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Uma
Economia menos consumista é possível? Atualmente
os produtos ao saírem da fábrica disparam uma contagem regressiva que o torna
inutilizável após alguns meses de uso – a obsolência programada –
produtos que não são projetados para uma longa vida útil. Os avanços tecnológicos tornaram possível produzir mais que a
demanda e oferecer mais que o necessário. O consumo descontrolado faz parte de
um sistema de descarte em massa que vigora nas sociedades modernas. Tanto os consumidores quanto produtores precisarão atentar
cuidadosamente para o pleno ciclo de vida dos produtos. Não apenas as características
do produto, como quantidade de energia gasta na produção, assim como os
materiais e métodos produtivos utilizados em sua fabricação e os tipos e
qualidade de rejeitos gerados no processo. Entretanto, algumas iniciativas terão que ser adotadas e
barreiras políticas e estruturais deverão se enquadrar às mudanças. O
Governo pode adotar algumas ações necessárias, como:
Embora a realocação fiscal ecológica ou ecoimposto tenha um saldo
positivo nos países europeus esbarram freqüentemente em uma série de brechas
como concessão de isenções a certas indústrias, concessão de reembolsos
parciais a empresas e alíquotas reduzidas. Segundo Halweil & Nierenberg (2004) “nenhuma das economias
industrializadas é hoje verdadeiramente sustentável. Todas economias modernas
podem ser mais enxutas sem que isso implique em sua condenação”. O processo de “desmaterialização” tem por objetivo reduzir o
volume de matérias-primas necessárias para criação de um produto, através,
por exemplo, da produção de papel mais fino, veículos mais leves e redução
do volume de energia para operar produtos. Outra alternativa para os refugos industriais seria a implantação de
um sistema denominado de “berço-a-berço” no qual busca criar sistemas
integrados, de laço fechado – em que recursos sintéticos e minerais de alta
tecnologia circulam num ciclo perpétuo de produção, recuperação e refabricação
– onde os subprodutos de uma indústria viram insumo de outra. O sistema
“berço-a-berço” é um novo conceito de planejamento que vai além da
modernização de sistemas industriais para redução dos seus efeitos danosos. Um número crescente de governos promulgaram leis que tratam do “princípio
de responsabilidade do produtor” (PRP), obrigando as empresas a aceitarem os
seus produtos de volta no final de sua vida útil, responsabilizando os
produtores pela devolução e manejo dos resíduos das embalagens, incluindo
aparelhos elétricos e eletrônicos, máquinas de escritório, automóveis, mobílias,
produtos de papel, baterias e materiais de construção. A IBM começou a implantar programas de devolução já em 1089, na
Europa, e depois iniciou um programa mais restrito nos EUA em 1997. Manutenção
e reparos adequados são medidas necessárias para estender a vida útil,
recuperando os componentes e materiais para reciclagem, reutilização ou
remanufaturados. Entretanto, não é uma tarefa fácil implantar sistemas eficientes de
coleta quando o giro é tão acelerado e o volume de materiais acumula-se tão
rapidamente. Tecnologias mais eficientes e limpas são instrumentos essenciais na
busca de uma economia mais sustentável. Para isso é importante uma mudança na
percepção humana de valor econômico, pois crescimento quantitativo não é
sinônimo de crescimento qualitativo. Referência Bibliográfica HALWEIL, B. & NIERENBERG, D. Rumos para uma economia
menos consumistas. In:
Estado do Mundo, 2004: estado do consumo e o consumo sustentável
/ Worldwatch Institute;
trad.: Henry Mallett e Célia
Mallett, Salvador, Bahia: Uma Ed., 2004. Disponível em: http://www.wwiuma.org.br/
. Acesso em: 05 abr. 2005, p. 120-147. Colaboração:
Juliana da Costa Miranda, curso de licenciatura em Geografia, IGCE-UNESP, campus
de Rio Claro/SP |