intercâmbio e enriquecimento culturais, melhorar o saneamento básico, incorporar a mulher ao trabalho remunerado, além de estabelecer o contato direto do agricultor com o consumidor e oferecer serviços de hospedagem, entretenimento e alimentos beneficiados ou in natura, etc (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2010).

Diante disso, tem-se como exemplo o Sítio Pontes, um agroecossistema localizado no Assentamento Gurugi II, no município do Conde – PB, o qual realiza cotidianamente algumas ações agrícolas sustentáveis e implantou o Turismo Rural, aproveitando as potencialidades da região e oportunidades vinculadas a projetos e planos ofertados por setores públicos e privados.

Esse trabalho põe como problematização, o fato das atividades agrícolas não serem o único meio do agricultor familiar melhorar sua renda, preservar e conservar os recursos naturais e interagir enquanto sujeito social. Dentro desse contexto, esse trabalho justifica-se por propor uma alternativa viável para o Sítio Pontes: a implantação do Turismo Rural Agroecológico, já que é uma atividade que une aspectos da agricultura e turismo e serve para complementar a renda e colocar o ambiente e as paisagens naturais como elementos essenciais para fortalecer a economia, relações sociais, de gêneros, cultura local e solidificar a relação homem-ambiente, valorizando o ambiente natural e artificial, os costumes e crenças de um povo, a diversidade biológica do local, além de imergir o turista na realidade cotidiana da comunidade.

Essa inserção do Turismo Rural Agroecológico no Sítio Pontes baseia-se em contribuir para eliminar as degradações e/ou minimizar os problemas ambientais existentes, provocados pelas atividades produtivas rurais impactantes no local e na região.

Nessa perspectiva e diante dessa abordagem, esse trabalho tem por objetivo conhecer o Sítio Pontes em relação ao perfil socioeconômico, produtos comercializados e ações sustentáveis (identificadas com os métodos de manejo agroecológicos) que estivessem vinculadas às atividades turísticas desenvolvidas nessa propriedade rural. Além de identificar os pontos fortes, fracos, ameaças e oportunidades oriundas da implantação do Turismo Rural Agroecológico.


2. REVISÃO DA LITERATURA


2.1 - Premissas sobre o Turismo Rural


A história da humanidade confunde-se com a do turismo, pois “as viagens sempre estiveram presentes na vida dos homens. Enquanto nômade deslocava-se de um lugar para outro, em busca de alimentos para sua sobrevivência” (BECKER e CIPPOLAT, 2010, p. 1).

O conceito de turismo é muito controverso, pois vários autores apresentam múltiplos conceitos sobre turismo.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (1994, p. 11) apud Edra (2005, p. 4), “o turismo compreende as atividades realizadas pelas pessoas durante suas viagens e estadas em lugares diferentes do seu entorno habitual, por um período consecutivo inferior a um ano, por lazer, negócios ou outros”.

ANDRADE (1998, p. 10) apud Muniz et. al (2005, p. 3) tem outra definição para turismo como sendo “o complexo de atividades e serviços relacionados aos deslocamentos, transportes, alojamentos, alimentação, circulação de produtos típicos, atividades relacionadas aos movimentos culturais, visitas, lazer e entretenimento”.

Todos os conceitos apresentam os seguintes traços em comuns: viagem ou deslocamento de pessoas; permanência fora do domicílio; temporalidade; o homem como sujeito do fenômeno do turismo; bens e serviços turísticos para satisfazer os turistas. Além disso, todas as definições de turismo dadas por acadêmicos, empresas e órgãos governamentais apoiam-se em três perspectivas: econômica, técnica e holística (BENI, 2001).

Como todas as atividades humanas, o turismo apresenta impactos ambientais negativos, os quais também devem ser minimizados, para que se trabalhe dentro de uma visão de desenvolvimento sustentável. Esses impactos podem ser ecológicos, estéticos, econômicos, sociais e/ou culturais.

Nessa perspectiva e evolução de ideias e ideais, surgiu o Ecoturismo: capaz de manter o turismo de maneira conciliável com o meio ambiente; usar, sem destruir, mantendo-o conservado para que a atividade turística possa ser continuada pelas próximas gerações, de forma a manter os mesmos atrativos de hoje.

Atualmente há disseminação de várias formas de turismo: turismo sustentável, turismo alternativo, turismo ecológico, turismo rural, turismo brando. Os quais têm por objetivo principal integrar homem, natureza, comunidade e cultura locais. Porém nem sempre isso ocorre, pois há predominância no mercado de um turismo preocupado apenas com as questões econômicas.

Segundo SOUZA (2008, p. 18), “o centro das atenções no mundo do turismo nos últimos anos, com certeza, foi o ‘Turismo Sustentável’, termo que vem gerando controvérsias quanto ao seu real significado”. Já o Ecoturismo “tem sido promovido como uma alternativa sustentável ao turismo de massas. É considerado um instrumento para a conservação do ambiente e para a melhoria do bem-estar das comunidades locais” (DINIS, 2005, p. 2). Na realidade é um segmento do Turismo Sustentável.

Os primeiros registros de viagens para explorar o meio rural foram feitos pelos guerreiros espartanos no século V a.C., que viajavam pela Península de Peloponeso. Outras situações também deixam indícios da ocorrência de Turismo Rural como foi o caso dos Caminhos de Santiago de Compostela, percorridos por peregrinos e em que os donos das propriedades rurais ofereciam local para dormir e alimentações para esses indivíduos.

O surgimento do Turismo Rural ocorreu na Europa na década de 50 e estendeu-se por outros continentes e passou por várias transformações juntamente com o meio rural ao longo do tempo, isso “indica que vem ocorrendo uma desagregação das maneiras tradicionais de produção, buscando-se novas fontes de renda que tenham força para dinamizar este espaço, sendo o turismo uma delas” (QUEIROZ, 2012, p. 48).

