Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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11/06/2019 (Nº 68) ETNOBOTÂNICA EM UMA COMUNIDADE DE PESCADORES ARTESANAIS NA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL (APA), DELTA DO PARNAÍBA, PIAUÍ, BRASIL
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ETNOBOTÂNICA EM UMA COMUNIDADE DE PESCADORES ARTESANAIS NA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL (APA), DELTA DO PARNAÍBA, PIAUÍ, BRASIL



Maria Gracelia Paiva Nascimento1, Victor de Jesus Silva Meireles2, Ivanilza Moreira de Andrade3, Roseli Farias Melo de Barros4



Doutoranda do Programa de pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente, Núcleo de Referência em Ciências Ambientais do Trópico Ecotonal do Nordeste - TROPEN, Campus Ministro Petrônio Portella, Av. Universitária, 1310, Bairro Ininga, CEP 64049-550, Teresina, PI, Brasil. Autor correspondente: gracelipaiva@gmail.com

2Docente da Universidade Federal do Piauí, Campus Senador Helvídio Nunes de Barros. Rua Cícero Eduardo S/N., Bairro Junco CEP 64600-000, Picos, PI, Brasil.

3Docente do Programa de pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente, Núcleo de Referência em Ciências Ambientais do Trópico Ecotonal do Nordeste - TROPEN, Campus Ministro Reis Velloso, Av. Universitária, 1310, Bairro Ininga, CEP 64049-550, Teresina, PI, Brazil. Av. São Sebastião, nº 2819 - Nossa Sra. de Fátima, Parnaíba, CEP 64202-020, PI, Brasil.

4Docente do Universidade Federal do Piauí – UFPI, Departamento de Biologia, Laboratório de Etnobiologia e Ecologia Vegetal – LEEV, Campus Ministro Petrônio Portela, Av. Universitária, 1310, Bairro Ininga, CEP 64049-550, Teresina, PI, Brasil.



RESUMO

Objetivou-se avaliar o conhecimento etnobotânico dos pescadores da comunidade Igaraçu, Área de Proteção Ambiental (APA) e a relação destes com o a flora, observando a transmissão do conhecimento entre gêneros e faixa etária. Entrevistou-se 33 pescadores usando formulários semiestruturados, turnê-guiadas e metodologia participativa. Foram calculados o Valor de Uso (VU), Índice de Shannon e rarefação. Registrou-se 116 espécies, distribuídas em 90 gêneros e 49 famílias, distribuída em seis categorias de uso. As famílias mais representativas foram Fabaceae (13), Lamiaceae (8) e Apocynaceae (7). A categoria medicinal (54,31%) foi a mais expressiva. A espécie com maior VU foi Plectranthus barbatus Andrews (boldo - 0,27). Quando comparado os saberes acerca da flora entre os pescadores, através da rarefação, infere-se que não há diferença significativa. Este estudo revela a importância do conhecimento local por pescadores da região deltaica, uma vez que está inserida numa APA, importante ecologicamente e culturalmente para as comunidades pertencentes.



Palavras chave: Flora, Conhecimento tradicional, Rio Parnaíba.



ETHNOBOTANIC IN A COMMUNITY OF ARTISAN FISHERMEN IN THE ENVIRONMENTAL PROTECTION AREA (APA), IN PARNAÍBA DELTA, PIAUÍ, BRAZIL



ABSTRACT

The objective of this study was to evaluate the ethnobotanical knowledge of fishermen from the Igaraçu community, the Environmental Protection Area (APA) and the relationship between these and the flora, observing the transmission of knowledge between genera and age group. We interviewed 33 fishermen using semi-structured, tour-guided and participative methodology. The Value of Use (VU), Shannon Index and rarefaction were calculated. A total of 116 species, distributed in 90 genera and 49 families, were distributed in six categories of use. The most representative families were Fabaceae (13), Lamiaceae (8) and Apocynaceae (7). The medicinal category (54.31%) was the most expressive. The species with the highest VU was Plectranthus barbatus Andrews (boldo - 0.27). When comparing the knowledge about the flora among fishermen, through rarefaction, it is inferred that there is no significant difference. This study reveals the importance of local knowledge by fishermen from the deltaic region, since it is inserted in an APA, important ecologically and culturally for the communities belonging to it.

Key words: Flora, Traditional Knowledge, Rio Parnaíba.



INTRODUÇÃO



Com o avanço dos estudos ambientais tem havido grande interesse sobre conhecimentos que envolvam os ecossistemas e suas diversas formas de uso. As questões ligadas às práticas de manejo da biodiversidade e à conservação do meio ambiente garantem pressupostos necessários ao desenvolvimento sustentável, o que é construído por processos culturais e sociais (DIEGUES, 2000). Somados a isso, FONSECA-KRUEL e PEIXOTO (2004) e MIRANDA e HANAZAKI (2008) relatam a importância da temática sob diferentes aspectos, desde o saber das comunidades locais acerca do uso e manejo dos recursos naturais até implicações éticas, biológicas e culturais.

A vegetação de um lugar é o recurso natural mais sensível que permite representar de modo integrado, por meio de sua fisionomia, os fatores ambientais aos quais está envolvida. Portanto, estudos sobre a composição florística e a relevância dessas espécies são de grande importância para elaboração de medidas efetivas para a conservação. Além da importância científica, muitas comunidades dependem das plantas, onde estas distribuem-se em diversas categorias, tais como, medicinais, alimentícias, madeiras para construção, ornamentais, forrageiras, dentre outras (FIGUEIREDO, 1991).

Em meio a isto, a Área de Proteção Ambiental (APA) Delta do Parnaíba é caracterizada por estuários e manguezais, que são tidos como berçários, por possuírem alta produtividade (PAREDES et al., 1996) e abrigarem grande quantidade de animais e vegetais de extrema importância ecológica, além de detectar-se uma estreita relação das comunidades pesqueiras tradicionais com o ambiente e sua interferência nessas áreas (FRENCH, 1997; VALIELA e BROWEN, 2002). Dentre as diversas atividades realizadas nesta APA, encontra-se a atividade pesqueira, geralmente artesanal, que muitas vezes exercem outras atividades econômicas, como o extrativismo vegetal, o artesanato, o turismo e a agricultura familiar (SOUSA et al., 2012).

