Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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16/09/2018 (Nº 65) A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO SEXUAL EM UMA ESCOLA PÚBLICA DE ENSINO MÉDIO DA CIDADE DE COCAL/PIAUÍ/BRASIL
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A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO SEXUAL EM UMA ESCOLA PÚBLICA DE ENSINO MÉDIO DA CIDADE DE COCAL/PIAUÍ/BRASIL



Cleide Machado de BRITO1

Kelly Polyana Pereira dos SANTOS2



Graduada em Licenciatura em Ciências da Natureza, da Universidade Federal do Piauí / Universidade Aberta do Brasil, Pólo de Apoio Presencial de Buriti dos Lopes – PI. cleidebrito-itauanny123@hotmail.com

2Doutora em Desenvolvimento e Meio ambiente. Profa. do Curso de Especialização em Gestão e Educação Ambiental da Universidade Estadual do Piauí. kellypolyana@hotmail.com



RESUMO

Objetivou-se verificar o conhecimento dos alunos em relação aos assuntos ligados à sexualidade, bem como investigar a forma com a qual tal assunto é trabalhado pelos docentes e gestores no ambiente escolar. A coleta de dados foi realizada mediante entrevistas semiestruturadas com alunos e professores da escola de ensino médio Deputado Pinheiro Machado na cidade de Cocal/PI. A pesquisa foi analisada de forma qualitativa e quantitativa. Observou-se que a educação sexual é abordada na escola, porém, é realizada apenas por alguns professores, estes, trabalham a temática quando apresenta alguma relação com o assunto proposto. A disciplina escolar que trabalha a educação sexual com efetividade é a Biologia, constatou-se que os discentes possuem uma concepção pouco aprofundada dos assuntos ligados a sexualidade. Conclui-se, portanto, que a educação sexual trabalhada nesta escola é insuficiente para que os alunos tenham um conhecimento profundo do tema.

Palavras-chave: Adolescência, DSTs, Sexualidade.


THE IMPORTANCE OF SEXUAL EDUCATION IN A MIDDLE SCHOOL OF COCAL/PIAUÍ CITY/BRAZIL



ABSTRACT

The objective was to verify students' knowledge about sexuality issues, as well as to investigate the way in which this subject is worked by teachers and managers in the school environment. Data collection was carried out through semi-structured interviews with students and teachers of the secondary school, Deputed Pinheiro Machado, in the city of Cocal-PI. The research was analyzed qualitatively and quantitatively. It was observed that the sexual education is approached in the school, but it is realized only by some teachers, these, work the subject when it has relation with the proposed subject. The school discipline that works sex education effectively is biology; it was found that the students have a little in-depth conception of the subjects related to sexualities. It is concluded, therefore, that the sexual education worked in this school is insufficient so that the students have a deep knowledge of the subject.

Keywords: Adolescence, DSTs, Sexuality.

INTRODUÇÃO



A educação sexual, assim denominada, é um processo que permite educar os jovens e adolescentes acerca de suas responsabilidades, e nesse sentido alertar para os cuidados necessários no momento em que começam suas vidas sexuais ativas (FUCS, 1993).

Desse modo, é percebível notar nos dias atuais, que a vida sexual ativa dos adolescentes está acontecendo cada vez cedo, e que eles não têm o conhecimento necessário em relação aos métodos de prevenção, com isso, ficam mais vulneráveis a contraírem algum tipo de doença sexualmente transmissível, ou até mesmo uma gravidez indesejada (RIBAS; BERTOLDO, 2012).

Baseado nessas informações, o papel da família é orientar os filhos acerca da sexualidade. A escola entra em questão para ampliar mais ainda essa aprendizagem. Contanto, ainda existem famílias que exercem certo receio de conversar sobre esse assunto com os filhos, e isso acaba deixando os jovens sem informações necessárias para iniciar uma vida sexual ativa saudável e sem problemas futuros (PINTO, 1999).

Segundo Meira (2002), a educação sexual tem certa importância para o conhecimento e desenvolvimento dos adolescentes, e as orientações familiares são fundamentais para que isso aconteça. Dessa maneira, os adolescentes ao receberem dos professores o ensino sobre sexualidade, já terão um conhecimento prévio do assunto, ou seja, serão capazes de aperfeiçoar essa educação recebida da família no ambiente escolar, promovendo assim o seu desenvolvimento físico e social.

