Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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13/03/2019 (Nº 67) A GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS EM DUAS ESCOLAS PÚBLICAS DO ESTADO DE RONDÔNIA
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A GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS EM DUAS ESCOLAS PÚBLICAS DO ESTADO DE RONDÔNIA



1Sandra Mari Bertola; 1Marcelo dos Santos Targa

1Programa de Pós-graduação em Ciências Ambientais – Universidade de Taubaté –UNITAU, Taubaté, SP, Brasil.

e-mail: sandrabertola@hotmail.com ; targa.marcelo@gmail.com



RESUMO

A escassez da água, em várias regiões do Brasil tem estabelecido novas formas de pensar e desenvolver hábitos de conservação e uso racional. Uma das formas é atuar em ambientes voltados a educação coletiva. Assim, estudos que avaliem o uso e a conservação em escolas públicas e privadas são importantes para nortear ações concretas em ambientes escolares. Neste estudo, analisou-se no período de maio de 2016 a abril de 2017, a gestão da água de duas escolas da Rede Pública Estadual de Ensino, do município de Vilhena, RO, a partir da observação dos hábitos de consumo dos usuários, da qualidade das instalações hídrico-sanitárias, da identificação do consumo de água per capto diário em cada instituição, da observação do comportamento pró-ativo dos gêneros masculino e feminino, em relação à conservação da água. Os resultados revelaram que a gestão da água nas escolas estudadas não acontece de forma planejada ou sistêmica, e que a água utilizada na limpeza predial, consumo humano e irrigação da horta, não são reutilizadas, não existem mecanismos de captação de água pluvial dos telhados ou aproveitamento da água proveniente de aparelhos de ar condicionado. O Índice médio de Consumo para entre as duas escolas foi de 8,4 litros/dia de água, considerado baixo e na questão comportamental os usuários do gênero feminino tem um comportamento pró-ativo maior do que os do gênero masculino.

Palavras chave: Ciências ambientais, uso racional de água; escolas; Indicadores de consumo.



Abstract

The scarcity of water in various regions of Brazil has established new ways of thinking and developing habits of conservation and rational use. One of the ways is to act in environments focused on collective education. Thus, studies that evaluate use and conservation in public and private schools are important to guide concrete actions in school settings. In the study, from May 2016 to April 2017, the water management of two schools of the State Public School Network, in the municipality of Vilhena, State of Rio Grande do Sul, was analyzed, from the observation of user consumption habits, quality of water and sanitation facilities, identification of per capita daily water consumption in each institution, and observation of the proactive behavior of male and female genders in relation to water conservation. The results showed that the water management in the schools studied does not happen in a planned or systemic way, and that the water used in building cleaning, human consumption and irrigation of the garden, are not reused, there are no mechanisms to capture rainwater from the roofs or use of water from air conditioners. The average Consumption Index for both schools was 8.4 liters / day / water user, considered low and in the behavioral question the female users have a proactive behavior higher than the female gender.

Keywords: Environmental sciences, rational use of water; schools; Indicators of consumption.



  1. INTRODUÇÃO

Por ser um recurso natural renovável, devido à sua capacidade de recompor-se por meio do ciclo hidrológico, a água foi, durante muito tempo, utilizada de maneira indiscriminada. Com a ocorrência da escassez em função da má distribuição de chuvas e/ou de uso indiscriminado, muitas regiões do Brasil foram sendo submetidas a condições de déficit hídrico. Dessa forma a busca por formas simples de conservação e economia da água em ambientes públicos deveria ser um dos objetivos da gestão de recursos hídricos do Estado brasileiro.

De toda água existente no globo terrestre 97,3% é água salgada e apenas 2,7% é água doce, a qual se divide em 1,95% na forma de gelo nas calotas polares, 0,60% é água subterrânea e somente 0,15% estão nos rios e lagos de água doce. O Brasil detém em torno de 18% da água doce do planeta ONU, 2012) (sendo que 80% dessa água está concentrada no Pantanal e na Amazônia, regiões com cerca de 22% da população e por outro lado 20% da água está disponível nas regiões Sudeste, Sul e Nordeste que concentram 78% da população (IBGE, 2011), contudo, das 100 maiores cidades brasileiras somente 28% tem disponibilidade hídrica satisfatória (ABES, 2013).