Na década de 2000 surgiram várias publicações acerca das comunidades pesqueiras e as relações que os mesmos têm com os recursos vegetais, as quais destacam-se: HANAZAKI et al. (2000); SILVANO e BEGOSSI (2002); FERNANDES-PINTO e MARQUES (2004); PERONI et al. (2008); CARNEIRO et al. (2010); MERÉTIKA et al. (2010); BRITO e SENNA-VALLE (2012) e SOUSA et al. (2012). Sobre áreas de restinga tem-se FONSECA-KRUEL e PEIXOTO (2004); FONSECA-KRUEL et al. (2006); BOSCOLO e SENNA-VALLE (2008); MELO et al. (2008); MIRANDA e HANAZAKI (2008). Para o Piauí tem-se NASCIMENTO e SASSI (2007) SOUSA et al. (2012); SANTOS et al. (2015; 2017); BATISTA et al. (2016, 2017).

Deste modo, entende-se que há escassez de estudos científicos para a região acerca da flora e dos benefícios proporcionados às comunidades pesqueiras que as utilizam, realizou-se este estudo com o objetivo delinear o conhecimento sobre a flora utilizada pelos pescadores da comunidade Igaraçu, município de Parnaíba, Piauí, e a relação de seus moradores com os recursos vegetais, observando a transmissão entre os gêneros e faixa etária e seus usos.



MATERIAL E MÉTODOS



A comunidade Igaraçu (02°58’12.1’’S e 41°47’38.2’’W) pertencente ao Município de Parnaíba, está inserida na Área de Proteção Ambiental (APA) do Delta do rio Parnaíba/PI, criada pelo Decreto S/Nº em 28 de agosto de 1996 (MMA, 2002) (Figura 1). O solo é derivado de Neossolo Quartzarênico, disposto sobre depósitos de areias quartzosas do Quaternário, compreendendo uma área irregular de 431 km2, localizado na microrregião do Litoral Piauiense, limitando-se ao norte com o município de Ilha Grande e o oceano Atlântico; ao sul com Buriti dos Lopes e Bom Princípio; a leste com Luís Correia e a oeste com o Estado do Maranhão (AGUIAR, 2004), com cursos d’água próximos ao mangue e florestas de Tabuleiros (planície costeira florestas em depósitos terciários) (MMA, 2002). O clima de acordo com a classificação de Köpper é Megatérmico, com verão chuvoso e inverno quente, com temperaturas mínimas de 20ºC e máximas de 32ºC (AGUIAR, 2004). A precipitação média anual é de 1.223 mm (ANDRADE JR. et al. 2004) e a vegetação é de restinga formada por espécies herbáceas que recobrem as dunas (pleistocênicas), arbustos (frutíceto) próximos ao mangue, campos herbáceos abertos e fechados inundáveis a não inundáveis (SANTOS-FILHO, 2010).

Figura 1 – Mapa de localização do município de Parnaíba, PI.



O estudo foi realizado no período de julho de 2012 a maio de 2017. A coleta de dados foi realizada junto aos 33 pescadores cadastrados na Associação Parnaibana dos Manjubeiros do Igaraçu, Comunidade Igaraçu, Parnaíba, Piauí e foi submetido sob o no 39.631.

Foram realizadas entrevistas utilizando formulários semiestruturados padronizados, após uso do Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE), contendo questões abertas e fechadas, conforme preconizado por MARTIN (1995) e ALEXIADES (1996), para medir variáveis independentes dos entrevistados, tais como conhecimento sobre as plantas, razões para seu uso, enquanto pescadores, método de uso, como as plantas foram adquiridas e quais partes das mesmas são usadas.

As informações obtidas foram registradas e transcritas após permissão dos entrevistados mediante assinatura de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). A técnica de observação direta foi utilizada para se obter um melhor entendimento das atividades e relatos advindos dos pescadores entrevistados (APPOLINÁRIO, 2012). Empregou-se “turnês-guiadas” segundo o preconizado por (BAILEY, 1994; BERNARD, 1988). Esta metodologia é de extrema importância, uma vez que, com a participação de “especialistas” sobre o dia-a-dia da comunidade, as informações dadas são validadas e complementadas por intermédio do método participativo, como citados nos trabalhos de ALBUQUERQUE et al. (2008, 2010). A faixa etária está de acordo com IBGE (2010). As espécies foram categorizadas, segundo o uso dos pescadores e as medicinais foram classificadas segundo a OMS (2000).

As amostras vegetais foram coletadas, identificadas, herborizadas (FIDALGO e BONONI, 1984), e incorporadas ao acervo do Herbário Graziela Barroso (TEPB), com duplicatas remetidas ao Herbário HDELTA Campus Ministro Reis Velloso, ambos da Universidade Federal do Piauí. Utilizou-se auxílio de especialistas para identificação ou confirmação das mesmas. Os nomes dos táxons e autores das espécies estão de acordo com o W3TROPICOS (2018). Para apresentação das famílias botânicas usou-se a classificação constante no APG IV (2016). A classificação quanto ao hábito seguiu FONT-QUER (1977).

