Não podemos pensar em desenvolvimento econômico, reduzir as desigualdades sociais e em qualidade de vida sem discutirmos meio ambiente. - Carlos Moraes Queiros
ISSN 1678-0701 · Volume XXII, Número 88 · Setembro-Novembro/2024
Início Cadastre-se! Procurar Área de autores Contato Apresentação(4) Normas de Publicação(1) Podcast(1) Dicas e Curiosidades(5) Reflexão(6) Para Sensibilizar(1) Dinâmicas e Recursos Pedagógicos(11) Dúvidas(1) Entrevistas(2) Divulgação de Eventos(1) Sugestões bibliográficas(3) Educação(1) Você sabia que...(2) Reportagem(2) Soluções e Inovações(3) Educação e temas emergentes(6) Ações e projetos inspiradores(24) Cidadania Ambiental(1) O Eco das Vozes(1) Do Linear ao Complexo(1) A Natureza Inspira(1) Relatos de Experiências(1) Notícias(26)   |  Números  
Artigos
13/03/2019 (Nº 67) PRÁTICA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL ATRAVÉS DE OFICINAS
Link permanente: http://revistaea.org/artigo.php?idartigo=3579 
  

PRÁTICA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL ATRAVÉS DE OFICINAS

Bárbara Caroline de Freitas Pantaleão1, Lubienska Cristina Lucas Jaquiê Ribeiro2

1Mestradanda do Programa de Pós-graduação em Tecnologia, Universidade Estadual de Campinas, barbara2212@gmail.com

2Professora do Programa de Pós-graduação em Tecnologia, Universidade Estadual de Campinas, lubi@ft.unicamp.br



Resumo: Assertivamente o processo de inclusão é um movimento gradual e irreversível no Brasil, porém para as pessoas com deficiência (PcD) ele parece chegar mais lento. A partir de um olhar sistêmico dos contextos que permeiam a sociedade e as PcD, esta pesquisa instigou analisar como metodologia a prática de Educação Ambiental (EA) como promotora da capacidade de fazer com que os sujeitos compreendam o seu papel social, adaptando suas formas de ser e estar e suas ações no mundo, partindo de uma pesquisa-ação-participativa através de oficinas com o principal objetivo de desenvolvê-los e incluí-los. O que resultou em um grupo com mais auto-estima, como consequência, pessoas que conquistaram mais disposição, ampliaram sua independência, autonomia e sua narrativa.

Abstract: Assertively, the inclusion process is a gradual and irreversible movement in Brazil, but for people with disabilities (PwD) it seems to be slower. Based on a systemic view of the contexts that permeate society and the PwD, this research instigated to analyze as a methodology the practice of Environmental Education (EE) as a promoter of the capacity to make subjects understand their social role, adapting their forms of being and being and their actions in the world, starting from an action-participatory research through workshops with the main objective to develop them and to include them. What resulted in a group with more self-esteem, as a consequence people who gained more disposition, extended their independence, autonomy and their narrative.

Introdução

Sabe-se que as Pessoas com Deficiência - PcD desenvolvem suas narrativas e coordenação motora tardiamente, vindo a ter dificuldades no desenvolvimento humano e também no português escrito e falado. Essas pessoas acabam em sua maioria não tendo oportunidades de socialização, de cultivarem amigos, de terem um emprego e de se sentirem parte da sociedade, e por outro lado a família sofre e super protege seus filhos.

Portanto, com a necessidade de se criar estratégias para atender os pais dessas famílias e às necessidades das PcD, uma vez que essas pessoas não possuem os mesmos acessos se comparados as outras, esta pesquisa procurou realizar o desenvolvimento pessoal e a inclusão social da pessoa com deficiência intelectual no caso crianças, pré–adolescentes, jovens e adultos em sua maioria com Síndrome de Down (SD).

Assim como diz Abrão e Fernandes (2017) as instituições sociais deveriam ser as responsáveis por criar um ambiente acolhedor para as PcD, de forma a compreender e respeitar suas diferenças. Nessa estratégia foram criadas oficinas para atender um grupo de pais e PcD, que através de uma pesquisa-ação-participativa usando como ferramenta a EA, proporcionou atividades no laboratório do Ecoedu-Ambiental da Unicamp e ações externas a Universidade objetivando uma condição social mais inclusiva a esse grupo.