O consumo de água, nas últimas décadas, cresceu duas vezes mais do que a população e a estimativa é que a demanda aumente 55% até 2050. O crescimento da população está estimado em 80 milhões de pessoas por ano, podendo chegar a 9,1 bilhões em 2050. De acordo com os dados estatísticos apresentados, existem 1,1 bilhão de pessoas praticamente sem acesso à água potável. Estas mesmas estatísticas projetam o caos em pouco mais de 40 anos, quando a população atingir a cifra de 10 bilhões de indivíduos (UNESCO, 2015).

Embora o Brasil apresente uma das maiores reservas mundiais de água doce, o mesmo passou a ter problemas com a escassez de água a partir de 2012, em diversas regiões, o que só era esperado na região semiárida no Nordeste em que essa escassez é centenária. A incidência de eventos de seca no Brasil indicaram que 1.485 municípios (27%) do total de municípios do país decretaram estado de emergência devido a ocorrência de seca no ano de 2013 (ANA, 2015).

A região do Semiárido brasileiro com quase um quinto do território brasileiro (970 km²) abrange parte de oito estados (Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia), concentra 12% da população brasileira. Denominado de polígono da Seca em 1936 a região tem enfrentado novamente problemas com a falta de chuvas.

Segundo Targa e Batista (2015) o caso de maior notoriedade na mídia foi a falta de chuvas na região Sudeste entre 2013 e 2014 pela dificuldade de abastecimento de 43% da população brasileira, nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo, principalmente da área urbana. Esta seca, tida como a pior dos últimos 80 anos afetou a vida de aproximadamente 20 milhões de habitantes da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP). Em 2015 no estado de Minas Gerais, em pleno período de chuvas, 110 cidades mineiras declararam estado de emergência com relação a falta de água (RIBEIRO e ROLIM, 2017).

O cuidado com as águas de modo organizado é recente no Brasil. Somente em 1991, teve início no Estado de São Paulo. Posteriormente, foi estabelecida uma política nacional de recursos hídricos, instituída pela Lei Federal 9433/1997 seguindo o modelo de política de recursos hídricos do Estado de São Paulo (Lei 7663/1991), cujos preceitos são: A adoção da bacia hidrográfica como unidade de planejamento e gerenciamento, por meio de uma administração descentralizada, participativa e integrada, com o reconhecimento de que a água é um bem público de valor econômico, cuja utilização, além de ser cobrada, deve ser compartilhada por todos os usuários, considerando as prioridades dos desenvolvimentos regionais e a proteção do ambiente (TARGA e BATISTA, 2015).

Com a previsão de escassez, em várias regiões do mundo é necessário estabelecer novas formas de pensar e desenvolver hábitos de conservação e uso racional e uma das formas é atuar em ambientes voltados a educação coletiva. Nesse sentido estudos que avaliem o uso e a conservação em escolas públicas e privadas são importantes para nortear ações concretas em ambientes escolares.

No Brasil vários programas têm sido desenvolvidos com a finalidade de desenvolver hábitos de uso racional da água, dentre os quais se destacam: o Programa Nacional de Combate ao Desperdício de Água – PNDCA, o Programa de Uso Racional da Água (PURA – USP), Programa de conservação de água da UNICAMP (Pró-Água UNICAMP), o Programa de Uso Racional de Água da UFBA (ÁGUA PURA UFBA), o PROAGUA/ Semiárido, o PROSAB (Programa de Pesquisa em Saneamento Básico) e os Programas de Conservação e Reuso de Água.

O PURA foi criado em 1997 pela Universidade de São Paulo e a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), que em convênio, ofereceu desconto de 25% em faturas de água, para financiar as medidas necessárias à implementação do programa com a contrapartida da USP que deveria diminuir efetivamente o consumo de água em torno de 20 a 30% e estabelecer uma metodologia para uso futuro (TAMAKI, 2003).

Ressaltou Silva, (2004) que de agosto de 1998 a dezembro de 2003, o PURA-USP atingiu uma redução do consumo de 36% e uma economia de 2.223.361m³, o que seria suficiente para abastecer o campus por dois anos.

Contudo, Ilha et al., (2008), ressaltam que em edificações públicas, como escolas e universidades, onde o usuário não é responsável diretamente pelo pagamento da conta de abastecimento de água, pode se esperar uma tendência ao maior desperdício.