Empregou-se métodos quantitativos, como o Valor do Uso, segundo o proposto por PHILLIPS (1996), PHILLIPS e GENTRY (1993 a, b), modificado por ROSSATO (1996) e remodificado por LUCENA et al. (2012), por meio da fórmula: UVS = (ΣUVIS) /NS onde UV é o valor do uso, UVIS é o número de utilização registrada por pessoa, s é a espécie e Ns é o número de pessoas que mencionaram a espécie. Para analisar o saber etnobotânico por gênero e faixa etária foram comparados o número de indicações, a riqueza de espécies citadas e o índice de diversidade de Shannon-Wiener (MAGURRAN, 1988). Devido os tamanhos amostrais distintos e as variáveis medidas serem sensíveis a este fator, foi utilizado o Método de Rarefação, que calcula o número esperado de espécies em cada amostra para um tamanho de amostra padrão, segundo GOTELLI e COLWELL (2001), usando o programa Ecosim (GOTELLI e ENTSMINGER, 2001).



RESULTADOS



Os entrevistados tiveram suas idades variando de 24 a 75 anos, sendo a maioria adultos (90,91%), seguidos por 6,06% idosos e 3,03% jovens. Quanto ao gênero, o masculino prevaleceu (79,79%). Quanto à escolaridade, 38,46% são não-escolarizados, pouco mais da metade cursaram o ensino fundamental (53,85%) e 7,69% e ensino médio.

Quanto às demais atividades secundárias desenvolvidas pelos pescadores, estão: atravessador e pintor (3,03% cada), maquinista (6,06%), agricultores e pedreiros (9,09% cada), piscicultores (12,12%) e artesãos/carpintaria (15,15%). As demais atividades juntas somam (42,42%).

Nem todos os pescadores confeccionam canoas, porém há aqueles que se utilizam da carpintaria como segunda atividade e ainda há os que somente trabalham no conserto das embarcações. Neste aspecto, os pescadores da comunidade Igaraçu são bem independentes. Dentre as árvores utilizadas na confecção das embarcações merecem destaque o pequi (Caryocar coriaceum Wittm.), o cedro (Cedrella odorata L.), o louro-cedro (Ocotea sp.), o pau-d’árco-roxo (Handroanthus impetiginosus (Mart. ex DC.) Mattos), a massaranduba (Manilkara dardanoi Ducke), a andiroba (Carapa guianensis Aubl.) e o tamborí (Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morong).

Foram identificadas 116 espécies, distribuídas em 90 gêneros e 49 famílias, alocadas em seis categorias de uso (Tabela 1). As famílias mais representativas citadas pelos entrevistados em número de espécies foram: Fabaceae (13), Lamiaceae (8) e Apocynaceae (7). Quanto aos gêneros mais representativos podemos citar: Annona L. e Plectranthus L'Hér. (3 espécies cada) e Allium L., Caesalpinia L., Catharanthus G. Don, Citrus L., Ipomoea L., Manilkara Adans., Mentha L. e Mimosa L. (2 cada). Os demais gêneros foram representados por uma única espécie.

A diversidade de espécies botânicas (116) e de citações de uso (299) pelos pescadores estudados foi considerada relevante, pois o Índice de Shannon-Wienner foi de H´=1,47.

Com relação ao número de citações por faixa etária, os adultos apresentaram Índice de Shannon H´=1,42, seguindo pelos jovens com H´=0,69 e os idosos com H´=0,29.



Tabela 1: Espécies utilizadas pelos pescadores artesanais da comunidade Igaraçu, Parnaíba, PI. Hábito: Arb – arbusto, Arv – árvore, Erv – erva, Sub – subarbusto, Tre – trepadeira; Usos: Ali – alimentícia, Art – artefato de pesca, For – forrageira, Med – medicinal, Mis – místico-religiosa; Status: E – exótica, N – nativa.



Espécie

Nome Vulgar

Hábito

Uso (s)

Status

Nº usos

VU

Amaranthaceae







Chenopodium ambrosioides L.

Mastruz

Erv

Med

E

5

0,15

Anacardiaceae







Anacardium occidentale L.

Caju

Arv

Ali

N

4

0,12

Mangifera indica L.

Manga

Arv

Ali

E

2

0,06

Myracrodruon urundeuva Fr. All.

Aroeira

Arv

Med

N

4

0,12

Spondias purpurea L.

Seriguela

Arb

Ali

E

1

0,03

Spondias venulosa (Engl.) Engl.

Cajá-imbu

Arb

Ali

N

1

0,03

Annonaceae







Annona coriaceae Mart.

Araticum

Arb

Ali

N

1

0,03

Annona muricata L.

Graviola

Arb

Ali, Med

E

2

0,06

Annona squamosa L.

Ata

Arb

Ali, Med

E

3

0,09

Asparagaceae







Sansevieria trifasciata var. laurentii (De Wild.) N. E. Br.

Espada-de-são Jorge

Erv

Orn

E

2

0,06

Apocynaceae







Allamanda cathartica L.

Quatro-patacas

Sub

Orn

N

1

0,03

Aspidosperma pyrifolium Mart.

Pereira

Arv

Art

N

2

0,06

Catharanthus roseus (L.) G. Don

Boa-noite

Erv

Orn

E

1

0,03

Cryptostegia grandiflora R. Br.

Unha-de-gato

Sub

For

N

1

0,03

Nerium oleander L.

Espirradeira

Sub

Orn

E

1

0,03

Plumeria pudica Jacq.

Jasmim

Sub

Orn

E

1

0,03

Araceae







Dieffenbachia picta Schott

Comigo-ninguém- pode

Erv

Mis

E

1

0,03

Arecaceae







Cocos nucifera L.

Côco

Arv

Ali, Med

E

2

0,06

Copernicia prunifera (Mill.) H.Moore.

Carnaúba

Arv

Med

N

1

0,03

NI

Palmeirinha

Erv

Med


2

0,06

Asteraceae







Artemisia sp.

Anador

Erv

Med

N

3

0,09

Lactuca sativa L.

Alface

Erv

Ali, Med

E

2

0,06

NI

Artimija (Artemisia)

Erv

Med


1

0,03

NI

Marcela

Erv

Med


4

0,12

Bignoniaceae







Handroanthus impetiginosus (Mart. ex DC.) Mattos

Pau-d`arco-roxo

Arv

Art

N

2

0,06

Bixaceae







Bixa orellana L.