O Turismo Rural ganhou forças com a crise ambiental, a qual “tornou-se evidente na década de 60, refletindo-se na irracionalidade ecológica dos padrões dominantes de produção e consumo, e marcando os limites do crescimento econômico”. LEFF, 2005, p 15).

Ele foi difundido em todo o mundo como uma estratégia para o desenvolvimento regional e para o futuro, já que contribui para melhorar a renda, fixar, desenvolver social e economicamente a população rural, além de preservar e/ou conservar os recursos naturais da região.

Chegou ao Brasil em 1986, mais precisamente na cidade de Lages, no estado de Santa Catarina. Nessas áreas, os proprietários rurais enfrentavam dificuldades financeiras e viram no turismo uma oportunidade para superar os problemas da época e também podiam “criar uma alternativa turística aproveitando a estrutura existente nas fazendas e estâncias de criação de gado de cortes e leiteiro, bem como de eqüinos predominante na região serrana”. (NOVAES, 1994, 43).

No Brasil, a história do Turismo Rural está diretamente relacionada com a ocupação do território e o crescente aumento da população, vinculados à fixação do homem no meio rural, assim como o desenvolvimento das atividades agrícolas e sua diversificação da produção.

O Turismo Rural é um segmento que está alicerçado e deve se orientar pelos princípios do desenvolvimento sustentável, ou seja, administrar de forma adequada os ambientes, comunidades, cultura local e os recursos naturais, para que sejam conservados e possam ser utilizados racionalmente pelas futuras gerações, não esquecendo de atender as necessidades socioeconômicas das populações locais atuais (RUSCHMANN, 2000 apud GRANADO et al, 2011).

Nesse segmento, o ambiente natural funciona como parte essencial do atrativo turístico e todas as atividades exercidas na propriedade rural são vistas como parte do todo da multifuncionalidade que a terra oferece.

Diante desse cenário e de acordo com o Ministério do Desenvolvimento Agrário (2004, p. 6) entende-se como Turismo Rural:



a atividade turística que ocorre na unidade de produção dos agricultores familiares que mantêm as atividades econômicas típicas da agricultura familiar, dispostos a valorizar, respeitar e compartilhar seu modo de vida, o patrimônio cultural e natural, ofertando produtos e serviços de qualidade e proporcionando bem estar aos envolvidos.



Essas unidades de produção correspondem às propriedades rurais e que são os locais onde ocorre a interação do agricultor familiar com o homem do ambiente urbano e deste com a natureza. “É um meio rural dinâmico, em que supõe-se que a população faça dele um lugar de vida e de trabalho e não apenas um campo de investimento ou uma reserva de valor” (WANDERLEY, 2001).

O Turismo no meio rural apresenta várias modalidades de acordo com a oferta, tais como: agroturismo, turismo ecológico, ecoturismo, turismo de aventura, turismo de negócios, turismo de saúde, turismo cultural e turismo esportivo (GRAZIANO DA SILVA et al., 1998 apud CAMPOS, 2010).

Dependendo da modalidade, o agricultor irá implantar diversas atividades como: fabricação e comercialização de produtos artesanais; produção e comercialização de alimentos processados, beneficiados ou in natura; caminhadas por trilhas ecológicas; banhos em reservatórios de água (rios, açudes, etc); pesca; assistir as apresentações culturais de grupos locais (festas populares, religiosas); eventos esportivos; entre outros.

Esse segmento turístico, em alguns momentos, reunirá outras modalidades, ou seja, não estará o tempo todo ligado a apenas uma modalidade turística. Por exemplo, há casos em que um sítio pratica o Turismo Rural com ênfase no Turismo Ecológico e no Agroturismo. O primeiro “é caracterizado por possuir um deslocamento de pessoas para espaços naturais, com ou sem equipamentos receptivos, visando ao usufruto da paisagem de forma passiva” (ALVES, 2010, p. 71); e o segundo define-se como um turismo formado por um conjunto de atividades que complementam as atividades agrícolas, ou seja, não há o abandono da vocação principal da propriedade: a agricultura, mas o agricultor utiliza a terra e a rotina familiar para atrair os turistas (EMBRATUR, 2009 apud GAVIOLI, 2011).

Diante desse cenário, observa-se que o Turismo Rural é um segmento que tem crescido cada vez mais no século XXI e a sociedade vem descobrindo a importância de se preservar ou conservar o ambiente rural para a manutenção da sua própria vida e das gerações subsequentes. Nessa perspectiva, tornam-se importantes ações concretas no Turismo Rural, que envolvam desde os agricultores familiares, turistas até entidades públicas e privadas.



2.2 - Orientações e ações concretas para a implantação do Turismo Rural Agroecológico e desenvolvimentos locais sustentáveis


Para que esse segmento turístico possa revitalizar aspectos sociais, econômicos, ambientais e culturais da área rural, o agricultor familiar deve antes de tudo planejar. Na realidade, o planejamento aparece como um meio de se obter os “contributos do Turismo no espaço rural em termos de desenvolvimento das comunidades e áreas da sua implantação, quer em termos reais, quer receptivos” (SILVA, 2006).

O planejamento é um instrumento que “se faz necessário em qualquer área de atuação, pois estabelece estratégias viáveis para a criação de futuros empreendimentos, bem como auxilia no conjunto de decisões a serem tomadas” (LOCH; WALKOWSKI, 2009, p. 49).

Deve-se também ter em mente que a partir da instalação do Turismo em uma propriedade rural terá início um processo que alterará a ocupação e organização territorial do meio rural. Além de que esse tipo de atividade tem um papel fundamental na gestão do território, pois estimula o desenvolvimento endógeno do local e permite que o agricultor seja também criador de paisagens, bem como um agente importante das Ciências Agrárias (CAIS et al, 1995 apud GOMES, 2004)

O Turismo realizado no meio rural sempre se expande por novas áreas ainda não ocupadas por tal empreendimento ou negócios, podendo ser feito de forma sustentável.