A Educação Ambiental (EA) é uma ferramenta que auxilia no melhor entendimento das pessoas sobre o meio ambiente, responsabilidade, pensamentos de novas atitudes para auxiliar a harmonia do lugar em que vive e a maturidade para questionar e achar soluções para os problemas ocasionados ao decorrer do tempo (REIS, 2016). Ao trabalhar inclusão, é fundamental compreender as diferenças, a personalidade e as necessidades existentes nos participantes, para assim traçar o melhor caminho a seguir e obter êxito em suas ações, pois desse modo é possível perceber a especificidade de cada um, sem prejudicá-lo (CAMARGO, 2017). Segundo Strieder e Herbert, 2017 pode-se abordar de maneira dinâmica temas relacionados à convivência e a construção de valores com o meio social e ambiental

Desta forma, os conteúdos foram trabalhados respeitando as limitações de cada um, destacando seus pontos fortes e encorajando-os a construir sua própria vida. Foi desenvolvida a comunicação verbal dos participantes, através do incentivo do diálogo nas discussões dos temas, repetição de palavras, recursos musicais, perguntas pessoais, contação de histórias e atividades dinâmicas.

Muitos desafios foram enfrentados como, por exemplo, a insegurança e a falta de confiança dos participantes nos momentos em que se sentiam incapazes de realizar as ações sozinhos, da falta que sentiam de alguém da sua família por perto e da necessidade de fazer a sociedade acreditar que eles eram capazes de contribuir com o meio. Mas nas oficinas, foi possível trabalhar a convicção dos mesmos em relação aos seus pontos positivos e a identificação de suas maiores dificuldades, a trabalhar e compreender o meio, superar os limites, e buscar uma solução por conta própria. Assim, a pesquisa teve como objetivo verificar a contribuição que a prática de EA pode proporcionar no desenvolvimento pessoal e na inclusão social da pessoa com deficiência intelectual.

Metodologia

A metodologia se apoiou em bases quali-quantitativas, com o intuito de gerar medidas confiáveis que permitissem análise, podendo ser apresentada em dados absolutos, percentuais e descritivos. Com base no conhecimento empírico e pesquisa de campo sabe-se que uma determinada ação provoca uma reação, sem saber qual o mecanismo que leva a isto. Sendo o conhecimento empírico adquirido de forma ingênua, através da mera observação e com base em deduções simples, e por vezes passível de erro.

Quando a pesquisa qualitativa envolve verdade e interesses locais, ela pode ser considerada aplicada, pois gera conhecimento para aplicação prática dirigida à solução de problemas específicos (MORESI, 2003; BATISTA e CUNHA, 2007; CRESWELL 2010; TAVARES e RICHARDSON, 2015)

Para essa pesquisa foi utilizado o método de análise de conteúdo seguindo os princípios de Bardin (1977), onde qualifica as vivências do sujeito, suas percepções e seus fenômenos. Através de instrumento que pode conter interferências e pode realizar interpretações comparadas com o quadro teórico levantado inicialmente, de forma a gerar pistas para novas dimensões teóricas e interpretativas (MINAYO, 2007).

Para o questionário foi utilizada a metodologia Servqual - Qualidade percebida de serviço (MENEZES, 2016), baseado no estudo realizado por Tureta et al (2007), foram analisados cinco pontos das oficinas: tangibilidade, em relação a estrutura e equipamentos utilizados nas oficinas, confiabilidade, dos pais com as aulas ministradas pelos monitores, competência, dos monitores para com os participantes, clareza, se os conhecimentos estavam sendo passados para desenvolver os indivíduos e receptividade, dos monitores, participantes e responsáveis.

Esse trabalho teve como sujeito de estudo a PcD em sua maioria com SD, e uma minoria de participantes com microcefalia e com deficiências não diagnosticadas. Foi feita uma triagem com os pais, para identificar e caracterizar os participantes e as atividades foram montadas pensadas neles, assim, sendo mais eficazes no seu desenvolvimento individual. As aulas foram ministradas como oficinas, lúdicas, para promover a inclusão e o entendimento de temas relacionados ao cotidiano. O período estudado foi de Março de 2017 a Julho de 2018, com atividades semanais de 2 horas de duração. As oficinas de EA são ministradas por monitores voluntários da Unicamp.

Resultados

Todos os participantes da pesquisa apresentavam alguma deficiência intelectual, sendo a grande maioria 77,8% participantes com Síndrome de Down, 5,5% de Microcefalia e 16,8% com outras deficiências. Antes de iniciar as atividades, foi entregue um questionário, para todos os responsáveis, para identificar qual era a necessidade de seus filhos e como era o relacionamento deles com outros indivíduos da sociedade e com o meio em que estavam sendo inseridos, se já havia algum tipo de independência e inclusão. Basicamente os pais consideravam importante para os filhos em primeiro lugar Convivência em Grupo, em segundo Autonomia, em terceiro lugar Independência e Maturidade, em quarto Respeito, Educação e Inclusão (Figura 01). E sugeriram alguns temas que fossem trabalhados conforme a Figura 02.

