AS
TRILHAS INTERPRETATIVAS COMO POTENCIAL METODOLOGIA PARA A EDUCAÇÃO
AMBIENTAL NO BIOMA CAATINGA
João
Nogueira Linhares Filho¹, Maria do Socorro da Silva Batista²,
¹
Mestre em Ensino pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte
(UERN), Professor de Biologia e Ciências nas Escolas: Colégio
Normal Francisca Mendes e E.M.E.F.Monsenhor Walfredo Gurguel,
joaobiologia2013@gmail.com.
²
Doutora em Educação pela Universidada Federal do Rio
Grande do Norte (UFRN), Professora da Universidade federal Rural do
Semiárido
(UFERSA),
msbatista-@hotmail.com
Resumo:
O
presente trabalho discute as trilhas interpretativas como potencial
metodologia para a Educação Ambiental no Bioma
Caatinga. Objetivou-se, a partir desse estudo, avaliar o potencial
educativo das trilhas interpretativas como metodologia para o ensino
da Educação Ambiental no Bioma Caatinga. Para tal
utilizou-se de uma metodologia de natureza qualitativa e de caráter
descritivo, tendo como foco principal, alunos e professores do ensino
médio de escolas públicas da cidade de Catolé do
Rocha-PB. Como forma de organização metodológica,
as atividades referentes à pesquisa, foram divididas em quatro
etapas, como se segue: apresentação do projeto a
Organização Não Governamental, Projeto
Xique-Xique. Apresentação do projeto as escolas
públicas da cidade; agendamento das escolas interessadas
através do contato telefônico; reconhecimento do local
onde se realizou a trilha; aplicação do método
avaliativo por meio de questionários a alunos e professores.
Como forma de análise dos dados obtidos, foi utilizada a
análise de conteúdo de Bardin. Com base na análise
dos questionários, pode-se perceber que para alunos e
professores, as trilhas interpretativas configuram-se como uma
alternativa metodológica para a necessária inovação
nas ações desenvolvidas pela Educação
Ambiental.
Palavras-chave:
Trilhas Interpretativas. Educação Ambiental.
Metodologia.
Abstract:
The present work discusses the interpretative trails as a potential
methodology for Environmental Education in the Caatinga Biome. The
objective of this study was to evaluate the educational potential of
the interpretative trails as a methodology for teaching Environmental
Education in the Caatinga Biome. For this purpose, a methodology of a
qualitative and descriptive nature was used, focusing mainly on
students and teachers of high school public schools in the city of
Catolé do Rocha-PB. As a methodological organization,
activities related to research , were divided into four stages, as
follows: presentation of the project to the Non-Governmental
Organization, Project Xique-Xique. Presentation of the project the
public schools of the city; scheduling of interested schools through
telephone contact; recognition of where the trail was made;
application of the evaluation method through questionnaires to
students and teachers. As a way of analyzing the obtained data, the
Bardin content analysis was used. Based on the analysis of the
questionnaires, it can be noticed that for students and teachers, the
interpretive trails are configured as a methodological alternative
for the necessary innovation in the actions developed by
Environmental Education.
Keywords:
Interpretive Tracks. Environmental education. Methodology.
Introdução
A
sociedade contemporânea vive vários dilemas que colocam
em cheque a sua qualidade de vida. Um desses dilemas são as
questões da degradação do meio ambiente e as
causas que essa degradação acarreta a vida dos
habitantes da Terra. Quando tratamos dos problemas ambientais, logo
nos vem à mente e as discussões, a busca de
alternativas para amenizá-los.
Uma
forma de amenizar tais desafios é através da
implantação de ações de Educação
Ambiental que venham a transformar as atitudes desenvolvidas no meio,
através de práticas que permitam em longo prazo
transformar a relação do homem com a natureza. Uma das
maneiras mais próximas para desenvolver essas ações,
é por meio da implantação de estratégias
que envolvam a Educação Ambiental atrelada a
metodologias que a transformem numa ação continua e
proveitosa para com seus objetivos. Ou seja, reaproximar o homem do
meio ambiente e aproximá-lo dos problemas causados por ele
próprio.
Para
terem sua efetividade garantida, as ações de Educação
Ambiental, devem ter como ponto de partida o contexto socioambiental
no qual o público alvo esteja inserido. Por assim
compreendermos, nos propomos a discutir nesse trabalho, o Bioma
Caatinga, seus problemas e alternativas de Educação
Ambiental desenvolvida por meio das trilhas interpretativas, como
forma de aproximar a população que nele reside dos
problemas que o bioma enfrenta.
Ao
tratarmos do Bioma Caatinga estamos falando de um espaço
complexo, caracterizado por vários problemas que afetam direta
e indiretamente o meio ambiente e a sociedade como um todo, onde já
se identifica várias áreas em estágio avançado
de degradação. Mas, estamos falando também de um
espaço rico em diversidade, no que diz respeito à
flora, à fauna e à cultura.