A sustentabilidade aparece em 1979, referindo-se ao termo desenvolvimento sustentável. A sustentabilidade tem duas origens: a primeira está ligada à capacidade de resiliência dos ecossistemas em relação às ações naturais ou antrópicas; a segunda refere-se ao desenvolvimento econômico, relacionado com a percepção de que é crescente a produção e o consumo no mundo. Dessa forma, unificou-se o conceito de sustentabilidade como sendo a percepção de que os recursos naturais são finitos e que há uma gradativa e perigosa degradação universal (NASCIMENTO, 2012).

O termo sustentabilidade sempre está atrelado ao tripé do desenvolvimento sustentável: desenvolvimentos econômicos, sociais e ambientais guiados pela lógica das mudanças de paradigmas dos padrões de produção e consumo locais e globais. Para OLÍVIO et al (2010, p. 24) “uma comunidade humana sustentável deve ser organizada de modo que os seus estilos de vida, suas atividades econômicas e tecnologias não prejudiquem a capacidade da natureza de manter indefinidamente a vida”.

Nessa perspectiva, é impossível não citar a Agroecologia dentro do universo do Turismo Rural sustentável, visto que ela engloba técnicas ecológicas de cultivo com sustentabilidades social e econômicas. Diante disso, a Agroecologia também é vista como uma ciência, porém não está limitada a ser apenas um corpo de conceitos consensualmente aceitos pela comunidade acadêmica, mas também tem por objetivos trazer mudanças políticas, ecológicas complexas e sociais, como alterar os modos de vidas das pessoas, além de mudar a forma de produzir alimentos (BALEM; SILVEIRA, 2002), fazer o mercado valorizar o produto agroecológico da mesma forma como valoriza os produtos provenientes da agricultura convencional.

A peça-chave para ter um Turismo Rural Agroecológico com desenvolvimento local sustentável e consistente é a mobilização e exploração das potencialidades do local para torná-las oportunidades sociais viáveis e competitivas para a economia local. Ao mesmo tempo, deve assegurar a conservação dos recursos naturais existentes, lembrando que estes são elementos que constituem as bases do Turismo Rural e a qualidade de vida da população.

Esses sujeitos, como os agricultores familiares, criam em suas terras novas estratégias de negócios para poder enfrentar as dificuldades cotidianas e encontram no Turismo uma alternativa para enfrentar problemas sociais, econômicos, ambientais e culturais, passando a exercer o papel de empresários (SANTOS et al., 2010) do novo empreendimento do Turismo Rural. Nessa perspectiva é primordial a capacitação do novo empreendedor, que deve conhecer bem o projeto turístico, as legislações envolvidas, se capacitar ou qualificar algum membro da família para exercer a função de Guia de Turismo durante as caminhadas e excursões na propriedade rural.

Diante disso é preciso seguir alguns passos para a implantação do Turismo Rural, são eles: 1) verificar por meio de estudos a viabilidade da atividade turística; 2) valorizar a paisagem como um dos atrativos principais; 3) aprofundar o conhecimento sobre a propriedade rural e a região para que sejam possíveis as identificações das vantagens e desvantagens desse empreendimento.

O agricultor familiar deve levar sempre em conta: o fato de agregar valor ao produto agropecuário por meio do beneficiamento ou processamento de alimentos; colocar os produtos em embalagens bonitas, para chamar atenção pela estética e torná-los mais atraentes; diversificar e certificar os produtos agrícolas; diversificar as atividades turísticas.

Outra questão diz respeito à sazonalidade dos produtos agrícolas, visto que a produção de alguns alimentos agrícolas decai em determinada época do ano, por isso os produtos devem ser oferecidos de acordo com a temporalidade e sazonalidade. Esse fato é influenciado pela presença direta ou indireta de estações do ano, as quais interferem no índice pluviométrico, temperatura e umidade, alterando a disponibilidade dos produtos, preços, oferta e custos (VAREJÃO NETO, 2008).

Deve-se também implantar práticas educativas que incorporem a gestão ambiental por parte dos agricultores familiares, comunidade rural e dos turistas, pois esses atores envolvidos irão “gerir a utilização dos recursos naturais, com vistas a minimizar os impactos gerados pelo o homem enquanto ser social” (SILVA; PESSOA, 2009, p. 3), ou seja, todos terão que administrar os recursos naturais de forma racional para que ocorram os mínimos impactos negativos na propriedade rural.

Por isso afirma-se que “o turismo rural deve contemplar importantes benefícios, mas deve estar presentes as possíveis consequências negativas (impactos negativos) do desenvolvimento da atividade nesse espaço” (VEZZANI, 2008, p. 33).

De acordo Fávero (2000, p. 23) “uma das principais preocupações dos planejadores e estudiosos na implantação do Turismo Rural refere-se ao perigo de descaracterizar cultural e social os espaços destinados à atividade turística”. Há também impactos negativos que podem ocorrer nos espaços rurais como degradações ambientais, abandono das atividades agrícolas, aumento do custo de vida na zona rural do empreendimento, perdas da identidade e autenticidade, etc.

Algumas atitudes sustentáveis também podem ser realizadas pelos agricultores familiares, como: separar os diferentes tipos de lixos; cuidar do solo; valorizar a sua cultura local; adaptar estruturas hídricas para economizar água e energia; tratar as águas residuais; entre outras, como forma de usar racionalmente os recursos naturais.

