AS
ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS DO PLANETA E OS IMPACTOS
NA BIODIVERSIDADE AMAZÔNICA
Maria
Antonia Fernandes N. de Oliveira Benati1,
Luiz Carlos Pereira Silva2
1Doutoranda
em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente - Fundação
Universidade Federal de Rondônia - UNIR. Email:
ma.benati@gmail.com
2Mestre
em Biotecnologia – Universidade de Mogi das Cruzes – UMC.
Email: luizcarlos.pereirasilva@gmail.com
RESUMO
O
presente artigo tem como objetivo compreender como as alterações
climáticas do planeta podem impactar a biodiversidade
amazônica. Nos últimos anos o aumento populacional e o
incentivo ao consumo descontrolado, resultaram na alta demanda de
água, alimentos e combustíveis fósseis. O estudo
é uma revisão de literatura exploratória e
descritiva, realizada entre os meses de janeiro de junho de 2019.
Concluiu-se que a preocupação em relação
aos impactos negativos na biodiversidade amazônica, provocadas
pelas alterações climáticas, é pertinente
e precisa de ações exequíveis urgentes para se
preservar o que ainda resta do bioma. Constatou-se, ainda, que embora
os países tenham inserido o combate às mudanças
climáticas em seus planos de desenvolvimento sustentáveis,
as ações estão sendo executadas de forma lenta,
não correspondendo ao crescimento populacional e,
consequentemente, ao consumo gerado por essa população.
Palavras-Chave:
Sustentabilidade. Mudanças Climáticas. Impactos
Ambientais.
ABSTRACT
This
article aims to understand how the planet's climate change can impact
the Amazonian biodiversity. In recent years, population growth and
the stimulation of uncontrolled consumption have resulted in high
demand for water, food and fossil fuels. The study is a review of
exploratory and descriptive literature carried out between January,
June, 2019. It was concluded that the concern about the negative
impacts on Amazonian biodiversity caused by climate change is
pertinent and precise urgent actions to preserve what remains of the
biome. It was also observed that although countries have inserted the
fight against climate change in their sustainable development plans,
actions are being carried out slowly, not corresponding to the
population growth and, consequently, the consumption generated by
this population.
Keywords:
Sustainability. Climate Changes. Environmental Impacts.
1.INTRODUÇÃO
As
mudanças climáticas e seus efeitos nos ecossistemas são
assuntos abordados tipicamente na literatura atual. De forma
peculiar, os estudos apresentam questões bastante semelhantes
e tratam dos impactos dessas mudanças nos biomas.
Esse
estudo é um breve insigh sobre o tema, pois objetiva discutir
as alterações climáticas no planeta e a forma
que essas alterações podem afetar a biodiversidade
Amazônica, ou seja, tratar de questões regionais que
possam culminar em impactos globais – como é o caso
deste bioma. Mesmo assim, aborda subjetivamente casos que citam como
exemplo da devastadora alteração global nos
ecossistemas, vítimas das mudanças climáticas
causadas por ações humanas.
Um
dos exemplos dessa alteração é o aumento da
temperatura da superfície terrestre em 0,76 graus entre os
anos de 1850 e 2005. O efeito provocou, por exemplo, elevação
do nível do mar, caudado pelo derretimento de geleiras (KRUG,
2010).
Especificamente
a Amazônia, que é conhecida por abrigar uma imensa
diversidade em seu ecossistema têm vivido as pressões
dos efeitos dessas mudanças e apresentado alterações
profundas e talvez irreversíveis em seu bioma, e, pela sua
amplitude, causando impactos regionais, nacionais e globais
(FERREIRA; VENTICINQUE; ALMEIDA, 2005).
Fearnside
(2005) afirma que vários aspectos precisam ser melhorados na
gestão dos recursos naturais do país: aumento do número
de pesquisas sobre o potencial farmacêutico das espécies
animais e vegetais; a falta de inspeção e,
automaticamente, o controle da biopirataria: a inclusão de
espécies exóticas que influencia na sobrevivência
das espécies nativas, etc.
Conhecida
por sua extensão, variedade de espécies de animais e
plantas, a Amazônia ocupa 6 milhões de km2, sendo que
60% estão em território brasileiro. Cerca de 20% da
água doce disponível do mundo, faz parte desse
ecossistema e está no território brasileiro (ALVES,
2010).