Além de uso indiscriminado Gonçalves et al. (2005), destaca que a falta de sensibilização dos usuários com relação a conservação dos sistema hidráulicos das escolas, bem como a inexistência ou ineficiência de um sistema de manutenção, pode ser a causa de fadiga do sistemas, ocasionando vazamentos e portanto resultando em maior consumo de água.

O ambiente escolar é considerado um espaço propício para estudar as questões relacionadas ao consumo de água, pois se trata de um ambiente alicerce para a formação do caráter dos cidadãos e para a conscientização da importância de preservação ambiental e do uso racional. A escola também deve ser um local onde educandos possam vivenciar experiências de uso racional da água e encontrar condições satisfatórias de infraestrutura hidrossanitária.

Ao estudar a gestão de recursos hídricos em quatro escolas na região do Vale do Itapocu, em Santa Catarina, Medeiros et al.,(2013) constataram discrepância com relação ao consumo água potável entre as instituições estudadas localizadas nas regiões centrais e periféricas.

Caetano e Oliveira (2016) analisaram questões relativas a implantação de sistemas para captação e reutilização de água em escolas municipais e estaduais de Ribeirão Preto, São Paulo e demonstraram que a principal causa de as instituições não implantarem o sistema foi a falta de recursos financeiros.

Procopiak et al., (2014) constatou que a maioria dos usuários de água da escola possuía a consciência e sabia o valor dos recursos hídricos, entretanto, nem todos os envolvidos tiveram semelhante percepção, pois os equipamentos hidráulicos estavam danificados e com vazamentos.

Estudos como o de Aoyama et al., (2007) e Magalhães Júnior (2007) trazem avaliações quanto ao uso da água e fazem recomendações com relação à educação ambiental e o emprego de equipamentos economizadores de água em ambientes escolares.

Ywashima (2005), em estudo sobre o modo como os usuários das escolas públicas da cidade de Campinas (São Paulo) utilizavam a água, desenvolveu uma metodologia para aferir o Índice de Percepção dos usuários para o uso racional da água.

Oliveira (1999) recomenda o emprego dos seguintes parâmetros, além do IC, índice para a avaliação do consumo de água em uma edificação, o índice de vazamentos (IV) e o índice de perdas por vazamentos (IP). O IV é a relação entre o numero de pontos de consumo de água com vazamentos e o número total de pontos de consumo e o IP é a relação entre o volume estimado perdido em vazamentos em um determinado período de tempo e o volume total consumido na edificação no referido período de tempo.

A primeira etapa de um programa de conservação de água consiste no diagnóstico do consumo, o qual pode ser comparado com dados de edificações similares em que já foi evidenciado o potencial de economia. Esta etapa deve ser acompanhada de uma caracterização adequada do sistema predial de água e da identificação das particularidades da edificação em estudo.

O presente estudo tem por objetivo avaliar como ocorre o uso racional da água em ambientes escolares da rede pública estadual, e consequentemente como essa ação tem sido utilizada como ferramenta para o desenvolvimento ambiental sustentável.



  1. METODOLOGIA

2.1. Local

O estudo foi realizado em 02 (duas) escolas públicas da rede estadual de ensino, localizadas na zona urbana do município de Vilhena no Estado de Rondônia, Brasil. A população de Vilhena - RO é estimada em 99.934, segundo dados de 2016 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sendo o quarto município mais populoso de Rondônia.

A escola (1) conta com um quadro de 96 (noventa e seis) funcionários e atende nos períodos matutino (347 alunos), vespertino (317 alunos) e noturno (373 alunos), perfazendo um total de 1037 (um mil e trinta e sete) alunos, que dispõe de uma estrutura física de 12 salas de aula, quadra poliesportiva coberta, quadra de areia, cantina, cozinha, refeitório, biblioteca; sala de informática; sala de vídeo, laboratório de informática, sala de multimeios, secretaria, sala de professores, sala de atendimento especializado, sala de supervisão pedagógica, sala de orientação educacional, sala de direção, banheiro para professores, Banheiro feminino e banheiro masculino.

A Escola (II) oferece Ensino Fundamental (nono ano) e Médio a 646 alunos em dois períodos e possui um total de 65 funcionários. A escola passou por uma intensa reforma estrutural (física e pedagógica) recentemente pelo Programa “Escola de Cara Nova” que foi implantado pelo Governo do estado de Rondônia com o objetivo de promover um ensino que além de educar também qualifica. Esse programa moderniza o visual das unidades escolares, e pelo programa Eficiência Energética, que revitaliza a parte elétrica das escolas.