A
Caatinga é um bioma exclusivamente brasileiro que durante
muito tempo ficou esquecido pelas autoridades políticas e
científicas, gerando pouquíssimo conhecimento sobre
tal. No entanto, a partir de 2000, esse cenário começou
a ser alterado, devido à expansão do ensino superior
para o interior do Nordeste e o desenvolvimento de vários
projetos de pesquisa, que mostraram a riqueza que este bioma tem em
termos de biodiversidade. Como por exemplo, citamos os trabalhos
elaborados por Pereira (2008), que evidenciam a grande biodiversidade
existente nesse ambiente natural, como também nos alertam
sobre os problemas ambientais que o aflige.
Contudo,
a população do semiárido ainda conhece pouco
sobre suas espécies e os problemas que o mesmo enfrenta, com
respeito a sua degradação, sendo hoje o quarto bioma
mais degradado no Brasil, ficando atrás somente da Amazônia,
Mata Atlântica e Cerrada. Diante de tal fato, a introdução
de ações que visem à conservação
do bioma se apresenta de suma importância para se tentar
amenizar os problemas ambientais que a Caatinga enfrenta, pois
acreditamos que só é possível se plantar uma
consciência preservacionista quando se conhece o problema e
onde o mesmo reside.
Consideramos
a escola e o ensino o espaço ideal de intervenção
das ações ambientais voltadas para a sensibilização
da população, por ser um local de formação
de valores e construção da identidade social. É
no espaço escolar que se encontram as ferramentas didáticas
e metodológicas necessárias para a prática da
Educação Ambiental, que pode se desenvolver, por
exemplo, por meio das trilhas interpretativas, formando cidadãos
conhecedores e conscientes dos problemas ambientais que o seu lugar
enfrenta.
Portanto,
a Educação Ambiental por meio das trilhas
interpretativas pode ser o caminho para consolidar ações
de conscientização na sociedade, pois por trabalhar com
o ambiente natural e seus elementos originais, consegue conciliar o
ato de conhecer com o ato de preservar, exatamente o que o Bioma
Caatinga necessita para mudar mais um aspecto de sua história,
marcada conforme já explicitado, pelo pouco conhecimento de
sua população e deficiência de ações
efetivas para amenizar os problemas que o assolam.
A
pesquisa foi desenvolvida tendo como objetivo, avaliar o potencial
educativo das trilhas interpretativas como metodologia para o ensino
da Educação Ambiental do Bioma Caatinga.
Bioma Caatinga: Diversidade e Resistência no Semiárido
A
problemática ambiental surge como manifestação
de uma crise estrutural tecida ao longo dos últimos séculos,
assumindo hoje os contornos de uma crise da modernidade, de espectro
mais abrangente, que pode ser percebida na política, na
economia, na sociedade, na cultura e na ciência (PELAGRINI e
VLACH, 2011).
Nessa
perspectiva, percebemos
que embora os problemas ambientais sejam tratados em nível
global, suas raízes e efeitos são identificados
localmente. Como exemplos, citamos os processos de degradação
do semiárido Nordestino, uma extensa área climática
localizada no Nordeste do Brasil, que por conta das suas condições
naturais de clima, solo, precipitação e exploração,
se coloca hoje como uma das áreas mais degradadas do Brasil e
do mundo.
O
Bioma Caatinga tem sido considerado um espaço de baixas ou
ausência de taxas de endemismo, formado por um conjunto de
formações geológicas frágeis e solos
pobres e pedregosos. Isso levou a um descaso quanto a ações
específicas que desenvolvessem estratégias para estudos
científicos, como também no desenvolvimento de
estratégias para sua proteção, já que
esse ambiente natural se apresenta como o quarto bioma mais degradado
do Brasil e o menos protegido através de áreas de
preservação.
De
acordo com Vasconcelos Sobrinho, (1983), as áreas submetidas a
processos de degradação no semiárido brasileiro
apresentam-se facilmente perceptíveis. Nas áreas
afetadas, a vegetação se apresenta de porte reduzido,
algumas espécies com sintomas de nanismo e concentração
diminuída, geralmente coincidindo com a presença da
Caatinga hiperxerofila. Nesse tipo de Caatinga a desertificação
pode surgir espontaneamente, havendo a possibilidade de sua
preexistência no Nordeste antes do aparecimento da ocupação
humana.
Devido
às condições de clima e tempo, como também
as condições de solo e precipitação e
principalmente o uso irracional do solo e da vegetação,
houve uma intensificação nos processos de degradação
de forma que até certo ponto eram inimagináveis para
essa região, devido principalmente o pouco conhecimento
cientifico que se tinha até os anos 2000 sobre o referido
bioma.
No
Nordeste, de acordo com dados do INSA, cerca de 50% do território
nordestino está em estágio avançado de
desertificação, sendo mais intenso nos estados do
Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte, causando um
prejuízo imensurável para a população que
aí reside.
Mediante
a realidade exposta, é fundamental a compreensão do
complexo de interações entre os processos geológicos
e geomorfológicos, as condições morfopedológicas
e as próprias condições relacionadas à
cobertura vegetal, suas características hidroclimáticas
e as alterações intensificadas nesses elementos pela
forma de uso e ocupação da terra, possibilitando a
avaliação do grau de vulnerabilidade das regiões
afetadas (CRISPIM et
al,
2014).