De acordo com os Parâmetros Curriculares (1998), o aprendizado sobre sexualidade dentro das escolas se faz necessário, visto que, oferece para os jovens um aprofundado conhecimento relacionado ao assunto. Dessa maneira, os profissionais da escola também irão desenvolver projetos que servirão de estímulo para amenizar os preconceitos, tabus, medos, dúvidas e inseguranças dos alunos nessa fase de descobertas.

Contanto, por mais que a educação sexual seja repassada nas escolas, não supre ainda todas as necessidades que os jovens têm para conhecer de fato sobre uma vida sexual segura, isso acontece pela maneira de ensino que às vezes é insuficiente e esporádico. Desse modo, a educação sexual visa à prevenção, e quando o ensino não alcança esse resultado, os adolescentes acabam acarretando sérios problemas para a sua vida (PECORARI; CARDOSO; FIGUEIREDO, 2005).

Os professores devem participar do ensino sobre sexualidade de forma motivacional, devem fazer com que os alunos interajam, debatam, questionem sobre a sexualidade no momento em que os conteúdos relacionados ao tema forem sendo abordados (SILVA, 2007).

Nesse sentido, é perceptível que a falta de conhecimento dos alunos se dá pela ausência de iniciativas nas escolas como: palestras e aulas práticas envolvendo a temática da sexualidade. A falta de preparação dos professores para abordar os assuntos envolvidos sobre o sexo é também um fator, juntamente com a rejeição dos pais que julgam a educação sexual como imprópria aos seus filhos (ROSENBERG, 1985).

A problemática da falta de conhecimento dos adolescentes sobre sexualidade é um fator gerado pela escassa educação que vem dos familiares e escola sobre o determinado assunto. É preciso acabar com os problemas de saúde, dúvidas, medos e os tabus deixados pelas sociedades anteriores, ou seja, eles tentavam de todas as formas negar essas informações aos adolescentes, onde os jovens teriam que aprender sozinho, e por muitas vezes a aprendizagem não era suficiente levando eles a sérios problemas de saúde (BOMFIM, 2009).

O ideal seria que os adolescentes recebessem uma educação sexual desde os primeiros anos de vida escolar, ou seja, de acordo com a sua idade ou a serie em que estariam. Dessa forma, seria interessante também que a abordagem fosse promovida através de palestras ou reuniões com médicos, enfermeiras e toda a gestão escolar, e até mesmo o desenvolvimento de projetos voltados para a conscientização da importância da prevenção e saúde (MOIZÉS; BUENO, 2010).

O interesse pelo desenvolvimento da pesquisa surgiu a partir da importância da educação sexual na escola. Desse modo, haverá a análise de como os adolescentes estão vivendo a sua sexualidade e como os professores lidam com o assunto em suas aulas, ou até mesmo no cotidiano do ambiente escolar. Dessa forma, questiona-se como a educação sexual é recebida pelos alunos, e como os professores trabalham essa temática dentro do ambiente escolar?

A educação sexual é muito importante para todos os jovens e adolescentes, e nessa fase de novas descobertas e novas experiências é de suma importância analisar como ela está sendo trabalhada nas escolas, pois a escola amplia o conhecimento e a educação que é adquirida pelos pais. Esta pesquisa é de suma importância para o desenvolvimento e acompanhamento da vida dos nossos jovens e adolescentes, bem como o bem-estar de toda a sociedade.

Objetivou-se verificar o conhecimento dos alunos em relação aos assuntos ligados à sexualidade, bem como investigar a forma com a qual tal assunto é trabalhado pelos docentes e gestores no ambiente escolar.



MATERIAL E MÉTODOS



O estudo foi realizado em uma escola pública da cidade de Cocal. O município localiza-se ao norte do estado do Piauí em uma latitude de 3° 28' 33'' sul e longitude 41° 33' 28 oeste. A cidade apresenta densidade demográfica de 1.269,5 km² e possui uma população de 26. 044 habitantes. A cidade possui atualmente 60 escolas públicas, sendo 55 municipais e 05 estaduais (IBGE, 2017).

A pesquisa foi realizada na escola pública de ensino médio denominada Deputado Pinheiro Machado, que, atualmente conta com 919 alunos, 61professores, dois diretores e um coordenador pedagógico, funcionando nos três turnos diários.