E por último e durante o planejamento, o agricultor familiar deve procurar por empréstimos ou financiamentos, como a linha de crédito Pronaf, para investir no Turismo Rural e pedir orientação técnica a órgãos que trabalham com extensão rural ou a empresas que incentivem esse tipo de empreendimento, como o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

Apesar da existência dessas empresas, várias iniciativas privadas e públicas tem se mostrado insuficientes quanto à promoção e fomentação desse segmento turístico, pois não existe um conceito concreto e único sobre Turismo Rural. Há ainda a ausência de critérios, regulamentações e orientações que funcionem de forma eficaz para que o agricultor familiar possa empreender e ter êxito no mundo rural nesse segmento turístico. Cabe às empresas privadas e públicas acompanharem, mesmo que distante, as atividades turísticas nas propriedades rurais que receberem a sua assessoria, para que os agricultores possam ter resultados positivos nesse segmento, sem perder a essência e princípios das atividades agrícolas e consonância com o Turismo Rural.

Diante dessas orientações, observa-se a necessidade de planejar a implantação de atividades turísticas em propriedades rurais seja realizado de forma organizada e responsável, para que a possibilidade de dar errada seja minimizada. Vale lembrar que quando o Turismo Rural tem seus detalhes planejados, os impactos negativos não são notados, já que os resultados positivos sobressaem sobre os anteriores.

Nessa perspectiva de trazer sustentabilidade para as atividades turísticas, sugere-se a implantação da Agroecologia em áreas que pratiquem o Turismo Rural, pois ambos têm seus princípios alicerçados na busca por um desenvolvimento rural sustentável. Na Agroecologia, torna-se fundamental que os próprios habitantes de uma dada localidade, onde se observa um evidente potencial endógeno de natureza social e ambiental, se apropriem deste potencial, o que coloca ao conjunto dos agricultores familiares novos desafios que passam pela participação social e pela articulação de propostas de desenvolvimento local realmente sustentáveis. Para SEVILLA GUZMAN (2006), o potencial endógeno, de natureza humana e social, é a base para se construir as condições para a conquista da sustentabilidade, que significa: promover a diversificação das atividades produtivas no campo; preocupa-se com todos os aspectos da vida no campo; promover a organização social e a autonomia dos agricultores; promover a harmonia e o equilíbrio entre homem e natureza; e valorizar e aprimorar o conhecimento local. Para o autor, nascer desde dentro é necessário, maximizando os recursos, a organização e o controle social no nível local.


3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A. Delimitação e caracterização da área de estudo

A propriedade rural utilizada como referência na atividade de Turismo Rural é o Sítio Pontes, localizado no Assentamento Gurugi II, no município do Conde, na Paraíba. O acesso pode ser feito pela Rodovia PB 008. Em um dos limites territoriais do Sítio passa o rio Gurugi, o qual deságua no Oceano Atlântico.

Os agricultores familiares, os quais são os atuais proprietários, trabalham e moram na terra desde 1985, desde a época que pagavam arrendamento ao anterior dono da terra. A desapropriação ocorreu há 24 anos por meio da atuação do Incra e resultou no surgimento do Assentamento Gurugi II.

O Sítio Pontes tem cerca de 6,4 hectares, onde são desenvolvidas atividades de agricultura familiar convencional e ações sustentáveis vinculadas a Agroecologia e ao Turismo. São cultivados diversos produtos, tais como macaxeira, inhame, feijão, milho, feijão, manga, maracujá, goiaba, jaca, caju, mamão, côco, banana, pitanga, araçá, goiaba, acerola, pitomba, jaca, etc.

Nesse Sítio pratica-se a agricultura convencional, embora haja a prática de algumas técnicas agrícolas sustentáveis.

Apresenta uma diversidade de espécies de plantas e animais, que compõem a sua paisagem e servem como atrativo turístico para os seus visitantes.

Apresenta um reservatório, em que a água é proveniente do Rio Gurugi. Esse reservatório serve para criar alguns peixes e tem a sua água bombeada para a horta mandala.

Atualmente faz parte do Roteiro “Mares Quilombolas”, um projeto turístico que envolve várias comunidades do Conde.


B. Métodos e técnicas

Este trabalho foi caracterizado por ser uma pesquisa descritiva-explicativa, por descrever as características de uma experiência de Turismo Rural, além de expor e explicar os fatos que determinaram a ocorrência desse fenômeno no Sítio Pontes.

Foi utilizada a abordagem sistêmica como base lógica da pesquisa, em que foram relacionados dados com as dinâmicas social, ambiental, cultural e econômica do Sítio Pontes. Também foi realizada a pesquisa bibliográfica e os dados foram analisados de forma qualitativa.

Este trabalho foi dividido em dois momentos cronológicos: o primeiro teve como base o reconhecimento da realidade espaço-social, visando conhecer melhor o Sítio Pontes, por meio de visitas realizadas nos meses de maio de 2013 a fevereiro de 2015. Também ocorreu uma visita no mês de agosto de 2014 ao Instituto de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) para obtenção da versão provisória do Plano de Recuperação do Assentamento Gurugi II, o qual ajudou na caracterização do ambiente estudado nesse trabalho. Essa visita caracterizou-se como pesquisa documental.

O segundo momento caracterizou-se pela obtenção dos dados, por meio de uma entrevista com roteiro semi-estruturado, realizada em setembro de 2014. O pesquisador seguiu perguntas pré-definidas de acordo com o contexto (QUARESMA, 2005) e o roteiro contendo tópicos organizados previamente. Essa entrevista envolveu temas como o perfil socioeconômico familiar e a caracterização do Sítio Pontes em relação ao Turismo Rural, as ações agrícolas sustentáveis existentes na propriedade, extensão rural e comercialização dos produtos agrícolas, além de identificar pontos fontes, fracos, ameaças e oportunidades para o Turismo Rural no Sítio Pontes e na região.

Foram feitas visitas nos meses de Julho a Novembro de 2014 para acompanhar as atividades e a rotina da família. Também foram feitas visitas em 2015 e 2016. Mais precisamente em alguns sábados e domingos, dias em que havia maior quantidade de turistas visitando a propriedade rural.