Com
isso Albuquerque et
al (2010),
enfatizam que para amenizar tais problemas, devemos
avaliar
o desequilíbrio gerado pela relação
homem-natureza, que veio como forma de configurar a crise ambiental a
qual pode ser minimizada pela transformação da maneira
como o indivíduo percebe, analisa e age sobre o ambiente.
Além
dos problemas que envolvem o ambiente natural da Caatinga, temos que
lembrar também dos vários desafios que se colocam para
a população que aí vive, apresentando-se como
uma das mais pobres do Brasil, com altos índices de
analfabetismo, problemas de falta de alimento e ineficientes
investimentos
por parte do Estado brasileiro. Soma-se a isto o fato de que
significativa parcela da população que vive no
Nordeste, particularmente na região do Sertão
nordestino, detém pouco conhecimento sobre os aspectos
naturais do Bioma Caatinga, como também a respeito dos
problemas que o mesmo enfrenta.
Portanto,
entender e resgatar as relações harmônicas entre
o homem e o meio ambiente do qual ele faz parte, são
princípios fundamentais na busca por uma amortização
dos problemas ambientais, sejam eles no mundo sejam eles a nível
regional, como o problema da desertificação no Nordeste
brasileiro.
A
Educação Ambiental no Bioma Caatinga
Os
problemas ambientais sempre estiveram presentes na relação
entre homem e natureza, a partir do momento que ele se coloca como um
dominador do ambiente e desfaz os laços que o colocam como
apenas mais um fio da grande teia ecológica que gere e faz
funcionar os ecossistemas.
As
relações homem-natureza têm passado por
transformações, seguindo a uma velocidade estabelecida
entre evolução humana, tecnologia e interesses
econômicos, provocando mudanças que se intensificam,
principalmente, a partir da primeira revolução
industrial e o surgimento e fortalecimento das bases capitalistas de
produção e obtenção de lucro e poder a
todo custo.
A
intensificação dos problemas ambientais ganha
rapidamente consequências globais que se refletem diretamente
nas condições locais, como é o caso do Semiárido
Nordestino e sua vulnerabilidade a tais mudanças climáticas
temporais. A história nos mostra
que à medida
que o homem evolui, passa a transformar o meio em que vive para,
inicialmente suprir suas necessidades e posteriormente para acumular
riqueza, poder e dominação.
Isto
porque se no passado dependia totalmente das forças da
natureza para a manutenção produtiva dos seus meios de
sustento, a partir do momento que ele domina novas fontes de energia,
produz junto com isso algum tipo de desequilíbrio ecológico.
Com
isso, se tem um aumento na escala de produção de bens
de consumo que vem estimulando a exploração dos
recursos naturais e elevando a quantidade de resíduos,
reforçando a concepção de ser humano separado
dos outros elementos da natureza, se estabelecendo como um fator
relevante para o aumento dos problemas ambientais (BARBIERI, 2004).
Tal realidade é resultante da busca pelo lucro e o poder,
desenvolvida pelo sistema capitalista de desenvolvimento e é
intrínseca às relações econômicas
estabelecidas por essa forma de ver o mundo e sua relação
com os ambientes naturais.
Para
que possamos construir a possibilidade de resolver os problemas
ambientais mais graves, como por exemplo, o desmatamento, a erosão
dos solos e o aquecimento global, se deve considerar os padrões
de desenvolvimento das diferentes nações e também
dos vários grupos sociais existentes, uma vez que há
visível diferença entre as condições de
vida dos países do chamado primeiro mundo e os países
em desenvolvimento ou considerados subdesenvolvidos.
Tais
diferenças se apresentam, principalmente porque via de regra
os primeiros apropriam-se de forma desigual dos recursos naturais dos
segundos que produzem não para a sobrevivência
igualitária da sociedade, mas para satisfazer os interesses da
sociedade de consumo.
Para
tanto se tem que busca uma educação que aborde a
dimensão ambiental contextualizada, que considere a realidade
numa visão interdisciplinar, vinculada aos temas ambientais
globais e locais, buscando como enfoque a construção de
uma sensibilização crítica que permita o
entendimento e a intervenção de todos os setores da
sociedade, encorajando o surgimento de um novo modelo de sociedade
(GUERRA; ABÌLIO, 2006).
Encorajamento
esse que só surge com o resgate e reintegração
do ser humano com a rede complexa que forma os ecossistemas ao qual
está inserido. Pensando dessa maneira, as mudanças na
forma de agir individual e coletivamente sobre qual tipo de sociedade
querem para as gerações futuras é de suma
importância (AMÂNCIO, 2005).
Tais
mudanças são essenciais para o desenvolvimento de ações
de Educação Ambiental eficientes no Bioma Caatinga, que
por ter características bem peculiares, necessitam de novas
estratégias para o desenvolvimento dessas atividades, com
aproximação da realidade vivida e dos problemas e
desafios que a sua população enfrenta.
Deste
modo, compreendemos que as atividades desenvolvidas no âmbito
desse estudo inserem-se nessa necessidade de adaptação
que a Educação Ambiental para o Bioma Caatinga exige,
pois entre outras características utiliza os elementos
originais do meio para desenvolver suas ações.