Durante o ano de 2017, foram trabalhados diversos temas, no primeiro semestre foram trabalhos os temas definidos na Tabela 01, e no segundo semestre os temas definidos na Tabela 02. Para o ano de 2018 os temas podem ser vistos na Tabela 03. Os temas eram de fácil entendimento para todos e sempre atividades práticas desenvolvendo a socialização, a comunicação e a coordenação motora. Para que todos os objetivos definidos fossem alcançados, foi necessário definir atividades que contemplasse a todos já que a turma apresentava pessoas de diferentes idades, entre 5 e 45 anos, sendo PcD e sem deficiência. Ao final pode-se observar um maior respeito de todos com os monitores e com os outros participantes, além do diálogo que passou a ser mais frequente.

Figura 1 -- Necessidades para o crescimento dos participantes levantado pelos pais.

Fonte: Pesquisa pessoal, 2017.



Figura 02 – Assuntos que os pais consideravam importante para serem abordados.

Sugestões

Independência

Regras de convivência

Sexualidade

Fases da Vida

Transito

Higiene pessoal

Deficiência


Alimentação

Importância de ajudar

Insegurança

 

Fonte: Pesquisa pessoal, 2017.



Tabela 01 – Temas e objetivos das oficinas para o primeiro semestre de 2017.

Temas

Objetivo/Descrição

Interagindo com o grupo

Trabalhar a interação em grupo através de dinâmicas, o senso afetivo, a atenção e a memória visual para o reconhecimento dos participantes.



Estilos musicais

Desenvolver a memória visual através de imagens e vídeos, coordenação motora através da dança e sentimento de pertencimento por fazer uma atividade em grupo.

Movimente-se


Desenvolver a coordenação motora e as formas de se expressar através de alongamentos e exercícios físicos.

Forró, Hip-hop, Expressões

Desenvolver a coordenação motora e as formas de se expressar através da dança.

Pintura

Desenvolver a coordenação motora através de atividades de pintura.



Experimentos

Desenvolver o raciocínio e a memoria visual através dos experimentos científicos realizados.



Horta vertical

Desenvolver o aspecto afetivo pelo meio ambiente e a coordenação motora através da plantação de hortaliças

Sombras

Desenvolver a coordenação motora, criação e imaginação ao formar sombras na parede.



Arranjos naturais

Desenvolver o aspecto afetivo pelo meio ambiente e a coordenação motora através da plantação de hortaliças

Fonte: Arquivo pessoal, 2017.

Tabela 02 – Temas e objetivos das oficinas para o segundo semestre de 2017.

Temas

Objetivo/Descrição



Festa junina

Desenvolver a memoria visual através de imagens e vídeos e a coordenação motora através de brincadeiras típicas e danças.

Saúde

Desenvolver o senso de cuidado e fazer com que eles entendam a importância da saúde através de fatos passado pelos monitores.

Juventude

Desenvolver o senso de pertencimento ao conhecer as faixas etárias.



Fotografia

Desenvolver a criatividade e as formas de comunicação através das imagens tiradas por eles.



Folclore

Fazer com que eles conheçam histórias folclóricas através de vídeos e desenvolvam a criatividade e a coordenação motora com pintura.



Circo

Fazer com que eles conheçam outra cultura, através de imagens e vídeos e desenvolva a comunicação.

Frevo

Desenvolver a coordenação motora e as formas de se expressar através da dança.



Deficiência

Fazer com que eles entendam as diferenças e as limitações de cada um e desenvolva a memoria visual através de imagens.

Sistema solar

Desenvolver a memoria visual através de imagens e vídeos e a comunicação.

MPB

Desenvolver a coordenação motora e as formas de se expressar através da dança.



Dias das bruxas

Fazer eles conhecerem a cultura de outro país por uma festa típica e desenvolver a coordenação motora ao realizar as atividades de colagem.

Bandeiras

Desenvolver a coordenação motora ao montar sua própria bandeira e o patriotismo.



Natal

Desenvolver a coordenação motora na montagem de cartão e a memoria através da historia passada através de imagens e vídeos.

Fonte: Arquivo pessoal, 2017.