Foram empregadas as seguintes técnicas e instrumentos de pesquisa: o estudo de caso, que corresponde a “uma investigação empírica, que estuda um fenômeno contemporâneo em profundidade e em seu contexto de vida real” (YIN, 2010 apud MARQUES, 2014); as conversas informais foram necessárias, pois serviram para complementar a entrevista com roteiro semi-estruturado e sanar dúvidas sobre pontos específicos importantes; o diário de campo, que serviu para registrar informações sobre entrevistas informais e tudo que dissesse respeito ao tema da pesquisa (MINAYO, 1993 apud CARDOSO, 2007) juntamente com a câmera fotográfica.

Foi utilizada a avaliação estratégica em novembro de 2014 com a participação dos membros da família do Sítio Pontes, com o propósito de conhecer os pontos fortes, fracos, oportunidades e ameaças as atividades turísticas e do desenvolvimento ambiental, social e econômico do Sítio Pontes. No final da avaliação estratégica foi montada uma matriz contendo as informações dadas pelos participantes. Esse tipo de avaliação baseia-se no método de SWOT, “uma avaliação sistemática que aponta as forças, fraquezas, oportunidades e ameaças da empresa em estudo” (NETO, 2011, p. 4).

Fez-se uso de uma metodologia adaptada da árvore dos sonhos, em que a agricultora foi indagada sobre os seus sonhos a curto e longo prazos e depois os dados coletados foram sistematizados, por meio do desenho da árvore em uma cartolina e ordenados os sonhos de acordo com as prioridades e o tempo planejado para concretizá-los. Na base da árvore ficaram os sonhos a serem realizados a curto prazo e no topo, a longo prazo.


4. RESULTADOS E DISCUSSÃO



Perfil socioeconômico da família

São apenas duas pessoas que residem no Sítio Pontes - um casal de agricultores familiares, com idades entre 55 e 60 anos, que cultivam e administram as atividades agrícolas e não agrícolas desde 1985. Seus filhos e netos residem próximo ao Sítio e com frequência participam das atividades realizadas e do cotidiano do Assentamento Gurugi II.

A renda média mensal entre 1 e 2 salários mínimos, a qual inclui as atividades voltadas para a agricultura e as que envolvem o Turismo Rural.

Tanto o agricultor como a agricultora possuem baixa escolaridade, tendo abandonado a escola, quando estavam cursando o ensino fundamental I.

Os agricultores são membros da Associação Comunitária dos Trabalhadores Rurais do Gurugi II, onde a agricultora ocupa a função de presidente, o que lhe propicia conhecer os projetos que envolvem o Assentamento Gurugi II, organizar a comunidade e lutar pelos direitos dos agricultores assentados.

A agricultora participa de feiras, eventos de culinária regional, oficinas e capacitações oferecidas pela empresa de assistência técnica e extensão rural e Sebrae, com o objetivo de qualificação profissional, já que a agricultora utiliza os diversos frutos cultivados na propriedade rural para produzir doces, geleias, bolos, sucos, etc e comercializar no próprio Sítio Pontes.


Turismo Rural no Sítio Pontes

O Turismo Rural no Sítio Pontes iniciou-se com o Projeto “Mares Quilombolas” (produto do Projeto Talentos do Brasil), idealizado em parceria com o Ministério do Turismo, Ministério do Desenvolvimento Agrário e Sebrae. Foi implantado em áreas indígenas, quilombolas e assentamentos rurais dos municípios de Conde e Pitimbu no ano de 2013, onde os turistas tem contato com roteiros turísticos ricos em produtos da agricultura familiar, patrimônio histórico e belezas cênicas e naturais preservadas e conservadas.

O Projeto Talentos do Brasil proporciona as pessoas envolvidas empreenderem e implantarem o Turismo Rural de base comunitária, este entendido pelo Ministério do Turismo (2007, p. 86) como sendo aquele “enraizado num processo situado de desenvolvimento; uma modalidade do turismo sustentável cujo foco principal é o bem-estar e a geração de benefícios para a comunidade receptora”, como também fortalecer e dinamizar a economia local, assim como as relações sociais dos moradores das comunidades.

No caso do Sítio Pontes, as frutas e outros produtos cultivados antes eram vendidos nas feiras livres ou diretamente para atravessadores, mas depois da implantação do Turismo Rural essa realidade mudou, sendo os produtos beneficiados ou processados e consumidos no próprio local por meio do restaurante rural criado pela agricultora, denominado Restaurante Rural Tia Nice, o qual foi elaborado um folheto contendo o texto da autora deste trabalho científico. O texto descreve o que é o Sítio Pontes, seus objetivos e serviços prestados (Figura 01).


Figura 01: Folheto do Restaurante da Tia Nice, no Sítio Pontes, no Conde - PB

Fonte: dados da pesquisa, 2016.


Juntamente com o Sebrae também foram elaborados cartões de visita (Figura 02), agindo como um instrumento de divulgação do Sítio Pontes.


Figura 02: Cartão de visita do Sítio Pontes.

Fonte: dados da pesquisa, 2016.


De acordo com Silva et al. (2010, p. 8), “o turismo proporciona uma possibilidade de escoamento de produção e um aumento na receita de produtos agrícolas antes não tão colaboradores a renda familiar”.

No roteiro rural do Sítio Pontes, o turista tem a oportunidade de conhecer os sabores da culinária nordestina e contemplar a natureza, tomando banho nas águas do Rio Gurugi, assistindo a apresentações culturais do grupo de Coco de Roda do Quilombo Gurugi, visitando o museu Quilombola, apreciando as refeições ofertadas pelo Sítio Pontes, além dos deliciosos doces e sucos das mais diversas frutas locais.