Educação Ambiental por meio das Trilhas Interpretativas
As
ações de Educação Ambiental no contexto
dos problemas ambientais precisam evoluir quanto as suas formas de
atuação. A maioria das atividades que tratam desse
tema, muitas concentra-se em ações pontuais e
descontextualizadas, que se resumem a apresentação de
problemas globais, fora do contexto regional do público
envolvido e de forma meramente teórica.
Uma
forma de amenizar tais dificuldades é estabelecer novas
metodologias para a prática da Educação
Ambiental de uma forma que possa reunir em atividades específicas,
porém contextualizadas, a elucidação dos
problemas ambientais, como a desertificação, a erosão
do solo e as queimadas, no seu contexto local, discutindo ao mesmo
tempo sobre o ambiente onde o problema se encontra e como amenizá-lo,
tornando a aprendizagem mais significativa.
Apresentamos
as trilhas interpretativas como possibilidade de realização
de uma Educação Ambiental inovadora, pois tem como uma
das suas características principais, utilizar os elementos
originais do ambiente para envolver o público participante nas
discussões que envolvem os problemas ambientais ali presentes,
de uma forma objetiva e real, despertando o surgimento de vários
sentimentos nas pessoas envolvidas no processo, fugindo da forma
teórica como muitas vezes o tema é abordado.
As
trilhas se constituíram historicamente como um elemento
cultural presente nas sociedades humanas desde os tempos remotos,
servindo durante muito tempo como via de comunicação
entre os diversos lugares habitados ou visitados pelo homem, suprindo
as necessidades de deslocamento para novos territórios e busca
por alimento e água. Com as mudanças socioculturais, as
trilhas passaram a ser utilizadas para outras finalidades, tais como
viagens, comércio e peregrinações religiosas
(CARVALHO e BÓCON, 2004).
Mesmo
com a mudança em sua utilização os seus aspectos
principais não foram perdidos, aspectos relacionados à
promoção de interação do homem com o
homem e com a natureza, de uma forma direta e promovendo inúmeras
possibilidades de interação.
Na
sociedade contemporânea, as trilhas deixaram de ser um simples
meio de deslocamento, para se tornar um novo recurso de contato com a
natureza, justificado pelo fato de possibilitar o contato do público
participante com os ambientes naturais, sendo uma alternativa para
mostrar à importância dos fatores bióticos e
abióticos, por meio da Educação Ambiental, com a
possibilidade de estimular à sensibilização
humana, através da compreensão do ambiente e suas
inter-relações, levando os indivíduos a
aquisição de valores relacionados à conservação
do meio ambiente (COSTA, 2006).
Portanto,
as trilhas por serem considerados caminhos de contato e reencontro do
homem com a natureza, precisam ser pensadas e planejadas de uma forma
que coloque a frente desse planejamento as condições
naturais do ambiente e a capacidade de interação do
púbico envolvido de uma forma equilibrada.
Os Desafios e as Perspectivas das Trilhas como Metodologia de Ensino:
relatos e reflexões sobre a realização da
pesquisa
A
pesquisa desenvolvida se caracteriza como de natureza aplicativa,
objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática,
dirigidas à solução de problemas específicos.
Tem
caráter qualitativo e descritivo, pois de acordo com Oliveira,
(2007) revela um processo de reflexão e análise da
realidade através da utilização de métodos
e técnicas para a compreensão detalhada do objeto de
estudo, em seu contexto histórico através de
observações, aplicação de questionários,
entrevistas e análise de dados, que devem ser apresentados de
forma descritiva, tendo o ambiente natural como fonte direta de
coleta de dados e o pesquisador como instrumento fundamental, que
analisa o significado que as pessoas dão as coisas e a vida.
Analisa
fatos ou fenômenos através de uma descrição
detalhada da forma como se apresentaram. É uma análise
em profundidade da realidade pesquisada,
analisando o problema em relação aos aspectos sociais,
econômicos e políticos, na perspectiva de diferentes
grupos e comunidades, com a finalidade de mensurar como eles veem e
se colocam diante de situações vivenciadas.
O
referido estudo tem como foco principal alunos e professores do
Ensino Médio de escolas públicas da cidade de Catolé
do Rocha-PB. Como forma de melhor organizar a execução
das atividades propostas o desenvolvimento das mesmas foi dividido em
quatro etapas, como se segue:
1ª
etapa: Apresentação oral da proposta de trabalho
aos representantes da Organização Não
Governamental Projeto Xique-Xique, uma
Organização da Sociedade Civil de Interesse Público
– OSCIP, sem fins lucrativos, com
sede no Sítio
das Pedras – Cajueiro, estando situado em uma área rural
de 34 hectares, no alto sertão da Paraíba, situada
no município de Catolé do Rocha – Paraíba.
A ONG tem como principal objetivo desenvolver atividades
socioeducativas e intercâmbio de informações
junto à zona rural e urbana de Catolé do Rocha –
PB relacionado à cidadania, a cultura e o meio ambiente
(Figura 1).