Além das atividades no laboratório foram realizadas ações externas a Universidade para promover a inclusão. Algumas delas foram pensadas em programas que jovens gostam de fazer, como jantar fora, ir ao cinema, para participar de ações sociais promovidas pelo laboratório Ecoedu, como revitalização de escolas e promoção da saúde.

O intuito era desenvolver nos pais a segurança e a confiança de deixar seus filhos sozinhos e dessa maneira, progressivamente deixá-los cada vez mais realizar essas ações e fazê-los ter mais autonomia e independência nas suas ações. Colocar em prática todos os temas trabalhados dentro das oficinas, como responsabilidade, maturidade, socialização entre outros.

O primeiro passeio promovido pelo Ecoedu sem os pais foi um jantar no Outback, onde aconteceu a primeira interação entre os alunos e os monitores fora da Universidade, eles se conheceram mais ainda. Foi um momento de confiança dos pais em deixar os filhos irem. Nem todas as mães deixaram, pois eles precisavam ir sozinhos. Mas depois do passeio, com as fotos no grupo e com os relatos dos responsáveis: “Meu filho amou ir, obrigada ao Ecoedu por proporcionar esse momento, ele não parou de falar desse passeio do caminho da faculdade até em casa”, as mães que não deixaram colocaram no grupo do whatsapp: “Da próxima vez ele vai, que delícia de passeio.”.

Tabela 03 – Temas e objetivos das oficinas para o primeiro semestre de 2018.

Temas

Objetivo/Descrição



Carnaval

Fazer com que todos entendam as comemorações propostas pela sociedade, como o Carnaval, como uma data que reúne os amigos, através de recursos áudio visuais e atividades.

Comunicação alternativa

Fazer com que todos conheçam outros meios para se comunicar além da verbal, melhorar a comunicação delas com as pessoas que as cercam.



Expressão artística

Fazer com que todos se comuniquem através da arte, desenhos, colagens e desenvolva a coordenação motora.



Higiene Pessoal

Fazer com que todos entendam a importância da higiene própria, através de imagens, vídeos e atividades dinâmicas preparadas pelos monitores.



Dia do índio

Fazer com que todos entendam as comemorações propostas pela sociedade, à importância dos Índios na nossa história, através de recursos áudio visuais e atividades.



Higiene residencial

Fazer com que todos entendam a importância da higiene residencial, através de imagens, vídeos e atividades dinâmicas preparadas pelos monitores.



Páscoa

Fazer com que todos entendam as comemorações propostas pela sociedade, como a Páscoa, como uma data que reúne família e amigos, através de recursos áudio visuais e atividades.



Responsabilidades e Dia das mães

Fazer com que todos entendam e pratiquem a responsabilidade, aplicando no seu cotidiano e com que eles deem importância para o que suas mães fazem por eles.



Reciclagem

Através de atividades práticas, fazer com que os jovens compreendam a importância de separar o lixo e de reciclar.

Brincadeiras de outros países

Fazer com que os jovens conheça a cultura de outros países através das brincadeiras propostas pelos monitores.

Esporte com a atlética da universidade

Fazer com que o grupo interaja com a alunos da universidade, seja incluído em atividades de esporte, trabalhe a coordenação motora, o trabalho em equipe e o respeito ao próximo.

Confecção de brinquedos

Fazer com que eles desenvolvam a coordenação motora e relacionem com a aula de reciclagem.

Fonte: Arquivo pessoal, 2018.

Em Maio de 2017, participaram de uma ação do dia da família, em uma escola que também faz um projeto social de revitalização. Os participantes colaboraram com a pintura do muro e participaram das atividades que estavam sendo realizadas na escola,

As duas ações que aconteceram a seguir a Caminhada em Junho de 2017 e o Passeio na Maria Fumaça em Agosto de 2017, foram promovidas junto com os pais, com o objetivo de fortalecer os laços entre as famílias, a segurança entre os alunos e seus pais e a união entre os monitores com todos. A primeira ocorreu no parque da cidade em Limeira, promovendo a saúde, a consciência de realizar exercícios físicos e a interação das pessoas da sociedade com os indivíduos com algum tipo de deficiência. A segunda foi um passeio no trem, entre duas cidades, em que todos puderam conhecer ainda mais as histórias do meio onde estão inseridas e compartilhar com a família, amigos e monitores. Nesses dois casos os jovens tiveram contato com outras pessoas, se comunicaram verbalmente, compartilharam de momentos inesquecíveis.