A pesquisa foi realizada período de julho a dezembro de 2017. O universo amostral da pesquisa foi de 100% do total de alunos pertencentes ao 3º ano do turno da tarde da escola, totalizando 28 alunos, e 100% dos professores que trabalham na série de estudo, totalizando 12 docentes (BARBETTA, 2006).

Este estudo foi de cunho qualitativo e quantitativo. Os alunos foram convidados a participarem da pesquisa por meio de um questionário semiestruturado com perguntas abertas e fechadas (OLIVEIRA, 2011).

Ao abordá-los houve o esclarecimento sobre a pesquisa apresentada deixando claro o objetivo da pesquisa e a segurança no sigilo das respostas dadas e também o direito de desistir a qualquer momento. Os alunos que decidiram participar assinaram primeiramente o termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Os professores das turmas também foram convidados para participarem de uma entrevista, na qual poderiam expor seus pensamentos acerca das questões a serem discutidas sobre a temática. As análises e tabulações dos dados foram realizadas no programa Microsoft Excel 2010.



RESULTADOS E DISCUSSÃO



Participaram deste estudo 12 professores do 3º ano do ensino médio, sendo, (07) do gênero feminino e (05) do gênero masculino, com idades entre 30 a 43 anos, e 28 alunos, sendo (22) do gênero feminino e (06) do gênero masculino, com idades entre 16 a 30 anos, que frequentam a serie citada.



A Educação Sexual na Visão Docente



Quando questionados sobre como trabalham esse tema transversal na sala de aula, 58% dos professores responderam que não trabalham a temática abordada, enquanto 42% responderam que trabalham de acordo com o conteúdo que está sendo abordado, pois muitas vezes tem relação com o tema da sexualidade, através de textos literários, de filmes, cartazes educativos ou até mesmo quando há projetos envolvendo a temática estudada. A educação sexual deve ser trabalhada na escola como um tema transversal (FOUCAULT, 2010). A educação sexual tem uma importância para o conhecimento e desenvolvimento dos adolescentes, e as orientações da escola e família são fundamentais para que isso aconteça (MEIRA, 2002).

Percebe-se que nos dias de hoje ainda há certa dificuldade por parte dos professores em debater sobre sexualidade em sala de aula, assim como descrito no presente estudo, pois 50% dos entrevistados afirmam ter dificuldades, e que este fato deve-se a formação moral de cada um, pois muitas vezes os pais não concordam que o assunto seja questionado na escola, que a idade dos alunos não é adequada e que o assunto é muito complexo e muitas vezes constrangedor, e ainda, que a carga horária não permite que o assunto seja abordado de maneira satisfatória. Por outro lado, para 50% dos docentes entrevistados, discutir sobre a temática não é problema, pois muitos deles já chegam a escola com um conhecimento prévio e que levam em conta a idade dos alunos e abordam apenas o necessário, além de acharem um assunto normal e de extrema importância.

Os professores foram indagados sobre suas possíveis reações a respeito de alguma dúvida dos discentes sobre a sexualidade. As respostas foram as mais diversas, tais como: acham normal a atitude e respondem as dúvidas, explica de forma clara e objetiva, age de maneira normal e explicando de forma fácil e levando em conta a realidade do aluno, responde ao questionamento de acordo com o seu conhecimento, ou ainda, que ficam felizes ao ver que o aluno se interessa por adquirir informações seguras.

Todos os docentes entrevistados afirmaram que a educação sexual promovida na escola não contribui para a prática precoce do sexo, concordando com Guimarães (2003) quando afirma que a educação sexual não antecipa a pratica sexual, uma vez trabalhada no ambiente escolar irá atrasar a vida sexual dos alunos, agindo apenas na orientação dos alunos, fazendo com que eles tenham mais responsabilidades.

O convívio dos professores com os alunos em sala de aula permite que o professor analise quais são as principais dúvidas dos discentes em relação aos assuntos ligados à sexualidade, a pesquisa demonstra que as DSTs e os métodos contraceptivos são as questões mais preocupantes, conforme (Figura 1). Um estudo realizado por Ribas e Bertoldo (2012) na Bahia mostrou um resultado semelhante, apontando que as DSTs são os problemas que mais preocupam os discentes.