Após
a apresentação da proposta a ONG, Projeto Xique-Xique a
mesma foi apresentada ao corpo administrativo de três
estabelecimentos públicos de ensino, a Escola Cidadã
Integral: Obdulia Dantas, Escola Estadual de Ensino Fundamental e
Médio João Suassuna e ao Instituto Federal da Paraíba
da referida cidade.
Figura
1:
Imagens da sede da ONG Projeto Xique-Xique.
2ª
etapa: após ter firmado a parceria com a ONG para utilizar
seu espaço para a execução das atividades das
trilhas, se iniciou o agendamento das escolas interessadas em
participar das atividades. Apenas uma das escolas apresentou
interesse na execução das atividades do projeto, sendo
este feito por meio de contato telefônico, no qual se colocava
as informações sobre o horário da trilha, a
série que iria participar e a quantidade de alunos que iriam
participar da atividade. Diante dessas informações os
objetivos principais da trilha foram elaborados.
3ª
etapa: após o agendamento da escola e sua respectiva
turma, foi realizado o reconhecimento do local da trilha, com a
finalidade de observar se o público a ser atendido formado por
alunos e professores, teriam as condições de realizar a
atividade conforme o planejamento por nós elaborado. Tais
atividades foram divididas em três momentos diferentes:
Primeiro
momento: acolhida do público na ONG e apresentação
da proposta de trabalho. Após o momento do primeiro contado,
uma breve conversa, onde indagamos os alunos
acerca de participação anterior ou conhecimentos das
trilhas interpretativas. Em seguida, um breve questionamento
sobre algumas informações relativas ao Bioma Caatinga,
sua fauna e flora e seus problemas socioambientais.
(Figura 2). Sequenciamos a etapa com o
convite para participar da trilha interpretativa por uma área
de preservação ambiental localizado próximo à
sede da ONG.
Figura
2: Acolhida dos alunos na sede da ONG, um primeiro bate-papo com os
alunos.
Segundo
momento: Realização
da trilha interpretativa por uma área de preservação
natural onde a ONG é instalada, sendo a mesma organizada em
sete paradas pré-definidas e duração média
de 40 mim (Figura 3), com o objetivo de: abordar os aspectos
geográficos do local (Solo e as formações
rochosas); a visualização de espécies vegetais
nativas, bem como sua importância para o ecossistema caatinga,
para a população que ali vive; evidência das
ameaças de extinção de espécies
representantes da fauna local, por meio de imagens colocadas na
forma de placas durante o percurso, abordando informações
gerais sobre os mesmos, como também alertando para os que
estão em perigo de extinção e os ameaçados;
Abordagem de problemas ambientais presentes durante o percurso, como
por exemplo, a introdução de espécies exóticas
e a erosão do solo (Figura 4).
Figura
3: Imagem de satélite da sede da ONG e da trilha utilizada
para a atividade, onde a seta azul indica o início da trilha e
a seta vermelha o fim.
Figura
4: imagens da Trilha Interpretativa pela área de preservação
da ONG, com paradas programadas.
Terceiro
momento: finalização da trilha na sede da ONG, com
um resumo sobre qual a opinião dos participantes após
a atividade a respeito da metodologia utilizada para o
desenvolvimento da atividade (Trilha interpretativa), como também
sobre o Bioma e seus problemas (Figura 4), finalizando com a entrega
de uma cartilha informativa sobre o Bioma Caatinga confeccionada
pelo autor da pesquisa, aos professores que acompanharam a turma
(Figura 5).
Figura
5: Foto da finalização da Trilha com um levantamento da
atividade realizada.
Figura
6: Capa da Cartilha Informativa.
4º
etapa: entrega de questionário semiestruturado, (uma
técnica utilizada para a obtenção de
informações sobre sentimentos, crenças,
expectativas, situações vivenciadas e sobre todo e
qualquer dado que o pesquisador deseje registrar para atender os
objetivos de seu estudo (OLIVEIRA, 2007)). O questionário foi
direcionado aos 50 discentes e 2 docentes participantes.
O instrumento teve como principal objetivo avaliar as resultadas
obtidas com a aplicação da metodologia das trilhas
interpretativas, sendo recolhido posteriormente pelo pesquisador.
Os
dados obtidos foram avaliados a partir da análise do conteúdo
de Bardin, (1977), uma gama de ferramentas metodológicas cada
vez mais sutis, em constante aperfeiçoamento que se aplicam a
conteúdos e contingentes extremamente diversificados, desde o
cálculo de frequências que fornecem dados cifrados, até
a extração de estruturas traduzíveis,
transitando entre o rigor da objetividade e a fecundidade da
subjetividade, onde o investigador se utiliza de sua atração
pelo escondido, o latente, o potencial do inédito retido por
qualquer mensagem, que vão além das suas funções
heurísticas e verificativas.
As Contribuições da Pesquisa para o Avanço nas
Ações de Educação Ambiental no Bioma
Caatinga
A
partir de uma análise dos questionários aplicados a 50
alunos e 2 professores, participantes da trilha, como também a
conversa desenvolvida no primeiro contato com os estudantes e durante
o desenvolvimento das trilhas e sua finalização, alguns
aspectos ficaram bem evidentes em relação ao tema
proposto para a atividade.