Urucum

Arb

Med

N

2

0,06

Boraginaceae







Heliotropium lanceolatum Ruiz & Pav.

Sete-sangria

Erv

Med, For

N

1

0,03

Brassicaceae







Nasturtium officinale R. Br.

Agrião

Erv

Med

E

1

0,03

Bromeliaceae







Ananas comosus (L.) Merr.

Abacaxi

Erv

Ali

N

1

0,03

Capparaceae







Tarenaya spinosa (Jacq.) Raf.

Mussambê

Sub

Med, Art

N

4

0,12

Caryocaraceae







Caryocar coriaceum Wittm.

Pequi

Arv

Art

N

4

0,12

Combretaceae







Combretum leprosum Mart.

Pé-de- remela

Arb

Med

N

3

0,09

Terminalia catappa L.

Amêndoa/ Almenda

Arv

Ali, Med

E

2

0,06

Convolvulaceae







Ipomoea asarifolia (Desr.)

Salsa 1

Tre

Orn

N

1

0,03

Ipomoea heterifolia L.

Salsa 2

Tre

Orn

N

1

0,03

Ipomoea sp.

Jitirana

Sub

Ali, For

N

1

0,03

Crassulaceae







Bryophyllum pinnatum (Lam.) Kurz

Corona

Erv

Med

E

5

0,15

Cucurbitaceae







Citrullus vulgaris Schrad. ex Ecml. & Zeyh.

Melancia

Erv

Ali

E

1

0,03

Cucumis anguria L.

Maxixe

Erv

Ali

N

1

0,03

Cucurbita pepo L.

Abóbora/girimum

Erv

Ali

N

2

0,06

Euphorbiaceae







Cnidoscolus urens (L.) Arthur

Cansação

Sub

Med

N

1

0,03

Euphorbia tirucalli L.

Cachorro-pelado

Sub

Med

E

2

0,06

Jatropha gossypiifolia L.

Pião-roxo

Sub

Mis

E

1

0,03

Manihot esculenta Crantz

Mandioca

Sub

Ali

N

1

0,03

Manihot utilissima Pohl.

Macaxeira

Sub

Ali

N

1

0,03

Fabaceae







Amburana cearensis (Allemão) A. C. Sm.

Imburana-de- cheiro

Arv

Med

N

2

0,06

Bauhinia sp

Mororó

Arb

Med

N

2

0,06

Caesalpinia pulcherriama (L.) Sw.

Flamboyant-mirim

Arb

Orn

E

1

0,03

Caesalpinia pyramidalis Tul.

Catingueira

Arb

Med

N

2

0,06

Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morong

Tamborí-preto

Arv

Art

N

2

0,06

Hymenaea courbaril L.

Jatobá-preto

Arv

Med

N

1

0,03

Hymenolobium sp

Angelim

Arv

Art

N

1

0,03

Libidibia ferrea (Mart. ex Tul.) L.P.Queiroz

Jucá

Arv

Med

N

5

0,15

Mimosa caesalpiniifolia Benth.

Sabiá

Arb

For

N

1

0,03

Mimosa pigra L.

Maliça

Erv

Orn

N

1

0,03

NI

Pau-da-angola

Arb

Med

-

1

0,03

Phaseolus vulgaris L.

Feijão

Erv

Ali

E

1

0,03

Gentianaceae







Schultesia aptera Cham.


Erv

For

N

1

0,03

Lamiaceae







Hyptis suaveolens (L.) Poit.

Bamburral

Erv

Med

N

1

0,03

Lippia alba (Mill.) N. E. Brown.

Cidreira/erva-cidreira

Erv

Med

E

4

0,12

Mentha arvensis L.

Vique

Erv

Med

E

2

0,06

Mentha x villosa Huds.

Hortelã

Erv

Med

E

6

0,18

Ocimum sp.

Manjericão

Erv

Med

E

2

0,06

Plectranthus amboinicus (Lour.) Spreng.



Malva

Erv

Med

E

7

0,21

Plectranthus barbatus Andrews

Boldo

Erv

Med

E

9

0,27

Lauraceae







Ocotea sp.

Louro-cedro

Arv

Art

-

4

0,12

Liliaceae







Allium cepa L.

Cebola

Erv

Med

E

2

0,06

Allium sativum L.

Alho

Erv

Med

E

2

0,06

Lithraceae







Punica granatum L.

Romã

Sub

Med

E

1

0,03

Malpighiaceae







Byrsonima ligustrifolia A. St. Hill.

Murici

Arb

Ali

N

1

0,03

Malphigia glabra L.

Acerola

Sub

Ali

E

1

0,03

Malvaceae







Abelmoschus esculentus (L.) Moench

Quiabo

Sub

Ali, Med

E

2

0,06

Gossypium hirsutum L.

Algodão

Sub

Med

E

3

0,09

Waltheria sp.

Cróto

Sub

For

-

1

0,03

Meliaceae







Azadirachta indica A.Juss.

Neem

Arv

Med

E

3

0,09

Carapa guianensis Aubl.

Andiroba

Arv

Art

N

3

0,09

Cedrella odorata L.

Cedro

Arv

Art

N

3

0,09

Moraceae







Artocarpus heterophyllus Lam.

Jaca

Arv

Ali

E

1

0,03

Musa paradisiaca L.

Banana

Erv

Ali

E

1

0,03

Myrtaceae







Campomanesia aromatica (Aubl.) Griseb.

Guabiraba

Erv

Med

N

1

0,03

Eucalyptus sp.

Eucalipto

Arv

Med

E

4

0,12

Eugenia uniflora L.

Pitanga

Arb

Med

N

1

0,03

Psidium guajava L.

Goiaba

Arv

Ali

N

2

0,06

Syzygium jambolanum (Lam.) DC

Azeitona

Arv

Ali, Med

E

2

0,06

Nyctaginaceae







Bougainvillea spectabilis Willd.