Figura 1. Principais dúvidas dos alunos em relação à sexualidade

Fonte: Pesquisa Direta, 2017.



A educação sexual na percepção dos 100% professores entrevistados é que ela pode sim contribuir para a qualidade de vida dos jovens, pois ao adquirirem conhecimentos inerentes a sua sexualidade, tornam-se críticos e reflexivos, e se conscientizam dos riscos e cuidados que necessitam para evitar problemas futuros como doenças sexualmente transmissíveis ou uma gravidez precoce, corroborando com os dados de (FIGUEIRÓ, 2006).

Para 66,67% dos professores entrevistados, a educação sexual deve ser discutida tanto na escola como no ambiente familiar, pois a escola amplia e fornece informações que complementam o que é ensinado pelos pais (Figura 2). Um estudo realizado por Savegnago e Arpini (2013) demonstrou que a maior parte dos pais não abordam a sexualidade com os filhos. É muito importante que a família tome consciência de que ela é a principal fonte de informações da qual os filhos necessitam.

Figura 2. Abordagem da educação sexual

Fonte: Pesquisa Direta, 2017.



A Educação Sexual na Visão Discente



Os participantes deste estudo possuem entre 16 a 30 anos (Figura 3), 78,6% são do gênero feminino (Figura 4), e estudam no 3° ano do ensino médio da escola deputado Pinheiro Machado/PI.



Figura 3: Distribuição dos alunos de acordo com a idade pertencentes ao 3 ° ano da escola Pinheiro Machado em Cocal/PI.

Idade





Fonte: Pesquisa direta, 2017



Figura 4: Distribuição dos alunos de acordo com o gênero pertencentes ao 3 ° ano da escola Pinheiro Machado em Cocal/PI.

Fonte: Pesquisa direta, 2017.



Quando questionados sobre o conhecimento em relação à educação sexual, percebe-se que 89,3% dos alunos sabem o seu significado, pois a educação sexual não passa despercebida na escola, e em algum momento das aulas, os professores acabam discutindo o assunto, principalmente quando este tem alguma relação como conteúdo abordado, mesmo a maioria afirmando que sabem o que é educação sexual, verifica-se que há a necessidade de trabalhar mais sobre o determinado tema, uma vez que a educação sexual é vista por 82,1% como forma de prevenção de uma gravidez precoce e DSTs.

De acordo com os PCNS (BRASIL, 1997) a educação sexual deve ser abordada dentro de todas as disciplinas. É possível observar na (Figura 5), as disciplinas que na visão dos discentes trabalham essa temática, Biologia alcançou lugar de destaque, porém algumas disciplinas não foram pontuadas. Com estes resultados é possível verificar que a educação sexual na escola estudada não é trabalhada conforme os PCNS.

Figura 5. Discipinas que abordam a temática da educação sexual

Fonte: Pesquisa direta, 2017.

Quando questionados sobre a abordagem da educação sexual em sala de aula, 25% dos discentes afirmam que os professores sempre abordam tais assuntos, 57,1% afirmaram que somente às vezes, e 17,9% afirmam que os professores não falam do determinado assunto. Percebeu-se, que a maioria dos assuntos abordados pelos professores está relacionado às DSTs. Nota-se que há uma relação entre as respostas dadas pelos professores, quando questionados se trabalham a educação sexual em sala de aula.

As relações sexuais exigem cuidados necessários para uma prevenção contra doenças e gravidez precoce. Observou-se neste estudo que a maioria dos alunos 57,1% ainda não teve relações sexuais enquanto aqueles que já têm uma vida sexual ativa, quando questionados ao uso do preservativo nas relações sexuais, observa-se que 21,4% afirmaram usar, 17,9% usam às vezes e 3,6 % afirmam que não fazem o uso do preservativo.

Quando questionados sobre a promoção de palestras, projetos ou seminários pela escola, sobre assuntos relacionados à educação sexual, 39,3% afirmaram que são realizadas, 14,3% afirmam que não, e 46,4% que isso acontece às vezes. Meyer et al., (2007) descreve que a escola trabalha a educação sexual apenas como forma remediativa.

Os resultados demonstram que 50% dos discentes conhecem as DSTs mais comuns e sua forma de prevenção, enquanto que 35,7 % disseram que conhecem apenas algumas e 14,3% responderam que não as conhecem.