Um
dos pontos que chamou mais atenção foi observado no
primeiro contato com o público envolvido na atividade, onde
após a apresentação do que seria realizada
naquele momento uma pergunta feita aos participantes por meio dos
questionários nos deu a comprovação de que a
prática das trilhas interpretativas para fins didáticos
era desconhecida por 95% dos alunos envolvidos na atividade.
Ao
contrário dos alunos, ao responderem o questionário, os
professores participantes afirmaram terem conhecimento acerca das
trilhas como ferramenta didática para o desenvolvimento de
aulas ao ar livre, conhecimento este adquirido durante a formação
acadêmica. Este descompasso demonstra que mesmo sendo
detentores do conhecimento, nem sempre os docentes fazem uso do mesmo
para tornar o ensino mais prazeroso e efetivo.
Este
processo nos permite chegar a várias conclusões, o que
passamos a relatar. Oliveira et
al,
(2009), evidencia que um dos principais obstáculos para o
desenvolvimento das trilhas interpretativas é o de convencer
que a atividade não é uma simples caminhada por um
ambiente natural, mas sim uma forma de aprendizagem onde os sentidos
se misturam com o conhecimento na busca de novas informações,
de uma forma direta e objetiva.
Esse
pressuposto pode ajudar a entender o porquê do não uso
das trilhas como uma ferramenta didática pelos professores que
participaram da atividade, uma vez que indagados anteriormente acerca
de perceberem ou não o potencial das trilhas interpretativas
como uma ferramenta metodológica para o desenvolvimento de
ações de educação, estes responderam que
sim. Dessa contradição podemos inferir a ausência
de uma percepção do viés educativo das trilhas
interpretativas, sendo sua compreensão restrita a uma
atividade de lazer.
Outra
questão que ficou bem evidente foi o pouco conhecimento por
parte dos alunos sobre o Bioma Caatinga, sua fauna, flora e os
problemas ambientais que o mesmo enfrenta. No primeiro contato e
antes da realização das trilhas, uma conversa sobre a
atividade e o Bioma Caatinga foi desenvolvida entre o
guia/pesquisador e os participantes, com a finalidade de diagnosticar
o conhecimento deles sobre a atividade proposta, como também
sobre o que eles conheciam sobre o Bioma Caatinga.
Em
relação ao segundo ponto, mais uma vez nossas projeções
ficaram evidentes. Após algumas perguntas simples sobre o
bioma, seus aspectos naturais e problemas socioambientais em análise
constatou-se que as informações sobre o referido
ecossistema ainda estavam ancoradas nas representações
midiáticas que tratam o bioma como um local seco, pobre em
biodiversidade, sendo composto apenas por espécies espinhosas
como o xique-xique e o mandacaru. Essas foram às
características apresentadas pelos alunos quando indagados
sobre o tema, revelando serem detentores de um conhecimento muito
reduzido sobre o bioma tratado neste trabalho e que já foi
evidenciado em outras pesquisas como as desenvolvidas por Pereira
(2008).
Tais
evidências são reforçadas pelo fato de o tema
Caatinga ser tratado de forma reduzida e porque não dizer,
preconceituosa, nos materiais didáticos trabalhados em alguns
locais do Nordeste, fazendo com que os estudantes não tenham
acesso a informações que venham a modificar essa visão
e contribuir para construção de novos conhecimentos
sobre a Caatinga.
Uma
nova visão, certamente auxilia assim na formação
de uma população detentora dos conhecimentos
necessários para a tomada de decisão em relação
à preservação desse bioma exclusivamente
brasileiro e o menos protegido entre os biomas do Brasil. Essa nossa
compreensão pode ser comprovada pela pesquisa realizada por
Linhares Filho, (2016), onde através da análise de uma
coleção de livros didáticos de geografia
evidenciou que o referido bioma era tratado de forma resumida e longe
da sua verdadeira realidade.
Outro
aspecto que nos chamou a atenção ao compararmos as
respostas de docentes e discentes refere-se à abordagem dos
temas ambientais nas disciplinas curriculares. Ao indagarmos os dois
docentes participantes da pesquisa, os mesmos foram enfáticos
em declararem que abordavam a temática ambiental, realçando
em suas palavras a importância de discussão do tema, por
apresentar um viés transversal, tendo espaço em todos
os campos do conhecimento discutido na escola. Tais temas, segundo
os professores, eram apresentados por meio de vídeos, imagens
e discussões a partir de várias abordagens nas
disciplinas de geografia e biologia.
No
entanto, quando analisamos as respostas dadas no questionário
pelos alunos se a escola trabalhava a Educação
Ambiental durante as aulas, um contingente de 92% dos pesquisados
responderam que não, indo a desencontro a resposta dada pelos
docentes dos referidos alunos, que como anteriormente relatado
afirmaram a abordagem do tema dentro de suas disciplinas.
Tal
evidência nos coloca diante de alguns fatos que nos conduzem a
um dos problemas da abordagem da Educação Ambiental nas
escolas brasileiras. Referimo-nos a abordagem da temática
ambiental de forma transversal a outros campos do conhecimento, o que
pode descaracterizar a sua especificidade, não possibilitando
ao alunado a percepção de que naquela abordagem está
a Educação Ambiental.