Bugavile

Sub

Orn

E

1

0,03

Mirabilis jalapa L.

Jalapa

Arv

Med

E

5

0,15

Olacaceae







Ximenia americana L.

Ameixa

Arb

Med

N

8

0,24

Oxalidaceae







Averrhoa carambola L.

Carambola

Arb

Ali

N

1

0,03

Oxalis sp

Trevo (4 f)

Erv

Med


1

0,03

Passifloraceae







Passiflora edulis Sims

Maracujá

Ter

Ali, Med

N

2

0,06

Phyllanthaceae







Phyllanthus niruri L.

Quebra-pedra

Erv

Med

N

4

0,12

Phytolaccaceae







Petiveria alliacea L.

Tipi

Erv

Med

N

1

0,03

Poaceae







Cymbopogon citratus (DC.) Stapf

Capim-santo/capim-limão

Erv

Med

E

5

0,15

Oryza sativa L.

Arroz

Erv

Ali

E

1

0,03

Saccharum officinarum L.

Cana-de-açúcar

Erv

Ali

E

1

0,03

Zea mays L.

Milho

Erv

Ali

E

1

0,03

Pontederiaceae







Eichhornia crassipes (Mart.) Solms

Aguapé

Erv

For

N

1

0,03

Rhamnaceae







Ziziphus joazeiro Mart.

Juá

Arv

Med

N

1

0,03

Rubiaceae







Morinda citrifolia L.

Nôni

Arb

Med

E

4

0,12

Spermacoce verticillata L.

Vassorinha

Erv

Med

N

1

0,03

Rutaceae







Citrus aurantium L.

Laranja

Arb

Ali, Med

E

4

0,12

Citrus limon (L.) Burm.

Limão

Arb

Ali, Med

E

4

0,12

Ruta graveolens L.

Arruda

Erv

Med

E

1

0,03

Sapotaceae







Manilkara cavalcantei Pires & W. A. Rodrigues ex T. D. Penn.

Massaranduba

Arv

Art

N

1

0,03

Manilkara zapota (L.) P. Royen

Sapoti

Arv

Ali

E

1

0,03

Tiliaceae







Luhea sp.

Açoita-cavalo

Arb

Med

N

2

0,06

Turneraceae







Turnera ulmifolia L.

Chanana

Erv

Med

N

4

0,12

Urticaceae







Urtica urens L.

Urtiga

Erv

Med

N

1

0,03

Xanthorrhoeaceae







Aloe vera L.

Babosa

Erv

Med

E

5

0,15

Outras







Pustemeira

Pustemeira

Sub

Med

-

1

0,03



Em se tratando do conhecimento por gênero, calculado pelo Índice de Shannon, as mulheres com 89 citações, apresentaram H´=0,82, e os homens com 210 citações alcançaram H´=1,36.

Ao comparar o conhecimento etnobotânico dos entrevistados entre os gêneros utilizando o cálculo de rarefação, verificou-se que as mulheres apresentaram 3,69, considerando (89 citações) com intervalo de confiança inferior e superior a 3,53 e 3,70, respectivamente; o valor para os homens foi de 3,73 com intervalo de confiança inferior e superior 3,56 e 3,87, respectivamente.

Em relação ao status das espécies vegetais, 51% são nativas, enquanto 49% são exóticas. Quanto ao hábito, as ervas foram as mais representativas com 39,65%, seguida de árvores (22,41%), arbustos (19,83%), subarbustos (15,52%) e trepadeiras (2,59%).

Os pescadores detêm vasto conhecimento acerca das plantas e quanto ao uso, a categoria medicinal apresentou 64 espécies, obtendo maior representatividade, perfazendo 54,31% das citadas, seguida de alimentícias (30,18%) e as utilizadas para a manufatura de artefatos de pesca (9,49%).

Dentre as espécies citadas, Plectranthus barbatus (boldo) foi a que apresentou o maior valor de uso (0,27), seguido por Ximenia americana (ameixa - 0,24) e P. amboinicus (Malva - 0,21). Outras espécies tiveram valor de uso significativo como Aloe vera (babosa), Cymbopogon citratus (DC.) Stapf (capim-santo), Chenopodium ambrosioides e Libidibia ferrea (jucá) que apresentaram valor de uso igual a 0,15 cada. Todas as espécies anteriormente citadas foram categorizadas como medicinais pelos pescadores (Tabela 1).

Quanto aos usos, as plantas utilizadas na terapêutica local se sobressaíram, tais como, o boldo (Plectranthus barbatus) com nove usos, seguida da ameixa (Ximenia americana) com oito usos e a malva (P. amboinicus) com sete.

Quanto às formas de uso das plantas utilizadas como medicinais, os chás se sobressaem, com 59% das citações, sendo estes preparados por infusão, maceração ou decocção, seguidos pelo lambedor com 26%, preparados com açúcar ou mel e usado geralmente para o tratamento de doenças do sistema respiratório como dores na garganta e catarro no peito (secreção). O preparo do lambedor consta de adição de açúcar, cozimento até a fervura e a solvência do açúcar; tempo para esfriar; filtragem e guarda em vidros limpos e bem tampados (cataplasma 15,0%).

Na comunidade Igaraçu foram citados vários usos para as plantas como alívio de doenças do trato respiratório, do sistema nervoso, do tecido cutâneo, do sistema urogenital e neoplasias.

As plantas alimentícias foram a segunda categoria mais citada em número de espécies (30,18%). Espécies como o caju (Anacardium occidentale L.) são nativas e outras são exóticas como a manga (Mangifera indica L.), que é cultivada nos quintais dos pescadores para consumo.

As plantas ornamentais prevaleceram segundo o uso e conhecimento das mulheres (9,49%). Já a categoria forrageira mostrou-se significativa (6,03%), contando com espécies de grande importância ecológica, pois o principal ambiente de ocorrência são as margens do rio Parnaíba que está sendo assoreado.