Além
da riqueza de espécies de plantas e animais, o recorte
geográfico concentra uma diversidade cultural relevante, com
populações tradicionais como os povos indígenas,
seringueiros, quilombolas, castanheiros, ribeirinhos, etc (FERREIRA;
COELHO, 2015).
De
acordo com Santos et al (2016) cerca de 17 milhões de
hectares da floresta Amazônica são devastados
anualmente. Essa ação, além das mudanças
climáticas, projeta que em cinco anos, até 10% das
espécies dessa floresta tropical, poderão ser extintas.
As
atividades agrícolas e atividades de extração
devastam o bioma amazônico. De acordo com os estudos de Yanai
et al (2015) os principais causadores do aquecimento global
são: o desmatamento, o fogo e a agricultura.
Os
impactos na Amazônia podem causar mudanças no clima do
planeta, os estudos apontam também para a exploração
madeireira como uma das mais perversas no sentido de rápido
desmatamento e possíveis causas das mudanças climáticas
(SCMITT; SCARDUA, 2015).
A
área Amazônica desmatada tem extensão territorial
maior que a França. As áreas desmatadas e degradadas
apresentam-se, de acordo com fotos de satélite, em condição
de pastagens e as perspectivas para as próximas décadas
é que essas áreas cresçam, impactando ainda mais
as questões climáticas mundiais (DE MELLO; ARTAXO,
2017).
Quando há interferência humana nos
biomas, os recortes geográficos vulneráveis apresentam
desequilíbrio em seu meio e provocam alterações
como a falta de chuvas e o número de queimadas (GONÇALVES,
et al.
2017). Dentre as atividades mais controversas que causam os impactos
na Amazônia, relata-se a construção de barragens
hidrelétricas que provocam o aquecimento aquático que
resulta na migração de algumas espécies de
peixes (CELENTANO, et al.
2018).
A preocupação acontece quando
considera-se a rápida devastação que está
ocorrendo, visto que os impactos humanos na floresta Amazônica
acontecem de forma predatória e a mesma apresenta papel
fundamental na ciclagem da água (DOS SANTOS FERREIRA, et
al. 2017).
Sabe-se
que o aquecimento global é causado pelo efeito estufa como
consequência das atividades antrópicas poluidoras, como
o lançamento anual de dióssido de carbono na atmosfera,
que interfere diretamente no clima, causando a elevação
média da temperatura global (RIBEIRO; NAVAS, 2018).
É factível a necessidade de elencar medidas em escala
regional para amenizar os impactos sofridos pela região
Amazônica e somente com o esforço conjunto será
possível impedir o avanço das mudanças
climáticas e seus desagradáveis efeitos.
2.METODOLOGIA
O
presente estudo descritivo e exploratório é uma revisão
sistemática de literatura realizada entre os meses de janeiro
a junho de 2019. As buscas foram realizadas em três bases de
dados bibliográficas: Google Acadêmico, Scielo e
Researchgate.
Foram
selecionados e incluídos artigos publicados entre os anos de
2000 e 2018, em língua portuguesa. Optou-se pela busca por
termos livres, sem o uso de vocabulário controlado
(descritores). Com essa estratégia, houve uma recuperação
de um número maior de referências, garantindo a detecção
da maioria dos trabalhos publicados dentro dos critérios
pré-estabelecidos.
3.RESULTADOS
3.1. Mudanças
Climáticas
As previsões para o início
do próximo século sugerem um aumento da temperatura
média global entre 1,8 e 4°C (COSTA; CARNAVAL; TOLEDO,
2018). Dados do Painel Intergovernamental Sobre Mudanças do
Clima demonstram que a concentração atmosférica
global de dióxido de carbono, medida em 2005, ultrapassou em
muito a média dos últimos 650.000 anos (RIBEIRO, 2015).
As mudanças climáticas
estão associadas às atividades humanas com o aumento da
emissão de gases de efeito estufa, de queimadas, com o
desmatamento, a formação de ilhas urbanas de calor, etc
(NOBRE; SAMPAIO; SALAZAR, 2007).