Além das 19 (dezenove) salas de aula a Escola (II) possui um Bloco do Ensino Médio, com Laboratórios de Química, Física, Matemática e de Informática, Tv Escola, Sala do Atendimento Educacional ao Aluno Especial – AEE e sala de multimeios, para utilização de recursos audiovisuais e uma Biblioteca. A escola oferta também, Sala de apoio curricular na área de matemática e o PIBID (Programa Institucional de bolsa de iniciação à docência).

2.2. Procedimentos Metodológicos

Neste estudo foi aplicado o plano de auditoria (SABESP, 2009) qualitativa do uso da água nas duas Escolas Estaduais de Ensino Fundamental e Médio do município de Vilhena, RO no período de fevereiro a outubro de 2017.

A coleta dos dados consistiu na caracterização das atividades realizadas com o uso de água, em função do tipo de cada uma das escolas, por meio da análise de contas de consumo de água, de leituras de hidrômetro, da verificação de áreas de captação, dos dados pluviométricos entre outros, de acordo com as seguintes etapas do Plano de auditoria:

  1. Diagnóstico:

A etapa Diagnóstico teve por objetivos:

  • Identificar as atividades de uso da água: Consumo humano, higiene pessoal, e ambiental, cozinhas, regas, lavagens etc.;

  • Identificar os hábitos e vícios de desperdícios do usuário, modos de uso da água;

  • Verificar as condições higiênico sanitárias dos reservatórios;

  • Identificar os pontos de uso ou consumo: (locais: banheiros, lavatórios, cozinhas/cantina/copa, lavanderias, vestiários, área administrativa, áreas externas e outros);

  • Identificar o estado de uso dos equipamentos e das louças sanitárias: torneira, chuveiro, bebedouro e filtro com ou sem vazamento; vazamento das bacias sanitárias; no poço e na válvula de descarga; vazamento de bacias sanitárias no engate flexível; vazamento nos registros de gaveta – colunas e ramais; frequência de entupimento da bacia sanitária.

  • Verificar o volume possível de ser captado pelos telhados das escolas.



  1. Caracterização Comportamental do Usuário

A etapa Levantamento do perfil do consumo tem por base os seguintes aspectos:

O consumo total de água é composto por uma parcela efetivamente utilizada e outra perdida, que pode ser decorrente do desperdício. A leitura desse consumo é feita em metros cúbicos (m³).

Para avaliar o comportamento dos alunos em relação ao desperdício de água, foi realizado um teste, durante o horário de intervalo entre aulas, no qual se manteve uma das torneiras da pia do banheiro acionada com pequeno fluxo contínuo de água. A intencionalidade desse teste é de verificar quantos alunos teriam uma ação pró-ativa de fechar a torneira ao observar o desperdício da água.

Além disso, por meio da leitura no mostrador do hidrômetro/relógio e do correto preenchimento dos formulários, pode-se conhecer o perfil de consumo, de modo a permitir a identificação rápida da ocorrência de grandes variações que podem indicar defeitos, má utilização ou danos nos equipamentos.

Os indicadores do perfil de consumo, além de ajudar a controlar o gasto de água, permitem, dentro de certos limites, a comparação de consumo entre escolas e o estabelecimento de metas por meio do estabelecimento de um plano de intervenção.

Para este estudo foi usado o Índice de Consumo (IC), definido por (OLIVEIRA, 1999) por meio da equação 1:



Eq. [1]

Em que:

IC: Índice de Consumo, em litros/pessoa/dia;

Cm: Consumo Mensal, em litros;

NA: Número de consumidores;

Dm: Quantidade de dias úteis no referido mês.



  1. RESULTADOS E DISCUSSÃO



3.1. Etapa de Diagnóstico

A partir do diagnóstico nas duas escolas, observou-se que:

A estrutura física da Escola I foi reconstruída em 2009, porém, recentemente passou por algumas melhorias como passarela, calçamento interno e pintura e, portanto se apresenta em bom estado de conservação. A água utilizada na escola é proveniente do Sistema Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) é armazenada em cisterna com capacidade para 4.000 litros. A água é bombeada da cisterna para uma caixa d’água suspensa com capacidade de armazenar 5.000 litros e desta é distribuída pelo sistema de tubulações e válvulas aos diversos pontos da escola, com exceção de uma torneira destinada à limpeza de espaços externos que se utiliza de água proveniente diretamente da rua, com maior pressão.