O local possui palhoças com mesas e cadeiras (Figura 03), além de redes (Figura 04). para os turistas e visitantes relaxarem e descansarem, curtindo o canto dos pássaros, o barulho das águas e a luz do sol

Vale citar que antes de iniciar o Turismo Rural no Sítio Pontes, os proprietários participavam de oficinas, capacitações, dias de campos e palestras sobre culinária, agricultura sustentável (agroecologia), agropecuária, associativismo, etc oferecidos pela Consultoria e Planejamento de Projetos Agropecuários Ltda. (Consplan), a qual prestava serviços de (ATES) para alguns Assentamentos Rurais da Zona da Mata Sul vinculados ao Incra. Além dessas instituições, há a EMATER, que também contribuiu para capacitar e qualificar agricultores familiares por todo o país.


Figura 03: Palhoça no Sítio Pontes

Fonte: dados da pesquisa, 2016.


Figura 04: Redes no Sítio Pontes

Fonte: Dados da pesquisa, 2015.


Extensão rural e comercialização dos produtos agrícolas

A agricultora que antes das atuações de instituições privadas e públicas em sua propriedade rural vendia seus produtos agrícolas em feiras livres. Viu por meio das atividades de extensão rural de empresas como Consplan, EMATER e Incra a oportunidade de investir nos seus produtos agrícolas e deixar de comercializá-los nas feiras.

A forma encontrada para melhorar a renda familiar e juntar agricultura, ações sustentáveis e produção agrícola veio através de seu gosto e afinidade com a culinária. Com a proposta do Projeto Mares Quilombola pode colocar em prática e se aperfeiçoar ainda mais na arte culinária e finalmente começou a produzir e vender seus produtos artesanais agroindustriais, tais como: bolo de macaxeira, pudim pé-de-moleque, bolo de milho, pamonha, doce de mamão, pasta de acerola, geleia de mangaba, geleia de limão, doce de jaca, doce de pitomba, etc.

A agricultora aproveita a diversidade de produtos agrícolas que sua terra apresenta para produzir os mais diversos alimentos e, dessa forma, atrair mais turistas e visitantes.

A agricultora é bastante conhecida na zona rural do Conde, devido à sua habilidade em cozinhar e por isso já participou como ministrante de cursos culinários em vários congressos e eventos na Paraíba e em outras regiões do país.

Nesse cenário encontra-se o Sítio Pontes e fica possível confirmar a importância da extensão rural voltada para a agricultura familiar quando há a integração do conhecimento da realidade local (para atender aos diversos tipos de produtores/agricultores); integração da família nas atividades da propriedade rural; fortalecimento da segurança alimentar; incorporação de práticas ambientalmente saudáveis; usar racionalmente os insumos e equipamentos agrícolas; agregação de valor à produção agrícola; além de incentivar a venda direta e o atendimento as necessidades sociais das famílias agrícolas (BRASIL, 2004). Dessa forma haverá o desenvolvimento socioeconômico desses grupos, a preservação e conservação dos recursos naturais, assim como da própria cultura local. 


Ações sustentáveis no Sítio Pontes

Está cada vez mais crescente, o emprego de práticas sustentáveis. Embora o Sítio Pontes pratique a agricultura convencional, há algumas ações sustentáveis vinculadas a Agroecologia na propriedade rural, tais como:

1) Horta Mandala: de caráter orgânico, esse tipo de sistema holístico e permacultural (agroecológico) é bastante eficiente e produtivo. De acordo com Soares (2011, p. 3) “consiste na máxima interação dos elementos que compõem a natureza. (...) de forma que os elementos integrantes retirem o máximo proveito das funções entre si, visando atender as necessidades uns dos outros”. Na Horta Mandala do Sítio Pontes (Figura 05) cultiva-se leguminosas nos círculos laterais e há a criação de algumas galinhas no centro. A irrigação desse sistema utiliza a água do pequeno açude presente na propriedade rural.


Figura 05: Horta Mandala no Sítio Pontes

Fonte: dados da pesquisa, 2015.


2) Uso de adubos orgânicos: no Sítio Pontes há o uso de adubos orgânicos, porém esse insumo é comprado, já que não possui grande quantidade de animais para produzir estercos no local. Sabe-se que “os adubos orgânicos são produtos obtidos de matérias-primas de origem animal ou vegetal, sejam elas provenientes do meio rural, de áreas urbanas ou ainda da agroindústria” (EMBRAPA, 2008, p. 1). Vale citar que em outras áreas usa-se o NPK, um produto químico utilizado na agricultura convencional rico em nitrogênio, potássio e fósforo.


3) Produtos artesanais agroindustriais comercializados: os sucos, geleias, doces e bolos não possuem conservantes para prolongar o tempo de prateleira do produto no mercado de consumidor. Sendo essa característica um ponto positivo para os produtos ofertados pelo Sítio Pontes.



4) Consórcio e rotação de culturas: verificou-se a presença de cultivos plantados associados com outras culturas agrícolas em uma mesma área, ou seja, no Sítio Pontes há a plantação de diferentes espécies de plantas que se complementam e estão no mesmo local. Tanto o consórcio como a rotação são práticas agrícolas conservacionistas, que envolvem o solo e há uma troca mútua de substâncias (água e sais minerais) envolvendo a relação solo-planta-água. Essas práticas “consistem no conjunto de medidas que visam minimizar os impactos ambientais, ensinando a sociedade local a usar os seus recursos naturais, em especial solo, de forma nacional com o mínimo de perdas possíveis” (BASÍLIO, 2009, p. 108).



5) Margens do rio Gurugi preservadas: ao longo do Sítio Pontes observou-se que a vegetação ciliar mantém-se intacta e não há cultivos agrícolas, portanto, essa propriedade rural segue o Código Florestal no que se refere às áreas de preservação permanente, como é o caso das margens dos rios.