Acerca das influências da
economia nas mudanças climáticas, Sawyer (2011) afirma
que as premissas da economia são: crescimento, produtividade e
competitividade, e buscam convencer as pessoas de que os ganhos se
configuram por necessidade, sempre de maneira positiva. Quanto ao
crescimento, a ciência econômica realmente existente
considera, com clareza, que constitui uma espécie de panaceia
resolutória de todos os problemas. Embora seja contraditório
que a economia trate dos recursos escassos, mas ignora que os
recursos da natureza são finitos.
A economia adquiriu
o perfil contemporâneo com base no processo de anulação
das questões norteadoras e de suas expectativas, porém
tem se distanciado de críticas sobre crescimento,
desenvolvimento, competitividade e produtividade, ou como os de
produção, riqueza, consumismo e trabalho. Assim, os
discursos sobre economia e crescimento, parecem ignorar que o acúmulo
de riquezas induz ao consume e o consume descontrolado resulta no
esgotamento dos recursos ambientais, e esses, por sua vez causam
alterações climáticas (RAMOS, 2012).
Para Goldemberg
(2000) há
motivos sólidos para afirmar que o crescimento provoca
agressões meio-ambientais amiúde irreversíveis,
permite o esgotamento de recursos escassos que não vão
estar à disposição das gerações
vindouras e não facilita a coesão social.
As agressões
ambientais são suprimidas quando geram riqueza. O PIB ignora o
capital natural, de tal forma que muitos dos incrementos computados
nesse índice ocultam o consumo de recursos escassos que, pela
sua parte, e nos fatos, esconde uma fonte futura de recessão
(NOBRE;
SAMPAIO; SALAZAR, 2007).
As magnitudes macroeconômicas convencionais interessam-se
raramente, noutro terreno, pela qualidade dos sistemas educativo e
sanitário, e em geral pelas atividades que acrescentam o
bem-estar ainda que não acarretem produção e
gasto. Para rematar, a maioria desses índices parece supor que
a distribuição da renda é equitativa, de tal
maneira que, em virtude dum gigantesco equívoco, se considera
que o PIB por cabeça é um termômetro decisivo
para avaliar os níveis de vida e de salário (DO
NASCIMENTO, 2012).
Barbosa (2008) afirma que ao longo da
história a espécie humana viveu de maneira sóbria,
protagonizando um impacto muito menor no ecossistema. Em
contrapartida, nossa geração, através do consumo
de combustíveis fósseis, a espécie humana engole
a cada ano o equivalente a quatro séculos de energia solar do
passado, porquanto teria de realizar um enorme esforço para
retornar a um cenário mais austero; de fato, com os atuais
níveis de consumo é provável que em pouco tempo
os combustíveis fósseis criados ao longo dum milhão
de anos estarão esgotados.
Para os autores Costal, Carnaval e Toledo (2018) a única
certeza que as mudanças climáticas reforçam ao
longo dos anos é que as condições climáticas
do planeta têm consequências diretas sobre os biomas e o
comprometimento da biodiversidade e influenciam as condições
de vida humana com o aquecimento global.
3.2
Mudanças Climáticas e Impactos na Biodiversidade
Amazônica
Os estudos
científicos sobre a biodiversidade do Brasil e sua geografia
ainda estão no estágio exploratório, mas sabe-se
que a
Amazônia desempenha um papel importante no ciclo de carbono
planetário, e pode ser considerada como uma região de
grande risco do ponto de vista das influências das mudanças
climáticas (NOBRE; SAMPAIO; SALAZAR, 2007).
De acordo com Salati (2001, p. 176) o
equilíbrio dinâmico da atmosfera amazônica está
sujeito a forças de transformação que levam às
variações climáticas e podem ser estudadas sob
três diferentes aspectos:
“I.
Variações climáticas na região podem ser
devidas às variações climáticas globais,
decorrentes de causas naturais.
II.
Mudanças climáticas de origem antrópicas,
decorrentes de alterações do uso da terra dentro da
própria região amazônica.
III.
Variações climáticas decorrentes das mudanças
climáticas globais provocadas por ações
antrópicas” (SALATI, 2001, p.176).
Para a Amazônia, se houver
redução de precipitações induzidas pelas
mudanças climáticas globais, estas se somam às
reduções previstas como resposta ao desmatamento,
aumentando sobremaneira a suscetibilidade dos ecossistemas amazônicos
ao fogo e causando a redução das espécies menos
tolerantes à seca, podendo até induzir uma
“savanização” de partes da Amazônia
(CONTI, 2005).