Conforme
considera Segura (2001), não há dúvida que a
difusão da temática ambiental é positiva,
contudo, a forma como isso acontece pode determinar o potencial de
mudança nas práticas cotidianas. Sendo esse o foco da
abordagem nas escolas, uma relação bem equilibrada
entre discurso e prática, evitando com isso a contextualização
exagerada dos temas ambientais nas disciplinas curriculares.
Prosseguindo
com a análise, verificamos que ao indagarmos alunos e
professores sobre a validade das trilhas interpretativas para o
ensino da Educação Ambiental, ambos os grupos
pesquisados evidenciaram a eficácia da metodologia, pois em
seus relatos “a interação com o meio e o tema
proposto facilita a aprendizagem”, “prende a atenção”,
“elucida novos conhecimentos” “e permite uma maior
relação entre teoria e pratica, ajudando na compreensão
de aspectos que evidenciam a importância de se preservar o
Bioma Caatinga”.
Observamos,
assim, que as trilhas interpretativas são eficazes, quando
usadas em atividades de Educação Ambiental,
principalmente com alunos da educação básica,
pois oferece a possibilidade de contextualização dos
conteúdos teóricos com a vivencia pratica, por meio da
compreensão da dinâmica da inter-relação
dos componentes naturais e ambientais (LIMA e SILVA, 2015).
Tais
validações são comprovadas pelas respostas dadas
por professores e alunos pesquisados, conforme expomos a seguir:
-
Considero como de fundamental importância para perceber
características marcantes e entendê-las com facilidade,
além de despertar um pouco mais a curiosidade sobre o assunto.
(Aluno
A)
-
É uma forma gratificante, conhecer de perto a fauna e flora,
traz informações muito produtivas, quando se acompanha
de perto (Aluno
B).
-
É bastante eficiente, estimula todos os sentidos e promove a
comprovação dos temas trabalhados em sala (Professor
A).
-
São de suma importância, pois na prática os
alunos têm facilidade de aprender
(Professor B).
As
posições dos grupos pesquisados corroboram com os
escritos de Andrade (2008) ao considerar que uma trilha não
pode ser considerada apenas um caminho e sim o ambiente onde a
caminhada se desenvolve com os objetivos de aproximar o visitante do
meio natural, possibilitando estimular o interesse por visitar áreas
naturais e locais, sendo considerado um meio para o desenvolvimento
da interpretação dos ambientes de forma direta.
Do
mesmo modo, Vasconcellos, (2006) descreve a trilha interpretativa
como uma ferramenta que pode ser considerada como uma possibilidade
de proporcionar ao público envolvido um ambiente para
discussão de ideias que os coloque como parte responsável
pela preservação e conservação da
natureza, além de visar à transmissão de
conhecimentos que objetive propiciar atividades por meio do uso dos
elementos originais, através da experimentação
direta e de meios ilustrativos.
Com
foco nos objetivos de nossa pesquisa e dos resultados até
então apresentados, reafirmamos o potencial das trilhas
interpretativas como uma metodologia eficaz na busca por novas formas
de se trabalhar a Educação Ambiental, principalmente no
Bioma Caatinga, de uma maneira que venha a fugir das práticas
corriqueiras. Mais sim em uma atividade essencial para a vida das
pessoas e para a construção de metodologias que se
afastem das ações pontuais que até aqui
hegemonizam a maioria das atividades ambientais no ambiente escolar e
não escolar.
Quando
avaliamos as vantagens e desvantagens das trilhas interpretativas na
ótica dos docentes, se pode mais uma vez evidenciar as
potencialidades, pois ambos os professores relataram como vantagens
dessa metodologia, a utilização do meio ambiente
natural como local de interação com os elementos
originais. Pode-se, assim, estabelecer uma relação de
proximidade entre o que foi tratado em sala, ou seja, na teoria,
sendo representado na prática, confirmando o que Vasconcellos
(2006) relata em seus escritos sobre as trilhas interpretativas, já
abordadas neste trabalho.
Outro
relato docente que nos chamou a atenção foi em relação
às dificuldades de utilização das trilhas
interpretativas. O grupo pesquisado relata a falta de transporte para
o deslocamento até áreas naturais, as turmas numerosas
que exigem mais pessoas envolvidas nessas atividades, pessoas essas
que na maioria das vezes não estão disponíveis e
a dificuldade de manter uma frequência de visitação.
Tais dificuldades residem em um dos maiores desafios enfrentados por
práticas ao ar livre, como as trilhas interpretativas. O
convencimento e a afirmação aos órgãos
gestores da educação, de que tais atividades não
são apenas uma forma de lazer, mais sim uma metodologia de
trabalho pedagógico que se revela como importantíssima
na busca por uma formação balizada nos conhecimentos do
meio ambiente de forma objetiva, prazerosa e eficiente, como trata
Cornell (1997), em seus escritos, é o grande desafio a ser
enfrentado.