Em Outubro de 2017, os pais, monitores e alunos se reuniram para estreitar os laços de amizade entre eles, realizando atividades em equipes, como jogos de tabuleiro, esportes com bola, futebol e tênis de mesa, promovendo um momento de conhecer o próximo e se tornar íntimo, no final, juntos fizeram um mural, simbolizando o sentimento de equipe e pertencimento, Figura 03 (a) e (b).

Figura 03 – (a) Momento que todos se reuniram em volta da árvore e realizaram uma dinâmica para se conhecerem melhor. (b) Mural de árvore em que todos os presentes carimbaram sua mãos simbolizando a copa.

(a) (b)

Em Novembro de 2017, aconteceu um passeio sem os pais, ao cinema. Pelo laço de união que se formou ao longo do ano, foi um passeio em que eles se sentiram muito bem e inclusos. Os pais deram a responsabilidade para eles se comportarem e cuidarem do dinheiro, que eles compraram pipoca, uma bebida e sorvete. Foi como um encontro com os amigos.

A última ação realizada em 2017, para encerrar o semestre, foi uma confraternização na chácara de uma das famílias participantes.

O ano de 2018, em Março, começou com um passeio no Outback novamente, eles conheceram as instalações, como a recepção e a cozinha, os ingredientes dos principais pratos e um pouco da história do restaurante. Foi um momento de confraternização, eles estavam se revendo após as férias, contaram para os monitores o que fizeram nesse tempo em que não teve oficinas, mantendo a união de todos ainda mais forte.

Em Junho de 2018, foi realizada uma ação em parceria com a prefeitura de Limeira, para promover a saúde na sociedade, foram preparadas receitas sustentáveis utilizando casca do abacaxi e talo da couve e oferecido no parque da cidade, onde as pessoas eram abordadas pelos monitores e jovens participante das oficinas. Foi possível com esta ação, incluí-los em uma ação social, com responsabilidades desenvolvendo a comunicação verbal e a interação social.

A última ação realizada foi em Junho de 2018, onde eles puderam colaborar com a revitalização de uma escola, se envolveram com os monitores, alunos da faculdade, crianças que frequentam a escola e a sociedade que passava enquanto eles realizavam esta ação.

O principal objetivo dessas ações com os participantes foi alcançado, promover a inclusão em pequenos encontros, onde eles puderam conviver com outros jovens com e sem deficiência, puderam compartilhar momentos, se comunicar através da fala, estreitar os laços de amizade, se sentirem seguros e confiantes convivendo no meio em que estão inseridos, serem responsáveis sozinhos e maduros com as adversidades enfrentadas.

Após todas as atividades ao comparar os dois questionários aplicados o antes e o depois de participar das oficinas, pode-se observar uma melhora no desenvolvimento social, afetivo, cognitivo e motor dos participantes, os pais passaram a enxergar o potencial dos seus filhos em contribuir com a sociedade e na capacidade de realizar ações autônomas. Os participantes absorveram conhecimentos sobre o meio em que estão, melhorando significativamente o comportamento deles em sociedade. De acordo com os resultados a comunicação verbal e não verbal teve uma melhora e eles passaram a realizar mais atividades de maneira independente dentro das suas limitações.

Nas questões que analisaram a tangibilidade do projeto, destaca-se a percepção dos pais em valorizar as aulas lúdicas, não tão teóricas, envolvendo mais a prática dos temas, atingindo a pontuação de (100%). O segundo mais pontuado positivamente (91,6%) foi o local adequado, confortável e agradável para realizar as atividades, demonstra que os pais consideravam um ambiente acolhedor e propício para o bem estar de seus filhos, outro destaque desse atributo se refere ao meio em que o projeto está inserido à maioria considerou “acima do esperado” (75%), por compreender que a universidade possibilita a socialização dos participantes em diversas ações, tanto com outros alunos, funcionário e comunidade próxima a ela.

Em relação à confiabilidade, todos os pontos questionados, atingiram a pontuação máxima de “bem acima do esperado” (100%), comprovando a eficácia da educação ambiental como feramente na contribuição para a inclusão desses indivíduos na sociedade, sendo construído um alicerce forte, entre a metodologia, a maneira que foram aplicados os temas, o comprometimento dos monitores, apoio dos pais e interesse dos participantes.

Ao analisar as questões da competência referentes ao desenvolvimento da comunicação verbal e mudança na interação com o meio e inclusão, atingiram 100% “bem acima do esperado”.