Quanto
a “savanização”, Cândido et
al.
(2007) afirmam que nos últimos 60 anos, o desmatamento atingiu
cerca de 20% da floresta Amazônica e a temperatura na região
subiu 1ºC. Se a temperatura aumentar 4ºC e o desmatamento
atingir o patamar de 40%, há risco de savanização
no Sul e no Leste da Amazônia. Isso significa que a floresta
tropical vista hoje poderá dar lugar a uma paisagem próxima
à das savanas africanas, de campo ralo, árvores
esparsas e menos folhas.
Para Nobre, Sampaio e Salazar (2007) a
Amazônia vem sendo submetida a pressões ambientais de
origem antrópica crescentes nas últimas décadas,
tanto pressões diretas advindas dos desmatamentos e dos
incêndios florestais, como pressões resultantes do
aquecimento global. A estabilidade climática, ecológica
e ambiental das florestas tropicais amazônicas está
ameaçada por essas crescentes perturbações, que,
ao que tudo indica, poderão tornar-se ainda maiores no futuro.
A ciência
ainda não consegue precisar a quanto se está de um
possível ponto de ruptura do equilíbrio dos
ecossistemas e mesmo de grande parte do bioma Amazônico, mas o
princípio da precaução aconselha-se a levar em
consideração que tal ponto de ruptura pode não
estar distante no futuro. Um colapso de partes da floresta tropical
trará consequências adversas permanentes para o planeta
Terra (BENTES, 2005).
Figura 1
– Taxas Anuais de Desmatamento na Amazônia brasileira de
1978 a 2005.
Fonte:
Fearnside (2006).
Para
Castro (2008) os
principais impactos do desmatamento na Amazônia são: de
uso sustentável, da biodiversidade, da água. Fearnside
(2006, p. 397) corrobora com a afirmação que
“A
floresta amazônica tem uma série de ligações
de retroalimentação com e mudança climática
que representa uma ameaça séria à existência
da floresta e para a continuação de seus serviços
ambientais. Um mecanismo é por perda de evapotranspiração,
assim reduzindo a precipitação a ponto em que a
floresta deixa de ser o tipo de vegetação favorecido
pelo clima da região”
(FEARNSIDE, 2006, p. 397).
Marengo e Nobre (2005) afirmam que
além da repressão ao desmatamento em áreas onde
o desmatamento já é bem avançado em propriedades
privadas, decisões de governo terão grande efeito sobre
a taxa de desmatamento regional quando obras de infra-estrutura de
transporte forem aprovadas e construídas.
Os impactos da
biodiversidade atingem também as comunidades tradicionais da
Amazônia. De forma isolada, observa-se que hábitos e
costumes podem ser extintos quando, por exemplo, plantas são
dissipadas. Para ilustrar, Santilli (2002) citam que as comunidades
tradicionais amazônicas correm
o risco de ter que pagar “royalties” para a indústria
farmacêutica multinacional.
“Os
diversos povos indígenas amazônicos (Kaxinawá,
Ashaninka, Jaminawa, e outros) que utilizam a “ayahuasca”,
planta medicinal e de alto valor espiritual, em rituais xamânicos.
O patenteamento do “ayahuasca” foi requerido pelo
norte-americano Loren Miller ao Patent and Trademark Office, agência
responsável pelo registro de patentes e marcas comerciais, e
amplamente contestado pela Coordenação das Organizações
Indígenas da Bacia Amazônica (COICA). Quando concedida,
a patente confere a seu titular um monopólio sobre a
utilização, produção e comercialização
dos produtos e processos patenteados. É o principal
instrumento legal do direito de propriedade intelectual ocidental”
(SANTILLI, 2002, p.167).
Mendes,
et
al
(2008) afirmam que os ribeirinhos tradicionais vivem em agrupamentos
familiares e que para essas comunidades o desenvolvimento humano é
um processo que se dá ao longo do tempo, na medida em que o
sujeito interage com o seu ambiente. Todavia, a noção
de ambiente no modelo bioecológico vai além do espaço
imediato no qual o sujeito está inserido, sendo distinguido em
função do nível de proximidade/distanciamento do
indivíduo com o contexto.