Em se tratando da categoria místico-religiosa que obteve 1,73% das citações, com destaque para Euphorbia tirucalli, utilizada para retirar “quebranto” e Jatropha gossypiifolia para “mal olhado”.

Das plantas utilizadas pelos pescadores para confecção de artefatos de pesca, destacam-se as que são matéria-prima na confecção de canoas. Na comunidade há dois tipos de canoas: de três tábuas, de pequeno porte (5 m) e as praianas ou de quilha (7-9 m), confeccionadas com cedro (Cedrella odorata); pau-d’árco-roxo (Handroanthus impetiginosus); pequi (Caryocar coriaceum); tamborí-preto (Enterolobium contortisiliquum) e andiroba (Carapa guianensis). Cada uma das divisões da canoa é produzida com uma madeira distinta: a proa, polpa, caverna e bancos são confeccionados com o pequi; as laterais e o fundo são elaborados com o cedro e para os remos usa-se a andiroba. O apetrecho denominado de choque é confeccionado com o tamborí-preto e o jequi a partir da espécie Manilkara cavalcantei (Massaranduba).



DISCUSSÃO



Em se tratando de faixa etária, verificou-se que os adultos são maioria, onde resultados similares foram obtidos nos estudos de MEIRELES et al. (2017a) com os pescadores artesanais usuários do rio Parnaíba, demonstrando que os mesmos são ativos e o quanto a comunidade detém os saberes podendo transmiti-los aos jovens. Quanto ao gênero, o masculino prevaleceu, corroborando com SOUSA et al. (2012), SANTOS et al. (2015) e MEIRELES et al. (2017a), portanto, pressupõe que as mulheres estão envolvidas com outras atividades como afazeres domésticos, tratamento do pescado ou até mesmo mariscagem (FREITAS et al., 2012). A maioria da comunidade concluiu apenas o ensino fundamental, fato este relacionado ao início da atividade de pesca e também devido ao ingresso ao ensino fundamental ser o único disponível na comunidade e adjacências. Estes, relatam que durante a infância o acesso ao ensino era difícil devido ao deslocamento, bem como ao tempo que havia para estudar, pois tinham que dividir o período entre a escola e as atividades pesqueiras para ajudar na renda. Tais dados vão de encontro aos apontados por MEIRELES et al. (2017b). O número de não-escolarizados foi superior ao de FREITAS et al. (2012).

Para as atividades secundárias, a carpintaria naval, que na comunidade é realizada com base na produção de canoas e remos, é feita de modo artesanal pelos pescadores como forma de renda quando não estão nas pescarias ou em época de defeso, como também registrado por SANTOS et al. (2015) e MEIRELES et al. (2017a). Esta atividade é desenvolvida por outras comunidades pesqueiras localizadas às margens do rio Parnaíba (SANTOS et al., 2015 e BATISTA et al., 2016). O local da produção, bem como conserto das mesmas, corroborando com NASCIMENTO e SASSI (2007), dá-se nas imediações da própria casa dos carpinteiros, visto o custo da produção e a disponibilidade dos recursos.

Todos os entrevistados afirmaram que seu conhecimento acerca do uso da flora advém dos mais velhos, como avós e pais e que tais saberes vêm sendo perdidos devido ao aumento e facilidade no acesso aos bens de consumo, como os fármacos, por exemplo. Em contrapartida, os adultos relataram que os jovens nem sempre dão a devida importância ao saber dos seus pais. Segundo COUTINHO et al. (2002), este conhecimento popular está sendo perdido devido aos grandes avanços do meio tecnológico e a facilidade no acesso a produtos manipulados.

Dentre as famílias botânicas, Fabaceae foi a mais representativa, assim como em ALMEIDA NETO et al. (2015). Acredita-se que a posição geográfica da comunidade e o tipo de vegetação ocorrente propicie, uma vez que são frequentes em área de restinga. Fabaceae também foi registrada no trabalho de SILVA e ANDRADE (2005), FERRAZ et al. (2006), ROQUE et al. (2010). Outro ponto importante é que esta família está entre as que mais ocorrem em listagens de estudos etnobotânicos no Piauí, como podem ser corroborados nos trabalhos de ALMEIDA NETO et al. (2015).

Os valores de diversidade de espécies botânicas assemelham-se aos encontrados em outras comunidades de pescadores artesanais como BEGOSSI (1993), que encontraram H’=1,57 estudando na Ilha de Búzios e FIGUEIREDO et al. (1997) estudando a comunidade de Calhaus na Ilha de Jaguanum (SE) que obtiveram índice de H’=1,53.

Para APA do Delta do rio Parnaíba, tem-se o trabalho MEIRELES (2012) que mencionou que a diversidade de espécies botânicas encontradas na comunidade Canárias, foi de H’=1,58, semelhante aos encontrados no presente trabalho, visto que ambos fazem parte do mesmo ecossistema.

Resultados diferenciados foram citados por FIGUEIREDO et al. (1993) e FONSECA-KRUEL e PEIXOTO (2004) no litoral do Rio de Janeiro, que encontraram uma maior diversidade de Shannon, sendo respectivamente, H’=1,65 e H’=1,78. CARNEIRO et al. (2010) que estudaram as plantas nativas úteis na vila de pescadores da RESEX Marinha Caeté-Taperaçú/PA, obtiveram índice de diversidade de Shannon de H’=2,3, considerado alto, onde os autores atribuem ao fato do grande número de citação de uso das espécies do manguezal da região.

Em se tratando do status e hábito da flora, as nativas predominaram, visto estar ligados ao fato da área encontrar-se inserida numa APA, e a comunidade fazer uso das espécies ocorrentes na região, o que contribui para sua conservação. Trabalho realizado por SOUSA et al. (2012) corroboram com os dados deste trabalho. Acerca do hábito, infere-se que por se tratar de uma comunidade localizada no entorno do rio Parnaíba, em mata ciliar, bem como área de restinga, obteve-se um número expressivo de ervas para este trabalho (SANTOS-FILHO et al., 2013).