No atributo da clareza, a questão com maior pontuação (100%) foi o Domínio pelos monitores ao trabalhar sobre meio ambiente, confirma o comprometimento dos monitores em relação à transmissão de conhecimento, mesmo dois apresentando uma pontuação “acido do esperado” de 83,3%, ao trabalhar a independência responsabilidade e meio social e o outro com relação a orientações nutricionais.

No último atributo analisado, de receptividade, os três primeiros receberam pontuação máxima “bem acima do esperado” (100%), o que demonstra a percepção e aprovação dos pais em relação a nossa receptividade, afinal os pais continuaram levando seus filhos, ficando o relacionamento entre os pais e os monitores e os horários que aconteciam as atividades ambos com 91,6%.

Promover esta experiência, utilizando a EA como ferramenta para os participantes foi enriquecedor tanto para eles, quanto para seus responsáveis e monitores. As transformações foram acontecendo aos poucos, mas no final passaram a ser visíveis, tanto a mudança de hábitos como as atitudes, pensando e acreditando cada vez mais que eles são capazes de ter sua independência e que é possível desenvolver aspectos antes ocultos, como a fala, coordenação motora e vontade própria a partir da educação ambiental. Os pais passaram a acreditar cada vez mais no potencial de seus filhos e de imaginar uma vida mais independente para eles.

Conclusão

Acredita-se que as oficinas ao acontecerem continuamente proporcionam uma troca de saberes e despertam as pessoas para a realização da verdadeira inclusão. Foi possível avaliar o que as atividades realizadas nas oficinas proporcionaram de ganho para todos os envolvidos através dos relatos diários dos monitores, dos formulários aplicados junto aos pais que relataram as mudança de comportamento dos filhos, das conversas em redes sociais e dos vínculos estabelecidos.

Verifica-se que a EA realmente entende o sujeito e o meio de uma forma unificada, estando o ser humano e o meio em constante ligação, se modificando e se adaptando ao mesmo tempo, sendo o pertencimento um princípio cheio de significado sociocultural construído em diferentes circunstâncias. As oficinas proporcionaram um ambiente promotor de desenvolvimento humano e interação, se fez palco das relações humanas ao estabelecer os conceitos proximais de Reciprocidade e Afetividade nas práticas de Educação Ambiental.

Bibliografia

ABRÃO, J. L. F.; FERNANDES, F. G. Sob o signo da inclusão: as faces do preconceito na sociedade contemporânea significadas pelo deficiente mental. Temas em Edc. e Saúde, Araraquara, v.3. 2017

BAPTISTA, S. G. e CUNHA, M. B.. Estudo de Usuários: visão global dos métodos de coleta de dados. Perspectiva em Ciência da Informação, Minas Gerais, v. 12, n. 2, p. 168-184, maio/ago. 2007. Disponível:<http://www.scielo.br/pdf/pci/v12n2/v12n2a11> Acesso em: 01 jan. 2019.

BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Almedina, 1977.

CAMARGO, E. P. Inclusão social, educação inclusiva, e educação especial: enlaces e desenlaces. Ciência e educação, Bauru, v. 23, n. 1, Jan/Mar, 2017.

CRESWELL, J. W. Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. [tradução Mágda Lopes; consultoria, supervisão e revisão técnica desta edição Dirceu da Silva]. 3ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2010.

MENEZES, N.; ABRANTES, L.; NETO, O. J.; NEPOMUCENO, D. Aplicação do modelo Servqual para medir a qualidade dos serviços prestados por uma empresa de locação de máquinas. Congresso nacional de excelência em gestão, 2016.

MINAYO, M. C. de S. O desafio do conhecimento: Pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo: HUCITEC, 2007.

MORESI, E. Metodologia da pesquisa. UCB – Universidade Católica de Brasília, Brasília. 2003.

REIS, A. de A. Educação ambiental e educação inclusiva: possíveis conexões. 2016. 156 f. Dissertação (Pós-Graduação em Educação) – Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, 2016.

STRIEDER, R.; HERBERT, F. Educação inclusiva: também um desafio de espiritualidade. Revista Educação Especial, v.30, n.58, p.405-424, 2017.

TAVARES, M. e RICHARDSON; R. J.(Org.). Metodologias Qualitativas: teoria e prática. Curitiba, PR: CRV, 2015.

TURETA, C.; ROSA, A. R.; OLIVEIRA, V. C. da S. e. Avaliação crítica de serviços educacionais: o emprego do modelo Servqual. Revista de Gestão, São Paulo, v.14, n.4, p.33-45, 2007.



Ilustrações: Silvana Santos