A Escola I possui 10 bacias sanitárias e 6 torneiras para uso de alunos nos banheiros femininos e masculinos para atender uma média de 345 alunos em cada período, o que de acordo com o Manual para Adequação de Prédios Escolares (MEC, 2006) as escolas devem ter 1 bacia sanitária, 1 papeleira para cada 40 alunos e 1 lavatório para cada 30 alunos e 1 saboneteira para cada dois 2 lavatórios e 1 torneira para cada lavatório. Portando, no caso das bacias sanitárias, a oferta e demanda tem sido suficiente e adequado aos padrões do Ministério da Educação. Quanto aos lavatórios, estes estão em número inferior ao adequado. A acessibilidade segue as determinações da NBR 9050/2015. Os chuveiros não são usados na rotina escolar e apenas esporadicamente quando a escola sedia jogos escolares, estes são usados nos alojamentos.

Os três bebedouros disponíveis na escola I são elétricos de aço inox, tipo calha com três torneiras cada, que atendem adequadamente a demanda em relação ao número de alunos, embora existam queixas por partes destes de que nos dias de maior calor a água não permanece gelada nos momentos do intervalo escolar, principalmente no período vespertino onde a temperatura ambiental fica mais elevada.

Com relação a Escola II que nasceu com a criação do município de Vilhena em 1977, esta, passou por diversas fases, acompanhando o ritmo do desenvolvimento regional. Atualmente a escola oferece Ensino Fundamental e Médio e conta com 646 alunos em dois períodos e com um total de 65 funcionários. A água utilizada na escola é proveniente do SAAE – Sistema Autônomo de Água e Esgoto e é armazenada em uma caixa de amianto suspensa em base de concreto com capacidade de 10.000 litros, outra subterrânea de concreto e com capacidade de 6.000 litros, para atendimento as necessidades do ambiente escolar.

Nas atividades de preparo de alimentos e limpeza dos ambientes foi verificado que os espaços internos são limpos diariamente; os banheiros duas vezes ao dia, os espaços externos, duas vezes na semana e a limpeza de alimentos é realizada duas vezes por dia. Todos esses procedimentos utilizam água limpa (tratada), contudo não há uma preocupação e nem ação para reduzir consumo pelos responsáveis pela execução desses serviços. Auditoria na Escola II também foi agendada previamente e acompanhada pelo diretor da Instituição que prestou todas as informações necessárias a esta etapa da pesquisa.

Os banheiros feminino e masculino possuem 12 bacias sanitárias, sendo 6 em cada. Os lavatórios possuem 8 torneiras sendo 4 no banheiro feminino e 4 no masculino. Destas, apenas uma no banheiro masculino apresentou vazamento. A escola possui um banheiro com acessibilidade para o público feminino e outro para o masculino. Em relação a quantidade e demanda, a escola apresenta números em acordo com o Manual para Adequação de Prédios Escolares (MEC, 2006).

Boa parte da instalação hidráulica da escola é subterrânea, sob o piso e parede, não sendo possível a visualização de vazamentos. Os bebedouros são elétricos em aço inox com torneiras que atendem a demanda de alunos nos dois períodos letivos.

Com relação aos hábitos e desperdícios observou-se que:

Na Escola I a cozinha é de alvenaria com revestimento em azulejo e piso em cerâmica, e preparam 3 refeições ao dia. Os hábitos de desperdícios observados foram em relação ao uso de torneira aberta durante a lavagem de verduras e utensílios. A irrigação é realizada diariamente com mangueira, na horta escolar e também em um pequeno jardim na entrada da escola e a limpeza do pátio e ambientes externos também é realizada com mangueira duas vezes por semana.

Na Escola II a cozinha também é em alvenaria com revestimento de azulejo, mas apresenta uma bancada para o preparo de somente 2 refeições diárias, contendo 2 torneiras para limpeza dos alimentos e higienização de pratos, talheres, panelas e outros utensílios. A irrigação destina-se, diariamente a horta escolar e a limpeza do pátio que é realizada com a utilização de mangueira com gatilho de acionamento.

Com relação a identificação de problemas relacionados ao uso e mau funcionamento dos sistemas hidráulicos, a Tabela 1 apresenta os principais problemas identificados nas Escolas I e II e as possíveis soluções.