Quanto à faixa etária, o maior índice entre adultos deve-se, provavelmente, aos entrevistados adultos terem efetuado turnês-guiadas, o que auxiliou os mesmos a lembrarem de espécies não mencionadas anteriormente. HANAZAKI et al. (2000), comentam esta relação e ainda relatam que os adultos estão bem mais integrados com a flora local. Para a APA do Delta do Parnaíba, podemos citar outros valores, como os encontrados por SOUSA et al. (2012), onde os adultos foram mais expressivos com H’=4,4.

Em se tratando do conhecimento por gênero, dá-se pelo fato das mulheres desenvolverem atividades domésticas, bem como haver na comunidade pescadores carpinteiros que se valem de várias espécies para a manufatura de canoas e apetrechos de pesca, levando os mesmos a terem maior conhecimento sobre a flora, diferente dos resultados obtidos por SANTOS et al. (2015), na comunidade pesqueira em União, Piauí, homens (H’=3,053) e mulheres (H’=3,095). Os autores relacionaram os resultados ao fato de mulheres e homens compartilharem diretamente da atividade de pesca, bem como pelo compartilhamento de saberes.

Similarmente, MAIKHURI e GANGWAR (1993) e GUIJT (2005) comentam que os homens detêm maior conhecimento acerca das plantas devido ao fato de estarem frequentemente em contato com as mesmas, seja na pesca ou agricultura, enquanto para as mulheres, a pesca e o uso da flora, ficam em segundo plano, por conta das tarefas domésticas. Em contrapartida, resultados superiores para a região deltaica foram apresentados por MEIRELES (2012) onde o índice de diversidade foi de H’=3,38 para os homens.

Quando utilizado a rarefação para comparar o conhecimento acerca da flora, infere-se que não há uma diferença significativa quando nivelado o conhecimento por gênero. BEGOSSI et al. (2002), encontraram valores diferentes para homens H’=4,38, sendo maior que para mulheres (H’=4,19). Para a região deltaica podemos citar o trabalho de SOUSA et al. (2012), que ao estudar as comunidades pesqueiras de Barra Grande e Morro da Mariana na APA do Delta do Parnaíba, encontrou para a primeira H’=4,42 para homens e H’=4,22 para mulheres e em Morro da Mariana H’=4,48 para homens e H’=4,42 para mulheres.

Corroborando com o presente trabalho, Almeida Neto et al. (2015) apresentaram 74 espécies, remetendo a contribuição daquele para o conhecimento da flora medicinal. Resultados similares quanto à categoria de uso, foram relatados por ROSSATO et al. (1999) e SILVA e ANDRADE (2005), MIRANDA e HANAZAKI (2008) e por SOUSA et al. (2012) em comunidades pesqueiras na APA do Delta do rio Parnaíba. FERRAZ et al. (2006), entretanto, registraram as forrageiras como a categoria de uso predominante, seguida de medicinal. Em comparação aos trabalhos também realizados no Piauí, ALMEIDA NETO et al. (2015) apresentaram P. barbatus como estando no ranque das espécies mais utilizadas na medicina tradicional. CHAVES et al. (2014) comentaram acerca da distribuição da Ximenia americana, sua distribuição, usos como alimentícios e usos na medicina popular. De acordo com ALMEIDA NETO et al. (2015), Chenopodium ambrosioides tem nas suas folhas remédio amplamente utilizado no Nordeste do Brasil no tratamento de doenças ligadas ao sistema respiratório, onde suas folhas são misturadas ao leite, sendo ministradas no tratamento de gripes, corroborando assim, com os usos mencionadas pela comunidade Igaraçu.

Resultados similares para as espécies citadas podem ser observados no trabalho de GIRALDI e HANAZAKI (2010). SOUSA et al. (2012) trabalhando com pescadores de comunidades inseridas na APA do Delta do rio Parnaíba, mencionaram X. americana como a espécie com maior valor de uso em Barra Grande (1,37) e P. barbatus como espécie com valor de uso expressivo (1,09), em ambas as comunidades estudadas.

Acredita-se que tais resultados fortalecem a importância medicinal e valor terapêutico em certas comunidades, devido ao difícil acesso a medicina convencional e aos preços elevados dos medicamentos industrializados (SOUZA et al., 2012), sendo preferível a utilização de preparados naturais, embora ainda seja necessário mais estudos comprovando sua eficácia, o uso tradicional das mesmas serve de preâmbulo para realização de estudos aprofundados nas áreas de fitoquímica e farmacologia, visando a validação do uso.

Pode-se inferir que as plantas medicinais se sobressaem por serem facilmente cultivadas, bem como devido à questão financeira e a distância dos grandes centros comerciais. Segundo a OMS (2000), 80% da população dos países em desenvolvimento utilizam práticas medicinais tradicionais, sendo que 85% dessas práticas envolvem plantas medicinais, que são definidas como aquelas que têm uma história de uso tradicional como agente terapêutico. PEREIRA et al. (2005) afirmaram que 80% dos brasileiros utilizam plantas medicinais para os mais diversos usos.

As espécies de Plectranthus sp. também podem ser encontradas no trabalho de SANTOS et al. (2016) ao estudarem as plantas medicinais ocorrentes em Cajueiro da Praia, corroborando com dados registrados para a comunidade Igaraçu. Acredita-se que tais similaridades estejam relacionadas a proximidade territorial e tipo vegetacional em comum, haja vista que ambas pertençam à região deltaica.