Outra
evidencia constatada na análise dos questionários, que
vai de encontro ao exposto pelos docentes, é retratado nas
respostas dadas pelos alunos. Quando questionados sobre as trilhas
interpretativas ter possibilitado novos conhecimentos sobre o Bioma
Caatinga, 100% dos participantes responderam que sim, o que modifica
o dito antes da atividade, onde uma porcentagem significativa dos
estudantes participantes da trilha relata não conhecer
aspectos mais detalhados da vegetação da caatinga, como
o nome popular das espécies e sua importância para o
ecossistema em questão. Quando indagados se as trilhas
interpretativas tinham possibilitado novos conhecimentos, afirmaram
os discentes que:
-
Uma parte das plantas é natural da Caatinga do sertão
nordestino e outras foram trazidas de vários outros locais
mais que se adaptaram e se tornaram mais presentes do que os que já
existem (Aluno
A).
-
Que várias espécies estão em extinção
e devemos preservar (Aluno
B).
-
Eu aprendi que existe uma enorme variedade de plantas e animais no
Bioma Caatinga (Aluno
C).
-
De que a nossa Caatinga é pouco conhecida e muito destruída.
Devemos conhecer mais e destruir menos porque dela vem a nossa
sobrevivência (Aluno
D).
As
afirmações comprovam que as trilhas têm a
potencialidade de fazer conhecer os ambientes naturais na sua
essência, deixando livres os envolvidos, para que os mesmos
possam construir seu próprio conhecimento em relação
ao assunto apresentado, tornando a aprendizagem uma atividade
prazerosa e eficaz nos seus objetivos de aprendizagem significativa.
Afirma também a importância de tal metodologia como
parceira fundamental na execução de ações
ambientais que visem transformar a visão de quem está
participando, acender e aumentar o campo de visão para os
problemas que o meio natural enfrenta e como ele afeta a nossa
qualidade de vida.
Tais
afirmações seguem o mesmo que Silva et
al,
(2012) relata, as trilhas interpretativas conduzem os envolvidos na
atividade a despertarem a consciência ambiental, contribuindo
assim com a sustentabilidade ambiental, como também se torna
uma atividade atrativa para os estudantes, conduzindo a uma maior
compreensão dos problemas socioambientais.
Considerações Finais
O
trabalho que concluímos fortalece em nós a convicção
que as trilhas interpretativas se constituem em uma metodologia
essencial para a Educação Ambiental, principalmente
quando esta se desenvolve no contexto de Bioma Caatinga. Por suas
características próprias de utilizar os elementos do
ambiente para o desenvolvimento das atividades, aproxima o público
envolvido dos conteúdos sobre o ambiente natural de uma forma
prazerosa e produtiva, buscando esse fortalecimento, principalmente
em relação às competências necessárias
para a formação de uma base sólida de
conhecimento a respeito do bioma, para só assim se tentar uma
sensibilização sobre a importância de
preservá-lo.
Com
base nos dados descritos acreditamos que a nossa iniciativa alcançou
os objetivos propostos, pois apresentou uma metodologia eficaz para
inovação na abordagem dos conteúdos, sejam eles
envolvendo o ambiente ou não, como também fortaleceu e
modificou em parte, o entendimento sobre o Bioma Caatinga, através
da apresentação de informações reais e
mais completas, possibilitando a alunos e professores envolvidos,
formarem suas próprias opiniões sobre a importância
do bioma para cada um e para a coletividade.
Serve-nos
também como comprovação das trilhas
interpretativas como um grande aliado das ações de
Educação Ambiental, pois permite envolver os
participantes no tema que está sendo discutido de forma direta
e objetiva, permitindo que os mesmos se envolvam nas discussões
de forma autônoma, apresentando suas percepções
sobre o que se está tratando, como também os seus
conhecimentos e seu ponto de vista sobre o tema.
O
trabalho também nos possibilitou compreender que para ser uma
metodologia comprometida com a formação da consciência
ambiental, as trilhas interpretativas devem estar alicerçadas
em referenciais teóricos críticos, reflexivos sob pena
de se tornar mais uma ação pontual, deslocada da
realidade, embora esta seja o seu campo de praticar natural.
Ao
mesmo tempo ao tomar a trilha interpretativa como uma das
metodologias integrantes de sua ação pedagógica,
o docente deve ter clareza de seu caráter interdisciplinar por
comportar em sua abordagem todas as áreas de conhecimento e
não apenas o aspecto ecológico.
Outro
aspecto que merece destacarmos ao concluir este trabalho, diz
respeito à importância do bom planejamento de
metodologias como as trilhas interpretativas. Conhecer o ambiente a
ser trabalhado, ter clareza do perfil do público envolvido,
buscar parcerias em sua execução são alguns
elementos que necessariamente integram o processo de planejamento,
sem o qual a prática pedagógica corre riscos de não
atender os objetivos esperados.
Por
fim, afirmamos que conseguimos com êxito alcançar o
objetivo deste trabalho, qual seja, o de “avaliar o potencial
educativo das trilhas interpretativas como metodologia para o ensino
da Educação Ambiental do Bioma Caatinga”.
Realçamos que a percepção do valor pedagógico
e metodológico das trilhas interpretativas e seu potencial
metodológico não se centram apenas na prática da
Educação Ambiental, mas também se mostra
adequada a outras temáticas abordadas a partir da perspectiva
interdisciplinar.
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