Identificação dos pontos fortes, fracos, ameaças e oportunidades do Turismo Rural no Sítio Pontes e na região

-Pontos fortes:

1) Venda direta dos produtos da propriedade para outros comerciantes, turistas e visitantes;

2) Agricultora qualificada na arte culinária local, a qual diversifica os alimentos, cozinhando a típica comida nordestina para os almoços e lanches do ofertados no Sítio;

3) Entrada da propriedade com boa sinalização, contendo o nome do Sítio e os serviços oferecidos;

4) Ambiente hospitaleiro, contendo área para a prática de camping, redes e mesas, deixando o turista e visitante diretamente em contato com a natureza;

4) Presença da Horta Mandala;

5) Os membros do Sítio Pontes participam ativamente dos projetos e eventos que envolvem o Assentamento Gurugi II e outras localidades do município do Conde e circunvizinhos.

6) Criação em 2013 da página oficial do Sítio Pontes em uma rede social (Figura 04), ajudando a divulgar esse empreendimento do Turismo Rural e a agricultura familiar;

7) Presença do museu do Quilombo no Assentamento Gurugi II, serve como atrativo turístico;

8) Apresentação do grupo de dança de Côco de Roda ao longo do rio Gurugi e no próprio Assentamento, também serve como atrativo para os turistas e visitantes.

9) Criação em 2016 da página oficial do Restaurante Rural Tia Nice.


Figura 06: Página oficial do Sítio Pontes em uma rede social

Fonte: dados da pesquisa, 2015.



-Pontos Fracos:

1) Ainda não possuem um membro da família qualificado para exercer a função de Guia de Turismo;

2) Nenhum membro fala um segundo idioma (Espanhol, Inglês, Francês, etc), já que a propriedade recebe vários estrangeiros durante o ano;

3) Costumam confundir agricultura convencional com Agroecológica e divulgam o Sítio Pontes como sendo Agroecológico;

4) Apesar de existir área de camping, ainda não foi usada para tal prática;

5) Pouca divulgação do Sítio Pontes em jornais, revistas, eventos, etc;

6) Não apresenta dormitórios para os turistas;

7) O Sítio Pontes não está incluso no roteiro turístico dos Guias de Turismo de João Pessoa – PB;

8) Apresenta caderno para assinaturas de seus turistas e visitantes, porém é pouco usado, pois não está em um local visível nos cômodos da casa do Sítio;

9) Utiliza pouquíssimas técnicas agroecológicas, dificultando a sustentabilidade ambiental do empreendimento turístico;


-Ameaças:

1) Degradação ambiental da propriedade rural por parte dos turistas e visitantes;

2) Desinteressar as populações das comunidades ao redor em trabalhar nas atividades agrícolas, podendo abandonar a agricultura;

3) Desestímulo dos agricultores em dar continuidade as atividades de Turismo Rural, devido à ausência de financiamentos e programas governamentais;

4) Especulação imobiliária, dificultando o desenvolvimento do Turismo Rural e da Agroecologia no Assentamento Gurugi II, assim como em outros Assentamentos Rurais da Zona da Mata Sul da Paraíba;

5) Conflitos entre turistas/visitantes e a população local, devido às diferenças culturais;

6) O desenvolvimento do Turismo Rural pode acarretar aparecimento de crime, tráfico de drogas e prostituição no Assentamento Gurugi II;

7) Provavelmente a procura por produtos ofertados pelo Sítio Pontes provocará aumento dos preços, implicando na diminuição das vendas;

8) Sobrecarga da infra-estrutura turística, ou seja, recebimento de grande quantidade de turistas e visitantes.

-Oportunidades:

1) O Sítio Pontes tem potencial para iniciar o processo de transição agroecológica para construir um Turismo Rural sustentável;

2) A propriedade rural pesquisada deveria utilizar seu espaço para realizar festas sobre a cultura local e incluir o Grupo de Côco de Roda para realizar apresentações mensalmente em sua área, como forma de divulgar o empreendimento turístico, a agricultura familiar e valorizar a cultura;

3) Aproveitar os cursos gratuitos oferecidos pelo SENAC e PRONATEC, como o Guia de Turismo, para qualificar algum membro da família para exercer tal função;

4) Determinar e divulgar uma área específica para a prática do camping;

5) Realizar reuniões e parcerias com agências e guias de turismo de João Pessoa para que o Sítio Pontes seja incluído nos roteiros turísticos dessas empresas;

6) Há um grande mercado de produtos regionais que a Zona da Mata Zul tem potencialidades para explorar;

7) As belezas naturais, agricultura familiar, cultural local, entre outras características constituem atrativos para os turistas e visitantes;

8) O Sítio Pontes pode elaborar um Plano de Manejo e programas de preservação e conservação ambiental, como utilizar restos orgânicos e transformar em matéria orgânica para as plantações;

9) Os membros da família do Sítio Pontes devem participar de mais cursos, capacitações e oficinas sobre Turismo, Agroecologia, comercialização, cursos de idiomas etc.

10) A Horta Mandala não é utilizada para que os turistas e visitantes colham as leguminosas compradas por eles;

11) Investir e implantar mais técnicas agroecológicas no Sítio Pontes, aproveitando as potencialidades e pontos fortes do local para que possa ter sustentabilidade socioeconômica e ambiental.


O Sítio Pontes possui particularidades que o classificam como uma propriedade rural da agricultura convencional, porém apresenta alguns métodos agroecológicos, os quais não devem ser descartados e devem servir como base inicial para o aprofundamento da transição agroecológica, dentro das dimensões ecoprodutiva, sociocultural e sociopolítica, como orienta MOREIRA (2011). .

Esse Sítio além de praticar o Turismo Rural, também está caracterizado por praticar o agroturismo.

Ao identificar as oportunidades e os pontos fortes viu-se caminhos para transformar o Sítio Pontes em uma propriedade rural autossuficiente, que impacte positivamente de formas direta e indireta na vida de todos os seres que compõem aquela localidade, pois quando o agricultor cuida da sua terra, cultivando-a, conservando o solo, preservando as matas, entre outras ações, pode aproveitar essas características e tornar o ambiente propício para a implantação do Turismo Rural e, dessa forma, caminhar rumo ao desenvolvimento local.