Quando questionados sobre gravidez indesejada, (64,3%) dos discentes relataram que pode estar relacionada com a relação sexual precoce que acontece na fase da adolescência, onde, estes não têm ainda conhecimentos necessários para se prevenir. 35,7 % dos alunos acreditam que está ligada a falta de conhecimento sobre os métodos contraceptivos. É possível comparar o nível de conhecimentos dos alunos em relação a sexualidade com um estudo realizado com os jovens Portugueses de uma escola pública (VILLAR 2008), onde, a maior parte dos alunos 76,6 % disseram ter um conhecimento médio acerca dos assuntos ligados a sexualidade, enquanto 17,9% afirmaram ter um conhecimento baixo e apenas 3,6% julgam ter um conhecimento alto sobre os assuntos relacionados a sexualidade. É necessário que todos tenham conhecimentos significativos, pois estes são essenciais no desenvolvimento dos jovens.

Conforme os dados da (Figura 6), (67,9 %) dos alunos afirmaram que a camisinha é o método mais seguro na prevenção da gravidez. Corroborando com os dados da presente pesquisa, um estudo realizado por LIMA e PAGAN (2011) em uma escola pública na cidade de São Cristóvão/SE também mostrou que a camisinha é o método mais seguro na prevenção de doenças e gravidez.



Figura 6. Método mais seguro na prevenção da gravidez.

Fonte: pesquisa direta, 2017.



Há várias doenças sexualmente transmissíveis ao ser humano. A (Figura 7), retrata a opinião dos discentes sobre elas, 67,9 % dos disseram que o HIV é a DST mais perigosa ao ser humano, pois eles a vêem como um problema muito sério que pode afetar toda uma sociedade, além disso, existe a discriminação, a discriminação sofrida pelos soropositivos está relacionada com a ignorância que a sociedade possui em relação ao vírus e as formas de infecção. Uma educação sexual voltada para a prevenção de DSTs é extremamente importante.



Figura 7. DSTs mais perigosas aos seres humanos na percepção dos discentes.

Fonte: Pesquisa direta, 2017.



Quanto à fonte de informação sobre o tema da educação sexual (Figura 8), 42,9% dos alunos, afirmam que é a familia, corroborando com Rodrigues e Wechesler (2014) quando fala que a familia é a base de todo o conhecimento que o aluno leva para a escola, mas é no ambiente escolar que essa aprendizagem se torna mais significativa, pois a escola complementa o que é ensinado aos filhos.



Figura 8. Melhor fonte de informações sobre educação sexual

Fonte: Pesquisa direta, 2017.

Quando questionados sobre o período de ovulação e gravidez, 39,3% dos discentes afirmaram que o período em que a mulher poderá engravidar está entre os primeiros dias após a menstruação (Figura 9). Filipini et al., (2013) afirma que o ciclo menstrual é um assunto que começa a ser discutido já no ensino fundamental e em seus estudos declara a necessidade de informações no período da adolescência, com isso é possível analisar que o clico menstrual tem relação direta com o período da ovulação, na qual a mulher pode engravidar.



Figura 9. Período de maior probabilidade da mulher engravidar

Fonte: Pesquisa direta, 2017.



CONCLUSÕES



Conclui-se que a maioria dos professores do 3° ano do ensino médio não trabalha a educação sexual em sala de aula, por diversos motivos: a temática não tem relação com o conteúdo das disciplinas com as quais trabalham, carga horária insuficiente, idade dos alunos, opinião dos pais e constrangimento por parte dos alunos.

A família é muito importante no processo de aprendizagem do aluno, portanto para os professores a educação sexual deve ser trabalhada tanto na escola como no ambiente familiar, uma vez que a escola apenas complementa o que já é ensinado pelos pais.

A temática da educação sexual é abordada de forma mais clara e precisa na disciplina de biologia, pois apresenta conteúdos ligados à sexualidade.

É necessário que a escola trabalhe a educação sexual no dia a dia, pois os discentes necessitam de conhecimentos para se sentirem confiantes e seguros em suas decisões e responsabilidades, a fim de evitarem problemas futuros tais como gravidez indesejada e DSTs.

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Ilustrações: Silvana Santos