Tabela 1. Relação de problemas identificados com relação ao uso da água nas Escolas I e II e possíveis soluções

Problemas identificados

Escolas

Possíveis soluções

Vazamentos em sifão das pias sanitárias

I

II

Substituição do sifão

Vazamento em vaso sanitário, no banheiro feminino


II

Efetuar manutenção ou substituir vaso sanitário

Vazamentos em torneiras no banheiro feminino e de ambiente externo

I

II

Efetuar manutenção ou substituir as torneiras

Uso excessivo de água na limpeza de pátio e corredores com mangueiras

I

II

Campanhas educacionais e treinamento dos usuários

Uso excessivo da água na horta escolar

I

II

Treinamento dos usuários e coleta da água para reuso

Desperdício da água que saí de aparelhos de ar condicionado

I

II

Coleta da água para reuso

Uso excessivo de água nas torneiras dos banheiros e de áreas externas

I

II

Adotar redutores de vazão em torneiras (arejadores) que contribuem para a economia de água

Ambas as Escolas possuem o mesmo padrão de construção em blocos térreos com quadra poliesportiva coberta, sistemas de captação e distribuição da água e que ambas adotam hábitos semelhantes para a limpeza e conservação.

A medição do consumo de água é realizada pelo Sistema Autônomo de Água e Esgoto – SAAE por meio de hidrômetro e encaminhada a SEGEP - Secretaria de Gestão de Pessoas do Governo do Estado de Rondônia, na capital do Estado. Dessa forma as escolas não recebem cópia, nem são comunicadas do quanto foi consumido, Isso só acontece nos casos onde o valor habitual cobrado é imensamente maior ao do mês anterior, ocasião em que a SEGEP envia uma notificação com pedido de justificativa da discrepância do valor da cobrança.

Este é um aspecto importante a ser considerado, pois, em edificações públicas, como escolas e universidades, onde o usuário não é responsável diretamente pelo pagamento da conta de abastecimento de água, ocorre uma tendência a um maior desperdício de água (ILHA et al, 2008). Neste sentido a descentralização dos recursos para pagamento da fatura, poderia ser significativa para o melhor gerenciamento do consumo e tomada de consciências dos usuários consumidores quanto à necessidade de se fazer economia.

Outra ação poderia ser desencadeada pela própria Secretaria de Estado da Educação, responsável pelo pagamento, em estabelecer metas visando o uso racional e estimulando a redução do consumo, ou ainda, a exemplo do que acontece no Estado de São Paulo, a empresa responsável pela distribuição da água (SABESP), implementa programas como Programa de Uso Racional da Água (PURA) e também como acontece em países tais como Inglaterra, Estados Unidos e Holanda, que já adotam sistemas de certificação da eficiência dos edifícios no que se refere ao uso e disposição dos diferentes insumos empregados nos sistemas prediais (SILVA, 2000).

Dados coletados junto ao SAAE, de Vilhena, RO possibilitou a contabilização do consumo médio diário das escolas I e II e sua distribuição mensal de abril de 2016 a abril de 2017 encontram-se respectivamente na Figura 1 e Figura 2 . De acordo com os dados fornecidos pelo SAAE, de Vilhena, RO no mês de fevereiro de 2017 houve uma ocorrência relacionada á solicitação de remoção do hidrômetro (ocorrência 10). Nos meses de janeiro e abril de 2017 e abril e maio de 2016 houveram ocorrências relacionadas ao consumo fora da faixa habitual (Ocorrência 21), provavelmente ocasionada pelo consumo acima da média devido a perdas em vazamentos. Nos meses de janeiro, julho e dezembro a escola encontra-se com número menor de usuários devido às férias e recessos escolares.

Figura 1 - Consumo mensal das Escolas I e II no período de maio de 2016 a abril de 2017 no Município de Vilhena, RO.

O Total anual de consumo da Escola I foi de 3114 m³/ano enquanto na Escola II foi de 1676 m³/ano, esses valores correspondem respectivamente a média mensal de 259,50 e 139,67 m³/mês, o que significa que a Escola II só consome 53,8% do que consome a Escola I, por outro lado, é preciso observar que somente no mês de janeiro de 2017 foram gastos na Escola I 33% do consumo do período estudado, isso ocorreu, provavelmente devido a vazamentos na rede de distribuição interna à escola. Tornando o consumo do mês de janeiro de 2017 em torno da média 200 m³/mês, chegar-se-ia ao resultado de que o consumo da Escola II seria de 73% do consumo da escola I. Fazendo uma projeção per capta (l/dia/usuário), observa-se a distribuição da Figura 2.