Árvore dos Sonhos

Fez-se uso de uma metodologia participativa adaptada da árvore dos sonhos, em que a agricultora foi indagada sobre os seus sonhos a curto e longo prazos e depois os dados coletados foram sistematizados, por meio do desenho da árvore em uma cartolina e ordenados os sonhos de acordo com as prioridades e o tempo planejado para concretizá-los (Figura 07).


Figura 07: Árvores dos sonhos a curto e longo prazos

Fonte: dados da pesquisa, 2016.


-Sonhos a curto prazo:

O primeiro sonho dos agricultores do Sítio Pontes refere-se a ter na propriedade um poço artesiano, o qual facilitaria o cotidiano deles, pois gastam cerca de 2000 reais com a bomba implantada as margens do Rio Gurugi. A água atualmente é utilizada em todas as atividades humanas, servindo para saciar a sede, higiene pessoal, produção de alimentos em indústrias, agricultura, entre outros e no Sítio Pontes isso não é diferente. É um elemento primordial tanto para a família quanto para a sobrevivência da terra e de outros seres vivos.

Outros sonhos dizem respeito a melhorar a infraestrutura do Sítio, com a construção de uma piscina, chalés para receber os turistas e de cercar toda a propriedade rural.

Um sonho citado foi o fato de regularizar as atividades da cozinha de acordo com a legislação sanitária. Para isso terá seguir a Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (PNSAN), a qual regulamenta, formaliza, padroniza procedimentos e simplifica a situação dos microempreendedores individuais (MEIs), do empreendimento familiar rural e do empreendimento econômico solidário quanto à sanitização na produção de alimentos (SHOTTZ et al., 2014).


- Sonhos a longo prazo:

No topo da árvore, os agricultores colocam o tema família. E a agricultora declarou: “Eu sempre digo, eu não estou fazendo isso só pra mim. Eu estou fazendo um pé de meia para eles.” E completa: “As coisas que eu passei, eu não quero que eles passem.” A agricultora refere-se a todo o esforço que ela e o marido fazem para darem um futuro melhor para seus filhos e netos, sem que precisem passar pelas necessidades financeiras que já passaram ao longo da vida e antes de serem proprietários do Sítio Pontes.

Notou-se que os proprietários estão preocupados se seus descendentes irão continuar o trabalho árduo e disciplinado que realizam no Sítio, se realmente vão continuar investindo na propriedade rural como hoje em dia fazem os atuais proprietários.



5. CONSIDERAÇÕES FINAIS


O Sítio Pontes é um dos diversos exemplos de agroecossistemas que possuem a agricultura como sua principal atividade, mas que devido às dificuldades impostas pelo atual sistema econômico ao agricultor familiar, os proprietários do Sítio vêm buscando alternativas econômicas para aumentar a sua renda familiar e tentam obter melhorias sociais, ambientais e culturais por meio da implantação da atividade não-agrícola: o Turismo Rural.

Ficou clara que a implantação do Turismo Rural no Sítio Pontes transformou positivamente o território, mas ainda é preciso investir em alguns aspectos, como: infraestrutura, ambientais como a prática de mais técnicas agroecológicas, apresentar para os turistas as manifestações culturais locais, entre outros, para que esse segmento turístico torne-se realmente sustentável na propriedade rural e a perspectiva da transição agroecológica se aprofunde.

Viu-se também que o Turismo Rural, embora praticado em um Sítio de agricultura convencional, apresenta comprometimento e ações agroecológicas voltadas para relações e interações do homem com a natureza.

O processo de desenvolvimento vivenciado pelo Sítio Pontes caminha baseado na realidade local e está diretamente relacionada com a agricultura familiar.

É importante citar também que esse desenvolvimento está sendo construído diariamente pelos moradores do Sítio e da população do seu entorno, a qual está envolvida direta ou indiretamente no Turismo Rural.

Cabe citar também que a implantação do Turismo Rural deve trazer benefícios para todos, não apenas para os agricultores familiares, turistas e visitantes, mas para a comunidade local. E estas melhorias devem dizer respeito à qualidade de vida (saneamento básico, coleta de lixo, educação, saúde, etc).

A preocupação nessa pesquisa é do Sítio Pontes não ser transformado em mais uma propriedade propícia para gerar dinheiro, sem preocupação com a Agroecologia, conservação e preservação do meio e da cultural local. Enfim, há uma grande preocupação no Sítio Pontes enveredar pelo caminho do agronegócio e olvidar de buscar e contribuir pela qualidade de vida de todos.

Na verdadeira essência do Turismo Rural também há os obstáculos que devem ser superados: conseguir desenvolver-se social, econômico, cultural e ambientalmente numa comunidade, tendo que ser sustentável em todas as dimensões mencionadas anteriormente.

Para que o Sítio Pontes seja uma propriedade rural agroecológica é necessário transpor os obstáculos ditados pela agricultura convencional e caminhe por mais ações sustentáveis agroecológicas, rumo ao esperado desenvolvimento rural.

Para tanto, é indispensável que se implante um programa de gestão ambiental realmente eficiente, que insira a pesquisa, manejo dos recursos naturais, monitoramento, recreação, lazer, educação ambiental, administração e manutenção, além de ser primordial a elaboração de políticas públicas que incentivem o Turismo Rural sustentável para que a população local em parceria com outras instituições inicie, fortaleça e amplie ações contínuas, que englobem as diversas dimensões da sustentabilidade e sejam viáveis para a comunidade envolvida. Do contrário, jamais o Turismo Rural alcançará o status de sustentável, seja por meio de práticas agroecológicas, permaculturais, etc.



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Ilustrações: Silvana Santos