Segundo os pescadores entrevistados, o nôni (Morinda citrifolia) misturado ao suco de uva é um importante remédio no combate ao diabetes, bem como tem o poder de preveni-la. ROSSATO et al. (1999), HANAZAKI et al. (2000), MIRANDA e HANAZAKI (2008) e SOUSA et al. (2012), também citaram esta espécie como medicinal. Por outro lado, ALMEIDA NETO et al. (2015) mencionam que o fruto é empregado no tratamento de inflamações, demonstrando assim uma diversidade de usos ao longo das distintas comunidades ocorrentes no Piauí. O uso de plantas com fins fitoterápicos é comumente referido em trabalhos conduzidos em comunidades de pescadores localizados na região Sul do Brasil (MIRANDA e HANAZAKI, 2008 e MERÉTIKA et al. 2010); no Nordeste brasileiro podemos citar ALMEIDA e ALBUQUERQUE (2002), ALMEIDA et al. (2010), CHAVES et al. (2014) e SANTOS et al. (2016), visto as finalidades já mencionadas, dentre estes a preservação dos costumes tradicionais destas. Segundo SOUSA et al. (2012), o uso de plantas medicinais é amplamente difundido nas comunidades de pescadores do Delta do Parnaíba, embora estas comunidades estejam localizadas próximas às sedes municipais, os medicamentos industrializados são de alto custo tornando-se, por vezes, financeiramente inviáveis.

Outros trabalhos com enfoque nas plantas medicinais como fonte de tratamento de doenças do sistema respiratório, por exemplo, podemos citar AMOROZO e GÉLY (1988), MENGUE et al. (1991), SILVA e ANDRADE (2005), VENDRUSCOLO e MENTZ (2006). Para o Piauí, podemos mencionar SOUSA et al. (2012), SANTOS et al. (2016). Ao falarmos da forma de uso, o chá como a forma de preparo preferida (SILVA et al., 2001; SILVA e ANDRADE, 2005; VENDRUSCOLO e MENTZ, 2006; NEGRELLE et al., 2007; JESUS et al., 2009). Em contrapartida, BARRETO et al. (2006) relatam que a fervura da planta por longos períodos pode levar a perda dos princípios ativos voláteis presente nas plantas, principalmente das folhas, considerando o uso de infusão como a melhor forma de preparo. O cataplasma é aplicado sobre a pele na região afetada/ferida, com ou sem um tecido fino por cima para segurar e não “pousar” insetos, o que é de grande importância para os pescadores, visto suas longas horas de pescaria. Resultados similares para esta forma de uso são encontrados em trabalhos (VENDRUSCOLO e MENTZ, 2006; ALBERTASSE et al., 2010; ALMEIDA NETO et al., 2015).

As alimentícias como o caju (Anacardium occidentale) (SOUSA et al., 2015), são nativas e outras são exóticas como a manga (Mangifera indica), que é cultivada nos quintais dos pescadores para consumo no dia-a-dia e meu meio às práticas pesqueiras. ALMEIDA NETO et al. (2015), mencionaram ainda que estas espécies são medicinais.

Dentre as espécies ornamentais destaca-se Sansevieria trifasciata var. laurentii (espada-de-são-jorge), cultivada e mencionada nesta categoria por todos os entrevistados. Já as forrageiras, os gêneros Cryptostegia, Mimosa e Heliotropium são os mais comuns e utilizados por animais como alimento, principalmente bovinos, em períodos de escassez de chuvas na região. Trabalhos realizados por autores como LEMOS (2001), FERRAZ et al. (2006) e OLIVEIRA et al. (2010) corroboram com o presente resultado. Já as místico-religiosa perpetravam parte do repertório dos antigos “mateiros” que a utilizavam em rituais religiosos, mas que nos dias atuais ainda são utilizados por demais comunidades pesqueiras do Piauí (BATISTA et al., 2016).

De acordo com os pescadores, muitas destas plantas citadas estão escassas na região e que há alguns anos já não se retiram estas madeiras, visto a escassez do recurso por seu uso desenfreado, como é o caso do pequi (Caryocar coriaceum). Assim os artesãos compram a madeira de comércios no entorno da comunidade, que por sua vez as adquirem do Maranhão e Pará ou em madeireiras, pois as que existem na região hoje são poucas e quase tidas como ornamentais. Assim, os resultados obtidos pelos pescadores do Igaraçu corroboram com SANTOS et al. (2015), que relatam a utilização de canoas manufaturadas; diferindo dos dados obtidos por SCHORK et al. (2012), onde os pescadores fazem uso de embarcações de metal, demonstrando que tanto neste como naquela comunidade é preciso um maior cuidado com a flora e os saberes, instrumento de conservação também do conhecimento etnobotânico e pesqueiro.



CONCLUSÕES



Verificou-se que a categoria medicinal foi a mais representativa, sendo utilizada, em sua maioria no tratamento de problemas respiratórios motivados, provavelmente, pela distância da comunidade dos grandes centros urbanos, bem como devido aos altos custos dos medicamentos industrializados. A forma de uso mais difundida na comunidade foi o chá e o Plectranthus barbatus Andrews (boldo) foi a mais versátil, e também apresentou o maior valor de uso.

Em se tratando do status, as nativas se destacaram em relação às exóticas e as plantas de hábito herbáceo foram as mais representativas.

O índice de Shannon demonstrou que a diversidade de citações de uso pelos pescadores artesanais revela o elevado conhecimento da flora local, já o saber etnobotânico por faixa etária foi maior entre os adultos, seguido dos idosos. O mesmo índice ainda demonstrou que quanto ao gênero, os homens apresentam mais citações de uso, por interagirem direta e frequentemente com o meio ambiente por meio de suas práticas profissionais, sendo estas passadas aos jovens pelos mais velhos.

A curva de rarefação demonstrou que os homens detêm maior conhecimento da flora, embora não haja diferença significativa quanto à riqueza de espécies quando niveladas as citações entre gêneros.

Tais resultados ainda fortalecem a importância de preservar a biodiversidade da flora na região, uma vez que está diretamente relacionada às práticas pesqueiras e modo de vida da comunidade, além de estar inserida em uma área de proteção ambiental (APA), de importante ecológica e cultural.



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Ilustrações: Silvana Santos