Figura 2 - Os resultados mostram um consumo per capta diário maior na escola II (9,3 l/aluno/dia), do que a Escola I (7,6 l/aluno/dia).

O Índice de Consumo médio entre as Escolas I e II foi de 8,4 litros/dia de água, o qual é inferior ao consumo médio esperado para escolas e universidades entre 10 a 50 litros/dia/aluno, conforme (TOMAZ, 2001). É importante ressaltar que o consumo está diretamente relacionado ao tipo de construção (estrutura física), a quantidade de tempo em que o aluno permanece na instituição e quais os serviços oferecidos por ela. GONÇALVES (2004). É preciso observar que a Escola II tem 63% de alunos em relação à escola I. Por outro lado, a Escola II faz o preparo e lavagem de alimentos apenas duas vezes por dia, enquanto a Escola I faz três vezes.

3.2. Estudo comportamental

Por meio da observação comportamental, durante realização do teste com a torneira aberta nos banheiros das Escolas I e II, verificou-se a pró-atividade dos alunos em relação ao desperdício de água (Tabela 1).

Tabela 1 Resultado do teste de comportamento proativo em relação à torneira aberta no banheiro na escola I.

Escola

Banheiro

Estiveram Presentes

Fecharam a torneira

pró-ativos

%

I

Feminino

32

08

25,0

Masculino

21

06

28,6

II

Feminino

22

13

59,1

Masculino

18

07

38,9



Conforme se observa na Tabela 1, com relação a Escola I, de um total de 347 alunos matriculados no período matutino, do 9º ano do Ensino Fundamental ao 3º ano do Ensino Médio, apenas 53 alunos (32 mulheres e 21 homens) frequentaram o banheiro, enquanto 40 alunos (22 mulheres e 18 homens) dos 318 alunos matriculados no período matutino, do 9º ano do Ensino Fundamental ao 3º ano do Ensino Médio; Na Escola I 26,4% dos alunos que estiveram no banheiro tiveram comportamento pró-ativo de conservação da água fechando a torneira, enquanto na Escola II esse comportamento foi observado em 50% dos usuários que entraram nos banheiros. Observando o gênero dos usuários, observa-se que em ambas as escolas o gênero feminino apresentou maior comportamento proativo em relação ao masculino no fechamento da torneira, respectivamente (57%) na escola I e (65% ) na escola II. Esses resultados denotam que o gênero feminino tem uma maior preocupação com a conservação e gestão da água, o que deve estar relacionado a natureza de suas funções familiares, conforme já foi evidenciado (ONU, 1992) no 3º princípio para a gestão sustentável da água estabelecido em 1992, em Dublim, durante a conferência Internacional de Água e Meio Ambiente.

De acordo com GONÇALVES et al (2006), “a quantidade de água potável consumida em aparelhos sanitários é função de um grande número de variáveis que, vão do local e da época do ano em que se dá o uso, do tipo de instalação predial e das tecnologias envolvidas e também devido à cultura humana e seus correspondentes hábitos.”

Os resultados evidenciam que apesar do tema água ser abordado com certa relevância pelos meios de comunicação em documentários e reportagens e da escola tê-lo como componente curricular das disciplinas Ciências Naturais no Ensino Fundamental e Biologia no Ensino Médio, isso não tem representado mudança na atitude dos indivíduos e indica que não há uma apropriação da teoria para a vida prática para transformação da cultura do desperdício.

A Gestão dos Recursos Hídricos nas escolas estudadas não acontece de forma planejada ou sistêmica;

A água que é utilizada na limpeza predial, consumo humano e irrigação da horta, em momento algum são reutilizados. Não existem mecanismos de captação de água pluvial pelo telhado ou aproveitamento de aparelhos de ar condicionado, os quais poderiam diminuir o consumo, principalmente nos meses de outubro a maio, onde ocorre maior incidência de chuvas na região.

O Índice médio de Consumo para as duas escolas foi de 8,4 litros/dia de água, considerado baixo.

Na questão comportamental os usuários do gênero feminino tem um comportamento pró-ativo maior do que os do gênero masculino.



  1. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS



ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENGGENHARIA SANITARIA - ABES http://www.abes-sp.org.br/boletim

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Ilustrações: Silvana Santos