Assim, observa-se que, se indivíduo
perde a proximidade ou distancia-se do seu contexto, de suas raízes
e identidades culturais, não há desenvolvimento humano
nestes locais. Os impactos, então, passam a ser não
apenas extrínseco, mas intrínseco.
3.3 Mudanças Climáticas
e os Planos de Desenvolvimento Sustentáveis
Barbosa (2008)
afirma que o termo “Desenvolvimento Sustentável”
surgiu por meio dos estudos da Organização das Nações
Unidas sobre as mudanças climáticas, como retorno às
demandas da sociedade em meio à crise ambiental e social. Na
Conferência das Nações Unidas (Rio 92)
desenvolveu-se o relatório conhecido como “Nosso Futuro
Comum” com informações coletadas para pesquisa e
análise da comissão que destacou o uso e ocupação
da terra, o aprovisionamento de água, os abrigos sociais,
educativos e sanitários e a gestão do crescimento
urbano. Em relação aos recursos naturais, Sachs (2000,
p. 76) afirma que a Conferência das Nações Unidas
“avaliou a
capacidade da biosfera de absorver os efeitos causados pela atividade
humana, e afirmou que a pobreza já pode ser considerada como
um problema ambiental e como um tópico fundamental para a
busca da sustentabilidade”.
Ainda na Conferência das Nacões
Unidas, desenvolveu-se o documento intitulado Agenda 21 e definiu
três princípios básicos a serem cumpridos:
desenvolvimento econômico, proteção ambiental e
equidade social (BUARQUE, 2002). O desenvolvimento sustentável
deve ser uma consequência do desenvolvimento social, econômico
e da preservação ambiental, como demonstra a figura 2.
Figura 2
– Parâmetros para o alcance do Desenvolvimento
Sustentável.
Fonte:
Barbosa (2008).
Brüseke (2003, p.36) afirma que
“A
sustentabilidade emerge da crise de esgotamento das concepções
de desenvolvimento, enquadradas nas lógicas da racionalidade
econômica liberal. Uma racionalidade eufórica associada
ao movimento incessante para frente da razão, da ciência,
da técnica, da indústria e do consumo, na qual o
desenvolvimento – uma aspiração imanente da
humanidade – expurgou de si tudo o que o contraria, excluindo
de si a existência das regressões que negam as
consequências positivas do desenvolvimento” (BRÜSEKE,
2003, p.36).
As intenções
dos planos de desenvolvimento sustentáveis emergem da
da ideia do limite para o progresso material e a defesa da ideia de
crescimento constante. Entretanto, adotar a noção de
desenvolvimento sustentável corresponde a seguir uma
prescrição de políticas sustentáveis que
efetivamente aconteçam e sejam capazes de mudar hábitos
de consumo e desenvolver o senso de responsabilidade ambiental.
4.CONSIDERAÇÕES
FINAIS
As consequências
geradas durante séculos do descaso com as questões
ambientais, nos remete a questões fundamentais: como é
possível aumentar a pesca quando se está liquidando a
vida nos mares; ou com o aumento da produção agrícola
enquanto se extermina aquíferos e contamina-se reservas de
água doce? E sobre o aquecimento global causado pela produção
de automóveis e outras cadeias produtivas?
O ponto de partida e hipótese
fundamental a ser repensada é que é impossível a
humanidade continuar a crescer economicamente mantendo o estilo de
vida das economias desenvolvidas ocidentais. O principal
desequilíbrio que o crescimento produz é o excesso de
emissão de dióxido de carbono, que produz o aquecimento
global.
Além deste problema, que é
dramático e coloca em questão a sobrevivência
humana enquanto espécie sobre o globo, há os problemas
ecológicos mais corriqueiros, como destruição
das florestas, acúmulo de detritos, entulhos e lixo em geral,
esgotamento dos recursos minerais, entre inúmeros outros
desequilíbrios que o atual padrão de desenvolvimento
produz.
A biodeversidade Amazônica está
comprometida e precisa de ações exequíveis
urgentes para preservar o que ainda resta do bioma. Os planos de
desenvolvimento sustentáveis propostos por países com o
intuito de combater as mudanças climáticas têm
excelentes propostas, mas são executados de forma lenta em
relação ao crescimento populacional e as demandas de
consumo que este crescimento acarreta.
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